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Economia dos EUA retrai 6,2%

Por Andre Damon
2 de março de 2009

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Publicado originalmente em inglês em nosso site no dia 28 de fevereiro de 2009.

A economia dos EUA retraiu 6,2% no último trimestre de 2008, de acordo com números divulgados ontem [27/02] pelo Departamento de Comércio do país. O número é significativamente maior que o da estimativa original do departamento, que previa um declínio de 3,8%. Trata-se do declínio mais acentuado em apenas um semestre desde 1982 e marca, por isso, um significativo aprofundamento da recessão.

Além dos gastos governamentais, todos os setores da economia retraíram no trimestre passado. As exportações, varejo e despesas empresariais lideraram o declínio. Além disso, também foi significante a diminuição nos gastos dos consumidores do país.

Entre todos, o setor dos gastos empresariais teve o maior declínio. O investimento em equipamentos e software, por exemplo, caiu à taxa anual de 28,8%. No geral, as despesas empresariais caíram a uma taxa de 21,1% no terceiro trimestre.

As exportações também caíram muito mais que o previsto, reforçando a natureza global da crise. A queda das exportações se deu com taxa anual de 23,6%, em vez dos 19,7% antecipados. De acordo com o Wall Street Journal, o declínio nas trocas cortou meio ponto percentual da taxa de crescimento do PIB.

Os novos números apontam que os estoques diminuíram US$ 19,9 bilhões, em vez de crescerem US$ 6,2 bilhões como as estatísticas anteriores estimavam. Os preços caíram rapidamente no terceiro trimestre, desvalorizando os estoques dos armazéns. As reduções nestes indicam que as companhias estão cortando a produção em resposta à queda da demanda, o que resultará em mais demissões e gastos reduzidos.

O gasto do governo federal aumentou consideravelmente, aumentando 6,7%, em comparação à estimativa de 5,8% de aumento. Os governos estaduais e locais, enfrentando crises de orçamento em todo os EUA, cortaram em 1,4% seus gastos.

O gasto do consumo, que representa cerca de 70% do PIB, caiu 4,3%. Estatísticas anteriores estimavam uma queda de 3,5%. Esta queda veio após outra de 3,8%, no trimestre anterior. Vendas de produtos não-perecíveis — produtos de consumo caros como carros — caíram 22,1%. Esse declínio exacerbará ainda mais a crise forçando os produtores a reduzir a produção, fechar fábricas e demitir mais trabalhadores. A confiança dos consumidores neste mês mergulhou ao nível mais baixo — 56,3 — desde que a Comissão de Conferência começou o levantamento em 1967.

No mês passado, os pedidos de seguro-desemprego alcançaram o patamar mais alto em 27 anos, levando muitos economistas a esperar que a taxa de desemprego supere 8% quando as estatísticas de janeiro forem divulgadas.

A contração no quarto trimestre se dá após a contração de meio ponto percentual no terceiro trimestre. A economia dos EUA cresceu 1,1% em 2008, comparado com 2% em 2007. Usando números corrigidos para compensar a inflação, observa-se que a queda é a terceira pior na história dos EUA, atrás de 1957, 1980, e 1982, quando a economia contraiu-se 6,4% numa base anual.

Todos os principais indicadores da atividade econômica — do preço das casas à atividade dos investimentos, passando pelo ânimo dos consumidores — parecem estar em queda livre. Estamos diante do que é quase certamente a mais longa, e muito provavelmente a mais profunda, recessão da era do pós-guerra, escreveu John Ryding, economista da RDQ Economics, em nota a seus clientes.

A julgar pelo PIB nominal, esta já é a segunda recessão mais profunda na história do pós-guerra e a maior queda em mais de 50 anos. Os preços contraíram-se rapidamente no quarto trimestre, caindo entre 3 e 5%, dependendo do índice utilizado. O quarto trimestre do último ano viu a mais aguda deflação de toda a história pós-guerra dos EUA, levantando ecos da década de 1930, quando os preços caíram em um terço.

O orçamento proposto pela administração Obama, lançado na quinta-feira, assume que a economia dos EUA irá encolher apenas 1,2% em 2009, e retornará a um crescimento de 3,2% no ano seguinte, estimando assim um declínio anual cinco vezes menor do que a atual taxa de contração. Richard Moody, economista-chefe da Mission Residential, disse ao Financial Times: O governo é o único na cidade que está jogando, mas os gastos governamentais não crescerão o bastante e rápido o suficiente para compensar a contração dos gastos do setor privado.

Economistas da Goldman Sachs predizem que a economia dos EUA irá contrair 4,5% no primeiro trimestre, enquanto a Associação Nacional de Economistas Empresariais prevê uma contração de 5%.