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Entrevista com Bryan Palmer, biógrafo de James P. Cannon, o fundador do trotskismo na América

Parte 2

Por Fred Mazelis
10 de novembro de 2008

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Publicado originalmente em inglês no wsws.org em 29 de Setembro de 2007

Esta é a segunda parte de uma entrevista de duas partes conduzida por Fred Mazelis do Socialist Equality Party (Partido da Igualdade Socialista — SEP, na sigla em inglês) com Bryan Palmer, o autor de James P. Cannon and the Origins of the American Revolutionary Left, 1890-1928 [James P. Cannon e as Origens da Esquerda Revolucionária na América, 1890-1928], o primeiro volume da nova biografia do comunista americano pioneiro e posteriormente fundador e líder do movimento trotskista na América.

Fred Mazelis: Qual sua resposta para a acusação de que a ação de Cannon em 1928 era uma espécie de jogada carreirista? Que sua facção havia chegado a um beco sem saída dentro do PC e que ele era motivado por uma procura de poder pessoal?

Bryan Palmer: Eu ouvi essa acusação e ela me deixa estupefato. Parece-me uma das avaliações mais idiotas que já escutei porque assume que, para uma pessoa com as habilidades de Cannon, que eram muitas e variadas, a vida como um revolucionário profissional era uma "carreira". Era um compromisso, e um compromisso nada bem remunerado. Além disso, sugerir que se tornar um trotskista da esquerda revolucionária no final da década de 1920 era um movimento calculado na direção do ascenso de carreira é realmente algo difícil de explicar. Se era uma jogada de carreira, era uma jogada de carreira em direção ao inferno.

A vida era muito difícil para Cannon depois que foi expulso do Partido Comunista. Estou convencido de que Rose Karsner, a companheira de Cannon, teve uma crise imediatamente após a expulsão deles do PC. Eram ambos revolucionários profissionais, empregados pelo partido, e não recebiam mais seu pagamento. Perderam o contato com a maior parte de seus amigos, e eram escorraçados por seus velhos camaradas. Viviam em condições espartanas, com quase nenhum conforto ou possessões materiais; Rose e Jim tinham três filhos para sustentar e mal conseguiam ganhar o suficiente. Seu tempo, seu dinheiro, sua energia — tudo ia para a construção do trotskismo: publicar um jornal, imprimir traduções do trabalho de Trotsky, trocar correspondências com potenciais militantes.

Cannon passou de figura importante em uma organização razoavelmente grande a líder de 100 apoiadores que precisaram implorar que uma velha impressora Wobbly fizesse sair a primeira edição de seu jornal, o Militant. Eles viviam atrás de centavos. Dizer que isso era uma jogada de carreira é ridículo. Os primeiros anos do movimento trotskista foram, como Cannon descreveu, dias de cão.

FM: Cannon esperava uma resposta melhor das fileiras do PC quando foi expulso?

BP: Penso que ele definitivamente esperava. É por isso que, por vários anos, os trotskistas americanos se chamavam Liga Comunista da América (Oposição) [Communist League of America (Opposition)]. Eles continuaram a fazer seus apelos quase exclusivamente às fileiras do comunismo americano. Tentavam vender suas publicações aos membros do PC. Cannon acreditava que haveria uma resposta das fileiras e mesmo de alguns dos líderes, que eram revolucionários e poderiam ser ganhos para o renascimento do programa revolucionário. Ele achava que os olhos deles estavam fechados, mas não completamente.

Boa parte da crítica programática de Trotsky simplesmente não era conhecida pelas fileiras do PC. Os membros também nada sabiam sobre o número crescente de revolucionários dentro da União Soviética que já havia sido objeto de agressão física ou algo pior. Cannon tinha convicção de que a verdade sobre a crítica de Trotsky, assim como outros desenvolvimentos que seriam conhecidos, encontrariam um público dentro das fileiras do comunismo americano.

E, de fato, num primeiro momento, parecia que isso poderia ser verdade. Quando Cannon e um punhado de outros foram expulsos foi possível por um breve período vender o Militant às fileiras do Partido Comunista. A liderança de Lovestone não sabia como responder.

Então começaram as expulsões adicionais. Cannon e seus co-pensadores mais próximos ganharam politicamente um punhado de militantes. Outros foram expulsos do PC porque se recusavam a denunciar Cannon. Eles não compreenderam as questões envolvidas, mas a expulsão os jogou na Oposição. Os stalinistas não usaram de táticas mafiosas imediatamente. Primeiro expulsaram os que não se alinhavam a eles, mas não tentaram espancá-los ou intimidá-los fisicamente. Isso só durou um tempo.

