Publicado originalmente em inglês em 28 de Setembro
de 2007.
Esta é a primeira parte de duas da entrevista conduzida
por Fred Mazelis do Socialist Equality Party (Partido da Igualdade
Socialista, SEP, na sigla em inglês) com Bryan Palmer, autor
de James P. Cannon and the Origins of the American Revolutionary
Left, 1890-1928 [James Cannon e as Origens da Esquerda Revolucionária
Americana, 1890-1928], o primeiro volume da nova biografia do
pioneiro do comunismo na América e posteriormente fundador
e líder do movimento trotskista americano.
FM: Você poderia dizer aos nossos leitores porque
resolveu escrever esse livro?
BP: Sou acadêmico, ao menos no sentido como levo
minha vida, todavia, sempre fui um tanto fora da estrutura convencional
da vida universitária. Em certo sentido, que penso ser
bastante interessante, estou um bocado à margem devido
ao meu interesse pessoal, que é a história do trabalho.
Particularmente, eu me tornei um acadêmico na década
de 70, pensei que isso me ofereceria a oportunidade de me tornar
um marxista. Eu me tornei um historiador exatamente porque isso
me permitiria olhar o que aconteceu no passado e aprender com
respeito ao meu interesse na esquerda e na perspectiva de uma
revolução da classe trabalhadora. Eu tenho, inclusive,
escrito sempre sobre as lutas dos trabalhadores.
O que, de fato, me colocou fora do estilo acadêmico convencional,
entretanto, foi o meu próprio histórico, que tem
sido não somente de simpatia, mas de compromisso com o
movimento trotskista e sua interpretação da história
nos termos revolucionários desde o movimento de 1917 e
a Revolução Russa. Assim, como também fui
professor, ensinando os estudantes sobre o trabalho e a história
social, também senti a necessidade de estudar as contribuições
fundamentais do trotskismo nas lutas da América do Norte.
Eu sabia da existência de Cannon desde que comecei a
estudar a história do trabalho nos anos 1970. Seus escritos
foram familiares para mim, como também foi o fato dele
representar uma espécie de continuidade viva, um fio vermelho
que correu do período de Primeira Guerra Mundial nos anos
1940, passando pelos anos 50 e 60. Eu quis dialogar com essa história.
Desejava fazer um trabalho sobre ele durante algum tempo, mas
sabia que seria muito difícil. Em vários sentidos,
foi uma tarefa intimidante. Lembro-me pegando meu carro e dirigindo
até Wisconsin para ver a coleção maciça
de escritos de James P. Cannon; sentando no Wisconsin State Historical
Society, abrindo pasta de arquivo após pasta de arquivo
e, depois, quando consegui obter algumas gravações
em microfilme, virando seus carretéis quadro a quadro
teve dias em que pensei que não teriam mais fim. Não
somente pela imensa abundância de fontes que havia para
consulta. Havia ainda os labirintos intermináveis das diferentes
perspectivas políticas.
O projeto, em seguida, ficou adormecido por algum tempo, em
parte por causa do desafio que ele levantava. Mas, tornei-me cada
vez mais descontente com a leitura que Partido Comunista fazia
da história, bem como com a forma como ela havia se desenvolvido
até o início dos anos 90, o que aprofundou minha
convicção de que essa leitura da história
deveria ser atacada.
FM: Você poderia falar sobre as diferentes abordagens
feitas pelo Partido Comunista Americano e sua própria concepção
a esse respeito?
BP: Nos anos 80, a historiografia tinha se desenvolvido
em dois campos antagônicos, mais ou menos. De um lado temos
os trabalhos de Theodore Draper, em particular. Seus dois volumes
datados de 1957 e 1960 The Roots of American Communism
[As Raízes do Comunismo Americano] e American Communism
and Soviet Russia [Comunismo Americano e a Rússia Soviética]
foram, na minha visão, incrivelmente ricos em informação,
mas também deturpados por sua visão liberal da guerra
fria, como se fosse possível resumir o movimento comunista
americano enquanto uma mera criação de Moscou e
de sua dominação.
O interessante em relação a Draper é que
ele sabia muito sobre comunismo. Ele teve um "feeling"
de quem estava dentro, porque ele próprio se envolveu no
movimento comunista até o final da década de 30.
