Publicado originalmente em inglês no WSWS no dia 8
de maio 2009.
Trabalhadores da Continental da cidade de Clairoix, França,
ocuparam a planta da empresa em Sarreguemines no dia 6 de maio.
Um dos exemplos mais importantes dados pelos companheiros franceses,
foi o esforço que fizeram para articularem-se com os trabalhadores
alemães e franceses.
No começo desta semana, os trabalhadores desempregados
de Clairoix decidiram avançar em sua campanha para recuperar
seus empregos, cruzando a fronteira França-Alemanha e solicitando
a solidariedade de seu colegas alemães na fábrica
da Continental em Aachen. Mais de 300 trabalhadores da Clairoix
partiram na quarta-feira de manhã em 60 carros para encontrar
colegas na fábrica da Continental em Aachen, na Alemanha.
A burocracia sindical tentou dissuadí-los. De acordo
com o Aachener Zeitung de 5 maio, o presidente do Conselho Europeu
de trabalhadores da Continental, Bruno Hickert, advertiu
insistentemente seus colegas para que agissem prudentemente. 'Qualquer
tumulto apenas nos afetará!' Ele tentou persuadir os franceses
a não realizarem uma manifestação e os deixou
cientes do modo alemão de fazer as coisas.
A polícia alemã, alertada sobre a chegada planejada
da delegação francesa, dispôs um grande contingente
para bloquear a fábrica. A área do estacionamento
em frente à fabrica foi completamente ocupada pela polícia,
que chegou em 20 carros. A polícia montada foi enviada
de Düsseldorf e uma equipe de cães também esteve
presente. Observadores da policia especial controlaram a principal
rua de acesso à fabrica de Aachen em Phillipsstrasse.
O Libération de 6 de maio relatou que, tomando conhecimento
da presença policial em Aachen, o comboio de trabalhadores
de Clairoix mudou a rota e foi para Sarreguemines,
cidade localizada no lado francês da fronteira franco-alemã
e onde fica outra fábrica da Continental.
A fábrica de Sarreguemines aloja o escritório
central da Continental francesa. A diretoria da fábrica
de Sarreguemines foi alertada da chegada dos trabalhadores de
Clairoix e trancou seus trabalhadores dentro da fábrica.
As unidades da polícia e a CRS também foram chamadas
para expulsar os trabalhadores de Clairoix, que tentaram forçar
sua entrada na fábrica, mas foram incapazes de entrar nas
áreas de produção do local. As unidades da
polícia e da CRS também protegeram o Palácio
da Justiça da cidade e os prédios do governo.
O Le Nouvel Observateur relatou sobre a chegada dos trabalhadores
de Clairoix na planta de Sarreguemines: Com gritos de 'Nós
estamos em casa aqui' e 'solidariedade Continental' os 'Contis'
abriram os parafusos do portão de entrada dos departamentos
localizados no Mosel e entraram no local. Porém, não
conseguiram entrar nos prédios da produção,
cujas portas foram parafusadas ou obstruídas por paletes
de aço. As portas da fábrica finalmente abriram
para deixar uma centena de trabalhadores sair enquanto seus camaradas
gritavam: 'Deixem nossos camaradas saírem' e 'Os chefes
é que deveriam ser trancados!'.
O motivo declarado da ação dos trabalhadores
de Clairoix em Sarreguemines foi antecipar uma assembléia
tripartite planejada para 27 de maio entre os sindicatos franceses,
os proprietários alemães e o governo francês.
Os trabalhadores de Clairoix deixaram a fábrica de Sarreguemines
na quarta-feira à noite, depois do anúncio de que
o encontro seria antecipado de 27 de maio para 12 de maio.
De sua parte, a CGT se recusou a conduzir qualquer luta para
recuperar os empregos dos trabalhadores franceses e deixou claro
que o único objetivo dos sindicatos é obter os pagamentos
das demissões para os trabalhadores demitidos. Bruno Levert,
o representante da CGT em Clairoix, disse ao Le Monde em 6 de
maio que não acredita mais que o governo francês
encontrará um comprador para a Continental. Conforme declarou:
A Continental não perderá participação
no mercado com um comprador. Se eles fecharem Clairoix, é
somente para ganharem participação no mercado em
outros lugares da Europa. Tudo o que nós queremos é
que a Continental nos dê o que é nosso, que é
o nosso pagamento pela demissão.
Desde o começo do ano, a Continental cortou 7.000 empregos,
dentre os 130.000 que emprega em todo o mundo. A fábrica
em Clairoix já foi fechada e mais empregos foram cortados.
Além disso, o fechamento de novas plantas estão
sendo preparados.
O fechamento da Clairoix significa a perda de 1.120 empregos.
Quando os trabalhadores escutaram que o pedido para manter suas
fábricas abertas tinha sido recusado, invadiram os escritórios
do governo em Compiègne. As audiências agora estão
pendentes para trabalhadores, acusados de danificar a propriedade
no local da fábrica. Comentários hostis foram feitos
pelos membros do governo, clamando por medidas enérgicas
contra as minorias ativas.
Em 23 de abril, os trabalhadores da Clairoix viajaram para
Hanover, Alemanha, onde a fábrica da Continental também
está ameaçada de fechamento. Assim que chegaram
em Hanover, foram recebidos calorosamente por seus camaradas alemães.
No mesmo dia, os trabalhadores franceses e alemães realizaram
uma manifestação conjunta pela cidade.
Os trabalhadores alemães traziam cartazes em alemão
e francês que diziam: Caros camaradas de Clairoix,
bem-vindos a Hanover, assim como: Proletários
de todos os países, uni-vos!. Quando o contingente
francês finalmente chegou, os trabalhadores alemães
prepararam seu slogan: Tous ensemble, Continentalsolidarité
[Todos juntos, ContinentalSolidariedade].