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Entrevista com Bryan Palmer, biógrafo de James P. Cannon, o fundador do trotskismo na América

Parte 1

Por Fred Mazelis
8 de novembro de 2008

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Publicado originalmente em inglês em 28 de Setembro de 2007.

Esta é a primeira parte de duas da entrevista conduzida por Fred Mazelis do Socialist Equality Party (Partido da Igualdade Socialista, SEP, na sigla em inglês) com Bryan Palmer, autor de James P. Cannon and the Origins of the American Revolutionary Left, 1890-1928 [James Cannon e as Origens da Esquerda Revolucionária Americana, 1890-1928], o primeiro volume da nova biografia do pioneiro do comunismo na América e posteriormente fundador e líder do movimento trotskista americano.

FM: Você poderia dizer aos nossos leitores porque resolveu escrever esse livro?

BP: Sou acadêmico, ao menos no sentido como levo minha vida, todavia, sempre fui um tanto fora da estrutura convencional da vida universitária. Em certo sentido, que penso ser bastante interessante, estou um bocado à margem devido ao meu interesse pessoal, que é a história do trabalho. Particularmente, eu me tornei um acadêmico na década de 70, pensei que isso me ofereceria a oportunidade de me tornar um marxista. Eu me tornei um historiador exatamente porque isso me permitiria olhar o que aconteceu no passado e aprender com respeito ao meu interesse na esquerda e na perspectiva de uma revolução da classe trabalhadora. Eu tenho, inclusive, escrito sempre sobre as lutas dos trabalhadores.

O que, de fato, me colocou fora do estilo acadêmico convencional, entretanto, foi o meu próprio histórico, que tem sido não somente de simpatia, mas de compromisso com o movimento trotskista e sua interpretação da história nos termos revolucionários desde o movimento de 1917 e a Revolução Russa. Assim, como também fui professor, ensinando os estudantes sobre o trabalho e a história social, também senti a necessidade de estudar as contribuições fundamentais do trotskismo nas lutas da América do Norte.

Eu sabia da existência de Cannon desde que comecei a estudar a história do trabalho nos anos 1970. Seus escritos foram familiares para mim, como também foi o fato dele representar uma espécie de continuidade viva, um fio vermelho que correu do período de Primeira Guerra Mundial nos anos 1940, passando pelos anos 50 e 60. Eu quis dialogar com essa história. Desejava fazer um trabalho sobre ele durante algum tempo, mas sabia que seria muito difícil. Em vários sentidos, foi uma tarefa intimidante. Lembro-me pegando meu carro e dirigindo até Wisconsin para ver a coleção maciça de escritos de James P. Cannon; sentando no Wisconsin State Historical Society, abrindo pasta de arquivo após pasta de arquivo e, depois, quando consegui obter algumas gravações em microfilme, virando seus carretéis quadro a quadro — teve dias em que pensei que não teriam mais fim. Não somente pela imensa abundância de fontes que havia para consulta. Havia ainda os labirintos intermináveis das diferentes perspectivas políticas.

O projeto, em seguida, ficou adormecido por algum tempo, em parte por causa do desafio que ele levantava. Mas, tornei-me cada vez mais descontente com a leitura que Partido Comunista fazia da história, bem como com a forma como ela havia se desenvolvido até o início dos anos 90, o que aprofundou minha convicção de que essa leitura da história deveria ser atacada.

FM: Você poderia falar sobre as diferentes abordagens feitas pelo Partido Comunista Americano e sua própria concepção a esse respeito?

BP: Nos anos 80, a historiografia tinha se desenvolvido em dois campos antagônicos, mais ou menos. De um lado temos os trabalhos de Theodore Draper, em particular. Seus dois volumes datados de 1957 e 1960 — The Roots of American Communism [As Raízes do Comunismo Americano] e American Communism and Soviet Russia [Comunismo Americano e a Rússia Soviética] — foram, na minha visão, incrivelmente ricos em informação, mas também deturpados por sua visão liberal da guerra fria, como se fosse possível resumir o movimento comunista americano enquanto uma mera criação de Moscou e de sua dominação.

