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Stalin, Trotsky e a greve geral britânica de 1926

Parte 3

Por Chris Marsden
26 de março de 2009

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Abaixo está a terceira e última parte de palestra ministrada na escola de verão do Partido da Igualdade Socialista (Socialist Equality Party—SEP) em agosto de 2007.

O desenvolvimento de conselhos de ação durante a disputa continha elementos embrionários da dualidade de poder—o equivalente dos soviets, mas na Bretanha. Um Conselho Nacional de Ação havia sido formado em agosto de 1920 para se opor à intervenção contra a União Soviética, inspirando muitas versões locais que, como escreveu o Diretorado de Inteligência, "mais e mais assumiam a forma de soviets e em algumas áreas formavam planos para a tomada da propriedade privada e dos meios de transporte."

Durante a greve, os conselhos de ação estiveram à frente em todo o país. Um grevista de Clydeside explica, "Os comitês de greve centrais e os conselhos de ação ficavam em sessão vinte e quatro horas por dia. Eles possuíam seu próprio transporte; paravam todas as outras formas de transporte mas mantinham seu próprio sistema de entregas para carregar mensagens, porque não havia serviço postal ou imprensa. A imprensa aderiu cem por cento à greve e parou todos os jornais, e assim o conselho de ação precisava fazer seu trabalho com bicicletas, velhas e novas, motocicletas, vans velhas — qualquer coisa que tivesse rodas era usada pelos mensageiros e também para levar os líderes da greve a certas frentes."

O conselho de ação de East Fife havia estabelecido sua própria milícia trabalhadora de defesa, com 700 membros, e regularmente se engajava em combates contra a polícia.

Que essa expressão inicial da dualidade de poder não tenha ido adiante foi somente devido à liderança do Partido Comunista e do Comintern.

Brian Pearce observa que a fidelidade do PC ao Conselho Geral do TUC havia tornado-o impotente, ao ponto de possibilitar que o teórico social-democrata Harold Laski escrevesse em 1927, "É digno de nota que na Greve Geral britânica de 1926 os comunistas não tiveram qualquer papel," e que o jornalista Hamilton Fyfe afirmasse em seu diário, "Os comunistas se mantiveram muito quietos... no Continente, mesmo na América, são os extremistas que vão ao topo durante crises. Aqui eles afundaram para longe da vista."

Quanto ao governo e o Estado, eles faziam tudo o que podiam para eliminar a ameaça comunista. Relatos da imprensa Comunista, informando que o regimento dos Guardas Welsh do exército havia se amotinado e estava confinado à base e que outros regimentos haviam se recusado a atacar os operários da mineração, foram apreendidos pela polícia para justificar prisões e invasões ao quartel-general do Partido Comunista com base na acusação de incitação ao motim.

Como Margaret Morris deixa claro em sua obra, A Greve Geral (Journeyman Press, 1976), o PC continuou a ser um alvo preferencial durante toda a greve.

"Muitos dos presos por produzir ou distribuir boletins contendo `incitações ao motim´ ou `falsos rumores´ eram Comunistas envolvidos na edição do boletim dos Trabalhadores do Partido Comunista ou suas versões locais. A mera posse de uma cópia de um desses boletins era considerada base suficiente para a tomada de medidas legais... a invasão aos escritórios do Partido Comunista e o foco em retirar suas publicações de circulação mandou os Comunistas à ilegalidade completa: os membros dirigentes mudavam de endereço toda noite para evitar o encarceramento..." Ao fim do processo, "O secretário doméstico disse à Câmara Baixa do parlamento que 1.760 pessoas foram indiciadas por crimes na Inglaterra e Wales durante a greve, das quais 150 foram acusadas de `incitação´ sob o Ato de Poderes Emergenciais e imputados de `desordem´; 632 foram aprisionadas e o resto saiu sob fiança. O número total de processados na Escócia não foi disponibilizado, mas 409 pessoas foram sentenciadas à prisão, 140 das quais sob o Ato de Poderes Emergenciais e o resto por intimidação, contrariar a paz, invasão, etc... o Partido Comunista... estimou que algo entre um quarto e um quinto de seu corpo de membros foi preso durante a greve."

O próprio PCGB divulga um número de 2.500 presos no total e estima que 1.000 de seus membros estavam nessa estatística, com mineiros especialmente mirados. O membro Comunista do parlamento Shapurji Saklatvala foi preso em 1926 após um discurso em apoio à greve dos mineiros do carvão, e mantido encarcerado por dois meses.

