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Alemanha: milhares de universitários e secundaristas
tomam as ruas
Por correspondentes do World Socialist Web Site
25 de novembro de 2009
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Publicado originalmente no WSWS em inglês no dia 18
de novembro de 2009.
Nesta terça-feira, dia 17/11, o movimento europeu e
internacional de protesto contra as condições de
deterioração no sistema educacional alcançou
um novo patamar, com quase 100 mil estudantes universitários,
secundaristas, professores e pais participando de protestos e
manifestações por toda a Alemanha.
Milhares de estudantes e secundaristas tomaram as ruas em Berlim,
Munique, Colonia, Wiesbaden, Dusseldorf, Duisburg, Essen, Bielefeld,
Gottingen, Hanover, Freiburg, Karlsruhe, Nuremberg, Augsburg,
Regensburg e muitas outras cidades. Além disso, realizaram
uma série de ações de solidariedade e encontros
com estudantes que protestam no país vizinho, a Áustria
Nas ruas, era possível ver estandartes e cartazes: "chances
iguais", "educação gratuita para todos!",
ou apelos como "educação não é
mercadoria!", "acabar com a elite!" e num
tom mais irônico "pais ricos para todos!"
A reivindicação mais importante era a da abolição
(ou não-introdução) de taxas estudantis.
Em muitos Estados alemães, estudantes agora pagam entre
500 e 1000 euros por período letivo na Universidade
de Duisburg-Essen, por exemplo, estudantes são obrigados
a pagar 680 euros por período letivo.
Além disso, os estudantes protestavam contra a introdução
em escala européia de um sistema de diploma
de bacharelado que os força a digerir uma enorme quantidade
de material de estudo em apenas 3 anos em detrimento do
verdadeiro estudo científico. Os manifestantes reivindicavam
uma educação superior livre de limites de tempo
e pressões da competição do mercado.
"As universidades estão se degenerando em fábricas
para o aprendizado", disse um estudantes de Frankfurt. Somente
uma pequena parte pode avançar na direção
de um mestrado. Secundaristas e seus professores criticam uma
medida semelhante, que reduziu o período de formação
para 8 anos.
Referindo-se aos bilhões em dinheiro dos contribuintes
repassados aos bancos, uma faixa dos estudantes na cidade de Bielefeld
dizia "500.000.000.000 euros... E o que nós ganhamos?"
"Nós, estudantes, estamos gperdendo a paciência
aos poucos" dissse Narjara Wandel, que está estudando
para um diploma de bacharelado em trabalho social na Universidade
de Duisburg-Essen. "As taxas estudantis são um insulto",
explicou. "Para muitos é um motivo para simplesmente
não estudar. É um fardo enorme para os estudantes.
Eu pago 480 euros em taxas e uma contribuição de
200 euros por período letivo. Como muitos outros, não
recebo uma cobertura de assistência financeira estudantil
para esses gastos. Quando se inclui os custos-extra envolvidos
em estudar foto-cópias, livros e outros materiais,
mais custos de aluguel, alimentação, eletricidade,
telefone, internet não sobra muito.
Najara é obviamente forçada a trabalhar nas férias.
"Durante o período letivo, consigo trabalhar paralelamente.
Os cursos de bacharelado e mestrado são rigorosamente agendados.
Existe uma tabela de horários pré-determinada e
pouquíssimas opções. Tenho no mínimo
20 horas de seminários e palestras por semana, mais relatórios
e três exames por período letivo."
Desde a introdução das taxas estudantis, muitos
estudantes se viram forçados a encontrar empregos meio-período
e muitos jovens pensam duas vezes antes de sequer começar
a estudar.
Muitos estudantes falaram das condições inaceitáveis
que prevalecem em suas áreas de estudo. Mark, do colégio
de educação estendida em Frankfurt, declarou: "Um
ano acadêmico para o curso que estou fazendo é apropriado
para 40-50 pessoas. Na realidade, atualmente, o curso tem 171
estudantes! Porque não existem professores e palestrantes
suficientes, 80 estudantes são enfiados nas salas de palestra
que foram projetadas para comportar 20. Além do mais, muitas
horas de ensino simplesmente não acontecem.
"A educação deve ser gratuita para todos",
disse Mark. "Nos opomos fortemente às taxas estudantis
e reivindicamos tickets de transporte gratuitos e livros gratuitos".
