Abaixo está a terceira e última parte de palestra
ministrada na escola de verão do Partido da Igualdade Socialista
(Socialist Equality PartySEP) em agosto de 2007.
O desenvolvimento de conselhos de ação durante
a disputa continha elementos embrionários da dualidade
de podero equivalente dos soviets, mas na Bretanha. Um Conselho
Nacional de Ação havia sido formado em agosto de
1920 para se opor à intervenção contra a
União Soviética, inspirando muitas versões
locais que, como escreveu o Diretorado de Inteligência,
"mais e mais assumiam a forma de soviets e em algumas áreas
formavam planos para a tomada da propriedade privada e dos meios
de transporte."
Durante a greve, os conselhos de ação estiveram
à frente em todo o país. Um grevista de Clydeside
explica, "Os comitês de greve centrais e os conselhos
de ação ficavam em sessão vinte e quatro
horas por dia. Eles possuíam seu próprio transporte;
paravam todas as outras formas de transporte mas mantinham seu
próprio sistema de entregas para carregar mensagens, porque
não havia serviço postal ou imprensa. A imprensa
aderiu cem por cento à greve e parou todos os jornais,
e assim o conselho de ação precisava fazer seu trabalho
com bicicletas, velhas e novas, motocicletas, vans velhas
qualquer coisa que tivesse rodas era usada pelos mensageiros e
também para levar os líderes da greve a certas frentes."
O conselho de ação de East Fife havia estabelecido
sua própria milícia trabalhadora de defesa, com
700 membros, e regularmente se engajava em combates contra a polícia.
Que essa expressão inicial da dualidade de poder não
tenha ido adiante foi somente devido à liderança
do Partido Comunista e do Comintern.
Brian Pearce observa que a fidelidade do PC ao Conselho Geral
do TUC havia tornado-o impotente, ao ponto de possibilitar que
o teórico social-democrata Harold Laski escrevesse em 1927,
"É digno de nota que na Greve Geral britânica
de 1926 os comunistas não tiveram qualquer papel,"
e que o jornalista Hamilton Fyfe afirmasse em seu diário,
"Os comunistas se mantiveram muito quietos... no Continente,
mesmo na América, são os extremistas que vão
ao topo durante crises. Aqui eles afundaram para longe da vista."
Quanto ao governo e o Estado, eles faziam tudo o que podiam
para eliminar a ameaça comunista. Relatos da imprensa Comunista,
informando que o regimento dos Guardas Welsh do exército
havia se amotinado e estava confinado à base e que outros
regimentos haviam se recusado a atacar os operários da
mineração, foram apreendidos pela polícia
para justificar prisões e invasões ao quartel-general
do Partido Comunista com base na acusação de incitação
ao motim.
Como Margaret Morris deixa claro em sua obra, A Greve Geral
(Journeyman Press, 1976), o PC continuou a ser um alvo preferencial
durante toda a greve.
"Muitos dos presos por produzir ou distribuir boletins
contendo `incitações ao motim´ ou `falsos
rumores´ eram Comunistas envolvidos na edição
do boletim dos Trabalhadores do Partido Comunista ou suas versões
locais. A mera posse de uma cópia de um desses boletins
era considerada base suficiente para a tomada de medidas legais...
a invasão aos escritórios do Partido Comunista e
o foco em retirar suas publicações de circulação
mandou os Comunistas à ilegalidade completa: os membros
dirigentes mudavam de endereço toda noite para evitar o
encarceramento..." Ao fim do processo, "O secretário
doméstico disse à Câmara Baixa do parlamento
que 1.760 pessoas foram indiciadas por crimes na Inglaterra e
Wales durante a greve, das quais 150 foram acusadas de `incitação´
sob o Ato de Poderes Emergenciais e imputados de `desordem´;
632 foram aprisionadas e o resto saiu sob fiança. O número
total de processados na Escócia não foi disponibilizado,
mas 409 pessoas foram sentenciadas à prisão, 140
das quais sob o Ato de Poderes Emergenciais e o resto por intimidação,
contrariar a paz, invasão, etc... o Partido Comunista...
estimou que algo entre um quarto e um quinto de seu corpo de membros
foi preso durante a greve."
O próprio PCGB divulga um número de 2.500 presos
no total e estima que 1.000 de seus membros estavam nessa estatística,
com mineiros especialmente mirados. O membro Comunista do parlamento
Shapurji Saklatvala foi preso em 1926 após um discurso
em apoio à greve dos mineiros do carvão, e mantido
encarcerado por dois meses.