O interessante em relação a Draper é que ele sabia muito sobre comunismo. Ele teve um "feeling" de quem estava dentro, porque ele próprio se envolveu no movimento comunista até o final da década de 30. Ele, certamente, conheceu o terreno de modo que somente aqueles que se envolveram eram capazes. Eu fiquei impressionado pela proximidade com o tema, apesar de sua interpretação se direcionar numa avaliação puramente negativa. Draper também foi cuidadoso em fazer uma pesquisa meticulosa. Claro que cometeu erros, mas, em geral, fez coisas certas e foi bastante compromissado com a pesquisa e o registro do passado comunista. Ele trabalhou muito próximo a Cannon e tinha um grande respeito para com ele, por sua integridade e autenticidade.

Draper fez o famoso comentário — fluindo das correspondências trocadas por eles nos vários anos, bem como das reuniões regulares que tiveram em Nova York — de que Cannon "queria ser lembrado" precisamente por seu passado de contínuo engajamento político. Se você olhar os escritos de Earl Browder [1], que estão arquivados na Universidade de Siracusa, as coisas parecem bastante diferentes, ao menos para mim. Browder não está preocupado em pegar as informações "certas"; pelo contrário, está sempre tentando colocar a si mesmo como certo. Browder possui um extenso manuscrito não publicado, que eu li, e é extremamente egoísta. Tem essa capacidade de colocar a si próprio em tudo, no centro de tudo, como alguém que faz sempre a melhor coisa. Mas, quando você checa essa memória, comparada com outros documentos, percebe que é factualmente incorreto. E ele faz isso por um largo período histórico — do movimento anti-guerra de 1917, passando pela clandestinidade do movimento comunista americano e por todo o período em que foi a figura principal, se tornando o dirigente do Partido Comunista Americano.

Não há dúvida de que Browder influenciou Draper, uma vez que ele também foi extensivamente entrevistado para os dois volumes de Draper. Mas Draper, como disse, tem muito que contar para nós. O defeito em seu trabalho, que o torna definitivamente não confiável, é o do stalinismo enquanto um desenvolvimento particular da experiência dos sovietes, o que ele jamais conseguiu explicar. Infelizmente, Draper nos oferece um terreno escorregadio, que se estende da revolução russa de 1917 às atrocidades do stalinismo. Isso foi se tornando algo de conhecimento convencional de nosso tempo. Sem realmente provar a história da imensa diferença, Draper diz que Lenin é igual a Stalin e igual à dominação de Moscou. Tal é uma concepção que eu rejeito.

O que se seguiu ao trabalho de Draper foram aqueles de Harvey Klehr e John Earl Haynes, que começaram a trabalhar sua abordagem, mas fizeram uma fria reflexão a seu respeito. Não quero dizer que não trouxeram nada para o nosso conhecimento do comunismo. Haynes, em particular, tem feito uma compilação bibliográfica perfeita, e posso certificar a extensão com que ajuda os estudiosos do comunismo com isso, mesmo sendo bastante atento a que possam ter visões muito diferentes da sua. Mas eu penso que se você ler Klehr e Haynes, de um ponto de vista superior, de alguém simpático ao bolchevismo original na Russia e na America, será perceptível que eles não possuem empatia com o projeto revolucionário do período. E ainda, como conseqüência, seu conhecimento não possui a densidade das pesquisas de Draper, não possui a capacidade do mesmo de localizar as pessoas nas lutas de seu tempo e em formas que dão vida ao que estava acontecendo.

