EN INGLES
Visite el sitio inglés
actualizado a diario
pulsando:
www.wsws.org

Análisis Actuales
Sobre el WSWS
Sobre el CICI

 

WSWS : Portuguese

Seis meses do governo Obama

Por Joe Kishore
29 de julho de 2009

Utilice esta versión para imprimir | Comunicar-se com o autor

Este artigo foi publicado no WSWS, originalmente em inglês, no dia 21 de julho de 2009.

Há seis meses, Barack Obama tomou posse como o 44º presidente dos Estados Unidos.

A eleição de Obama representou um repúdio popular à administração Bush e às suas políticas internas e externas. O principal slogan de Obama - "Mudança, vocês podem acreditar" - fez coro com uma população cansada de oito anos de guerra e de programas focados unicamente nos interesses da burguesia corporativa.

A persona de Obama e sua história individual simbolizaram, para várias seções da classe operária e da juventude, o desejo de mudança. O fato de que Obama seria o primeiro presidente afro-americano foi visto por muitos como uma razão para acreditar que ele instintivamente seria solidário aos pobres e oprimidos. Em todo caso, acreditou-se que ele seria diferente daquilo que existia antes.

Qual avaliação pode ser feita diante da experiência de seis meses? Os fatos falam por si. Em cada questão crítica, Obama - presidindo sobre substanciais maiorias democratas nas duas casas do Congresso - continuou a política básica de seu antecessor.

Política militar

A direção da administração da política militar foi sinalizada logo no início. Em 23 de janeiro, três dias depois de sua posse, Obama ordenou ataques com mísseis, disparados por aeronaves não tripuladas, a um local no interior do Paquistão, matando 18 pessoas. Com esse sangue inicial em suas mãos, Obama avançou rapidamente.

A Guerra do Afeganistão, agora, é definitivamente "a Guerra de Obama". Sob seu comando, os EUA colocaram em funcionamento o dobro de suas forças, de 32.000 para 68.000 homens, e atualmente está realizando a maior operação para aniquilar a oposição popular no sul. Pelo menos 30 soldados americanos e 25 tropas da OTAN morreram até agora somente neste mês, fazendo de julho o mês com maior número de mortes para as forças de ocupação.

Os ataques de mísseis americanos contra o Paquistão, geralmente matando dúzias de civis paquistaneses, tornaram-se recorrentes. O governo pressionou o Paquistão a realizar sua própria ofensiva em seu território ao noroeste, resultando em centenas de milhares de refugiados.

A ocupação do Iraque continua. A desvantagem das forças americanas nas cidades não significa um final para o envolvimento militar americano no país. Mais de 130.000 tropas continuam em bases militares permanentes fora das cidades e o governo iniciou o processo de reclassificação das tropas como "conselheiros". Na hipótese de que a frágil situação política saia de controle, as forças armadas americanas intervirão com força total.

Política econômica e social

Na política interna, a preocupação prioritária de Obama tem sido defender a riqueza dos mais poderosos setores da burguesia corporativa e financeira. Através de injeções de dinheiro, subsídios e programas de empréstimo, trilhões têm sido distribuídos aos bancos e instituições financeiras. O governo opôs-se a qualquer restrição real aos salários dos executivos ou bônus.

Utilizando as doações do governo, os maiores bancos relataram lucros massivos no segundo trimestre de 2009, incluindo US$ 3,44 bilhões para o Goldman Sachs e US$ 2,7 bilhões para o JPMorgan Chase. Os bancos planejam distribuir bônus recordes este ano a seus executivos.

As mesmas instituições que aceleraram a crise econômica através de suas especulações e operações de pilhagem agora estão melhor do que nunca. Isso não é um mero acaso. Isso é o resultado pretendido pelas políticas realizadas pelo governo Obama.

Muitos trabalhadores da indústria automobilística esperavam mudanças positivas com Obama. Em vez disso, o governo os coagiu através de massivos cortes de salários e benefícios, junto à destruição de dezenas de milhares de empregos. Obama auxiliou a General Motors e a Chrysler através da Corte de Falência, quando as duas companhias perderam bilhões em indesejáveis dívidas, incluindo obrigações de assistência médica para dezenas de milhares de aposentados.

