Publicado originalmente em inglês em 29 de agosto
de 2008, no WSWS.
Na quarta-feira, 27.08, a polícia invadiu o centro de
operações de um grupo o Unconventional
Denver [Denver Não-Convencional] que protestava
contra a Convenção Nacional Democrata, prendendo
várias pessoas, destruindo e confiscando sua propriedade.
O esforço calculista para intimidar os manifestantes e
suprimir a manifestação passou despercebido pela
mídia nacional, sem falar dos políticos do Partido
Democrata, reunidos no Centro Pepsi em Denver.
A polícia agiu ilegalmente, sem produzir qualquer mandado
antes de invadir o pequeno prédio e a área ao redor
dele. Um trator levantou o material de fabricação
de faixas e estandartes e o depositou num caminhão de lixo.
Dois organizadores foram presos e acusados de desobediência
da ordem legal. A polícia afirmou que um deles possuía
uma faca; o manifestante respondeu que era uma pequena faca de
bolso.
A polícia também afirma ter encontrado tijolos
e pedras ao redor do prédio alugado pela organização.
Os grupos de manifestação disseram que o material
estava sendo usado para segurar estandartes e posteres que estavam
sendo pintados para que não fossem levados pelo vento.
Filmagens feitas pelo jornal independente Rocky Mountain News
mostram que os destroços são típicos da desgastada
área industrial, localizada ao lado dos trilhos da ferrovia.
A polícia de Denver disse que respondia a um telefonema
sobre dois grupos suspeitos perto do local. A constante
vigilância sobre o grupo e a presença do trator e
do caminhão de lixo, porém, sugerem que a batida
foi planejada com considerável antecedência.
Também na quarta-feira, um produtor da ABC News, Asa
Eslocker, foi preso por tentar filmar lideranças políticas
e grandes doadores do Partido Democrata saindo de um hotel próximo
ao Pepsi Center. Num raro episódio de jornalismo investigativo
pela mídia, Eslocker e sua equipe investigavam o papel
dos lobistas corporativos no processo político para uma
série chamada Money Trail [Trilha do Dinheiro].
Eslocker foi acusado de invasão de propriedade, interferência
e falha em compactuar com uma ordem legal. Um video da prisão
pode ser visto no site da ABC: http://abcnews.go.com/Blotter/Conventions/story?id=5668622&page=1
Antes da prisão, um xerife de Boulder County foi visto
ordenando que Eslocker saísse da calçada em frente
ao hotel e se dirigisse a uma entrada lateral. O escritório
do xerife diz que a calçada é propriedade do hotel.
Em seguida, ele é visto empurrando Eslocker que
afirma seu direito de estar em propriedade pública
para fora da calçada e na direção do tráfego.
O policial observa, Agora você está impedindo
o tráfego, antes de forçar o repórter
para o outro lado da rua.
Duas horas depois, a polícia de Denver chegou para prender
Eslocker, aparentemente com base numa reclamação
do hotel Brown Palace. Um policial fumando um cigarro pode ser
visto colocando suas mãos ao redor do pescoço de
Eslocker e então torcendo seu braço, mesmo sem qualquer
sinal de resistência por Eslocker. Um dos policiais diz
a Eslocker: A sua sorte é que eu não acabei
com sua raça.
Na noite de quarta, uma passeata de cinco mil, liderada pelo
grupo Iraq Veterans Against the War [Veteranos do Iraque
Contra a Guerra], foi impedida de aproximar-se do local da convenção
por uma barricada policial.
A destruição dos direitos democráticos
básicos durante a Convenção Nacional Democrata
(DNC) de Denver foi extensa. Ela Incluiu:
* A formação de um novo aparato policial semi-legal
e multi-nível, sob controle do ramo executivo do governo
federal, possibilitada pelo estatuto da DNC enquanto um Evento
de Segurança Nacional,, conforme designação
estabelecida em 1997 pela ordem executiva (ou seja,
o decreto presidencial) de Bill Clinton.
* A militarização de uma das principais cidades
dos EUA. O tamanho da força policial dobrou com o recrutamento
de pessoal vindo das áreas ao redor. Policiais com equipamentos
anti-tumulto, armados com metralhadoras, cães policiais,
torres de observação, helicópteros e transportadores
blindados visões comuns em Denver.
* A criação de um campo de prisioneiros (apelidado
de Guantánamo do Platte pelos manifestantes,
referência ao Rio Platte, em Denver) projetado para aprisionar
milhares de pessoas.
* A implementação de um sistema de corte judicial
em separado (corte DNC) projetado para processar milhares
de prisioneiros secreta e rapidamente.
* A construção de uma zona de livre expressão
especial, num estacionamento próximo à convenção,
para limitar toda manifestação. A zona lembra um
campo de prisioneiros. É uma pequena área contornada
por cercas de aço montadas sobre barreiras de concreto;
tudo coberto por arame farpado.
* Provocação policial, abuso, e intimidação
dos manifestantes.
* A supressão da liberdade de expressão e liberdade
de reunião através das barricadas policiais e exigências
arbitrárias de desocupação de calçadas
públicas.
* Violência policial contra manifestantes pacíficos.
Isso incluiu o uso de spray de pimenta e cassetetes.
* A prisão em massa de aproximadamente 100 manifestantes,
a maioria dos quais acusada de se negar a compactuar com
uma ordem legal.
* A tentativa de processar prisoneiros sem fornecer a opção
de defesa judicial.
* Busca e apreensão de propriedade, de forma arbitrária
e sem mandado.
* A tolerância pela polícia da intimidação
dos manifestantes de direita.
* Abuso policial e prisão contra a mídia.
Se tais eventos estivessem ocorrendo em países-alvo
dos EUA, como Rússia ou Venezuela, certamente a mídia
e os políticos estariam denunciando furiosamente a supressão
da oposição política. Mas, a repressão
está se dando numa importante cidade dos EUA, sob o patrocínio
de um dos dois partidos da classe dominante no país.
A mídia nacional, deliberadamente, suprimiu qualquer
cobertura sobre a atmosfera de estado policial em Denver e assumiu
inteiramente a perspectiva de que a convenção
um teatro pago principalmente pela corporativa América
e protegido da população pela polícia e forças
armadas é a expressão do processo democrático
dos EUA em funcionamento. Nenhum representante significativo do
Partido Democrata que se passa por defensor dos direitos
democráticos denunciou a repressão política.
O que está acontecendo em Denver deve servir como um
aviso para a classe trabalhadora. O vasto número de policiais
e militares é desproporcional em relação
ao pequeno número de manifestações pacíficas.
A única explicação para essa mobilização
é que se trata de um ensaio para medidas vindouras. É
um exercício militar para a repressão da população
civil através de uma nova combinação da polícia
federal, estadual e municipal com agências militares e a
burocracia. De fato, apesar da polícia de Denver parecer
responsável pela maioria das ações mais ferrenhas,
ela está na verdade operando sob o Serviço Secreto
e o Departamento de Segurança Nacional.
As políticas consensuais da classe dominante
guerra imperialista no exterior e luta de classes no próprio
país são amplamente impopulares e irão
eventualmente lançar milhões ao desafio. Os métodos
policiais praticados em Denver terão pronta resposta das
lutas de massa da classe trabalhadora.