De qualquer forma, Draper e seus seguidores estão em um lado nos textos sobre o comunismo Americano. Do outro estão os historiadores da Nova Esquerda cuja pesquisa data apenas dos anos após 1960. Essa "escola" historiográfica desafiou Draper, mas, em certo sentido, sofreu de uma inabilidade em lutar contra o stalinismo. Se Draper simplesmente ignorou o stalinismo porque pareceu não importar para dominação última de Moscou sobre o comunismo Americano, os escritores da Nova Esquerda, cujas obras começaram a aparecer nos anos 70 e 80, também o ignoraram, mas por motivos diferentes. A Nova Esquerda tendia a procurar no comunismo americano um radicalismo nativo, americano, uma alternativa à hegemonia capitalista em que se poderia apoiar. Isso muitas vezes é revelado no período de frente popular pós-1935 na América. Deve ser lembrado que, como escreveram esses historiadores, as manifestações da década de 60 — em que muitos deles participaram — se perderam... E eles ficam procurando exemplos de radicalizações das massas em suas pesquisas históricas. Eles poderiam falar "esse foi um momento", a década de 30, "em que tivemos movimento de massas". Entretanto, não conseguem criticar o movimento de massas e o celebram em um sentido muito limitado.

Então, para Draper, o comunismo Americano era uma caricatura de Moscou, enquanto que para a Nova Esquerda era um radicalismo nativo que poderíamos celebrar. Ambos os campos perderam a oportunidade de interrogar a história de modo a nos dar lições para a atualidade. Eles não analisam a história através de seus pontos fortes e fracos, nem do que podemos aprender dela. Draper insistiu que o comunismo americano foi feito na Rússia e que o comunismo é inevitavelmente uma importação de um regime ditatorial. Ele não conseguiu compreender o stalinismo enquanto uma variante da derrota política do comunismo dentro da revolução soviética e da destruição das conquistas de 1917. Já a Nova Esquerda insistia que a maioria das coisas realizadas pelos comunistas americanos eram de seu único crédito, no intuito de andar separado do Comintern stalinizado da década de 30 e jogar no campo do radicalismo, o que fizeram enredando por vias políticas bastante problemáticas.

Eu procurei traçar um novo caminho de interpretação da situação, partindo de James P. Cannon e seu desenvolvimento enquanto um Bolchevique. Pensei que isso poderia nos dizer muito sobre como foi realmente a experiência do comunismo na América. Procurei descobrir o que foi verdadeiramente revolucionário na origem do comunismo americano e como essa experiência foi transformada pelo stalinismo. Cannon viveu essa história, aprendeu dela e lutou para traduzir as lições para as gerações futuras dos revolucionários comunistas americanos, construindo um partido compromissado com a emancipação e o poder para os trabalhadores.

O que me impressionou é que ninguém antes tinha escrito seriamente sobre Cannon. Ele escreveu sobre a política de seu tempo em livros como A História do Trotskismo Americano e, claro, Os Primeiros Dez Anos do Comunismo Americano, que consiste principalmente em sua correspondência com Theodore Draper. Pessoas do movimento trotskista têm falado sobre esses escritos, mas estes dificilmente têm sido tratados com a seriedade necessária. A Nova Esquerda mostrou pouco interesse em superar esse desinteresse. Os líderes do comunismo americano foram muito estudados após a década de 90, foram duas biografias de Willian Z. Foster, bem como tratados sobre Jay Lovestone, Max Shachtman e Earl Browder. Mas Cannon não possui biografia

Senti que você não pode lutar contra o stalinismo olhando somente para os líderes comunistas americanos que nunca romperam com ele. Outros, como Shachtman, nada fizeram perto das figuras mencionadas acima. Você precisou de um Cannon, alguém que esteve dentro do stalinismo, que por anos não o criticou, mas passou por um mal-estar crescente até que fora feita a luz, por assim dizer, no momento em que leu a crítica de Trotsky a Moscou em 1928.

FM: O que preparou Cannon para sua decisão de apoiar Trotsky e a Oposição de Esquerda em 1928? O que, em seu histórico e experiência, o predispôs a fazer essa decisão, contrastando com Foster e Browder?

BP: Essa é uma questão muito interessante. É realmente dúbia. Eu penso que o que levou Cannon ao trotskismo foi o mesmo que, de diversas formas, também o inibiu de aproximar-se do trotskismo nas proximidades da década de 20. Em certo sentido, a força de Cannon também é sua fraqueza.