Ele, certamente, conheceu o terreno de modo que somente aqueles
que se envolveram eram capazes. Eu fiquei impressionado pela proximidade
com o tema, apesar de sua interpretação se direcionar
numa avaliação puramente negativa. Draper também
foi cuidadoso em fazer uma pesquisa meticulosa. Claro que cometeu
erros, mas, em geral, fez coisas certas e foi bastante compromissado
com a pesquisa e o registro do passado comunista. Ele trabalhou
muito próximo a Cannon e tinha um grande respeito para
com ele, por sua integridade e autenticidade.
Draper fez o famoso comentário fluindo das correspondências
trocadas por eles nos vários anos, bem como das reuniões
regulares que tiveram em Nova York de que Cannon "queria
ser lembrado" precisamente por seu passado de contínuo
engajamento político. Se você olhar os escritos de
Earl Browder [1], que estão arquivados na Universidade
de Siracusa, as coisas parecem bastante diferentes, ao menos para
mim. Browder não está preocupado em pegar as informações
"certas"; pelo contrário, está sempre
tentando colocar a si mesmo como certo. Browder possui um extenso
manuscrito não publicado, que eu li, e é extremamente
egoísta. Tem essa capacidade de colocar a si próprio
em tudo, no centro de tudo, como alguém que faz sempre
a melhor coisa. Mas, quando você checa essa memória,
comparada com outros documentos, percebe que é factualmente
incorreto. E ele faz isso por um largo período histórico
do movimento anti-guerra de 1917, passando pela clandestinidade
do movimento comunista americano e por todo o período em
que foi a figura principal, se tornando o dirigente do Partido
Comunista Americano.
Não há dúvida de que Browder influenciou
Draper, uma vez que ele também foi extensivamente entrevistado
para os dois volumes de Draper. Mas Draper, como disse, tem muito
que contar para nós. O defeito em seu trabalho, que o torna
definitivamente não confiável, é o do stalinismo
enquanto um desenvolvimento particular da experiência dos
sovietes, o que ele jamais conseguiu explicar. Infelizmente, Draper
nos oferece um terreno escorregadio, que se estende da revolução
russa de 1917 às atrocidades do stalinismo. Isso foi se
tornando algo de conhecimento convencional de nosso tempo. Sem
realmente provar a história da imensa diferença,
Draper diz que Lenin é igual a Stalin e igual à
dominação de Moscou. Tal é uma concepção
que eu rejeito.
O que se seguiu ao trabalho de Draper foram aqueles de Harvey
Klehr e John Earl Haynes, que começaram a trabalhar sua
abordagem, mas fizeram uma fria reflexão a seu respeito.
Não quero dizer que não trouxeram nada para o nosso
conhecimento do comunismo. Haynes, em particular, tem feito uma
compilação bibliográfica perfeita, e posso
certificar a extensão com que ajuda os estudiosos do comunismo
com isso, mesmo sendo bastante atento a que possam ter visões
muito diferentes da sua. Mas eu penso que se você ler Klehr
e Haynes, de um ponto de vista superior, de alguém simpático
ao bolchevismo original na Russia e na America, será perceptível
que eles não possuem empatia com o projeto revolucionário
do período. E ainda, como conseqüência, seu
conhecimento não possui a densidade das pesquisas de Draper,
não possui a capacidade do mesmo de localizar as pessoas
nas lutas de seu tempo e em formas que dão vida ao que
estava acontecendo.
De qualquer forma, Draper e seus seguidores estão em
um lado nos textos sobre o comunismo Americano. Do outro estão
os historiadores da Nova Esquerda cuja pesquisa data apenas dos
anos após 1960. Essa "escola" historiográfica
desafiou Draper, mas, em certo sentido, sofreu de uma inabilidade
em lutar contra o stalinismo. Se Draper simplesmente ignorou o
stalinismo porque pareceu não importar para dominação
última de Moscou sobre o comunismo Americano, os escritores
da Nova Esquerda, cujas obras começaram a aparecer nos
anos 70 e 80, também o ignoraram, mas por motivos diferentes.
