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EUA: protestos e ocupações continuam em universidades
na Califórnia
Por Andrea Peters
25 de novembro de 2009
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Publicado originalmente no WSWS em inglês no dia 21
de Novembro de 2009.
Os protestos nos campi da Universidade da Califórnia
(UC) continuaram pelo terceiro dia consecutivo nesta sexta-feira,
19/11. Os estudantes se mobilizaram contra um aumento maciço
nas taxas pagas às instituições estatais
do ensino superior público.
Ontem, o Conselho Administrativo da UC aprovou um aumento de
32% nas taxas para estudantes que freqüentam as faculdades
da UC. No total, o aumento da taxa, que será implementado
em duas fases ao longo de 2010, vai acrescentar cerca de 2.500
dólares por ano às contas dos alunos. Isso elevará
o preço da matrícula na UC para mais de 10.000 dólares
por ano. Esse valor será somado aos milhares de dólares
que os estudantes e suas famílias já gastam para
cobrir os custos de alojamento, refeições, livros
e despesas acessórias.
Representantes da universidade alegam que a alta taxa vai afetar
somente aqueles cujas famílias ganham mais de 70.000 dólares
por ano. Para aqueles cujas famílias ganham menos e que
são elegíveis para a ajuda financeira federal será
dado acesso a subsídios através dos planos Blue
e Gold Opportunity da UC.
Estudantes, a maioria dos quais nunca ouviram falar desses
"planos", estão céticos, acreditando que
muitos não serão elegíveis para quaisquer
benefícios que são oferecidos. Além disso,
muitos estudantes de classe operária têm pais cujos
rendimentos combinados estão acima do corte de US$ 70.000,
mas não podem pagar o aumento da taxa.
Na Universidade da Califórnia em Davis (UC Davis), localizada
no vale central predominantemente agrícola, cerca de 150
manifestantes ocuparam o prédio administrativo do campus
na noite de quinta-feira. Depois das 21h a tropa de choque entrou
no Mrak Hall e prendeu 52 manifestantes que permaneciam ali. De
acordo com a Associação de Estudantes de Graduação,
entre os detidos estavam estudantes, professores e funcionários.
Na sexta-feira, estudantes da Universidade da Califórnia,
em Berkeley (UC Berkeley), que está na área da baía
de San Francisco, formaram barricadas em uma parte do Wheeler
Hall. Como já dito anteriormente, a ocupação,
que começou às 6 horas da manhã, ainda está
em curso. O jornal do campus de Berkeley, o Daily Californian,
relatou ter recebido uma mensagem de texto nesta manhã
de alguém no interior do edifício, indicando que
cerca de 60 pessoas estavam acampadas lá, incluindo estudantes
de graduação e pós-graduação.
De acordo com um repórter do World Socialist Web
Site, os ocupantes estão exigem a recontratação
de 38 faxineiros recém-demitidos e uma anistia completa
para todos os envolvidos nas manifestações. Apesar
da forte chuva, muitas pessoas se reuniram em frente ao edifício
no decorrer do dia para manifestar apoio a quem está dentro.
A polícia de Berkeley também estava lá, armada
com cassetetes, bombas de gás lacrimogêneo e pistolas.
Na Universidade da Califórnia, em Santa Cruz (UCSC),
local de ocupações anteriores nos últimos
meses, os estudantes ocuparam mais de um andar no Kerr Hall na
quarta-feira e no Kresge Town Hall no dia seguinte. Eles divulgaram
uma lista de 35 exigências de curto e longo prazo, incluindo
a revogação do aumento de taxas, o restabelecimento
do financiamento de bolsas para estudantes de graduação,
a anistia para todos os envolvidos nos protestos, a vinculação
dos salários dos altos administradores aos dos trabalhadores
com salários mais baixos e a total abolição
das taxas de educação e dos débitos dos estudantes.
A ocupação no prédio da Universidade da
Califórnia em Los Angeles (UCLA), terminou na quinta-feira.
Tendo emitido uma declaração que não incluía
nenhuma solicitação, os estudantes desocuparam o
edifício de forma voluntária.
As ocupações dos prédios são apenas
parte de manifestações generalizadas que têm
ocorrido nos campi desde quarta-feira, incluindo comícios,
protestos, e greves.
O professor de Ciências Políticas da UCLA, Mark
Sawyer, disse à imprensa que ele estava dando sua aula
quando gritos de "Greve! Greve!" foram ouvidos na sala
de aula. Seus alunos se levantaram e saíram em resposta,
com Sawyer junto a eles.