Mark vê uma conexão entre os protestos estudantis
e as atuais lutas de trabalhadores contra demissões e cortes
salariais. "A educação precisa ser acessível
para todos independentemente de origem social ou de que
camada social uma pessoa vem. A educação é
chave para o sucesso posterior. Na minha opinião, a solidariedade
entre secundaristas e trabalhadores é importante".
Martin, da Elizabeth School em Marburg, comentou: "Precisamos
nos opor a toda tentativa de comercialização do
ensino". Ele se opõe veementemente ao encurtamento
da formação escolar empurrar 13 anos de material
de estudo em 12 anos, por exemplo. "Esse é o estresse
que minha irmã atualmente precisa aguentar", declarou.
Com relação ao panfleto do WSWS que foi distribuído
em grande tiragem em muitos dos protestos, Martin declarou: "Eu
concordo absolutamente com a reivindicação que vocês
levantam em seu panfleto, sobre o estabelecimento de elos com
os trabalhadores".
Muitos estudantes também estão preocupados com
a situação que os confrontará após
os estudos. Lutz, que estuda engenharia mecânica em Munique,
disse que "não é simplesmente um problema de
política educacional. Você está preocupado
com o que acontece depois da terminar de estudar. Meu primo está
desempregado há quase um ano e tem poucas perspectivas
de conseguir um emprego por causa da crise econômica. Logo
ele provavelmente será forçado a recorrer ao seguro-social."
Quando questionado sobre uma possível conexão
entre a política educacional do governo e os ataques contra
os salários e condições de trabalho, Lutz
respondeu: "Os grandes bancos e financeiras foram auxiliados
com o dinheiro dos contribuintes, enquanto a população
como um todo continua sendo deixada à própria sorte."
Em Munique, o principal auditório da Academia de Artes
Performáticas da cidade está ocupado desde 5 de
novembro. Os estudantes, dali, conduziram uma série de
ações de solidariedade e encontros com os estudantes
que protestam no país vizinho, a Áustria. Na Áustria,
várias universidades estiveram ocupadas por semanas. "Nossa
universidade também está em chamas", diz um
cartaz em Munique aludindo ao principal slogan do movimento
de protesto austríaco. Na semana passada, salas de palestras
na Universidade Ludwig Maximillian também foram ocupadas.
Em Wiesbaden, milhares de professores se juntaram aos protestos,
embora como funcionários eles sejam proibidos de fazer
greve. Eles organizaram sua própria greve de um dia, onde
exigiram a retirada de um ato do premiê Roland Koch que
forçava todos os funcionários da educação
no Estado de Hessen a trabalhar horas adicionais.
Em muitas cidades, autoridades locais responderam às
manifestações mobilizando esquadrões policiais
para intimidar os protestos totalmente pacíficos. Em Berlim,
a polícia interveio agressivamente com cães e revistou
manifestantes conforme eles se juntavam ao protesto.
Em Essen, a manifestação de 2000 estudantes foi
desviada pela polícia para ruas paralelas e houve atrito
entre manifestantes e polícia ao final do ato. A polícia
exigiu que os manifestantes se dispersassem; na frente da prefeitura,
a polícia coletou dados de identificação
de 150 secundaristas e universitários, incluindo 35 crianças.
Esses secundaristas e universitários com mais de 14 anos
estão agora sendo ameaçados judicialmente por associação
ilegal.
Em Bielefeld, a manifestação de cerca de 1200
estudantes foi suprimida por uma enorme presença policial
na parte velha da cidade. Na sexta-feira, a polícia havia
forçosamente evacuado o auditório principal da Universidade
de Bielefeld.
Em Berlim, cerca de 12000 universitários e secundaristas
marcharam pacificamente pelo centro da cidade. Seguindo o exemplo
da Áustria, ocupações aconteceram em todas
as três universidades da cidade, assim como em diversas
escolas.
Ironicamente, outubro desse ano marcou bicentenário
da fundação da renomada Universidad de Humboldt.
Uma força-motriz da fundação da universidade
foi o acadêmico e cientista Wilhelm von Humboldt. Dois séculos
depois, milhares de estudantes estão protestando para defender
o tipo de educação universal advogada pelos irmãos
Humboldt, Goethe, e outras figuras-chave do pensamento alemão.
Políticos de todos os partidos inicialmente procuraram
ignorar as reivindicações e protestos dos estudantes.
Por enquanto, muitos deles indicam simpatia pelo movimento, sob
condições onde há um consenso da burguesia
de que a comercialização da educação
deve continuar.
[traduzido por movimentonn.org]
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