O TUC tinha sua própria versão da mesma política
anti-comunista, insistindo que apenas a propaganda que aprovasse
podia circular. Emitiu uma declaração contra espiões
e outros que "usam linguagem violenta para incitar os trabalhadores
à desordem." Ramos do sindicato e comitês de
greve chegaram ao ponto de insistir que reuniões terminassem
com uma cantoria de "Deus Salve a Rainha" e "Governe
Bretanha" em vez de "Bandeira Vermelha."
Longe de se opor a essa supressão burocrática,
o PCGB fez seu melhor para assegurar a cooperação
de seus membros. Hardy do NMM explicou, "Enviamos instruções
do quartel-general do Movimento de Minoria orientando nossos membros
ao estabelecimento de conselhos de ação em todas
as áreas. Avisamos, porém, que os conselhos de ação
em nenhuma circunstância deveriam assumir o trabalho dos
sindicatos... Os conselhos de ação deveriam garantir
que todas as decisões do Conselho Geral e dos delegados
sindicais fossem executadas."
Em 12 de maio, o Conselho Geral do TUC visitou o primeiro ministro
para anunciar sua decisão de chamar o fim da greve. Sua
única exigência era que as propostas da Comissão
Samuel fossem implementadas e que o governo garantisse que não
haveria qualquer vitimização dos grevistas. Quando
o governo se recusou a fazer tal promessa, o TUC previsivelmente
acabou com a greve assim mesmo. Lord Birkenhead depois escreveu
que sua rendição foi "tão humilhante
que algo instintivo nos tornava indispostos a até mesmo
olhar para eles."
É testemunho da escala da traição que
100.000 saíram às ruas após a Greve Geral
ser interrompida e que havia mais gente em greve em 13 de maio
do que em qualquer momento dos nove dias de greve oficial.
A manchete do Northern Light dizia, "Há
somente uma explicação para esta traição
nossos líderes não acreditam no Socialismo."
O Newcastle Workers Chronicle escreveu, "Nunca antes
na história da luta dos trabalhadores com a exceção
da traição de nossos líderes em 1914
houve uma traição tão calculada contra os
interesses da classe proletária."
Mesmo nesse ponto, a possibilidade existia de reverter a trilha
desastrosa que o PCGB percorria. Com uma luta em favor da linha
correta, dezenas ou centenas de milhares haveriam respondido.
Como Perkins reconhece, "A greve estava acabada. Mas nem
o governo nem o TUC acreditavam que o status quo anterior podia
ser restaurado da noite para o dia. Os dois lados sabiam que para
os extremistas, uma oportunidade sem precedentes havia emergido.
Milhões de homens inertes, muitos deles perplexos e inconformados
com o fato da greve ter terminado com a derrota quando eles estavam
prontos para continuar a luta, constituíam um campo de
recrutamento para o Comunismo que o próprio Lenin teria
sonhado em criar...
"Ao longo de nove dias, o pesadelo que havia perseguido
tanto o governo quanto o TUC era o de que `uma situação
revolucionária´ do tipo que os estrategistas de greve
Comunistas almejavam poderia se desenvolver. Agora as ações
do governo e do TUC pareciam perigosamente próximas de
conseguir isso."
Milhares de fato inundaram o P,c cujo número de membros
dobrou naquele ano, de 6.000 para 12.000. O stalinista História
do Partido Comunista da Grã-Bretanha, Volume 2, escrito
por James Klugmann, explica que "o verdadeiro influxo ao
Partido Comunista começou nos últimos dias da Greve
Geral e imediatamente em seguida... Era algo novo na história
do Partido. O Conselho Geral havia vendido a greve. Os mineradores
continuavam a lutar. Em todas as minas de carvão grandes
encontros de massas eram realizados, e neles os trabalhadores,
acima de todos mineradores, passavam para o Partido Comunista
às centenas. A Executiva de 14 de julho relatou 3.000 novos
membros desde a Greve Geral e vendas do Workers Weekly
de até 70.000 exemplares."
Klugmann escreve corretamente, "Com esse novo influxo
uma tremenda tarefa e responsabilidade se abriu para o Partido
Comunista. Era algo excelente, ganhar para o Partido Comunista
tantos trabalhadores militantes, principalmente das minas. Mas
esses eram em geral homens e mulheres que passaram a odiar os
líderes de direita, vendo-os como traidores, que passaram
a sentir raiva e desgosto quanto ao sistema capitalista. Eles
queriam um novo e melhor sistema social, desejavam uma mudança
radical... Mas não eram ainda Marxistas em sua perspectiva
teórica..."
