Um estudo divulgado esta semana pelo Pew Center sobre os Estados
americanos fornece uma surpreendente estatística: 7,3 milhões
de americanos - ou seja, 1 em cada 31 adultos - estão no
sistema penitenciário do país. Este número
inclui aqueles em celas e prisões, em liberdade condicional,
em sursis, ou sob outras formas de supervisão.
Nenhum outro país chega perto de corresponder a este
número. Se esses indivíduos fossem agrupados, seriam
um número maior do que toda a população de
Israel ou de Honduras, ou de todos os moradores do estado de Washington.
O último quarto de século viu uma explosão
do número de americanos presos, com um crescimento de 274%.
Durante esse mesmo período, aqueles sob " surpervisão
da comunidade", termo usado pela Pew para designar aqueles
em liberdade condicional, sursis ou outras prisões supervisionadas,
também subiu dramaticamente - de cerca de 1,6 milhões
em 1982, para 5,1 milhões em 2007.
Liderando os estados está a Geórgia, onde 1 em
cada 13 adultos, 7,92% da população adulta do estado,
está preso ou sob supervisão. Idaho é próximo
(1 em 18, 5,71%), seguida pela capital da nação,
Washington, DC (1 em 21, ou 4,82%).
Os 10 estados com o maior número de pessoas sob "controle
correcional" inclui três estados do Sul, Louisiana,
Geórgia e Texas, que também têm as mais elevadas
taxas de prisão. Também incluídos no top
10 estão dois estados da Nova Inglaterra, Massachusetts
e Rhode Island, bem como Ohio, Indiana e Minnesota, no Centro-Oeste.
A quantidade de afro-americanos adultos presos é quatro
vezes maiores do que os brancos adultos e 2,5 vezes maiores do
que os hispânicos adultos. Um em cada 11 adultos negros
- ou 9,2 por cento - estava sob algum tipo de "supervisão"
ao final de 2007. Na população como um todo, o número
de homens submetidos a controle "correcional"
é cinco vezes maior, apesar de a taxa para as mulheres
continuar a crescer.
Montantes recordes de dinheiro têm sido gastos para encarcerar
e acompanhar a população das prisões. No
ano fiscal de 2008, estima-se que os EUA devem ter gasto mais
de US $ 52 bilhões, um aumento superior a 300% sobre os
gastos de 1988.
As despesas do Estado com prisões e supervisão
têm crescido num ritmo mais rápido que o aumento
do orçamento para quase todos os outros serviços
do governo. Esses gastos aparecem, então, como luta entre
os diversos estatos e envolvem enormes déficits orçamentários.
A Califórnia, por exemplo, com um déficit orçamental
de US$ 42 bilhões, gastou US $ 9,657 bilhões com
seu sistema carcerário no ano fiscal de 2008-9. Por isso,
o governo do referido estado propôs cortar US$ 15 bilhões
no orçamento destinado às escolas, ao sistema de
saúde e ao auxílio aos pobres.
Kentucky tem o maior crescimento da população
carcerária no país, aumentando em 50% nos últimos
oito anos para mais de 22.000 detentos.
Em Michigan, 1 em 27 pessoas estão na prisão
do Estado, número ligeiramente superior à média
nacional. Mas, como observa o estudo do Pew Center, "médias
estaduais escondem extremas concentrações geográficas".
Na cidade de Detroit, onde moram 44% dos adultos de Wayne,
1 em cada 25 estão sob controle penitenciário. Quase
US$ 400 milhões são gastos em fundos estatais na
cidade, cerca de 18% do orçamento do estado dedicado ao
sistema penitenciário.
Antigamente um próspero centro de produção
de automóveis, Detroit teve uma das taxas mais elevadas
de casas próprias da nação. Agora, estima-se
que uma em cada três pessoas da cidade vive na pobreza,
tornando-a a mais pobre entre as grandes cidades do país.
Em muitos bairros, casas ocupadas repousam ao lado de terrenos
baldios ou casas abandonadas ou queimadas.
Na região leste de Detroit, 1 em cada 22 adultos estão
sob controle carcerário. Em determinado bairro desta região,
referido no estudo como Brewer Park, 1 em 16 adultos e 1 em cada
7 adultos do sexo masculino está atrás das grades
ou sob supervisão. Em 2008, Michigan gastou, sozinha, cerca
de US$ 3 milhões com o sistema carcerário, liberdade
condicional e supervisão dos residentes neste bairro.
Em bairros como este, os residentes são, em geral, jovens
- duplamente castigados pelas condições de pobreza
que lhes são impostas. A cada dia que passa, mais e mais
pessoas são trancadas e os problemas sociais são
tratados como questões policiais.