Por um lado, Cannon representou o melhor que a classe trabalhadora americana foi capaz de produzir num momento particular de seu desenvolvimento. Quando jovem, abraçou os princípios fundamentais do movimento da classe trabalhadora revolucionária, na forma como se expressavam no Industrial Workers of the World, os "Wobblies" ["apelido" da organização sindical IWW]. Ele acreditou na emancipação do trabalho e acreditou que seria cumprida pela classe trabalhadora, embora reconhecesse a existência de poderosos interesses capitalistas dentro dos Estados Unidos, que fariam de tudo em seu poder para bloquear tal emancipação.

O que motivou o jovem Cannon, acima de tudo, eu penso, foi a concepção de que uma injustiça para um é uma injustiça para todos. Ele tratou essa questão da injustiça de um modo político mais amplo, não apenas do ponto de vista da produção. Ele evidenciou como o estado e o sistema legal podem se mover contra dissidentes e colocá-los na cadeia. No caso Haywood-Moyer-Pettibone, em 1906, quando os lideres trabalhadores foram ameaçados de serem enviados à prisão, a classe trabalhadora americana se mobilizou para defender esses homens. O grande líder socialista Eugene Debs fazia pronunciamentos através do país e publicizou, de várias formas, a injustiça fundamental perpetrada contra os trabalhadores. Cannon possuía 16 anos e seu envolvimento nesse movimento de protesto de massa foi fundamental para seu desenvolvimento político.

Cannon nunca perdeu sua revolta profunda contra isto — o uso de todo o peso do estado contra a classe trabalhadora. Tratou de ambos os lados da subordinação do trabalho: a exploração na produção, como também a repressão política. Relacionou política e economia ainda muito jovem. Ele nunca se tornou um puro e simples sindicalista como Gompers, somente interessado em sindicatos e instituições para dar aos trabalhadores aumentos nos salários. Cannon percebeu que poderia haver algo maior do que isso para a classe trabalhadora. Foi muito próximo dela, um grande defensor dos sindicatos, mas também uma figura bastante política, que entendeu que algo mais deveria ser feito, além do que era capaz qualquer sindicato.

Cannon gravitou em torno da IWW como sua primeira entrada no movimento porque viu o Partido Socialista enquanto algo hesitante e comprometedor. A determinação revolucionária dos Wobblies influenciou-o, em contraste, mas, no fundo de sua mente, sentia que alguma coisa ainda faltava. Sentiu a necessidade de uma luta política, mesmo que, por um tempo, não tenha se envolvido como deveria. Nesse ínterim, Cannon esteve nos palanques e nas linhas de frente dos conflitos de classe como um Wobblie. Foi a Revolução Russa que o acordou para a necessidade de um partido político da classe trabalhadora, um partido leninista capaz de enfrentar politicamente o capitalismo. Unindo a militância nos Wobblies e a teoria marxista como explicação da realidade e guia de como lutar, entre 1917 e 1920, Cannon começou a ver um caminho possível. Os bolcheviques representaram uma espécie de combinação imbatível desses pontos fortes e o potencial para o avanço da classe trabalhadora, o que os Wobblies nunca conseguiram entender.

Cannon, então, entrou no Partido Socialista, dentro de sua ala esquerda, e com ele fundou o Partido dos Trabalhadores (Workers Party), o partido comunista legal, em 1921. Seu projeto era construir um partido revolucionário nos Estados Unidos — o que ele aprendeu da revolução russa.

Essa era uma tarefa incrivelmente difícil, como ele sabia muito bem. O movimento inicial era uma formação muito ímpar, mesmo para seus quadros dirigentes. Eles vieram de tantas origens diferentes. Foram às federações de língua estrangeira, constituída de uma abundância de imigrantes do antigo mundo para a América: finlandeses e judeus, ucranianos e polacos, alemães e russos. Mesmo os radicais nativos, que falavam a mesma língua, mas eram, de fato, indivíduos de diferentes histórias de vida: Nova Iorque e Kansas eram mundos a parte. Mineiros em seções semi-rurais do meio-oeste e artesões no comércio de Filadélfia, Cleveland e Chicago. Trabalhadores brancos, trabalhadores negros e trabalhadores que não eram negros, mas dificilmente seriam percebidos como "brancos"... Os radicais eram aqueles cuja instrução no pensamento dissidente incluía Kautsky, bem como Henry George. Todos esses trabalhadores precisavam ser reunidos numa única organização da luta de classes e educados no programa revolucionário do comunismo.

