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Seção pablista da Austrália prepara dissolução similar à da LCR

Por Laura Tiernan
17 de novembro de 2009

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Publicado originalmente no WSWS dia 12 de novembro de 2009.

Em seu Congresso Nacional, marcado para janeiro de 2010, a Perspectiva Socialista-Democrática (DSP), seção australiana da internacional pablista, se dissolverá na falida frente eleitoral da Aliança Socialista (SA). Segundo o secretário nacional do partido, Peter Boyle, será um desenvolvimento com base na experiência da LCR (Liga Comunista Revolucionária, da França) com o Novo Partido Anti-capitalista (NPA) francês, lançado em fevereiro de 2009. Como o NPA, a DSP está renegando por compelto qualquer associação direta com o marxismo revolucionário, tentando atrair aliados na política oficial burguesa, principalmente os Verdes (PVs).

De acordo com Boyle, a fusão de sua organização não será simplesmente uma "reedição" da DSP. A organização pablista australiana, fundada em 1970, será literalmente dissolvida.

"Já nos seguraram por tempo demais", declarou Boyle no início de seu relato ao comitê nacional da DSP em junho. Os esforços de reagrupamento da DSP, explicou, foram limitados pelas "hesitações" dos ex-afiliados da Aliança Socialista, e por "uma cisão faccional destrutiva dentro da DSP", "que agora deixamos para trás". "Já era tempo de seguirmos em frente para construir a Aliança Socialista como uma organização maior, mais ampla, mais influente e com uma base maior na classe trabalhadora do que qualquer outra organização existente na Austrália".

É altamente significativo que o relato de Boyle cite o NPA como o modelo do reagrupamento de sua organização. O NPA foi fundado em 6-8 de fevereiro por líderes da Liga Comunista Revolucionária (LCR) na França, um dia depois que seu próprio partido, a Liga, fora dissolvida num congresso.

Boyle citou extensivamente Francois Sabado, ex-membro da LCR, que novembro passado defendeu a dissolução de seu partido em termos abertamente liquidacionistas: "Não queremos uma nova LCR ou uma LCR mais ampla. Para ter sucesso na aposta que estamos assumindo, esse partido [o NPA] precisa representar uma nova realidade política... Precisa ser um partido que é mais amplo que a LCR. Um partido que não incorpora toda a história do trotskismo e que tem a ambição de tornar possível uma nova síntese revolucionária... Um partido pluralista que aglutina toda uma série de correntes anti-capitalistas".

O ataque de Sabado ao trotskismo ? a tendência política sinônima do internacionalismo sem máculas e da luta pela independência política da classe trabalhadora em relação ao reformismo, ao stalinismo e ao centrismo ? revelou o caráter de classe essencial do NPA como uma tendência pequeno-burguesa firmemente voltada aos partidos e instituições da burguesia. Similarmente, a Aliança Socialista, declarou Boyle, não mais seria "cronicamente infectada" por "políticas de identidade marxistas". Ele atacou "vários pequenas seitas" por "afirmarem sua identidade marxista", dizendo que a fusão da DSP significaria um fim à "ridícula competição eu-sou-mais-marxista-que-você".

De acordo com Boyle, velhos debates sobre se a Aliança Socialista deveria ter um programa "reformista" ou "revolucionário" seriam resolvidos ? à la NPA ? pela rejeição mesmo à associação formal com o marxismo. "É preciso organizar uma corrente revolucionária em separado na Aliança Socialista hoje?" perguntou retoricamente. "Falando da LCR em relação ao NPA, o camarada Sabado diz que a resposta é 'não'".

O propósito dessas prescrições é claro. Meses depois da sua fundação, o NPA formou uma coalização "unitária" com o Partido Comunista ? stalinista ? Francês (PCF) e com o Partido de Esquerda (liderado pelo parlamentar Jean Luc Melanchon) com planos de disputar conjuntamente as eleições regionais vindouras. O PCF, pilar do capitalismo francês por mais de sete décadas, se juntou a sucessivos governos de coalização burgueses com o Partido Socialista.

Política burguesa

Maio passado a DSP sofreu uma grande cisão, que o fez perder cerca de um terço de seu corpo de membros e a maior parte dos antigos líderes do partido. A cisão foi provocada pelo fim da Aliança Socialista, uma coalização eleitoral estabelecida em 2001 por diversas tendências pequeno-burguesas, incluindo a DSP e a Organização Socialista Internacional. A Aliança Socialista destacou-se pela supressão de diferenças políticas e ideológicas. Como Boyle recordou em seu relato de junho, "Nós concordamos em não fazer das diferenças históricas e teóricas entre os grupos uma barreira contra trabalharmos juntos em torno do que concordamos".