O TUC tinha sua própria versão da mesma política anti-comunista, insistindo que apenas a propaganda que aprovasse podia circular. Emitiu uma declaração contra espiões e outros que "usam linguagem violenta para incitar os trabalhadores à desordem." Ramos do sindicato e comitês de greve chegaram ao ponto de insistir que reuniões terminassem com uma cantoria de "Deus Salve a Rainha" e "Governe Bretanha" em vez de "Bandeira Vermelha."

Longe de se opor a essa supressão burocrática, o PCGB fez seu melhor para assegurar a cooperação de seus membros. Hardy do NMM explicou, "Enviamos instruções do quartel-general do Movimento de Minoria orientando nossos membros ao estabelecimento de conselhos de ação em todas as áreas. Avisamos, porém, que os conselhos de ação em nenhuma circunstância deveriam assumir o trabalho dos sindicatos... Os conselhos de ação deveriam garantir que todas as decisões do Conselho Geral e dos delegados sindicais fossem executadas."

Em 12 de maio, o Conselho Geral do TUC visitou o primeiro ministro para anunciar sua decisão de chamar o fim da greve. Sua única exigência era que as propostas da Comissão Samuel fossem implementadas e que o governo garantisse que não haveria qualquer vitimização dos grevistas. Quando o governo se recusou a fazer tal promessa, o TUC previsivelmente acabou com a greve assim mesmo. Lord Birkenhead depois escreveu que sua rendição foi "tão humilhante que algo instintivo nos tornava indispostos a até mesmo olhar para eles."

É testemunho da escala da traição que 100.000 saíram às ruas após a Greve Geral ser interrompida e que havia mais gente em greve em 13 de maio do que em qualquer momento dos nove dias de greve oficial.

A manchete do Northern Light dizia, "Há somente uma explicação para esta traição — nossos líderes não acreditam no Socialismo." O Newcastle Workers Chronicle escreveu, "Nunca antes na história da luta dos trabalhadores — com a exceção da traição de nossos líderes em 1914 — houve uma traição tão calculada contra os interesses da classe proletária."

Mesmo nesse ponto, a possibilidade existia de reverter a trilha desastrosa que o PCGB percorria. Com uma luta em favor da linha correta, dezenas ou centenas de milhares haveriam respondido. Como Perkins reconhece, "A greve estava acabada. Mas nem o governo nem o TUC acreditavam que o status quo anterior podia ser restaurado da noite para o dia. Os dois lados sabiam que para os extremistas, uma oportunidade sem precedentes havia emergido. Milhões de homens inertes, muitos deles perplexos e inconformados com o fato da greve ter terminado com a derrota quando eles estavam prontos para continuar a luta, constituíam um campo de recrutamento para o Comunismo que o próprio Lenin teria sonhado em criar...

"Ao longo de nove dias, o pesadelo que havia perseguido tanto o governo quanto o TUC era o de que `uma situação revolucionária´ do tipo que os estrategistas de greve Comunistas almejavam poderia se desenvolver. Agora as ações do governo e do TUC pareciam perigosamente próximas de conseguir isso."

Milhares de fato inundaram o P,c cujo número de membros dobrou naquele ano, de 6.000 para 12.000. O stalinista História do Partido Comunista da Grã-Bretanha, Volume 2, escrito por James Klugmann, explica que "o verdadeiro influxo ao Partido Comunista começou nos últimos dias da Greve Geral e imediatamente em seguida... Era algo novo na história do Partido. O Conselho Geral havia vendido a greve. Os mineradores continuavam a lutar. Em todas as minas de carvão grandes encontros de massas eram realizados, e neles os trabalhadores, acima de todos mineradores, passavam para o Partido Comunista às centenas. A Executiva de 14 de julho relatou 3.000 novos membros desde a Greve Geral e vendas do Workers Weekly de até 70.000 exemplares."

Klugmann escreve corretamente, "Com esse novo influxo uma tremenda tarefa e responsabilidade se abriu para o Partido Comunista. Era algo excelente, ganhar para o Partido Comunista tantos trabalhadores militantes, principalmente das minas. Mas esses eram em geral homens e mulheres que passaram a odiar os líderes de direita, vendo-os como traidores, que passaram a sentir raiva e desgosto quanto ao sistema capitalista. Eles queriam um novo e melhor sistema social, desejavam uma mudança radical... Mas não eram ainda Marxistas em sua perspectiva teórica..."

