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General britânico afirma que militares podem ficar no
Afeganistão por mais 40 anos
Por Harvey Thompson
19 de agosto de 2009
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O novo chefe do exército britânico, General Sir
David Richards, disse que a Grã-Bretanha poderá
manter atividades no Afeganistão pelos próximos
40 anos.
Richards, que passará a controlar o comando afegão
como líder geral no dia 28 de agosto, disse ao Times:
"Eu acredito que a Grã-Bretanha estará comprometida
com o Afeganistão de algum modo desenvolvimento,
governabilidade, reforma do setor de segurança pelos
próximos 30 ou 40 anos".
Questionado sobre o grande número de baixas entre as
tropas ocupantes do Afeganistão nas últimas semanas,
Richards disse que a campanha dos britânicos no país
é "exigente, sem dúvida, mas será vitoriosa".
"O final será difícil de determinar; não
será claro e facilmente distinguível como o final
de alguma velha guerra internacional", completou. "Precisamos
nos lembrar, porém, que não estamos tentando transformar
o Afeganistão numa Suíça."
Richards declarou que o envolvimento das tropas britânicas
seria necessário somente como "o meio-termo",
na medida em que o papel do exército "evoluiria",
e o foco mudaria para a expansão do exército nacional
e polícia afegãs. Mas ele escolheu suas palavras
com cuidado, de modo a enfatizar a importância estratégica
do Afeganistão para os interesses imperialistas de longo-prazo
da Grã-Bretanha: "Como no Iraque, é nossa porta
de saída, militarmente falando, mas o povo afegão
e nossos oponentes precisam saber que isso não significa
que abandonaremos a região".
A projeção de Richards ecoa as projeções
de diversos oficiais britânicos, que nos últimos
meses sugeriram um compromisso militar de décadas da Grã-Bretanha
no Afeganistão, incluindo o embaixador britânico
para os Estados Unidos, Sir Nigel Sheinwald, e o ex-secretário
da defesa, Des Browne.
Richards, que assumirá o comando do General Sir Richard
Dannatt como chefe do exército britânico, comandou
as forças do país no Timor Leste em 1999 e em Serra
Leoa no ano 2000; serviu também na Irlanda do Norte e na
Alemanha. Entre maio de 2006 e fevereiro de 2007, dirigiu a Força
Internacional de Assistência à Segurança (ISAF)
da OTAN para o Afeganistão. Foi também o primeiro
não-americano a comandas as forças estadunidenses
desde a Segunda Guerra Mundial.
Quando Richards foi nomeado chefe do Exército Britânico
em outubro passado, o World Socialist Web Site chamou atenção
para a significação desse fato em relação
ao Afeganistão.
Escrevemos que "com a escolha de Richards para chefe do
exército britânico, a elite política e militar
consolida o assim-chamado "consenso afegão" de
Washington/Londres: somente um deslocamento de tropas massivo
para o Afeganistão e o esmagamento brutal de toda oposição
podem salvar o regime de ocupação liderado pelos
EUA.
"Richards foi por muito tempo um defensor explícito
de um fortalecimento das forças no Afeganistão,
e demandou um aumento de 30.000 soldados."
Depois disso, vários milhares de soldados ingleses e
norte-americanos foram colocados no Afeganistão, resultando
um aumento da violência, acarretando nas mais altas taxas
de vítimas, tanto de civis afegões quanto de soldados
estrangeiros. Os comentários de Richards coincidiram com
as notícias sobre a morte de mais três soldados britânicos
no Afeganistão, mortos ao norte de Lashkar Gah, na província
de Helmand, em 6 de agosto.
No dia 8 de agosto, outro soldado britânico morreu depois
de uma explosão a leste de Gereshk, também na província
de Helmand.
Julho foi o mês com o maior número de mortos para
as tropas britânicas com 22 mortos, a maioria durante
a primeira fase da Operação Garra da Pantera. Mais
5 soldados britânicos morreram em combate neste mês.
Conforme escrevemos, o número de soldados britânicos
mortos desde a invasão do Afeganistão em 2001 é
de 196.
Embates recentes no Afeganistão também levaram
a um número recorde de vítimas entre as tropas estrangeiras,
afirmaram oficiais de defesa.
De acordo com o jornal Guardian de 21 de julho, "Mais
de 157 soldados foram tratados no hospital de campo em Camp Bastion,
província de Helmand, na semana passada, de acordo com
médicos do exército. Os números foram tão
altos que os médicos foram forçados a quebrar suas
próprias regras e aceitar mais feridos do que o hospital
é projetado para suportar".
Um médico disse ao programa da BBC Radio, Today: "As
últimas semanas foram extremamente ocupadas. Tivemos pessoas
feridas de formas que você provavelmente nunca viu ou experimentou."
Ele se referia a sérios danos causados por explosões
de beira de estrada.
O Ministério da Defesa Britânico disse que 51
integrantes das forças armadas do país tiveram membros
amputados por volta de 31 de março, depois de terem sido
feridos no Afeganistão. Os últimos números
publicados pelo Ministério, os mais altos até agora
registrados, revelam um aumento significativo na quantidade de
feridos mesmo antes das vítimas dos últimos combates
serem levadas em consideração. Quarenta e seis soldados
foram admitidos em hospitais de campo no Afeganistão desde
junho, comparado com 24 em maio e 11 em abril.