Então a liderança do Partido Comunista recorreu aos socos ingleses e facas. Em Chicago e Minneapolis gangues de capangas foram enviadas para desmontar fisicamente os encontros da Oposição. Cannon e outros então perceberam que seria uma luta muito mais dura do que se pensava. Você não poderia culpá-lo, já que tudo isso era novo território nos Estados Unidos e nada se tornou claro imediatamente.

A Oposição fez recrutas importantes durante esses primeiros dias, especialmente em Minneapolis e Chicago. Chicago viu o desenvolvimento de quadros oposicionistas nos círculos sindicais, onde os irmãos Dunne (não Bill, infelizmente, que continuou com os stalinistas) e outros se reuniram a Cannon. Em Chicago, militantes importantes no setor da juventude incluíam Albert Glotzer.

FM: Como o stalinismo controlou os lados mais fracos do radicalismo americano?

BP: Não há qualquer dúvida em minha mente — nem havia na de Cannon após ter passado por aquela experiência — que um dos modos de operação do stalinismo em meados da década de 1920 era trabalhar no enfraquecimento das lideranças de PCs nacionais. Era realmente benéfico para Stalin e o stalinismo que houvesse uma direção do Partido Comunista Americano fragmentada em facções, sempre fora de equilíbrio, e onde nenhuma liderança poderia emergir como dominante. Mesmo quando uma das facções indicava que seguiria a linha do Comintern, Stalin mantinha a outra como reserva, uma carta na manga para a caso de alguém sair dos trilhos.

Foi o caso de Foster, Lovestone e Browder. Browder acabou como o maior beneficiário, do ponto de vista pessoal. Se você se perguntasse sobre quem deveria estar liderando, Foster tinha a maior proeminência pública entre os líderes e a maior autoridade em diversos círculos. Ele foi, porém, basicamente destruído pelo Comintern stalinista no final da década de 1920 e no começo da de 1930. Entre todos os líderes de 20, Browder era provavelmente o mais fraco, e foi precisamente por isso que Stalin e o Comintern eventualmente o promoveram. No final, porém, Browder também teve de ser disciplinado.

Quaisquer que fossem os problemas de Foster, e eram muitos, ele foi capaz de desafiar Moscou algumas vezes no final da segunda metade da década de 20 — por exemplo no caso de seu repúdio a Pepper, que funcionava em parte como um emissário de Moscou. Mas se opor a Stalin não era mais possível para os comunistas dos Estados Unidos na época da expulsão de Cannon em 1928. Você era obrigado a assumir as posições do Comintern e, se não assumisse, pagava um preço alto. Foster é um claro exemplo, já que, enquanto não pôde romper em definitivo com o stalinismo, também achava difícil viver sob seu peso. Acabou tendo um colapso nervoso no início dos anos 30.

FM: Você pode comentar essa questão discutindo as próprias tradições do radicalismo e do trabalhismo americanos, suas fraquezas em termos de provincianismo e nacionalismo?

BP: Essa é uma ótima e também difícil questão. Acho que ela pede muito mais pesquisa e sondagem sobre os bolcheviques americanos e seus pontos fracos. Certamente, tais pontos fracos existiam. Uma área onde isso é evidente, por exemplo, diz respeito aos primeiros comunistas americanos e a importância dos afro-americanos em termos de trabalho negro e opressão racial nos Estados Unidos. Essa não era, é claro, uma questão nova. Esteve presente por gerações e o próprio Marx entendia bem, na véspera da Guerra Civil Americana, que o trabalho dos brancos jamais seria livre enquanto o trabalho dos negros fosse marcado a ferro. Ainda assim, a esquerda americana de antes da formação do movimento comunista nos anos 20 tinha um péssimo histórico em termos de suas posições sobre afro-americanos — a "questão negra," na terminologia da época. O Partido Socialista abrigava racistas, por exemplo, e mesmo uma figura reconhecida como Debs tinha visões atrasadas sobre raça. Sindicatos dentro dos quais muitos socialistas trabalhavam freqüentemente tinham cláusulas de exclusão de negros. A noção de que os afro-americanos não eram meramente mais uma seção da classe trabalhadora explorada, de que os revolucionários marxistas precisavam apontar as questões específicas e especiais da América negra oprimida, era raramente colocada no início do movimento socialista do século XX.

Aqui, precisa ser dito, foi onde o Comintern, em seus saudáveis primeiros dias, guiou os comunistas americanos ao entendimento da importância de se dirigirem aos afro-americanos em geral e à força de trabalho negra em particular. Eles convenceram Cannon e outros comunistas dos Estados Unidos de que essa era uma área crítica onde revolucionários precisavam dispensar esforços teóricos e práticos. E algumas medidas nesse sentido foram tomadas do início até meados da década de 20, mas os ganhos que poderiam ter se consolidado logo se dissipavam conforme o trabalho comunista entre os negros era convertido em um jogo entre facções, com a pressão do stalinismo que empurrava para certas direções. Isso foi bem evidente em termos de lapsos programáticos enquanto o stalinismo promoveu a tese da "nação do cinturão negro" que fez a aproximação do comunismo americano com os afro-americanos colapsar num cul-de-sac nacionalista. Cannon e outros trotskistas, educados sobre o ponto cego racial das tradições do socialismo e do IWW, foram lentos em criticar a tese da nação do cinturão negro, mas, por fim, em 1933, desenvolveram um argumento afiado contra ela.

