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EUA: apesar de melhora nas estatísticas de emprego, economia permanece devastada

Por Andre Damon
9 de dezembro de 2009

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Publicado em ingles no WSWS o dia 5 de dezembro de 2009.

A economia dos EUA perdeu menos empregos em novembro do que em qualquer outro mês desde que a recessão começou, de acordo com o último relatório estatístico do Departamento do Trabalho. Mas, como um todo, as condições econômicas continuam a piorar para a maioria da população, com salários caindo e nenhum retorno aos patamares pré-crise no horizonte.

O Departamento do Trabalho do país disse que a economia perdeu 11 mil empregos no mês passado, quase um décimo do montante perdido em outubro. O departamento também afirmou que a taxa de desemprego, calculada usando uma medida diferente, caiu para 10%, dos 10,2% registrados em outubro. A última vez que a economia dos EUA agregou empregos foi dezembro de 2007. Cerca de 100 mil empregos precisam ser agregados por mês para acompanhar o crescimento da força de trabalho disponível.

O Governo Obama usará, sem dúvida, o relatório sobre os empregos para fortalecer suas afirmações de que não deve haver nenhuma grande iniciativa governamental para criar empregos. Na conferência que aconteceu na Casa Branca quinta-feira, Obama disse que a "verdadeira recuperação econômica só poderá vir do setor privado".

O declínio nos empregos das áreas de construção civil, manufatura e informações foi sombreado por um aumento considerável no número de contratações temporárias. O setor de construção perdeu 27 mil empregos no mês passado, enquanto o setor de informações (TI) perdeu 17 mil e a manufatura 41 mil empregos. O país perdeu cerca de 2,1 milhões de empregos na manufatura nos últimos dois anos, com a vasta maioria das perdas vinda da área de manufatura de bens duráveis.

Alguns economistas rapidamente fizeram alertas contra as conclusões precipitadas. "É como se um paciente que acabou de entrar em colapso por um ataque cardíaco sentasse e fizesse um intervalo — nada mais que isso", disse Allen L. Sinai, fundador da firma de pesquisa Decision Economics, ao New York Times.

Sinai continuou, "As coisas estão melhorando, mas um respiro de um mês, francamente, não significa nada no contexto do pior mercado de trabalho já visto desde a década de 1930". No começo da semana, Paul Krugman, do Times, observou: "As chances de um retorno para a recessão parecem estar aumentando", citando o fato de que o impacto das medidas de estímulo da administração Obama, como o programa "cash for clunkers" [dinheiro para falidos], provavelmente se dissipará. Krugman disse ainda que "o crescimento na produção manufatureira é em grande parte um inventory bounce [venda de produção previamente estocada mascarada de aumento real na produção] — e isso também se dissipará nos trimestres vindouros".

Mesmo se seguirmos as previsões relativamente otimistas do Federal Reserve [banco central dos EUA], em dois anos a taxa de desemprego estará em 8%, quase o dobro do nível do ano 2000. Em 2012, o Fed espera que o desemprego seja de nada menos que 7%.

Muitos economistas esperam condições ainda piores. David Rosenberg, economista-chefe da firma de administração de bens Gluskin Sheff, disse à Associated Press que a taxa de desemprego provavelmente atingirá seu ápice em 12%, declarando que os economistas que afirmam que a taxa de desemprego não subirá muito mais estão "no limite da irracionalidade".

Embora a maioria das estatísticas relacionados ao emprego mostrem uma melhoria moderada, as perspectivas para as pessoas desempregadas a longo-prazo pioraram significativamente. O número de pessoas que estiveram sem emprego por 27 semanas ou mais aumentou em 293 mil, atingindo os 5,9 milhões. A porcentagem de pessoas desempregadas por esse período de tempo cresceu em 2,7%, atingindo 38,3% do total de desempregados.

O número de desempregados alcançou 15,4 milhões no mês passado, mais que o dobro do registrado em dezembro de 2007. Esse número é muito maior que o da população da Grécia, Cuba, Bélgica ou Portugal.

No começo desta semana o Departamento de Trabalho divulgou o resultado de sua pesquisa de desemprego metropolitano de outubro, mostrando que as taxas de desemprego aumentaram em todas as áreas metropolitanas dos EUA. Havia 15 áreas onde a taxa de desemprego era ao menos de 15%, inclusive El Centro, California, onde 30% estão sem trabalho.

Certos grupos são desproporcionalmente afetados pelas altas taxas de desemprego: 26% dos adolescentes que procuram emprego estão desempregados, assim como 15,6% dos negros e 12,7% dos hispânicos. Outras 2,4 milhões de pessoas gostariam de trabalhar, mas já desistiram de procurar emprego.

O pagamento por hora aumentou em 0,01% no mês de novembro, atingindo US$ 18,74. No ano passado, o salário/hora aumentou em média 2,2%, enquanto o salário/semana médio (que é afetado pela redução de horas de trabalho) aumentou em 1,6%. Mas esses ganhos foram ultrapassados pelo aumento nos preços dos alimentos: 2,8% nos últimos 10 meses. Os salários semanais reais caíram em média cerca de 1% no ano de 2009.

Como resultado direto dos salários em queda, a produtividade cresceu cerca de 8,1% no terceiro trimestre, maior nível em 6 anos, de acordo com figuras recentemente atualizadas pelo Departamento de Trabalho.

Essas estatísticas salariais apontam para o processo que se movimenta por trás do último relatório de desemprego. Seja qual for o patamar que a taxa de desemprego atinja eventualmente, o fato fundamental é que a classe dominante dos EUA está usando o desemprego para rebaixar os salários dos trabalhadores e cortar os benefícios sociais.

Companhias americanas, sob a pressão da crise e a necessidade de cortar custos para permanecer no mercado, encontraram meios de eliminar permanentemente os postos de trabalho. Os planos de saúde e aposentadoria que as empresas cortaram não voltarão, e os salários não subirão em qualquer momento do futuro próximo.

[traduzido por movimentonn.org]

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