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WSWS : Portuguese

Carteiros britânicos realizam greve nacional

Por Chris Marsden
5 de novembro de 2009

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Publicado em inglês no WSWS em 23 de Outubro de 2009.

Trabalhadores dos correios da Grã-Bretanha realizam greve nacional, iniciada no dia 22/10, tendo como intenção inicial durar dois dias. Trata-se da primeira grande greve nacional desde 2007. Cerca de 120.000 trabalhadores estão envolvidos.

No dia 22/10, 42.000 funcionários do centro de triagem de cartas e motoristas do Royal Mail agiram em mais de 30 escritórios chave dos serviços de correio. A paralisação envolve 78.000 trabalhadores de entrega e coleta. O Communication Workers Union (CWU), sindicato da categoria, planeja agora futuras greves por um período de três dias, a serem iniciadas em 29 de outubro.

A greve ocorre primeiramente por causa da determinação dos trabalhadores dos correios em resistir aos cortes de empregos adicionais, assim como resistir ao aumento do ritmo de trabalho, em preparo no plano do governo trabalhista de privatização parcial da entrega de cartas. Os últimos ataques aconteceram depois de anos de cortes, aumentos de velocidade e privatizações de grande parte do serviço postal. Nos últimos cinco anos, 63.000 empregos foram eliminados sob a "modernização" em curso, programa que o próprio CWU assinou no intuito de acabar com a última greve.

Há um debate aberto de que a greve dos correios poderá anunciar um "inverno de descontentamento", centrado no setor público. Já há em curso greves dos bombeiros em South Yorkshire e dos lixeiros em Leeds, bem como de trabalhadores de várias companhias de ônibus e ferrovias, contando ainda com e de uma série de faculdades e universidades.

Ainda que o sindicato tenha organizado e efetivado a greve devido à pressão da categoria, o Royal Mail e o governo trabalhista, na prática, também a provocaram.

O CWU esteve envolvido em horas de negociações para evitar a ação, mas seus esforços foram bloqueados pelo próprio governo do Partido Trabalhista. O Secretário-Geral do CWU, Billy Hayes, escreveu no jornal Daily Mirror que o CWU tinha oferecido um contrato de três anos para garantir a "estabilidade" em troca do Royal Mail acordar em ir para o serviço de conciliação ACAS, trazendo peritos independentes para determinar "o que constitui um justo dia de trabalho", e o governo prometendo resolver o déficit do fundo de pensão. As propostas do CWU, no entanto, foram rejeitadas.

O Royal Mail e o governo esperam fazer dos carteiros um exemplo. Seu objetivo é intimidar e disciplinar milhões de trabalhadores em todo o setor público. Corte de gastos de £100 bilhões ou mais estão a ser implementados a fim de compensar o déficit do inchaço do Estado.

Através destes meios, o Partido Trabalhista espera convencer a elite financeira de que ainda é capaz de gerir os negócios burgueses.

Somente este imperativo político explica a insistência de que o Royal Mail deve enfrentar cortes. A mídia tem sido preenchida com as declarações que a empresa não pode competir. Estas alegações foram todas expostas como mentiras. O Royal Mail registrou lucros de £321 milhões no ano passado, o dobro do ano anterior.

O caráter político da disputa é enfatizado pela comparação dos montantes envolvidos no Royal Mail com os milhares de milhões entregues a bancos ingleses falidos, muitos dos quais agora estão efetivamente nacionalizados. Não há conversa sobre a necessidade de uma maior disciplina e racionalização no que diz respeito aos banqueiros multi-milionários.

O socorro aos bancos do Reino Unido elevou o déficit público de 3% para 13% do PIB, de acordo com da Universidade de Manchester.

Não se trata apenas de um contraste no tratamento dado aos chefes dos bancos e aos especuladores, por um lado, e aos carteiros do Royal Mail, por outro. Antes disso, os ataques aos empregos, salários e condições são realizados para fazer os trabalhadores pagarem pela sabotagem econômica e social perpetradas pelos super-ricos.

Em uma jogada provocativa, o Royal Mail, anunciou que iria contratar 30.000 trabalhadores temporários como uma força para frear a greve. O Diretor do Royal Mail, Mark Higson, escreveu para o pessoal da administração dizendo-lhes que terão de dedicar dois dias de cada semana de trabalho para deveres "operacionais". Há 5.000 gestores e 20.000 trabalhadores não sindicalizados, que se espera que trabalhem em toda a greve.

O Secretário-Geral do CWU, Hayes, disse: "O que temos visto nos últimos dias é uma coreografia consciente e deliberada, onde o governo e o Royal Mail trabalham de mãos dadas para evitar qualquer chance de chegar a uma solução". Dave Ward, vice-líder do CWU, comentou: "Cada vez que parece que estamos a fazer progressos, aparecem-nos forças externas que entram em jogo".

A mídia também se juntou às demandas para derrotar a greve. Jornais reportaram notícias infundadas sobre uma ameaça de violência por piquetes, com base em um relato dado pela Associação dos Delegados de Polícia. O jornal Daily Mirror, pró-Partido Trabalhista, escreveu: "A polícia ontem foi alertada para se preparar para a violência assim que as ameaças da greve desta semana se transformarem em uma guerra."

O Sun de Murdoch relatou: "Há temores de que tumultos possam estourar quando o Royal Mail trouxer os 30.000 trabalhadores temporários para ocupar os postos".

O líder do Partido Conservador, David Cameron, se juntou ao coro, atacando o primeiro-ministro Gordon Brown por "uma exibição de fraqueza terrível" e declarando que era necessário "liderança, uma espinha dorsal e um pouco de coragem" para combater a militância sindical.

Na realidade, a abordagem do Partido Trabalhista difere daquela dos Conservadores apenas vagamente. Brown se comprometeu a tomar uma linha mais dura contra os "direitos adquiridos" que estão bloqueando a "reforma" do setor público, incluindo os trabalhadores dos correios. As principais manifestações pré-eleições do Partido Trabalhista ainda prometem dar aos consumidores o direito legal de recurso se não estiverem satisfeitos com a prestação do setor público, incluindo o acesso a prestadores privados.

O apoio do governo para o Royal Mail criou uma crise para a burocracia sindical e seus esforços para subordinar a classe operária a um partido que tão abertamente funciona como um instrumento do grande capital. A direção do CWU e outros sindicatos concilia, dando a entender que o Partido Trabalhista ainda fala pelos trabalhadores. Isto só demonstra que a burocracia sindical é tão de direita e anti-classe como os seus contrapartes políticos.

[traduzido por movimentonn.org]

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