Longe de treinar esses trabalhadores no Marxismo e dar forma
teórica ao ódio por aqueles que os traíram,
o PCGB e o Comintern trabalharam para desorientá-los, insistindo
em manter a aliança com o TUC no Comitê Anglo-russo.
Em sua vergonhosa biografia de Trotsky, ( Trotsky, Routledge,
2003), Ian D. Thatcher novamente defende Stalin das críticas
de Trotsky, afirmando:
"Um importante elemento da crítica da Oposição
de Esquerda ao poder de Stalin era, é claro, a visão
de que a revolução mundial era traída pelo
socialismo em um só país. No outono de 1926 Trotsky
chamou Stalin de `coveiro da revolução.´ Se
com isso queria dizer que Stalin por vontade própria desperdiçava
oportunidades revolucionárias, a crítica é
claramente injusta. Na Greve Geral britânica de 1926, por
exemplo, Stalin insistiu que os comunistas trabalhassem dentro
do comitê sindical anglo-russo estabelecido em 1925, não
para que o reformismo triunfasse (como Trotsky acusava), mas para
que os reformistas pudessem ser mais facilmente desmascarados.
Pode-se questionar o sentido da estratégia de frente única
empregada aqui, mas Stalin pensava sinceramente que ela traria
aos comunistas mais influência que qualquer alternativa."
Assim como muito do que Thatcher escreve, essa não é
meramente uma defesa de Stalin cuja "sinceridade"
dificilmente é o problema que cospe na cara do registro
histórico. É uma defesa que poderia ter vindo diretamente
da boca de Stalin.
No pós-greve imediato, Trotsky e a Oposição
insistiram que o Comintern rompesse imediatamente com o TUC. Em
uma carta ao Pravda de 26 de maio de 1926, Trotsky declarou,
"Toda a presente `superestrutura´ da classe trabalhadora
britânica, em todas as suas gradações e grupos,
sem exceção, é um aparato para pôr
um breque à revolução."
Stalin denunciou essa avaliação como ultra-esquerdismo
e defendeu a continuação do comitê anglo-russo
como uma frente única que serviria para desmascarar
os reformistas!
Em um discurso no comitê de unidade anglo-russa em 15
de julho de 1926, Stalin afirmou que o problema era se "nós,
como Comunistas, trabalhamos nos sindicatos reacionários.
É essencialmente essa a questão que Trotsky nos
coloca em sua recente carta no Pravda ....
"Podemos nós, como Leninistas, como Marxistas,
de fato pular e ignorar um movimento que ainda não caducou,
podemos pular e ignorar o atraso das massas, podemos virar nossas
costas e passar por eles; ou devemos nos livrar desses traços
conduzindo uma luta irrefreável contra eles entre as massas?"
Indo ao ponto, Stalin declarou que "se os sindicatos reacionários
da Bretanha estão preparados para unirem-se num bloco contra
os imperialistas contra-revolucionários de seu país,
porque não deveriamos dar as boas vindas a esse bloco?"
Coerentemente com a retórica sofista de Stalin, as teses
da plenária do Comitê Executivo da Internacional
Comunista (CEIC) sobre as lições da Greve Geral,
8 de junho de 1926, declaravam que "que os líderes
sindicais ingleses quebrassem o comitê seria um ato tão
demonstrativamente anti-classe trabalhadora que iria acelerar
fortemente o movimento das massas trabalhadoras britânicas
para a esquerda.
"Nessas circunstâncias, que os sindicatos Soviéticos
tomassem a iniciativa de deixar o comitê... seria um golpe
à causa da unidade internacional, um ato de todo `heróico´,
mas politicamente não-aconselhável e infantil."
A décima quinta Conferência do Partido Comunista
da União Soviética (PCUS) aprovou uma resolução
de 26 de outubro de 1926 declarando: "O Partido sustenta
que os países capitalistas avançados estão,
no todo, em um estado de parcial, temporária estabilização;
que o presente período é inter-revolucionário,
tornando incumbência dos Partidos Comunistas a preparação
do proletariado para a revolução vindoura... O bloco
de oposição parte de premissas inteiramente diferentes.