O governo está realizando políticas similares em relação aos estados e governos locais, recusando a dar-lhes os mesmos tipos de empréstimos disponibilizados aos bancos. O maior estado do país, a Califórnia, está às margens da falência econômica e o governo do estado está usando a crise como uma oportunidade para destruir a educação, a saúde e outros programas sociais. Similares medidas draconianas vêm sendo implementadas em todo o país.

Assim como a principal iniciativa interna de Obama - a "reforma" no setor da saúde - as propostas do governo são guiadas pelo desejo das empresas de reduzir seus custos com a assistência médica de seus funcionários e estão relacionadas às demandas dos maiores agentes da indústria da assistência médica - particularmente as empresas de seguros e farmacêuticas.

A "reforma" na saúde tem sido alterada: antes visava providenciar cuidados decentes a todos, agora visa o corte de custos. Obama insiste que a redução das despesas com a saúde é imperativa para reduzir o déficit no orçamento e reestruturar a economia, mesmo que, como ele declarou, ele tenha que fazer "o que for necessário" para salvar os bancos.

Se uma conta com assistência médica eventualmente ultrapasse o limite, isto requererá que os trabalhadores paguem mais por inadequados seguros médicos e cuidados rateados. Esta "cobertura expandida" será usada como pretexto para cortar programas federais de assistência médica, particularmente o Medicare.

Como tudo o mais, a assistência médica está sendo reestruturada como um sistema mais abertamente baseado na classe. Trabalhadores terão que escolher entre sua saúde e suas outras necessidades.

O resultado das políticas do governo para lidar com a crise econômica é uma massiva redistribuição da riqueza de cima pra baixo.

Direitos democráticos

Em todas as instâncias, a administração Obama continuou as políticas antidemocráticas de seu antecessor. Ele invocou "segredos de estado" para bloquear julgamentos da corte de tortura e espionagem doméstica. O governo revogou uma promessa de liberar fotos mostrando a tortura americana a detentos. Ele continuou com os tribunais militares e indicou seus planos para adotar uma política de indefinidas detenções para prisioneiros da Baía de Guantánamo.

Obama por diversas vezes insistiu que não haverá acusação a nenhum dos crimes realizados pela administração Bush. Isto significa que ninguém será considerado responsável e que os crimes continuarão.

* * *

O resultado das eleições de 2008 é uma lição objetiva das falhas da democracia americana. Estas eleições produziram um resultado que é diretamente inverso às aspirações dos eleitores que preencheram as cédulas a favor do vencedor.

Não é possível, através do sistema político existente, ocorrer uma mudança efetiva nas políticas governamentais. As razões básicas são que as instituições e partidos políticos são os instrumentos naturais da lei de classes. A burguesia exerce absoluto controle sobre cada aspecto da vida política.

O que talvez seja mais memorável é o fato de que a administração Obama mal fez um esforço para ocultar este caráter de classe. O governo parece assumir que a persona de Obama, por si só, é suficiente para reprimir a oposição. Na medida em que a atenção do governo está focada no Partido Democrata e suas periferias - os diversos círculos sociais das publicações e organizações de "esquerda" - esta avaliação está correta.

De qualquer modo, tem havido uma queda significativa nas pesquisas de avaliação do governo Obama, incluindo os substanciais declínios na economia e na assistência médica. De acordo com a mais recente pesquisa do Washington Post-ABC News, a taxa de aprovação no total caiu abaixo dos 60% pela primeira vez. Nós suspeitamos que o descontentamento público é, de fato, mais profundo do que estas figuras indicam.

A decepção e raiva pública estão sendo guiadas por impactos objetivos da crise econômica, pelas conseqüências das guerras de Obama e pelas cada vez mais gritantes contradições entre o sentimento popular ao qual ele apelou para ser eleito e os interesses sociais aos quais ele serve. Na medida em que o povo americano sentir que foi enganado e feito de bobo, a oposição das massas será cada vez mais intensa.

O governo ainda tem que lidar com a intervenção independente da classe operária americana. Quando esse movimento de classe se desenvolver, ele procurará novos canais independentes de oposição e em oposição a todo este sistema político e social.

[traduzido por movimentonn.org]

Regresar a la parte superior de la página



Copyright 1998-2012
World Socialist Web Site
All rights reserved