Longe de treinar esses trabalhadores no Marxismo e dar forma teórica ao ódio por aqueles que os traíram, o PCGB e o Comintern trabalharam para desorientá-los, insistindo em manter a aliança com o TUC no Comitê Anglo-russo.

Em sua vergonhosa biografia de Trotsky, ( Trotsky, Routledge, 2003), Ian D. Thatcher novamente defende Stalin das críticas de Trotsky, afirmando:

"Um importante elemento da crítica da Oposição de Esquerda ao poder de Stalin era, é claro, a visão de que a revolução mundial era traída pelo socialismo em um só país. No outono de 1926 Trotsky chamou Stalin de `coveiro da revolução.´ Se com isso queria dizer que Stalin por vontade própria desperdiçava oportunidades revolucionárias, a crítica é claramente injusta. Na Greve Geral britânica de 1926, por exemplo, Stalin insistiu que os comunistas trabalhassem dentro do comitê sindical anglo-russo estabelecido em 1925, não para que o reformismo triunfasse (como Trotsky acusava), mas para que os reformistas pudessem ser mais facilmente desmascarados. Pode-se questionar o sentido da estratégia de frente única empregada aqui, mas Stalin pensava sinceramente que ela traria aos comunistas mais influência que qualquer alternativa."

Assim como muito do que Thatcher escreve, essa não é meramente uma defesa de Stalin — cuja "sinceridade" dificilmente é o problema — que cospe na cara do registro histórico. É uma defesa que poderia ter vindo diretamente da boca de Stalin.

No pós-greve imediato, Trotsky e a Oposição insistiram que o Comintern rompesse imediatamente com o TUC. Em uma carta ao Pravda de 26 de maio de 1926, Trotsky declarou, "Toda a presente `superestrutura´ da classe trabalhadora britânica, em todas as suas gradações e grupos, sem exceção, é um aparato para pôr um breque à revolução."

Stalin denunciou essa avaliação como ultra-esquerdismo e defendeu a continuação do comitê anglo-russo — como uma frente única que serviria para desmascarar os reformistas!

Em um discurso no comitê de unidade anglo-russa em 15 de julho de 1926, Stalin afirmou que o problema era se "nós, como Comunistas, trabalhamos nos sindicatos reacionários. É essencialmente essa a questão que Trotsky nos coloca em sua recente carta no Pravda ....

"Podemos nós, como Leninistas, como Marxistas, de fato pular e ignorar um movimento que ainda não caducou, podemos pular e ignorar o atraso das massas, podemos virar nossas costas e passar por eles; ou devemos nos livrar desses traços conduzindo uma luta irrefreável contra eles entre as massas?"

Indo ao ponto, Stalin declarou que "se os sindicatos reacionários da Bretanha estão preparados para unirem-se num bloco contra os imperialistas contra-revolucionários de seu país, porque não deveriamos dar as boas vindas a esse bloco?"

Coerentemente com a retórica sofista de Stalin, as teses da plenária do Comitê Executivo da Internacional Comunista (CEIC) sobre as lições da Greve Geral, 8 de junho de 1926, declaravam que "que os líderes sindicais ingleses quebrassem o comitê seria um ato tão demonstrativamente anti-classe trabalhadora que iria acelerar fortemente o movimento das massas trabalhadoras britânicas para a esquerda.

"Nessas circunstâncias, que os sindicatos Soviéticos tomassem a iniciativa de deixar o comitê... seria um golpe à causa da unidade internacional, um ato de todo `heróico´, mas politicamente não-aconselhável e infantil."

A décima quinta Conferência do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) aprovou uma resolução de 26 de outubro de 1926 declarando: "O Partido sustenta que os países capitalistas avançados estão, no todo, em um estado de parcial, temporária estabilização; que o presente período é inter-revolucionário, tornando incumbência dos Partidos Comunistas a preparação do proletariado para a revolução vindoura... O bloco de oposição parte de premissas inteiramente diferentes. Sem qualquer fé nas forças internas da revolução, e caindo no desespero devido ao atraso da revolução mundial, o bloco de oposição escorrega para longe das bases de uma análise Marxista das forças de classes da revolução e chega em uma que consiste em auto-engano `ultra-esquerdista´ e aventureirismo `revolucionário´; nega a existência de uma estabilização parcial do capitalismo, e, conseqüentemente, se inclina ao putschismo.