O que Cannon trouxe a esse projeto foi uma espécie de intuição política, aquela mistura das abordagens política e econômica a que me referi, mas o que lhe faltava era um embasamento mais profundo na teoria marxista. Nesse sentido, muitos dos Marxistas europeus tiveram uma facilidade muito maior.

Como ele lutou entre 1921 e 1928, muitas vezes confiou nas habilidades que desenvolveu fora da experiência americana, como orador e sintetizador. Ele muitas vezes foi denegrido como uma espécie de político de Tammany Hall [2]. Benjamin Gitlow, um apoiador eventual de Lovestone, disse isso sobre ele, mas foi sempre algo injusto. Em uma memória não publicada de Alexander Bittelman — maior figura na Federação Socialista Judia e, posteriormente, conselheiro teórico de Willian Z. Foster — falava de Cannon se movendo entre as várias camadas de organização do partido na década de 20, como se fosse um mecânico. Disse como complemento: um artesão construindo uma organização, usando as habilidades necessárias para construir um movimento revolucionário, fundindo diferentes camadas e cuidando para que funcionassem como deveriam.

Cannon despendeu tanto tempo nisso, que foi difícil para ele parar, ponderar e se educar muito mais. Ele não tinha a mesma habilidade na língua ou faro para conceituação que seu colega mais novo, Max Shachtman — que também caracterizava o canadense Maurice Spector. Mas Cannon sempre percebeu que essas habilidades individuais poderiam ser utilizadas para interesse do partido revolucionário. A força de Cannon na construção do partido residia no fato de perceber que suas limitações como líder sempre poderiam ser complementadas pelas habilidades de outros, superando coletivamente o que pudesse faltar em um indivíduo.

Ele pode ser e foi ganho para o trotskismo, em seguida, mas demorou porque não tinha certeza dessas suas qualidades, que possivelmente o levaram a ver ainda cedo e mais claramente como o stalinismo estava minando o programa revolucionário dos Bolcheviques Russos e como, por sua vez, com o Comintern, o stalinismo esmagava processos revolucionários ao redor do mundo, inclusive no interior do Partido Americano. Cannon não estava sozinho nesse momento. Outros líderes comunistas dos Estados Unidos, como o jovem Jay Lovestone ou o líder do partido até sua morte na década de 20, C. E. Ruthenberg, foram marcados pelas suas forças e suas fraquezas, como também um dos aliados íntimos de Cannon por volta da metade da década de 20, Willian F. Dunne.

Se Cannon, então, no meio dos anos 20, não assumiu as críticas de Trotsky contra o stalinismo, o que possivelmente o fez assumir, depois, a posição de Trotsky? Eu argumentaria que a força de Cannon possivelmente prevaleceu sobre sua fraqueza. Sua força, em última instância, era a incapacidade de fechar os olhos, ao contrário de outros, diante do que ocorria de errado dentro do partido. Ele poderia ter se retirado da International Labor Defense com uma espécie de fração, mas ao final ele não fez. Como um revolucionário, não estava satisfeito com aquela espécie de vida política constrangida. Foi capaz de ver que existia um problema e, se não pudesse intervir de forma programática nele imediatamente, seria, quando confrontado por um argumento bem desenvolvido e crítico, incapaz de confrontá-lo. Trotsky abriu seus olhos à natureza do problema, à sua fonte, mostrou que o que estava errado na Internacional Comunista, e em muitas de suas seções ao redor do mundo não era simplesmente uma pequena disputa de poder individual. Muito mais, o que estava em jogo era um largo desvio do programa e dos princípios essenciais do comunismo.

Continua

Notas:
[1] Earl Browder - Secretário Geral do Partido Comunista dos EUA de 1934 até 1945
[2] Referência à politicagem existente em Nova Iorque, vinculada ao Partido Democrata