Sem qualquer fé nas forças internas da revolução,
e caindo no desespero devido ao atraso da revolução
mundial, o bloco de oposição escorrega para longe
das bases de uma análise Marxista das forças de
classes da revolução e chega em uma que consiste
em auto-engano `ultra-esquerdista´ e aventureirismo `revolucionário´;
nega a existência de uma estabilização parcial
do capitalismo, e, conseqüentemente, se inclina ao putschismo.
"Daí a exigência da oposição
pela revisão da tática da frente única e
quebra do comitê anglo-russo, sua falha em compreender o
papel dos sindicatos, e seu chamado para substitui-los por novas
organizações proletárias `revolucionárias´
de sua própria invenção."
O Conselho Russo de Sindicatos publicou um manifesto com base
na Greve Geral declarando que fora traído pelo TUC e pela
ala direita do Partido Trabalhista, mas insistindo que "apesar
do fato de os líderes sindicais terem infligido um golpe
pesado sobre a classe trabalhadora britânica, a causa da
unidade internacional e o comitê anglo-russo, nós
não somente não propomos a abolição
do comitê anglo-russo, mas chamamos por sua completa ressuscitação,
e um fortalecimento e intensificação de sua atividade."
Naturalmente essa linha exigia que o PCGB continuasse a fazer
tudo em seu poder para não contrariar os líderes
sindicais.
Após a greve geral, o Conselho Geral do TUC emitiu um
ultimato aos conselhos sindicais proibindo-os de afiliarem-se
ao Movimento de Minoria. Conselhos sindicais em Glasgow, Sheffield
e Manchester se opuseram, mas a liderança do PCGB exigiu
a concordância!
Pearce cita Murphy ao explicar, "Os trabalhadores não
podiam entender essa nova aliança entre os comunistas e
o Conselho Geral, e sua resistência foi assassinada."
Similarmente, em setembro de 1926, Harry Pollitt escreveu sobre
o congresso do TUC naquele ano, "Em vista da decisão
majoritária em favor da completa solidariedade registrada
em Scarborough, o novo Conselho Geral simplesmente terá
de prosseguir mais vigorosamente com a luta em defesa dos trabalhadores.
É verdade, a ala direita do Conselho é fortalecida
pelo retorno de um ou dois que não apóiam a idéia
de que estamos envolvidos em uma luta de classes, mas eu penso
que a pressão das massas por detrás forçará
mesmo esses a entrar na linha."
Coube ao próprio TUC deixar o comitê anglo-russo
em seu Congresso de Edimburgo, 1927, no qual os delegados soviéticos
tiveram a entrada negada.
O terrível impacto da traição da greve
geral não pode ser colocado o suficiente. Trotsky argumentara
que a própria sobrevivência do imperialismo britânico
agora dependia não dos social-democratas de direita, mas
dos supostos esquerdistas, sem os quais a direita não poderia
manter sua posição no movimento trabalhista.
Em sua autobiografia, Trotsky pergunta, "Qual foi o resultado
do experimento britânico dos stalinistas? O Movimento de
Minoria, abarcando quase um milhão de trabalhadores, parecia
muito promissor, mas continha os gérmens da própria
destruição. As massas conheciam como líderes
do movimento apenas Purcell, Hicks e Cook, que, além do
mais, Moscou referendava. Esses amigos de `esquerda´, em
um teste sério, traíram vergonhosamente o proletariado.
Os trabalhadores revolucionários foram jogados num estado
de confusão, afundaram em apatia e naturalmente estenderam
seu desapontamento ao próprio Partido Comunista, que havia
sido apenas a parte passiva de todo esse mecanismo de traição
e perfídia. O Movimento de Minoria foi reduzido à
nulidade; o Partido Comunista retornou à existência
de um secto irrelevante. Desse modo, por conta da concepção
radicalmente falsa do partido, o maior movimento do proletariado
britânico, que levou à Greve Geral, não apenas
não abalou o aparato da burocracia reacionária,
mas, ao contrário, reforçou-o e comprometeu o Comunismo
na Grã-Bretanha por um longo tempo."
Ele escreveu em 1928: "Acordos temporários podem
ser feitos com os reformistas sempre que eles derem um passo a
frente. Mas manter um bloco quando, assustados pelo desenvolvimento
de um movimento, eles cometem traição, é
equivalente a tolerar criminalmente os traidores e velar a traição...
