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EUA: taxa de desemprego é maior em quatro anos

Por Alex Lantier
2 de setembro de 2008

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Este artigo foi publicado no WSWS, originalmente em inglês, em 2 de agosto de 2008

A taxa de desemprego dos EUA atingiu em julho a marca sazonalmente ajustada de 5,7 por cento — a maior em quatro anos —, de acordo com números divulgados no dia 1 de agosto pelo Birô de Estatísticas Trabalhistas dos EUA (Bureau of Labor Statistics, BLS, na sigla em inglês). O número de pessoas oficialmente desempregadas alcançou 8,8 milhões, superando em 1,6 milhões o do ano passado.

A taxa oficial de desempregados não inclui os assim chamados trabalhadores “desencorajados”, que relatam terem desistido da procura por trabalho, ou aqueles que foram forçados a trabalhar meio-período por razões econômicas. Nos últimos 12 meses, a taxa de trabalhadores desempregados e “desencorajados” subiu de 5,7 para 7 por cento da força de trabalho. Somando a isso trabalhadores forçados a aceitarem trabalho de meio-período, 10,8 por cento da força de trabalho dos EUA estava, em julho, desempregada ou subempregada, taxa 2,2 por cento maior que a do ano passado.

O número de vagas do trabalho assalariado não-agrícola caiu em 51 mil no mês de julho, e 463 mil em 2008. As quedas têm base ampla, afetando virtualmente todos os setores da economia.

O emprego temporário, considerado um indicador de condições econômicas futuras, caiu 29 mil em junho; o setor perdeu 185 mil empregos desde janeiro de 2008. O setor de lojas continuou a desperdiçar trabalho, tendo perdido 211 mil posições desde seu pico em março de 2007.

A construção, duramente atingida pelo aumento do número de moradias disponíveis no mercado e a crise das hipotecas, perdeu 22 mil empregos em julho, levando o total de empregos perdidos desde o pico em setembro de 2006 a 557 mil. De acordo com números do Departamento de Comércio, o gasto em construção caiu 0,4 por cento em julho, depois de uma queda similar de 0,4 por cento em junho, para uma taxa anual sazonalmente ajustada de 1,0872 trilhões de dólares.

O emprego manufatureiro caiu 35 mil em julho e 383 mil nos últimos 12 meses, com declínios notáveis na área dos equipamentos de transporte (8 mil empregos perdidos), produtos de madeira (4 mil empregos perdidos), e usinas têxteis (3 mil empregos perdidos). O Instituto de Gerenciamento de Suprimentos (Institute for Supply Management, ISM, na sigla em inglês), relatou que não houve aumento da atividade fabril em julho de 2008, mas observou que o índice de novos pedidos de julho permaneceu em 45, numa escala onde um número menor que 50 indica contração. O diretor de pesquisa do ISM Norbert Ore disse ao Wall Street Journal: “A expectativa é de um terceiro trimestre bem lento.”

Os únicos setores que viram um aumento no emprego foram saúde (aumento de 33 mil em julho) e mineração (aumento de 10 mil em julho), principalmente em indústrias relacionadas a óleo e gás que se beneficiaram dos altos preços de energia.

Os restaurantes foram particularmente atingidos conforme os consumidores reduziram o consumo de lazer. Plano — um grupo texano de restaurantes da Metromedia — abruptamente fechou centenas de restaurantes Bennigan’s e Steak & Ale por toda a nação em 29 de julho, eliminando 9.200 empregos, seguindo o Capítulo 7 dos procedimentos básicos de falência. Os restaurantes aparentemente requisitaram infusões de 100 milhões de dólares pela companhia irmã Metromedia para atender às obrigações de salário e dívidas do ultimo ano. Em março, a Forbes atribuiu ao dono da Metromedia, John Kluge, um valor líquido de 9,5 bilhões de dólares.

Outras redes de restaurantes que declararam falência em 2008 incluem Bakers Square, Village Inn, e Old Country Buffet. A Starbucks anunciou planos, essa semana, para cortar mil empregos administrativos. Isso seguiu as notícias dos últimos meses, onde a varejista mundial do café, depois de anunciar perdas de $6.7 milhões durante o segundo trimestre de 2008, fecharia 600 lojas localizadas nos EUA. Ela anunciou, também, o fechamento de 61 de suas 84 lojas na Austrália.

Companhias de aviação também estão planejando demissões temporárias, uma vez que enfrentam um aumento massivo no preço do combustível, reduções no número de viajantes e rotas de vôos. No dia 22 de Julho, a United Airlines anunciou que demitirá 7mil de seus 52.500 trabalhadores ao final de 2009, dentro dos planos de reduzir 16% da sua capacidade doméstica e cortar 100 aeronaves de sua frota.

Em 17 de julho, a American Airlines anunciou que licenciaria 900 controladores de vôo e 200 pilotos, demitiria 1.300 de seus 13 mil mecânicos aeronáuticos — mesmo após uma interdição emergencial de toda sua frota de aeronaves MD-80 devido a riscos na rede elétrica, que em março revelaram sérios problemas em sua manutenção de operações.

As montadoras GM e Ford também estão preparando mais demissões temporárias, vez que anunciaram perdas gigantescas para o segundo trimestre de 2008 — $8.7 bilhões para Ford e $15.5 bilhões para a GM, entre as quedas mensais de volume das vendas de 15% e 26%,respectivamente. Eles atribuíram essas perdas aos seus veículos grandes — menos vantajosos diante do aumento do preço da gasolina —à reestruturação dos preços e aos efeitos da crise de crédito em seus braços financeiros, que estão ativando novamente acordos de aluguel devido ao alto risco de falta de consumidores.

Nem a Ford ou a GM anunciaram publicamente planos de reestruturação, mas em 30 de julho a imprensa informou que a GM planejava demitir pelo menos 5 mil trabalhadores. A GM anunciou planos para reduzir sua capacidade produtiva norte americana para 300.000 veículos no próximo ano. Ela está, também, transferindo fábricas em Moraine, Ohio e Shreveport, Louisiana.

Outras montadores estão anunciando quedas rigorosas nas vendas norte americanas e planejam demissões. O número das vendas em julho da Toyota caiu 18.7%, e a Nissan ofertou pacotes de compra de seu controle acionário para 6.000 empregados das fábricas de Smyrna e Decherd, em Tennessee.

Os efeitos do desemprego serão ainda mais difíceis para os trabalhadores demitidos, na medida em que o seguro desemprego cobre, a cada vez, um número menor deles. Segundo as estatísticas do Departamento do Trabalho, citadas em uma reportagem do Wall Street Journal no dia 29 de julho, apenas 37% dos trabalhadores desempregados dos EUA recebem benefícios de desemprego, abaixo dos 55% em 1958 e 44% em 2001.

Como notou o jornal: “Entre aqueles que não recebem o seguro, estão os que trabalham meio-período, as pessoas que se demitiram ou foram demitidas recentemente e trabalhadores que não receberam dinheiro suficiente no “período-base” de um ano, que comumente exclui os últimos três ou seis meses. O trabalhador defende que a era do sistema New Deal não foi atualizada o bastante para refletir uma época de mudanças mais freqüentes no trabalho, com aumento de trabalhadores de meio-período e diminuição no número de sindicalizados.”

Menos de 15% de trabalhadores mal pagos recebem benefícios de desemprego, de acordo com o Gabinete de Contas do Governo.