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França: trabalhadores ameaçam explodir fábricas
contra demissões
Por Alex Lantier
29 de julho de 2009
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Este artigo foi publicado no WSWS, originalmente em inglês,
no dia 20 de julho de 2009.
Operários franceses de várias plantas assinaladas
para fechamento ameaçaram detonar dispositivos explosivos
em suas fábricas.
Na fábrica de auto-peças New Fabris em Châtellerault,
cidade industrial com 36.000 habitantes no sul de Tours, os operários
ligaram cilindros de gás a um cabo de eletricidade. Eles
exigem 30.000 em pagamento indenizatório das fabricantes
Renault e PSA Peugeot-Citroën, principais clientes da New
Fabris. Eles ameaçam incendiar o gás caso não
recebam seu pagamento até 31 de julho.
O gerente de planta, Pierre Réau, disse que a PSA e
a Renault provocaram o fechamento da New Fabris cortando
os pedidos brutalmente e sem aviso. Depois de terem feito
pedidos que representavam 90% das encomendas recebidas pela New
Fabris, eles cortaram seus pedidos repentinamente, em 80 e 30%,
respectivamente.
A côrte comercial em Lyon colocou a New Fabris em liquidação
no dia 16 de junho. Todos os 366 trabalhadores da planta devem
perder seus empregos.
A decisão é um típico exemplo da arrogância
das fabricantes automotivas. A Renault e a Peugeot juntas captaram
em janeiro 6 bilhões em fundos de resgate estatais,
em troca de promessas de que preservariam empregos e atividade
industrial. Châtellerault deve perder 2.400 postos de trabalho
no próximo ano.
Um membro da Confederação Geral do Trabalho (CGT)
relatou que em 7 de julho 150 trabalhadores da New Fabris vieram
de ônibus protestar em frente ao quartel-general da Peugeot
em Poissy, nos subúrbios parisienses, e falar aos trabalhadores
da Peugeot na planta Porte-de-Poissy. Um grande destacamento da
tropa de choque CRS bloqueou a planta e amplos setores de Poissy,
prevenindo a discussão entre os trabalhadores da New Fabris
e os da Peugeot.
Questionado sobre a decisão de ligar o gás à
fiação elétrica, um trabalhador da New Fabris
explicou: A maquinaria e o estoque de mercadorias finalizadas
são o nosso único poder de barganha. Trabalhadores
estimam que o valor do conteúdo da planta está entre
3 e 4 milhões.
O jornal da região La Nouvelle République
informou em 17 de julho que trabalhadores da New Fabris e delegados
sindicais visitaram a sede da Renault em Billancourt. A Renault
propôs, porém, um pacote indenizatório de
apenas 3.300, e o ministro da indústria Christian
Estrosi se recusou a reunir-se com os trabalhadores da New Fabris.
No mesmo sentido, operários da firma de comunicações
Nortel, planta de Châteaufort, perto de Paris, ameaçaram
explodir a fábrica com cilindros de gás em 14 de
julho. A planta foi posta em liquidação no dia 28
de maio, sob a responsabilidade da financeira Ernst and Young,
cujo pessoal recusou um encontro com os trabalhadores da planta
de Châteaufort. O Le Monde relatou que os cilindros
de gás foram preparados para explosão pelos trabalhadores,
e não pelos delegados sindicais.
O Le Monde entrevistou o delegado sindical da CFTC na
planta, Christian Berenbach, que disse: Não somos
terroristas. Estamos tentando encontrar uma saída desta
crise. Berenbach declarou que a Nortel provocou o fechamento
da planta pela transferência de 14 milhões
para as contas centrais da companhia no Canadá.
Os trabalhadores removeram os cilindros de gás no dia
15 de julho, quando Estrosi declarou que se reuniria com os representantes
da Ernst and Young e com os operários da Nortel. Estrosi
disse também que não queria enfraquecer
as operações da Nortel em Châteaufort, já
que pensava que eles têm todos os ingredientes necessários
para passar pela crise.
Na planta de auto-peças da JLG em Faullet, perto de
Bordeaux, 163 trabalhadores estão em greve de solidariedade
por 53 colegas recentemente demitidos. Eles ameaçam detonar
o inventário da planta com cilindros de gás se os
trabalhadores demitidos não receberem pacotes de seguridade.
No dia 15 de julho, a administração da JLG concordou
em fornecer um pacote indenizatório de 16.000, mas
os operários em greve recusaram a proposta, insistindo
nos pagamentos de 30.000.
