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Reabertura de plantas da Chrysler aprofunda o ataque aos trabalhadores
Por Jerry White
8 de julio de 2009
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Este artigo foi publicado no WSWS, originalmente em inglês,
no dia 3 de julho de 2009.
Os trabalhadores automotivos em sete das doze plantas da Chrysler
nos EUA voltaram ao trabalhado na última semana, após
dois meses de fechamento da empresa em função de
sua falência decretada no dia 30 de abril. A montadora de
Detroit emergiu do chapter 11 (capítulo de
falêncais da constituição americana) no mês
passado, após ter sido aprovada juridicamente a criação
da Nova Chrysler, baseada na venda da maioria de seus
ativos para a montadora italiana FIAT.
Os trabalhadores da Chrysler, assim como seus companheiros
da General Motors, enfrentam um ataque direto aos seus empregos,
padrão de vida e condições de trabalho. O
governo Obama leva adiante seus planos para transformar o que
resta da indústria automobilística em um investimento
altamente rentável para Wall Street.
Os assim chamados ativos tóxicos da Chrysler,
incluindo oito plantas, ainda estão sob proteção
do chapter 11, onde esperam ser liquidados. Entretanto,
os executivos da GM estavam no julgamento de falências de
NY, procurando aprovação para vender a maioria de
seus ativos mais lucrativos ao Tesouro Americano.
Harry Wilson, um ex-diretor financeiro e um dos inúmeros
investidores de Wall Street na força tarefa automotiva
de Obama, declarou na quarta-feira que o governo planeja vender
seus holdings rapidamente. Assim a Nova GM estaria
pronta para fazer sua proposta pública inicial para os
investidores por volta de 2010. Entretanto, se a corte falhou
para aprovar a venda dos ativos da empresa no dia 10 de julho,
Wilson alertou que o Tesouro não promoveria nenhum favorecimento
financeiro à GM e autorizaria a liquidação
da centenária gigante industrial. Não temos
a intenção de promover financeiramente essa empresa,
disse Wilson. Essa tem sido nossa opinião.
A GM procura aprovação dos termos que daria ao
Tesouro um investimento de 60% de US$ 50 bilhões em resgates
financeiros. Ao United Auto Workers (UAW, sindicato dos trabalhadores
automotivos dos EUA) foi dada uma quota de 17,5 % de câmbio
para aceitar reduções drásticas nos benefícios
de saúde aos aposentados e outros benefícios salariais,
junto de concessões nos atuais benefícios. O governo
federal e o governo estadual de Ontário, no Canadá,
iriam obter 11,7%.
Executivos da GM apresentaram seus planos de reestruturação
em tribunal, no qual incluem a destruição de mais
de 20.000 postos de trabalho e o fechamento ou funcionamento reduzido
de 14 plantas. Na segunda-feira, a GM acrescentou uma outra unidade
para a lista das que seriam deixadas na "Velha GM para
serem liquidadas: a nova planta United Motors Manufacturing Inc.
em Fremont, Califórnia, perto de San Francisco.
A GM está cancelando 25 anos de operação
conjunta com a Toyota, que espera a transferência da produção
para uma fábrica não sindicalizada no Mississippi,
empregando 4.700 pessaos. O UAW está oferecendo grandes
concessões para manter operações. O fechamento
significaria o fechamento da última fábrica automotiva
na Costa Oeste.
Benefícios médicos cortados e
pensões em perigo
Esta semana centenas de milhares de aposentados (e seus dependentes)
da GM e Chrysler também perderam os seus benefícios
óticos e odontológicos, segundo os termos de um
acordo exigido pelo Tesouro Americano e empurrado pelo UAW. Cerca
de 292.000 aposentados horistas protegidos pelos contratos da
UWA serão afetados em nível nacional, uma vez que
cerca de 358.000 são seus dependentes.
A grande maioria dos aposentados horistas - 128,000 - estão
em Michigan. Os cinco estados principais são Nova Iorque
,com 14.300, Ohio com 29.000, Indiana com 28.000 e Florida com
10.500, disse um porta-voz da Delta Dental à imprensa.
A Delta Dental está demitindo 10% de seus funcionários
devido à perda no negócio.
Outro desastre na manufatura é a possibilidade das montadoras
ficarem sem dinheiro para pagar aposentadorias. O New York Times
relatou que a GM tem utilizado bilhões de seu fundo de
pensão para financiar cortes e livrar-se do salário
mais alto acordado em 2007 com o UAW. Esse acordo permite também
que a empresa contrate novos trabalhadores pela metade do salário
dos atuais e fuja das obrigações das pensões
para aposentados e dos benefícios de saúde.
De acordo com o benefício obtido na greve da GM de 1970,
os trabalhadores têm um valor básico anual de US$
19.000, além de outro suplemento de US$ 18.000 se acabarem
com prestações da Segurança Social com 62
anos.
A crise se desenvolve e ainda em junho a venda de veículos
atinge o menor patamar na história. As vendas nos EUA caíram
para um total anual de 10 milhões, uma queda de quase 17
milhões em uma década. Todos os grandes fabricantes
tiveram quedas de dois dígitos desde o ano passado, incluindo
a GM (34%), Chrysler (42%), Toyota (32%), Honda (30%) e Ford (11%).
