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Suicídio entre militares nos EUA atinge novo recorde

Por James Cogan
9 de dezembro de 2009

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Publicado originalmente em inglês no WSWS em 2 de dezembro de 2009.

O número de militares americanos em serviço que cometeram suicídio em 2009 já ultrapassou o recorde do ano passado. Estes suicídios são, antes de tudo, trágicos. Em segundo lugar, indicam o imenso dano psicológico que as atuais guerras no Afeganistão e no Iraque causam aos membros das Forças Armadas americanas.

O exército dos EUA, o maior braço das Forças Armadas, sofreu o aumento mais dramático no número de suicídios. Até 16 de novembro, 140 soldados em serviço e 71 da Guarda Nacional tiraram suas vidas neste ano — totalizando 211. Em comparação, houve 52 suicídios no exército em 2001. O número aumentou de forma constante ao longo dos anos seguintes, chegando a 197 em 2008.

A taxa total de suicídios no exército americano alcançou 20,2 a cada 100.000 soldados. A marinha registrou 42 suicídios até 31 de outubro — o mesmo número registrado no ano de 2008 inteiro e uma taxa de mais de 19 suicídios para cada 100.000 soldados.

Entre os cidadãos americanos em uma faixa etária comparável a dos militares, a taxa de suicídios anual é de aproximadamente 19 para cada 100.000 pessoas. Para a população dos EUA em geral, de todas as idades, a taxa em 2006 foi de 11,6 a cada 100.000 pessoas — ainda que se espere que o número cresça desde o início da grave recessão e das demissões em massa.

A correlação entre as guerras no Afeganistão e no Iraque e o aumento dos suicídios entre os militares é clara. A taxa de suicídios entre os soldados da Marinha e da Força Aérea que não foram enviados à linha de frente dos conflitos é praticamente a mesma desde 2001 e está bem abaixo da média nacional. Antes de 2001, a taxa do Exército e da Marinha também foi inferior à média nacional e, mais significativamente, a metade do registrado em uma faixa etária semelhante. As pessoas que procuram recrutar-se estão sujeitas a exames psicológicos. Aquelas com doenças diagnosticáveis que contribuam para tendências suicidas geralmente são rejeitadas

O que mudou foi o envio de centenas de milhares de soldados e fuzileiros navais ao Iraque e ao Afeganistão. Muitos envolveram-se ou testemunharam acontecimentos terríveis. Pelo menos um em cada cinco soldados voltaram com transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Um estudo de veteranos com TEPT publicado em agosto pelo Journal of Traumatic Stress descobriu que 47 % tiveram pensamentos suicidas antes de procurar tratamento e 3% tentaram se matar.

A cada dia, uma média de cinco membros das forças armadas tentam o suicídio. Desde 2003, cerca de 1.000 conseguiram — um número maior do que o de soldados que morreram em todo os oito anos de guerra no Afeganistão. Desse número, 41,8% serviram uma vez no Afeganistão ou no Iraque, 10,3 % tinham sido enviados duas vezes, 1,7 % serviram em três turnos e 0,9% tinham sido enviados quatro ou mais vezes. A maioria era do sexo masculino e com menos de 30 anos de idade. Mais da metade eram casados ou divorciados no momento.

Pesquisas na internet publicam inúmeros relatos do terrível impacto que o suicídio tem causado nos últimos oito anos. Uma entrevista comovente com a esposa de um soldado que tirou sua vida foi publicada em 29 de novembro pela MPNnow, uma publicação baseada em Rochester, Nova York.

Tricia Hobart perdeu o marido e pai de seus três filhos em 16 de outubro de 2005. Mike Hobart cometeu suicídio quando voltou para os EUA para uma licença de duas semanas do Iraque. Ele tirou licença para receber tratamento da lesão de um nervo, sofrida em um combate.

Tricia Hobart disse ao MPNnow: "Eu me sinto muito mal pelas famílias que passaram pelo que nós passamos ou que passarão por isso no futuro. Depois de ver o que um ano de permanência no Iraque fez com meu marido, eu senti que ainda ocorreriam muitos outros suicídios. Mike era um homem muito amoroso, carinhoso e compreensivo, mas depois de ficar no Iraque por muitos meses, seu comportamento mudou.

"Os homens e mulheres, depois de estarem em uma guerra, têm suas vidas alteradas de uma maneira ou de outra. Alguns aprendem a lidar com seus pesadelos e flashbacks sobre o que viram e fizeram quando estavam lá. Outros, no entanto, não conseguem deixá-los para trás. Infelizmente, para esses homens e mulheres que não conseguem deixá-los para trás, o suicídio é uma das maneiras que escolhem para lidar com a vida após a guerra".

Os suicídios entre os soldados em serviço são apenas a ponta do iceberg. Centenas de ex-soldados, veteranos das guerras do Afeganistão e Iraque que deixaram o serviço militar, voluntária ou involuntariamente também estão tirando suas vidas.

O Departamento de Assuntos de Veteranos dos EUA não mantém um registro oficial. Entretanto, um estudo encomendado em 2007 pela CBS News encontrou níveis altos de suicídio entre os veteranos do Afeganistão e do Iraque. De 6.256 veteranos que tiraram suas próprias vidas em 2005, por exemplo, a maior taxa foi encontrada entre ex-soldados com idades entre 20 a 24, mais do que quatro vezes superior à média nacional.

O telefone de ajuda para os veteranos de guerra que opera em uma clínica em Canandaigua, Nova York, teve 118.984 chamadas até este ano e acredita-se que impediu a morte de 3.709 veteranos.

Os problemas psicológicos sofridos por muitos veteranos estão se agravam com o estresse decorrente da recessão econômica nos EUA. Um estudo realizado no início deste ano constatou que pelo menos 15% dos antigos combatentes entre 20 e 24 anos estavam desempregados. O total de desempregados entre os veteranos do Afeganistão e do Iraque foi de pelo menos 11,2%, em comparação aos 8,8% entre os não-combatentes em uma faixa etária semelhante.

[traduzido por movimentonn.org]

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