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França: Milhões em greve e em manifestações contra a política do governo

Por Antoine Lerougetel
25 de março de 2009

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Publicado originalmente em inglês no wsws em 20 de março de 2009

Muitos milhões de trabalhadores e jovens tomaram as ruas em 213 cidades e distritos por toda a França na última quinta-feira, 19/03, em oposição à crescente pobreza, miséria, crescimento acelerado do desemprego e polítcas do governo, que envolvem cortes nos auxílios sociais.

Pesquisas de opinião revelam que o apoio ao Dia Nacional de Paralisação chega a 72 ou 78% da população do país.

A ação nacional ocorre dentro da maior crise do capitalismo e o início da pior recessão econômica desde a década 30 do século passado, que atinge a economia francesa e mundial de forma devastadora. Estimativas de cortes de empregos em 2009 no país ultrapassam 400.000. Na edição de ontem do diário de economia Les Echos, o economista chefe Pierre Ferracci alertou: “Pensamos que o aumento do desemprego está apenas começando. No segundo semestre, se não tivermos cuidado, teremos que enfrentar uma surpeendente onda de cortes”.

Como de costume, ocorreram grandes confrontos entre a polícia e manifestantes. Há um acordo geral de que a manifestação superou em muito a do dia 29 de janeiro. Apesar de uma pequena queda no número de grevistas do setor público, a resposta novamente foi massiva.

A CGT (Central Geral do Trabalho - vinculada ao Partido Comunista Francês) estimou 350.000 pessoas em Paris, contra os 85.000 estimados pela polícia. Em Marselha, 320.000 (polícia, 30.000); Grenoble 60.000 (polícia, 34.000); Angoulême 25.000 (polícia, 14.000). Como um todo, a estimativa dos sindicatos é de 3 milhões de pessoas em toda a França (polícia, 1,2 milhões), contra os 2,5 milhões do dia 29 de janeiro.

Estavam presentes massivamente trabalhadores do serviço público, trabalhadores do setor elétrico, ferroviários, carteiros e professores do ensino fundamental e médio.

Universidades - onde estudantes, professores e funcionários têm feito greves, ocupado e impedido o funcionamento por quase dois meses - foram fechadas por toda a França. A entidade estudantil UNEF relatou no dia 11 de março que existiam 70 universidades em greve e outras 25 totalmente ou parcialmente bloqueadas. Muitos dos campus que participaram da manifestação votaram pela paralisação no dia seguinte.

A mobilização dos trabalhadores do varejo, alguns entre os mais mal pagos e mais explorados, junto com trabalhadores do setor da edução, da saúde e operários, é um fenômeno crescente. Quinta-feira, em Paris, um contingente de trabalhadores do McDonald's protestaram contra suas condições de trabalho e reivindicaram melhores salários. Entre outrasm, carregavam um faixa que dizia: “Não somos carne moída!”

A mobilização comprovou a determinação dos trabalhadores para resistir aos ataques contra seus empregos, condições de vida e programas sociais.

Os sindicatos que organizaram os protestos, no entanto, não apresentam nenhuma política para conter o dominó de fechamento das fábricas e destruição dos empregos que afeta particularmente a indústria automobilística e suas dependentes (Continental, Dunlop-firestone e muitas outras). Os sindicatos, por defenderem o governo capitalista, apenas apresentam uma política de pressionar o governo, nunca de derrubá-lo.

O relato do jornal Le Figaro de 16 de março dizia: “Se o poder executivo contar com o senso de responsabilidade dos sindicatos para moderar suas reivindicações, seu temor por revoltas radicalizadas localizadas diminuirá”.

Assim como na greve geral de 29 de janeiro, o Partido Socialista mobilizou pequenos contingentes para a manifestação de quinta-feira.

O antigo candidato presidencial, Ségolène Royal, ainda que mostrando indignação com a intransigência de Sarkozy, disse: “Hoje temos líderes sindicais que são absolutamente responsáveis”.

Trabalhadores e jovens entrevistados pelo WSWS durante as manifestações eram céticos quanto a efetividade do protesto e tinham dúvidas sobre o desejo e a capacidade dos sindicatos em lutar contra a crise e o sistema capitalista que a criou.

[traduzido por movimentonn.org]