Mantida somente sobre a base de uma plataforma de oposição ao governo Howard, a Aliança Socialista constitui-se como a face "esquerda" dos esforços de reeleição do governo rabalhista. depois que esse resultado foi garantido, em novembro de 2007, a DSP ? último "afiliado" da SA ? como se esperava, implodiu.

A "Facção Partido Leninista" (LPF) na DSP, expulsa, liderada por John Percy e Allen Myers advertiu que a Aliança Socialista funcionava abertamente como uma organização "social democrata esquerdista, reformista burguesa" e que consequentemente a DSP cairia em descrédito: "Se continuarmos no curso da maioria, nos tornaremos inúteis para qualquer expansão e esforços de reagrupamento futuros."

A LPF, hoje chamada Partido Socialista Revolucionário (RSP), não possuía qualquer diferença de princípios com a DSP, mas, meramente o via como desgastado e desmoralizada. Apontando para o colapso do número de militantes da SA ? "de 2000 no seu ápice em 2002-03 para pouco mais de 400 atualmente" e para a perda de "ativistas sindicais proeminentes [isto é, burocratas sindicais] como Chris Cain e Craig Johnston" ? a RSP continua a argumentar que a SA não poderá servir como um veículo efetivo para o tipo de reagrupamento oportunista que será necessário nos meses e anos que se aproximam.

O setor majoritário da DSP, porém, tirou suas próprias conclusões sobre a crise prolongada da SA. O relatório de Boyle ao comitê nacional previu uma "mais ampla" e mais "inclusiva" Aliança Socialista, que vá para além da "esquerda" tradicional. Com destaque entre a "ampla gama de colaboradores" desejados pela DSP estão os Verdes, que a DSP tenta impressionar ao longo das últimas duas décadas.

Os Verdes têm um programa capitalista, operam como defensores políticos do governo Rudd Labor e das operações imperialistas da Austrália no Timor Leste e no Afeganistão. Ainda assim, a DSP sinalizou sua boa vontade em fornecer a esses "aliados" as importantes credenciais "de esquerda" e "socialista". Nesse aspecto, a DSP trabalha para a burguesia provendo um apoio que é crítico.

No ano passado a Aliança Socialista saudou a eleição do candidato dos Verdes Adele Carles como "um grande salto para todo o movimento progressista e um testemunho dos esforços consistentes dos Verdes em levantar uma alternativa progressista ao Partido Trabalhista".

O propóstio do ataque da DSP ao programa revolucionário é claramente o caminho para sua entrada na política burguesa oficial. "Nós sabemos que o status de vanguarda revolucionária verdadeira não pode ser proclamado simplesmente por um esforço de adesão a um programa revolucionário" declarou Boyle em seu relato ao comitê nacional. De fato, foi justamente a adesão a um programa revolucionário que determinou o caráter político de toda organização genuinamente marxista desde a publicação do Manifesto do Partido Comunista, em 1848.

De acordo com Boyle, a "verdadeira construção de um partido 'leninista' inclui a busca permanente por maneiras de associação com vanguardas políticas emergentes na classe trabalhadora, incluindo (mas mais que isso) o reagrupamento com grupos e indivíduos de esquerda". No entanto, ao contrário do que diz Boyle, a concepção leninista de construção do partido consiste na luta permanente pelo partido revolucionário para demarcar a posição de independência da classe trabalhadora politicamente, teoricamente e organizativamente em relação à burguesia e seus defensores pequeno-burgueses.

"Tudo o que fizemos em nossa tendência nas últimas quatro décadas foi feito para dar pequenos passos iniciais nesse processo". O curioso, talvez, é que essa fora uma das poucas declarações corretas contidas no relato de Boyle.

Estabelecida em 1970 como Liga Socialista dos Trabalhadores (SWL, depois renomeado para Partido Socialista dos Trabalhadores, SWP), a DSP foi por 14 anos a seção australiana do pablista Secretariado Unificado da Quarta Internacional (SUQI) e declarava adesão ao trotskismo. Na realidade, os pablistas australianos apoiavam as teorias revisionistas dos líderes do SUQI Michel Pablo e Ernest Mandel. Os que fundaram o SWL se opunham à construção de uma direção revolucionária independente na classe trabalhadora, denunciando isso como "sectarismo". Eles foram atraídos pela glorificação pablista do castrismo e do guerrilheirismo pequeno-burguês, e por suas teorias de que a pressão das massas forçaria as direções burocráticas existentes da classe trabalhadora ? incluindo o Partido Trabalhista australiano e os partidos comunistas stalinistas ? a "assumir uma orientação revolucionária".