Os números do MD não fornecem um relato detalhado
na severidade e natureza dos ferimentos sofridos por soldados
britânicos. Mas o MD declara que 13 foram "muito seriamente"
ou "seriamente feridos" no mês passado, incluindo
ferimentos e amputações que implicavam em risco
de vida. Mais de 200 soldados sofreram tais ferimentos desde que
as forças britânicas começaram sua campanha
em Helmand três anos atrás. O Coronel Richard Kemp,
ex-comandante das tropas britânicas no Afeganistão,
disse ao Sunday Mirror: "Isso é uma parte impressionantemente
alta do total de tropas presentes no Afeganistão em qualquer
dado momento."
O Sky News citou o Coronel Peter Mahoney, 30 de julho, que
havia acabado de voltar de um tour como diretor médico
responsável por tratamento clínico em Camp Bastion.
Ele disse: "Tem sido ocupado, disso não há
dúvidas. Em certos dias as equipes cirúrgicas trabalham
constantemente... É estressante para todos lidar com jovens
feridos, particularmente quando você está cortando
uma pele que reconhece como sua própria isso sempre
é razão para mais emotividade".
A agência de notícias completou: "Em apenas
uma semana deste mês 157 feridos foram trazidos ao hospital
de campo de Camp Bastion para tratamento, incluindo tropas britânicas,
norte-americanas e estonianas, assim como soldados e civis afegões
e mesmo forças inimigas.
"Agora chega a 2.650 o número de admitidos em um
hospital de campo no Afeganistão desde que os números
começaram a ser registrados em março de 2006. Desses,
230 estavam seriamente ou muito seriamente feridos. 2.280 foram
levados para a Inglaterra."
Muitas das mortes e ferimentos sérios nos meses recentes
foram o resultado de bombas de beira de estrada ou dispositivos
explosivos improvisados que se tornam cada vez mais sofisticados
e mortais. Uma fala recente de um oficial das forças especiais
britânicas aponta para o impacto psicológico e pessoal
que as mortes e ferimentos têm sobre soldados que servem
no Afeganistão. Escrevendo no Independent, o oficial disse
que se sentia compelido a falar após as mortes de sete
homens que serviam no Primeiro Batalhão das forças
especiais, incluindo seu oficial comandante, o Tenente Coronel
Rupert Thorneloe e o Cabo Dane Elson, 22, de Bridgend.
Ele disse: "Com cada morte, acho que cada um de nós
experimenta um sentimento de choque absoluto, de impotência.
Na sua mente você sente que precisa fazer algo, especialmente
se conhecia o indivíduo.
"Em casa isso poderia ser pular para dentro do carro e
dirigir para algum lugar isolado onde você pode sair e gritar
o máximo que puder para deixar toda a angústia sair.
Mas aqui nada do tipo é possível. Você está
trancado dentro do seu campo ou base de patrulhamento; não
há refúgio, nenhum canto privado para ir, para você
lidar com seu pesar".
O soldado completou: "Quando você lê sobre
uma vítima `gravemente ferida`, a vida daquela pessoa jamais
será a mesma. Nem para sua família, que será
sugada para dentro e afetada para sempre pelo resultado. Estou
falando de membros removidos, amputações duplas
ou mesmo triplas, numa escala que nunca vimos antes".
Acompanhando o ascenso de mortes de tropas estrangeiras e feridos
está o aumento em vítimas entre os civis afegões
que é profundamente mal documentado ou mal representado
pela mídia.
Mais de mil afegões foram mortos nos primeiros seis
meses de 2009, de acordo com um relatório recente das Nações
Unidas.
Uma combinação de bombardeios aéreos mortais
da EUA/OTAN e atividade insurgente contra-ocupação
levou a um aumento de 24% nas fatalidades civis, em comparação
com os números da ONU do mesmo período do ano passado.
As mortes de civis subiram todo mês este ano em comparação
com 2008, exceto por fevereiro. Maio foi citado como o mês
mais mortal, com 261 civis mortos.
David Loyn, correspondente da BBC em Kabul, disse que mesmo
o grande aumento registrado pela ONU é provavelmente uma
subestimação da realidade, já que muitas
mortes não são contabilizadas. Este é o terceiro
ano em que a ONU contabiliza mortes de civis, e os números
cresceram a cada ano.
A BBC fez um relato em 11 de agosto sobre o mais recente ataque
aéreo de avião não-tripulado em Waziristan
do Sul, noroeste do Paquistão, perto de fronteira do Afeganistão.
Oficiais da inteligência local foram citados e disseram
que "ao menos 10 suspeitos militantes" foram mortos
no ataque.
Este foi o último de dúzias de ataques por aviões
não-tripulados no último ano que aumentam o número
de mortes civis não documentadas.
A conflagração incitada pela ocupação
militar EUA/OTAN está se espalhando para mais e mais perto
da capital. Em 10 de agosto, apenas 10 dias antes das eleições
acontecerem, militantes do Talibã atacaram prédios
oficiais em Pul-i-Alam, capital da província de Logar,
apenas algumas milhas ao sul de Cabul. Cinco policiais afegões
foram mortos e 26 outros foram feridos enquanto cinco militantes
atiravam foguetes e granadas contra bases policiais e escritórios
governamentais.
Um relato da BBC disse que parte da cidade "foi supostamente
evacuada conforme helicópteros voavam por cima das cabeças
e atiravam nos insurgentes."
[traduzido por movimentonn.org]
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