A Nova Esquerda tendia a procurar no comunismo americano um radicalismo
nativo, americano, uma alternativa à hegemonia capitalista
em que se poderia apoiar. Isso muitas vezes é revelado
no período de frente popular pós-1935 na América.
Deve ser lembrado que, como escreveram esses historiadores, as
manifestações da década de 60 em que
muitos deles participaram se perderam... E eles ficam procurando
exemplos de radicalizações das massas em suas pesquisas
históricas. Eles poderiam falar "esse foi um momento",
a década de 30, "em que tivemos movimento de massas".
Entretanto, não conseguem criticar o movimento de massas
e o celebram em um sentido muito limitado.
Então, para Draper, o comunismo Americano era uma caricatura
de Moscou, enquanto que para a Nova Esquerda era um radicalismo
nativo que poderíamos celebrar. Ambos os campos perderam
a oportunidade de interrogar a história de modo a nos dar
lições para a atualidade. Eles não analisam
a história através de seus pontos fortes e fracos,
nem do que podemos aprender dela. Draper insistiu que o comunismo
americano foi feito na Rússia e que o comunismo é
inevitavelmente uma importação de um regime ditatorial.
Ele não conseguiu compreender o stalinismo enquanto uma
variante da derrota política do comunismo dentro da revolução
soviética e da destruição das conquistas
de 1917. Já a Nova Esquerda insistia que a maioria das
coisas realizadas pelos comunistas americanos eram de seu único
crédito, no intuito de andar separado do Comintern stalinizado
da década de 30 e jogar no campo do radicalismo, o que
fizeram enredando por vias políticas bastante problemáticas.
Eu procurei traçar um novo caminho de interpretação
da situação, partindo de James P. Cannon e seu desenvolvimento
enquanto um Bolchevique. Pensei que isso poderia nos dizer muito
sobre como foi realmente a experiência do comunismo na América.
Procurei descobrir o que foi verdadeiramente revolucionário
na origem do comunismo americano e como essa experiência
foi transformada pelo stalinismo. Cannon viveu essa história,
aprendeu dela e lutou para traduzir as lições para
as gerações futuras dos revolucionários comunistas
americanos, construindo um partido compromissado com a emancipação
e o poder para os trabalhadores.
O que me impressionou é que ninguém antes tinha
escrito seriamente sobre Cannon. Ele escreveu sobre a política
de seu tempo em livros como A História do Trotskismo Americano
e, claro, Os Primeiros Dez Anos do Comunismo Americano, que consiste
principalmente em sua correspondência com Theodore Draper.
Pessoas do movimento trotskista têm falado sobre esses escritos,
mas estes dificilmente têm sido tratados com a seriedade
necessária. A Nova Esquerda mostrou pouco interesse em
superar esse desinteresse. Os líderes do comunismo americano
foram muito estudados após a década de 90, foram
duas biografias de Willian Z. Foster, bem como tratados sobre
Jay Lovestone, Max Shachtman e Earl Browder. Mas Cannon não
possui biografia
Senti que você não pode lutar contra o stalinismo
olhando somente para os líderes comunistas americanos que
nunca romperam com ele. Outros, como Shachtman, nada fizeram perto
das figuras mencionadas acima. Você precisou de um Cannon,
alguém que esteve dentro do stalinismo, que por anos não
o criticou, mas passou por um mal-estar crescente até que
fora feita a luz, por assim dizer, no momento em que leu a crítica
de Trotsky a Moscou em 1928.
FM: O que preparou Cannon para sua decisão de
apoiar Trotsky e a Oposição de Esquerda em 1928?
O que, em seu histórico e experiência, o predispôs
a fazer essa decisão, contrastando com Foster e Browder?
BP: Essa é uma questão muito interessante.
É realmente dúbia. Eu penso que o que levou Cannon
ao trotskismo foi o mesmo que, de diversas formas, também
o inibiu de aproximar-se do trotskismo nas proximidades da década
de 20. Em certo sentido, a força de Cannon também
é sua fraqueza.