Relatos emergiram ontem, indicando que a administração
da JLG concordou com o pacote indenizatório de 30.000.
Esses desenvolvimentos testemunham sobre o situação
política explosiva que se configura conforme corporações
usam a crise econômica e os resgates para encher os bolsos
à custa da classe trabalhadora.
À série de ameaças de explosão
de plantas segue uma onda de sequestros de patrões ocorrida
na primavera, quando trabalhadores ameaçados de demissão
mantiveram membros da administração das fábricas
como reféns.
O governo é extremamente impopular. A última
pesquisa Ifop indica que 59% dos pesquisados desaprova as políticas
do presidente conservador Nicolas Sarkozy.
As críticas do ministro da indústria Estrosi,
que caracterizam as ameaças dos trabalhadores como conduta
indigna, merecem somente desprezo. As ações
verdadeiramente indignas são aquelas de um governo que
empurra bilhões incontáveis para os bolsos dos grandes
bancos e corporações, enquanto permite que plantas
sejam fechadas em todo o país.
Se os trabalhadores não estão lutando para defender
seus empregos em suas fábricas, mas em vez disso estão
reduzidos ao extremismo desesperado de exigir pagamentos indenizatórios
ameaçando explodir suas plantas, é devido ao fato
de terem sido politicamente isolados.
Nenhum dos partidos oficiais direita ou esquerda
desenvolve a perspectiva de que toda a classe trabalhadora
deveria responder à crise econômica com base em um
programa politicamente independente tomando o poder e usando
os recursos sociais que atualmente são postos à
disposição dos bancos através dos massivos
resgates estatais para reconstruir a indústria e recuperar
os empregos.
A burguesia esquerdista francesa, principalmente
os partidos Socialista e Comunista, tiveram um papel crucial na
destruição da indústria nos últimos
30 anos, tanto de dentro quanto de fora do governo. Sua reação
à atual crise econômica tem sido propor pequenas
modificações no projeto de resgate bancário
de Sarkozy. Suas propostas, apresentadas em apelos conjuntos para
serem divulgados antes das manifestações programadas
para durar um dia ocorridas nesta primavera, foram co-assinadas
pelos partidos de extrema-esquerda franceses, como
o Novo Partido Anti-Capitalista (NPA).
Os sindicatos, enquanto participam dos planos da burguesia
esquerdista, deliberadamente isolaram os trabalhadores de plantas
ameaçadas.
A crise que abate sobre a indústria automobilística
francesa é um exemplo clássico. Os sindicatos se
concentraram nos últimos anos em organizar greves ineficazes
de um dia por trabalhadores do serviço público
greves organizadas em coordenação com o Estado e
projetadas para dissipar a oposição aos cortes sociais
do governo. Não houve, porém, uma ação
de greve ampla para parar a crise e decadência da indústria
automobilística.
Há vários anos, bem antes da crise emergir, a
produção automobilística na França
estava caindo rapidamente. Os índices de produção
deste ano devem apresentar uma queda de 40% em relação
à produção já decaída de 2,57
milhões de automóveis no ano passado.
Apesar da profusão de socialistas auto-declarados
no estamento político francês, não existe
um partido de classe trabalhadora na França hoje.
Em particular, os partidos da extrema-esquerda
mantiveram seu apoio aos sindicatos e se recusaram a chamar por
uma luta política contra as políticas de Sarkozy,
o que demandaria uma ruptura política com os partidos Socialista
e Comunista.
O NPA, que atualmente negocia uma possível aliança
eleitoral com o Partido Comunista nas eleições regionais
de 2010, expôs parte das características de sua orientação
de classe numa declaração de 17 de junho: Demissões:
coordenação urgente. Apesar do título
confusamente ativista, o texto explica principalmente
porque a NPA não está tomando a iniciativa de fornecer
liderança política às lutas da classe trabalhadora.
Notando o isolamento das lutas em diferentes locais de trabalho,
o NPA escreveu: Seria uma ocasião para os próprios
trabalhadores debaterem as perspectivas concretas para serem levadas
adiante hoje. Mas tal encontro não pode simplesmente ser
decretado.
Se referindo a um número de locais de trabalho atingidos
por greves, complementou: O NPA poderia juntar representantes
de 15 ou mais companhias da França que hoje são
atingidas por planos de demissão e tirar do chápeu
um `apelo do NPA`. Mas não é assim que o NPA opera.
A mais urgente tarefa é criar um partido político
para liderar as lutas dos trabalhadores na França e na
Europa com base em uma perspectiva socialista.
[traduzido por movimentonn.org]
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