Em 1985 o SWP, cindido do SUQI, denunciou o trotskismo e abraçou abertamente a teoria stalinista dos dois estágios da revolução, que sustenta que em países oprimidos pela imperialismo a burguesia nacional pode assumir um papel revolucionário. Trotsky insistira, de forma contrária, que somente a classe trabalhadora poderia conduzir uma luta consistente contra o imperialismo. A tarefa de derrubada da dominação imperialista e levar adiante as reformas democráticas burguesas não-resolvidas estaria, assim, nas mãos da classe trabalhadora e sua luta pelo poder, como uma parte indissociável da luta pela revolução socialista mundial. O ataque de Percy à revolução permanente fornecia a carta necessária para uma série de bizarras alianças políticas com movimentos nacionalistas burgueses na América Latina e Ásia, assim como com seções do stalinista Partido Comunista da Austrália.

Contexto político

A fusão da DSP é parte de um reagrupamento internacional dos partidos da ex-esquerda pequeno-burguesa sob as condições do mais amplo colapso do capitalismo desde a década de 1930.

Num artigo que apareceu em novembro passado, na revista do Secretariado Unificado pablista, a International Viewpoint [Ponto de vista internacional], Sabado apontou para o que descrevia como "mudanças que aconteceram na esquerda radical nos últimos meses". "O aprofundamento da crise do sistema capitalista e a evolução social-liberal da social-democracia, confirmam que há espaço para a esquerda ou para a esquerda reformista".

As organizações pablistas estão completamente conscientes do vácuo político que se abriu. Um novo período da luta de classes começa a emergir sob condições nas quais as velhas organizações social-democratas, sindicais e stalinistas estão expostas. Havendo empurrado pela goela dos trabalhadores mais de duas décadas de ataques pró-mercado, o Partido Comunista Francês e o Partido Socialista perderam sua base de apoio. O NPA procura, assim, preencher o vácuo resultante em defesa da ordem política existente.

A burguesia interveio diretamente na formação do NPA. A mídia francesa deu ao porta-voz do NPA e ex-candidato presidencial pela LCR Olivier Besancenot um status de celebridade. Eles talharam cuidadosamente a imagem do NPA, apresentando-o como uma força pela mudança popular em face das lutas crescentes da classe trabalhadora francesa. A burguesia francesa calcula que pode usar o NPA para desviar e bloquear essas lutas e abortar o crescimento de um movimento socialista genuíno.

Não se pode dizer que a DSP ? ou seu descreditado projeto da Aliança Socialista ? encontrou "sucesso" na Austrália. As duas organizações sofreram um colapso significativo no seu número de membros e passaram por combates faccionais repetidos nos últimos anos. Ainda assim, Boyle e a direção da DSP estão conscientes que os ventos políticos estão mudando. Eles esperam que a partir de suas fileiras um Besancenot possa surgir, e que com a emergência da oposição de massas ao governo de Rudd Labor uma abertura similar possa ser encontrada nos círculos políticos oficiais.

Em seu relato ao comitê nacional da DSP, Boyle falou sobre uma severa "crise tripla do capitalismo". "Primeiro a crise da mudança climática, que ameaça a sobrevivência humana a escala global; segundo, a pior crise econômica mundial desde a Grande Depressão (ainda que esteja atingindo a Austrália depois dos outros países); e terceiro a ampla crise de legitimidade do neo-liberalismo capitalista". Boyle não fez qualquer análise sobre a fonte dessa "crise tripla" mas se apressou em rejeitar qualquer luta pelo socialismo: "Qualquer grupo de esquerda que não esteja contente em somente gritar que 'capitalismo falhou, abracem o socialismo!' está condenado a se tornar cada vez mais isolado e sectário". A caricatura patética do marxismo feita por Boyle deixa clara a posição da DSP: apesar da mais séria "crise tripla do capitalismo" da história, a luta pela revolução socialista está "condenada".

"Entramos agora num período de significativo levante político", explicou Boyle "e precisamos ter o veículo político mais forte que pudermos montar". O "veículo político" que a DSP está montando é uma coalização pequeno-burguesa instável com seções do Partido Trabalhista, burocracia sindical e Verdes. A dissolução futura da DSP, sua renúncia aberta do marxismo e sua vinculação com a política oficial burguesa, enquanto resultado, confirmam a luta de décadas conduzida pelo Comitê Internacional da Quarta Internacional (CIQI) e sua seção australiana, o Partido da Igualdade Socialista, contra o oportunismo pablista.

[traduzido por movimentonn.org]

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