Por um lado, Cannon representou o melhor que a classe trabalhadora
americana foi capaz de produzir num momento particular de seu
desenvolvimento. Quando jovem, abraçou os princípios
fundamentais do movimento da classe trabalhadora revolucionária,
na forma como se expressavam no Industrial Workers of the World,
os "Wobblies" ["apelido" da organização
sindical IWW]. Ele acreditou na emancipação do trabalho
e acreditou que seria cumprida pela classe trabalhadora, embora
reconhecesse a existência de poderosos interesses capitalistas
dentro dos Estados Unidos, que fariam de tudo em seu poder para
bloquear tal emancipação.
O que motivou o jovem Cannon, acima de tudo, eu penso, foi
a concepção de que uma injustiça para um
é uma injustiça para todos. Ele tratou essa questão
da injustiça de um modo político mais amplo, não
apenas do ponto de vista da produção. Ele evidenciou
como o estado e o sistema legal podem se mover contra dissidentes
e colocá-los na cadeia. No caso Haywood-Moyer-Pettibone,
em 1906, quando os lideres trabalhadores foram ameaçados
de serem enviados à prisão, a classe trabalhadora
americana se mobilizou para defender esses homens. O grande líder
socialista Eugene Debs fazia pronunciamentos através do
país e publicizou, de várias formas, a injustiça
fundamental perpetrada contra os trabalhadores. Cannon possuía
16 anos e seu envolvimento nesse movimento de protesto de massa
foi fundamental para seu desenvolvimento político.
Cannon nunca perdeu sua revolta profunda contra isto
o uso de todo o peso do estado contra a classe trabalhadora. Tratou
de ambos os lados da subordinação do trabalho: a
exploração na produção, como também
a repressão política. Relacionou política
e economia ainda muito jovem. Ele nunca se tornou um puro e simples
sindicalista como Gompers, somente interessado em sindicatos e
instituições para dar aos trabalhadores aumentos
nos salários. Cannon percebeu que poderia haver algo maior
do que isso para a classe trabalhadora. Foi muito próximo
dela, um grande defensor dos sindicatos, mas também uma
figura bastante política, que entendeu que algo mais deveria
ser feito, além do que era capaz qualquer sindicato.
Cannon gravitou em torno da IWW como sua primeira entrada no
movimento porque viu o Partido Socialista enquanto algo hesitante
e comprometedor. A determinação revolucionária
dos Wobblies influenciou-o, em contraste, mas, no fundo de sua
mente, sentia que alguma coisa ainda faltava. Sentiu a necessidade
de uma luta política, mesmo que, por um tempo, não
tenha se envolvido como deveria. Nesse ínterim, Cannon
esteve nos palanques e nas linhas de frente dos conflitos de classe
como um Wobblie. Foi a Revolução Russa que o acordou
para a necessidade de um partido político da classe trabalhadora,
um partido leninista capaz de enfrentar politicamente o capitalismo.
Unindo a militância nos Wobblies e a teoria marxista como
explicação da realidade e guia de como lutar, entre
1917 e 1920, Cannon começou a ver um caminho possível.
Os bolcheviques representaram uma espécie de combinação
imbatível desses pontos fortes e o potencial para o avanço
da classe trabalhadora, o que os Wobblies nunca conseguiram entender.
Cannon, então, entrou no Partido Socialista, dentro
de sua ala esquerda, e com ele fundou o Partido dos Trabalhadores
(Workers Party), o partido comunista legal, em 1921. Seu projeto
era construir um partido revolucionário nos Estados Unidos
o que ele aprendeu da revolução russa.
Essa era uma tarefa incrivelmente difícil, como ele
sabia muito bem. O movimento inicial era uma formação
muito ímpar, mesmo para seus quadros dirigentes. Eles vieram
de tantas origens diferentes. Foram às federações
de língua estrangeira, constituída de uma abundância
de imigrantes do antigo mundo para a América: finlandeses
e judeus, ucranianos e polacos, alemães e russos. Mesmo
os radicais nativos, que falavam a mesma língua, mas eram,
de fato, indivíduos de diferentes histórias de vida:
Nova Iorque e Kansas eram mundos a parte. Mineiros em seções
semi-rurais do meio-oeste e artesões no comércio
de Filadélfia, Cleveland e Chicago. Trabalhadores brancos,
trabalhadores negros e trabalhadores que não eram negros,
mas dificilmente seriam percebidos como "brancos"...