Havia, é claro, outras limitações. Um motivo da demora de Cannon em desenvolver uma critica ao stalinismo era que, em boa parte da década de 20, ele esteve condicionado a ver os problemas do comunismo americano como pura e simplesmente problemas americanos. Havia uma explicação para isso. Como Cannon gostava de dizer ao relembrar esse período, seus oponentes faccionais eram filhos da puta difíceis. Esses oponentes freqüentemente recorriam ao liso verbalismo pseudo-revolucionário cosmopolita de agentes do Comintern como John Pepper. Quando você juntava as capacidades de Pepper com as manobras por baixo dos panos e as negociações duplas de Lovestone, você tinha um problema. Cannon acabou imerso nesses problemas e provavelmente prestou pouca atenção no que pareciam dificuldades distantes do trabalho do Comintern na Alemanha de 1923 e na China de 1926. Assimilar as lições dessas derrotas teria sido central para a compreensão de como o Comintern estava dando errado, mas Cannon, como tantos outros no movimento dos Estados Unidos, simplesmente não captou isso.

Isso, então, era um provincianismo. Se era ou não nacionalismo eu não tenho certeza. Quando você considera, por exemplo, o trabalho de agitação que Cannon e seus aliados fizeram na organização Internacional Labor Defense (Defesa Internacional do Trabalho, ILD na sigla em inglês), é difícil ver algum tipo de nacionalismo retrógrado em movimento. A ILD foi a mais bem sucedida organização de frente única do movimento comunista e defendeu todos os prisioneiros políticos vitimados pelo Estado. Muito do seu maior trabalho foi feito em prol dos operários imigrantes, muitos dos quais ameaçados de serem deportados de volta aos estados europeus onde o governo da reação teria ditado suas mortes.

Alguns comunistas dos primeiros tempos, especialmente aqueles atraídos pela clandestinidade dos anos pré-1921, achavam que Cannon era chauvinista em sua crítica aos líderes estrangeiros nas federações, especialmente o contingente russo. Mas, na minha opinião, Cannon estava absolutamente correto em tentar afastar esses "oportunistas" das federações com suas posições de que não havia necessidade de construir um partido e um movimento comunista legal na América. Esses líderes eram de fato bem versados na teoria marxista e tinham um papel fundamental para desempenhar na construção do comunismo americano, mas cultivavam um "clandestinismo" isolador que era avesso à construção do comunismo na América. Cannon sabia bem disso e, certamente, os cabeças do Comintern, incluindo Lênin e Trotsky, concordavam.

FM: Você pode dizer algo sobre a situação política e econômica dos Estados Unidos nessa época, na década em que o Partido Comunista estava passando por esses tempos dificílimos?

BP: Absolutamente, isso foi crucial. De certa maneira, meu próprio estudo sobre Cannon compreensivelmente acentua a dimensão subjetiva da luta para a criação de um partido comunista. Era o que Cannon estava fazendo, afinal de contas. E por isso considero ele uma figura importante. Sabemos que erros foram cometidos, que Cannon tinha pontos fortes, mas também pontos fracos.

Não devemos esquecer como foram bastante difíceis os tempos em que Cannon viveu. Apenas considere os negativos: 1) o clima de guerra e intensa hostilidade perante a Revolução Russa nos anos de antes da formação do Partido dos Trabalhadores (Workers Party) em 1921 desencadearam uma viciosa xenofobia que atacava estrangeiros de países inimigos e bolcheviques; 2) isso culminou no Red Scare de 1919-1920, que viu deportações de revolucionários e imigrantes; brutal supressão de greves, algumas delas Greves Gerais; organizações radicais como a IWW; uma campanha judicial de terror contra a esquerda, mirando especialmente o movimento comunista clandestino; 3) quando o Red Scare original acalmou, o período pós-guerra até a década de 1920 produziu uma década de desequilíbrio econômico que causou o declínio dos sindicatos e a hegemonia do capital nos EUA se fortaleceu consideravelmente. O comunismo cresceu na década de 20 num clima de retirada geral da esquerda americana. A ampla cultura de radicalismo — associada com o Partido Socialista no campo eleitoral e com a IWW nas greves de massa, campanhas pela liberdade de expressão e outras iniciativas dos anos entre 1905 e 1915 — havia desvanecido e, se parte dessas experiências produziu uma clareza de compromisso programático com a luta de classes, também criou dificuldades para os comunistas. De um lado, a própria criação do partido comunista e sua identificação programática com a Revolução Russa era um imenso passo adiante para a classe trabalhadora dos Estados Unidos. De outro, a década de 1920 na qual isso ocorreu era, em termos gerais, caracterizada pela hegemonia capitalista em avanço, o que se expressava em lucros ascendentes, intensificação da exploração e consolidação da autoridade política nas mãos de oponentes da Revolução. O Klan estava em marcha novamente, linchamentos racistas estavam em alta, e Sacco e Vanzetti, apesar das mobilizações de protesto lideradas por Cannon e muitos outros, foram para a cadeira elétrica a mando do Estado. Nas eleições viu-se a conta de votos para candidatos dissidentes de todas as estirpes cair e, até 1929, quando a economia quebrou, a noção ideológica era que a América estava num passeio de montanha-russa que terminava na riqueza para todos.