"Daí a exigência da oposição pela revisão da tática da frente única e quebra do comitê anglo-russo, sua falha em compreender o papel dos sindicatos, e seu chamado para substitui-los por novas organizações proletárias `revolucionárias´ de sua própria invenção."

O Conselho Russo de Sindicatos publicou um manifesto com base na Greve Geral declarando que fora traído pelo TUC e pela ala direita do Partido Trabalhista, mas insistindo que "apesar do fato de os líderes sindicais terem infligido um golpe pesado sobre a classe trabalhadora britânica, a causa da unidade internacional e o comitê anglo-russo, nós não somente não propomos a abolição do comitê anglo-russo, mas chamamos por sua completa ressuscitação, e um fortalecimento e intensificação de sua atividade."

Naturalmente essa linha exigia que o PCGB continuasse a fazer tudo em seu poder para não contrariar os líderes sindicais.

Após a greve geral, o Conselho Geral do TUC emitiu um ultimato aos conselhos sindicais proibindo-os de afiliarem-se ao Movimento de Minoria. Conselhos sindicais em Glasgow, Sheffield e Manchester se opuseram, mas a liderança do PCGB exigiu a concordância!

Pearce cita Murphy ao explicar, "Os trabalhadores não podiam entender essa nova aliança entre os comunistas e o Conselho Geral, e sua resistência foi assassinada."

Similarmente, em setembro de 1926, Harry Pollitt escreveu sobre o congresso do TUC naquele ano, "Em vista da decisão majoritária em favor da completa solidariedade registrada em Scarborough, o novo Conselho Geral simplesmente terá de prosseguir mais vigorosamente com a luta em defesa dos trabalhadores. É verdade, a ala direita do Conselho é fortalecida pelo retorno de um ou dois que não apóiam a idéia de que estamos envolvidos em uma luta de classes, mas eu penso que a pressão das massas por detrás forçará mesmo esses a entrar na linha."

Coube ao próprio TUC deixar o comitê anglo-russo em seu Congresso de Edimburgo, 1927, no qual os delegados soviéticos tiveram a entrada negada.

O terrível impacto da traição da greve geral não pode ser colocado o suficiente. Trotsky argumentara que a própria sobrevivência do imperialismo britânico agora dependia não dos social-democratas de direita, mas dos supostos esquerdistas, sem os quais a direita não poderia manter sua posição no movimento trabalhista.

Em sua autobiografia, Trotsky pergunta, "Qual foi o resultado do experimento britânico dos stalinistas? O Movimento de Minoria, abarcando quase um milhão de trabalhadores, parecia muito promissor, mas continha os gérmens da própria destruição. As massas conheciam como líderes do movimento apenas Purcell, Hicks e Cook, que, além do mais, Moscou referendava. Esses amigos de `esquerda´, em um teste sério, traíram vergonhosamente o proletariado. Os trabalhadores revolucionários foram jogados num estado de confusão, afundaram em apatia e naturalmente estenderam seu desapontamento ao próprio Partido Comunista, que havia sido apenas a parte passiva de todo esse mecanismo de traição e perfídia. O Movimento de Minoria foi reduzido à nulidade; o Partido Comunista retornou à existência de um secto irrelevante. Desse modo, por conta da concepção radicalmente falsa do partido, o maior movimento do proletariado britânico, que levou à Greve Geral, não apenas não abalou o aparato da burocracia reacionária, mas, ao contrário, reforçou-o e comprometeu o Comunismo na Grã-Bretanha por um longo tempo."

Ele escreveu em 1928: "Acordos temporários podem ser feitos com os reformistas sempre que eles derem um passo a frente. Mas manter um bloco quando, assustados pelo desenvolvimento de um movimento, eles cometem traição, é equivalente a tolerar criminalmente os traidores e velar a traição...