Os radicais eram aqueles cuja instrução no pensamento
dissidente incluía Kautsky, bem como Henry George. Todos
esses trabalhadores precisavam ser reunidos numa única
organização da luta de classes e educados no programa
revolucionário do comunismo.
O que Cannon trouxe a esse projeto foi uma espécie de
intuição política, aquela mistura das abordagens
política e econômica a que me referi, mas o que lhe
faltava era um embasamento mais profundo na teoria marxista. Nesse
sentido, muitos dos Marxistas europeus tiveram uma facilidade
muito maior.
Como ele lutou entre 1921 e 1928, muitas vezes confiou nas
habilidades que desenvolveu fora da experiência americana,
como orador e sintetizador. Ele muitas vezes foi denegrido como
uma espécie de político de Tammany Hall [2]. Benjamin
Gitlow, um apoiador eventual de Lovestone, disse isso sobre ele,
mas foi sempre algo injusto. Em uma memória não
publicada de Alexander Bittelman maior figura na Federação
Socialista Judia e, posteriormente, conselheiro teórico
de Willian Z. Foster falava de Cannon se movendo entre
as várias camadas de organização do partido
na década de 20, como se fosse um mecânico. Disse
como complemento: um artesão construindo uma organização,
usando as habilidades necessárias para construir um movimento
revolucionário, fundindo diferentes camadas e cuidando
para que funcionassem como deveriam.
Cannon despendeu tanto tempo nisso, que foi difícil
para ele parar, ponderar e se educar muito mais. Ele não
tinha a mesma habilidade na língua ou faro para conceituação
que seu colega mais novo, Max Shachtman que também
caracterizava o canadense Maurice Spector. Mas Cannon sempre percebeu
que essas habilidades individuais poderiam ser utilizadas para
interesse do partido revolucionário. A força de
Cannon na construção do partido residia no fato
de perceber que suas limitações como líder
sempre poderiam ser complementadas pelas habilidades de outros,
superando coletivamente o que pudesse faltar em um indivíduo.
Ele pode ser e foi ganho para o trotskismo, em seguida, mas
demorou porque não tinha certeza dessas suas qualidades,
que possivelmente o levaram a ver ainda cedo e mais claramente
como o stalinismo estava minando o programa revolucionário
dos Bolcheviques Russos e como, por sua vez, com o Comintern,
o stalinismo esmagava processos revolucionários ao redor
do mundo, inclusive no interior do Partido Americano. Cannon não
estava sozinho nesse momento. Outros líderes comunistas
dos Estados Unidos, como o jovem Jay Lovestone ou o líder
do partido até sua morte na década de 20, C. E.
Ruthenberg, foram marcados pelas suas forças e suas fraquezas,
como também um dos aliados íntimos de Cannon por
volta da metade da década de 20, Willian F. Dunne.
Se Cannon, então, no meio dos anos 20, não assumiu
as críticas de Trotsky contra o stalinismo, o que possivelmente
o fez assumir, depois, a posição de Trotsky? Eu
argumentaria que a força de Cannon possivelmente prevaleceu
sobre sua fraqueza. Sua força, em última instância,
era a incapacidade de fechar os olhos, ao contrário de
outros, diante do que ocorria de errado dentro do partido. Ele
poderia ter se retirado da International Labor Defense com uma
espécie de fração, mas ao final ele não
fez. Como um revolucionário, não estava satisfeito
com aquela espécie de vida política constrangida.
Foi capaz de ver que existia um problema e, se não pudesse
intervir de forma programática nele imediatamente, seria,
quando confrontado por um argumento bem desenvolvido e crítico,
incapaz de confrontá-lo. Trotsky abriu seus olhos à
natureza do problema, à sua fonte, mostrou que o que estava
errado na Internacional Comunista, e em muitas de suas seções
ao redor do mundo não era simplesmente uma pequena disputa
de poder individual. Muito mais, o que estava em jogo era um largo
desvio do programa e dos princípios essenciais do comunismo.
Continua
Notas: [1] Earl Browder - Secretário Geral
do Partido Comunista dos EUA de 1934 até 1945
[2] Referência à politicagem existente em Nova Iorque,
vinculada ao Partido Democrata