Portanto os ganhos que Cannon e outros acumularam, eu penso, foram monumentais. E eles provaram que, mesmo no mais reacionário dos climas políticos, revolucionários guiados por um programa político podem nadar com sucesso contra a corrente. Indubitavelmente, o mais importante evento que mostrou o caminho a ser seguido nesse período foi a Revolução Bolchevique de 1917.

FM: Com que tipo de dificuldades você se deparou no decurso de seu projeto?

BP: Como eu disse, foi uma tarefa gigante e intimidadora. Passar pelo material não foi fácil. Analisar contextos complicados, nos quais as posições de Cannon e do movimento comunista eram sempre equilibradas sobre complexos jogos de interações que incluíam a influência do Comintern, relações do Partido Comunista americano, o estado político da luta sindical e outras questões, nunca foi simples. Além do mais, escrever tudo isso, quando eu sabia que as editoras relutariam em incluir todo o detalhe que eu pensava ser necessário, não foi uma tarefa fácil.

Eu realizei muitas entrevistas e elas serão de maior utilidade no segundo volume que no primeiro. É claro que as lembranças de pessoas com 70, 80 e 90 anos estão longe de serem perfeitas. Eu sempre usei o registro documental para retornar ao passado e checar por incongruências e, desse modo, conduzir entrevistas depende de conhecer o contexto. As entrevistas eram muitas vezes úteis e suplementares ao registro documental, mas foi o registro documental que eu achei mais importante considerar. Apesar disso, devo dizer que fazer as entrevistas também foi um ponto alto. Encontrei-me com muitos trotskistas experientes que eram pessoas maravilhosas e a maioria foi muito generosa em me deixar usar o material em seus sótãos e porões. Não posso expressar adequadamente minha gratidão a essas pessoas.

Um problema é que há uma enorme quantidade de material arquivado espalhado pelos Estados Unidos e nos arquivos do Comintern. Num certo ponto você precisa sentar e escrever, ou a pesquisa pode continuar indefinidamente e nem sempre com resultados que valham a pena. Uma dificuldade que tive foi em determinar quando finalizar a pesquisa nos arquivos. Depois de um tempo se tornou evidente para mim que, na busca por mais material de arquivo, eu estava simplesmente vendo os mesmos documentos de novo e de novo. Cannon e seus aliados não viveram em uma era de fotocópias e emails. Mas eles de fato usaram cópias de carbono digitadas, e me impressionou como tantas dessas cópias foram parar nas mãos de vários camaradas.

Eu comecei a pesquisa para o livro em 1993. Gastei sólidos sete anos em pesquisa, que completei para ambos os volumes. Então comecei a escrever. O primeiro rascunho do primeiro volume foi escrito em 2002-2003. A imprensa da Universidade de Illinois, uma grande imprensa universitária no campo dos estudos do trabalho, expressou interesse, mas havia um problema, que eu sempre soube que teria, quanto ao tamanho do manuscrito. Tive de cortar cerca de 60 ou 70 mil palavras, talvez 20 por cento do livro, incluindo muitas notas de rodapé. Negociar esses cortes foi, eu penso, a parte mais difícil do projeto.

FM: Quais são os seus projetos futuros?

BP: Minha posição na Universidade de Trent é de Cátedra de Pesquisa do Canadá. Esperam, portanto, que eu faça alguma pesquisa sobre o Canadá! Não que eu seja resistente a isso. Estou trabalhando num livro sobre o Canadá da década de 1960. Lida com muitos apsectos, mas incluirá discussões sobre a Nova Esquerda de Quebe,c o emergir do nacionalismo radical, e o nascimento do Poder Vermelho e da militância aborígine. Quero publicar esse livro e, depois, sentar e escrever o segundo volume sobre Cannon, que provisoriamente tem o título Soldier of the Revolution: James P. Cannon and American Trotskyism [Soldado da Revolução: James P. Cannon e o Trotskismo na América, 1928-1974]".

(Traduzido por movimentonn.org)