"Tenho mães solteiras nesta classe (e) estudantes
que sustentam os pais. Tenho alunos que têm filhos e eles
estão todos juntos, lutando com o que podem para tentar
sustentar-se e sustentar sua educação, disse
Sawyer.
Em vários eventos que ocorreram ao longo dos últimos
dias, os alunos colocaram várias faixas que expressavam
sua raiva sobre o ataque ao ensino público na Califórnia.
"De quem é a universidade? É Nossa! foi
estendido através do Covel Commons na UCLA nesta quarta-feira.
Os manifestantes davam sinais, expressando oposição
à "educação para os ricos". Podia-se
ler, entre outros: "Não privatizar, democratizar!".
Em 18 de novembro, a Associated Press citou Sonja Diaz,
estudante graduada na UCLA, que afirmou: "Estamos salvando
os bancos, estamos afiançando Wall Street. Onde está
a ajuda para a educação pública?.
Muitos estudantes da UC realizam trabalho de meio período
ou até período integral a fim de sustentar-se enquanto
fazem a faculdade. O aumento de taxas tornará impossível
para eles continuarem indo à faculdade. Foi noticiado na
sexta-feira que a taxa de desemprego na Califórnia subiu
novamente e, agora, está em 12,3%.
Na quinta-feira, o Los Angeles Times relatou a história
de Tommy Le, um estudante da UCSC que viajou para a UCLA para
protestar na quinta-feira.
Le, 21, estudante universitário americano de El
Monte, disse que se preocupava em saber se seria capaz de arcar
com os encargos mais elevados", informou o jornal, acrescentando:
"Ele trabalha em dois empregos de meio período e envia
dinheiro para ajudar sua família".
Os policiais fizeram uma demonstração de força
nos campi. A tropa de choque estava armada com cassetetes e armas
de choque. As detenções ocorreram em diversas universidades,
incluindo dezenas na UC Davis, 14 na UCLA, e uma até agora
relatada na UC Berkeley.
De acordo com o City-on-a-Hill, um jornal estudantil
da UCSC, patrulheiros da Universidade ameaçaram prender
os alunos na quarta-feira, quando eles bloquearam as estradas
que conduzem ao campus. Quando essas notícias se propagaram,
outros estudantes se juntaram para oferecer apoio e a polícia
voltou atrás em sua ameaça.
Um relatório preliminar emitido pela UCLA confirmou
dois casos de policiais que usaram armas de choque contra estudantes
na quarta-feira, quando os manifestantes começaram a concentrar-se
no prédio onde ocorria a reunião da administração
da UC para a votação sobre o aumento das taxas.
Em 2006, Mostafa Tabatabainejad, um estudante iraniano-americano
da UCLA, sofreu choques elétricos várias vezes pela
polícia do campus por se recusar a deixar a biblioteca
depois de ter recebido ordens para fazê-lo. O incidente
provocou uma revolta generalizada. Uma gravação
de telefone celular foi feita na ocasião, na qual os gritos
de dor e de protesto do aluno eram claramente audíveis.
Em maio deste ano a UCLA pagou a Tabatabainejad US$ 220.000, por
ter perdido em um processo civil.
A demonstração de força no campus foi
planejada para intimidar os estudantes. Esse incidente na UCLA
deixa claro que a polícia está preparada para usar
a violência contra os manifestantes.
Os protestos que ocorreram em toda a Califórnia expressam
a oposição generalizada aos esforços de ambos
os partidos políticos para forçar os trabalhadores
e a juventude a pagar pela crise econômica. Estudantes da
UC, bem como da Universidade do Estado da Califórnia, não
enfrentam apenas as forças combinadas dos democratas e
republicanos no âmbito estadual, mas também em nível
nacional.
O governo Obama tem responsabilidade direta pelo ataque à
educação pública na Califórnia, na
medida em que se recusa a oferecer qualquer ajuda financeira ao
estado, enquanto os níveis de vida das pessoas são
dizimados.
A luta não deve ser limitada a protestar contra a decisão
dos burocratas da UC. Os estudantes devem se unir com professores
e funcionários dos campi e, acima de tudo, chegar à
grande massa de trabalhadores na Califórnia. E mais além.
A luta pelo direito à educação de qualidade
para todos pode ser vencida apenas se estiver ligada a uma ampla
luta em defesa dos empregos, da saúde e da qualidade de
vida. Essa luta requer a construção de um movimento
político dos trabalhadores, com base em um programa socialista
para a reorganização da vida econômica, de
acordo com as necessidades sociais e não com os lucros
corporativos.
[traduzido por movimentonn.org]
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