"Dada tal condição das massas trabalhadoras
como a revelada pela greve geral, o posto mais alto no mecanismo
da estabilização capitalista não mais é
ocupado por MacDonald e Thomas, mas por Pugh, Purcell, Cook, e
Companhia. Eles fazem todo o trabalho e Thomas dá os toques
finais. Sem Purcell, Thomas estaria pendurado em pleno ar, e junto
com Thomas também Baldwin. O principal freio sobre a revolução
inglesa é a máscara diplomática do `esquerdismo´
de Purcell, que confraterniza, às vezes alternadamente,
às vezes simultaneamente, com cléricos da igreja
e bolcheviques, e que está sempre pronto não só
para retiradas mas também para traição."
Respondendo à afirmação de Stalin que
uma estratégia revolucionária era putschismo devido
a estabilização do capitalismo, ele continuou, "
Estabilização é Purcellismo. A partir
disso vemos que profundezas de absurdo teórico e oportunismo
cego são expressados na referência à existência
de `estabilização´ para justificar o bloco
político com Purcell. Ainda assim, precisamente para quebrar
a `estabilização´, o Purcellismo deveria primeiro
ser destruído. Em tal situação, mesmo uma
sombra de solidariedade com o Conselho Geral era o maior crime
e infâmia contra as massas trabalhadoras."
Quanto ao impacto desse infame crime político na Bretanha,
os mineradores retornaram ao trabalho em outubro de 1926 e as
vitimizações e demissões começaram.
Ao final da década de 1930, o emprego na mineração
havia caído em mais de um terço, enquanto a produtividade
por homem havia subido na mesma proporção.
Em 1927, o governo britânico passou o Ato de Disputas
Comerciais e o Ato Sindical, que tornava as greves de solidariedade
e o piquete de massa ilegais, proibia que sindicatos de servidores
civis se afiliassem à TU,c e declarava que membros do sindicato
eram obrigados a concordar com o pagamento dos seus impostos sindicais
ao Partido Trabalhista.
Em 1928, instigados por Citrine e Hicks, o presidente do TUC
Ben Turner e SIr Alfred Mond, presidente das Indústrias
Químicas Imperial, engajaram-se em diálogo. Seu
objetivo era estabelecer a maquinaria para a consultoria sobre
os problemas gerais da indústria entre as organizações
dos empregadores e os sindicatos. Esse plano de colaboração
de classe corporativista nunca foi adotado formalmente, mas isso
não quer dizer que ele não tenha sido implementado.
Em junho de 1929, o Partido Trabalhista veio ao poder novamente,
sob Ramsay MacDonald. Em novembro do mesmo ano a quebra de Wall
Street mergulhou o mundo em recessão. MacDonald respondeu
pressionando por medidas de austeridade exigidas pelo serviço
civil, que não foram aceitas pelo gabinete.
Em 24 de agosto de 1931 o governo caiu. MacDonald, junto com
JH Thomas e outros, pisou sobre os cadáveres para formar
o Governo Nacional com os Conservadores e os Liberais. Thomas
foi encarregado da área de emprego. A "década
do diabo," os Anos Trinta Famintos, quando o desemprego alcançou
a marca dos três milhões em 1932, havia começado.
Thomas, deve ser observado, foi forçado a deixar o parlamento
em maio de 1936 depois de ser considerado culpado de vazar segredos
orçamentários para seu filho, o corretor de ações
Leslie, o parlamentar Conservador Sir Alfred Butt e o empresário
Alfred Bates.
A linha assumida pelo Comintern também teve um impacto
terrível sobre a classe trabalhadora soviética.
Disseram-lhes que os esquerdistas no Conselho Geral do TUC estavam
à frente da luta da classe trabalhadora internacional e
ela respondeu de acordo. Durante a greve, trabalhadores coletaram
o equivalente em rublos a mais de 1 milhão de librasem
1926!para ajudar os grevistas britânicos.
No ápice da greve, o TUC recusou-se a aceitar o dinheiro,
com Hicks do comitê anglo-russo chamando-o de "este
maldito ouro russo." Dias depois esses mesmos esquerdistas
assinaram a traição da greve, mas ainda foram louvados
por meses a fio como aliados vitais dos trabalhadores soviéticos
na luta pela paz e contra a intervenção.
Foi uma experiência que não poderia ter sido melhor
projetada para espalhar desorientação e cinismo
políticoum humor que ajudou a consolidar o controle
da burocracia stalinista sobre o aparato do Estado e do partido,
e que ajudou a pavimentar o caminho para a expulsão da
Oposição para fora do PCUS em dezembro de 1927.
Além disso, foi uma aliança ligada a outra que se
provaria bem mais letalcom o Kuomintang na China de Chiang-Kai-Shek.