"Dada tal condição das massas trabalhadoras como a revelada pela greve geral, o posto mais alto no mecanismo da estabilização capitalista não mais é ocupado por MacDonald e Thomas, mas por Pugh, Purcell, Cook, e Companhia. Eles fazem todo o trabalho e Thomas dá os toques finais. Sem Purcell, Thomas estaria pendurado em pleno ar, e junto com Thomas também Baldwin. O principal freio sobre a revolução inglesa é a máscara diplomática do `esquerdismo´ de Purcell, que confraterniza, às vezes alternadamente, às vezes simultaneamente, com cléricos da igreja e bolcheviques, e que está sempre pronto não só para retiradas mas também para traição."

Respondendo à afirmação de Stalin que uma estratégia revolucionária era putschismo devido a estabilização do capitalismo, ele continuou, " Estabilização é Purcellismo. A partir disso vemos que profundezas de absurdo teórico e oportunismo cego são expressados na referência à existência de `estabilização´ para justificar o bloco político com Purcell. Ainda assim, precisamente para quebrar a `estabilização´, o Purcellismo deveria primeiro ser destruído. Em tal situação, mesmo uma sombra de solidariedade com o Conselho Geral era o maior crime e infâmia contra as massas trabalhadoras."

Quanto ao impacto desse infame crime político na Bretanha, os mineradores retornaram ao trabalho em outubro de 1926 e as vitimizações e demissões começaram. Ao final da década de 1930, o emprego na mineração havia caído em mais de um terço, enquanto a produtividade por homem havia subido na mesma proporção.

Em 1927, o governo britânico passou o Ato de Disputas Comerciais e o Ato Sindical, que tornava as greves de solidariedade e o piquete de massa ilegais, proibia que sindicatos de servidores civis se afiliassem à TU,c e declarava que membros do sindicato eram obrigados a concordar com o pagamento dos seus impostos sindicais ao Partido Trabalhista.

Em 1928, instigados por Citrine e Hicks, o presidente do TUC Ben Turner e SIr Alfred Mond, presidente das Indústrias Químicas Imperial, engajaram-se em diálogo. Seu objetivo era estabelecer a maquinaria para a consultoria sobre os problemas gerais da indústria entre as organizações dos empregadores e os sindicatos. Esse plano de colaboração de classe corporativista nunca foi adotado formalmente, mas isso não quer dizer que ele não tenha sido implementado.

Em junho de 1929, o Partido Trabalhista veio ao poder novamente, sob Ramsay MacDonald. Em novembro do mesmo ano a quebra de Wall Street mergulhou o mundo em recessão. MacDonald respondeu pressionando por medidas de austeridade exigidas pelo serviço civil, que não foram aceitas pelo gabinete.

Em 24 de agosto de 1931 o governo caiu. MacDonald, junto com JH Thomas e outros, pisou sobre os cadáveres para formar o Governo Nacional com os Conservadores e os Liberais. Thomas foi encarregado da área de emprego. A "década do diabo," os Anos Trinta Famintos, quando o desemprego alcançou a marca dos três milhões em 1932, havia começado.

Thomas, deve ser observado, foi forçado a deixar o parlamento em maio de 1936 depois de ser considerado culpado de vazar segredos orçamentários para seu filho, o corretor de ações Leslie, o parlamentar Conservador Sir Alfred Butt e o empresário Alfred Bates.

A linha assumida pelo Comintern também teve um impacto terrível sobre a classe trabalhadora soviética. Disseram-lhes que os esquerdistas no Conselho Geral do TUC estavam à frente da luta da classe trabalhadora internacional e ela respondeu de acordo. Durante a greve, trabalhadores coletaram o equivalente em rublos a mais de 1 milhão de libras—em 1926!—para ajudar os grevistas britânicos.

No ápice da greve, o TUC recusou-se a aceitar o dinheiro, com Hicks do comitê anglo-russo chamando-o de "este maldito ouro russo." Dias depois esses mesmos esquerdistas assinaram a traição da greve, mas ainda foram louvados por meses a fio como aliados vitais dos trabalhadores soviéticos na luta pela paz e contra a intervenção.

Foi uma experiência que não poderia ter sido melhor projetada para espalhar desorientação e cinismo político—um humor que ajudou a consolidar o controle da burocracia stalinista sobre o aparato do Estado e do partido, e que ajudou a pavimentar o caminho para a expulsão da Oposição para fora do PCUS em dezembro de 1927. Além disso, foi uma aliança ligada a outra que se provaria bem mais letal—com o Kuomintang na China de Chiang-Kai-Shek.

Concluído

[traduzido por movimentonn.org]