Para além das grandes montadoras, o colapso do mercado
automobilístico está provocando uma onda de falências
entre autofornecedores. O Lear Corporation, de Michigan, um fornecedor
mundial de assentos e eletrônicos com 80.000 empregados,
entrou no chapter 11 na quarta-feira, tornando-se
o 15 º maior fornecedor a fazê-lo em 2009. No mês
passado, a administração Obama rejeitou um pedido
de fornecedores para um resgate financeiro de US$ 10 bilhões,
embora analistas previssem que de 50 a 70 produtores de autopeças
poderiam ir a falência neste ano.
O Chrysler Financial, o braço financeiro do novo Grupo
Chrysler LLC, também anunciou que iria demitir 350 empregados,
ou 9% de sua força de trabalho. Mais de 100 das demissões
foram efetuadas na terça-feira, principalmente nas equipes
de vendas da empresa. Outras 240 acontecerão no final de
agosto, quando um call center em Kansas City, Missouri, será
fechado, confirme a empresa.
Uma equipe de reportagem do WSWS falou com os trabalhadores
de uma panta da Chrysler em Detroit nessa semana. A fábrica,
que emprega 1.400 trabalhadores, é uma das oito unidades
da empresa a fechar por volta de Dezembro de 2010. Trabalhadores
expressaram indignação perante o fechamento de plantas
e a implacável demanda de concessões. No entanto,
vêem poucos meios para resistir, uma vez que o UAW tem colaborado
plenamente com o governo Obama e com os patrões, contra
os trabalhadores.
A equipe do WSWS publicou uma declaração apelando
à formação de comitês independentes
para promover uma luta que parasse os fechamentos da fábrica
e subverter as concessões decididas pelo UAW.
David Ratliff, um trabalhador com 15 anos de fábrica,
denunciou as concessões impostas aos trabalhadores automotivos:
"Meu avô trabalhou para a empresa 38 anos. Agora, ele
está com 90 anos e está perdendo sua visão
e dentes."
Ele manifestou indignação em relação
às políticas da administração Obama,
que intervieram para forçar a Chrysler e GM pedirem falência.
"Nós somos os que fazem a economia funcionar, e não
os bancos - as pessoas que trabalham todos os dias, independente
do que eles façam, não os CEOs. Nós, o povo,
temos de parar de pensar que não há nada que possamos
fazer sobre o que está acontecendo. As pessoas têm
de ficar juntas, não sozinhas.
"As pessoas que financiaram as eleições
obtem a representação. Mas nós somos a verdadeira
América, estamos construindo edifícios, pavimentando
as ruas, mas chegamos ao fim do poço sempre. Agora estão
dizendo que não terão dinheiro para a Seguro Social,
devido o que eles fazem no Iraque. A guerra é puro dinheiro.
Outro trabalhador, de 36 anos de trabalho nas plantas automotivas,
denunciou o contrato forçado pelo UAW. Estamos ferrados.
Olhando para trás ao longo dos últimos 30 anos de
sua experiência, acrescentou, "Quando eles deram ao
[ex-presidente do UAW, Douglas] Fraser uma cadeira no conselho
da Chrysler, eu sabia que estava tudo acabado."
Marrie, um trabalhador com 26 anos de Chrysler acrescentou:
Nós pressupomos que a FIAT viria construir aqui.
Nós estamos tentando trazer a FIAT para nossa planta. Agora,
estamos no topo da linha. Estamos construindo. Estamos no topo
das exigências. Eles nos mostraram todas essas coisas na
segunda-feira na assembléia, na reunião da Câmara
Municipal - como estamos indo bem, como fizemos todas essas concessões
e tal - e eles ainda continuam a fechar nossa fábrica.
Por quê?.
Todo mundo está ganhando dinheiro, mas os ricos
querem ficar mais ricos e fazer dos pobres mais pobres. Eles não
querem uma classe média. Querem ricos e querem pobres.
"Agora, estou com medo. Não sei para onde eles
me mandarão quando a planta fechar. Estou com medo disso.
Na verdade, se eu conseguir um pacote, gostaria de pegá-lo
e sair, mas eu sei que não obterei um pacote muito significativo,
então o que eu vou fazer para os próximos quatro
ou cinco anos?
"Para onde eles me enviarão? Eu poderia parar do
outro lado de Michigan, você entende? Eu vivo em Monroe
e eu dirijo até aqui. Agora eu poderia estar em Trenton,
eu poderia estar na rua, ou eu poderia estar em algum lugar do
Norte, não sei. Sempre que eles me mandam eu tenho que
ir. Não gosto disso. "
Outro trabalhador, Tracy, acrescentou, "É muito
ruim. Voltamos para essa fábrica nessa semana e na próxima
semana, então, a fábrica vai fechar de novo. Pode
ser só por mais algumas semanas... e depois ser definitivo.
Quem sabe?"
[traduzido por movimentonn.org]
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