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Declinam as condições de vida dos estudantes e jovens trabalhadores nos EUA

Por Ed Hightower
20 de novembro de 2008

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Publicado originalmente em inglês em 12 de novembro de 2008.

Conforme a crise financeira mundial se aprofunda, seu efeito sobre estudantes e jovens trabalhadores torna-se cada vez mais visível. Da dificuldade em obter empréstimos estudantis às baixas perspectivas de emprego e salários declinantes, as condições dos jovens nos Estados Unidos se deterioram.

A paralisia nos mercados de crédito começa a diminuir a disponibilidade de empréstimos estudantis. No segundo semestre de 2008, oficiais do setor de finanças de todo o país relataram que vários estudantes foram forçados a abandonar aulas, mudar para meio-período, ou mesmo largar totalmente os estudos por impossibilidade de obter empréstimos adequados.

De acordo com a College Board [Comissão Escolar], o custo médio da formação acadêmica é de 6,185 dólares nas escolas públicas e 23,712 nas escolas particulares. Os empréstimos providos pelo programa Stafford estão entre os 3,500 e 5,500 dólares. Como esses empréstimos não podem cobrir sozinhas as despesas, a maioria dos estudantes é forçada a tomar empréstimos privados adicionais. Tais empréstimos vêm com taxas de juros maiores — a taxa de juros da empresa Sallie Mae, por exemplo, é de 12 por cento — e são mais difíceis de conseguir. Enquanto os custos da educação subiram durante a última década, a indústria de empréstimos educacionais privados inflou em quase 900%. Em 2006 o montante de empréstimos dessa indústria totalizou 18,5 bilhões de dólares. Mesmo assim, os fornecedores de empréstimo estão se tornando mais criteriosos conforme a economia global cai em recessão. A Business Week relatou que a Sallie Mae, uma líder da indústria, recentemente elevou os requisitos mínimos de seus empréstimos educacionais. Além disso, cerca de 36 financiadores deixaram totalmente o setor educacional. Uma pesquisa da Associação Nacional de Escolas e Universidades Independentes, que representa parte das instituições educacionais privadas, descobriu que quase metade das 504 escolas participantes tinha entre 11 e 50 estudantes que não conseguiram obter empréstimos privados neste semestre; 11 por cento das escolas participantes tinham mais de 50 estudantes nessa situação. No caso de 56 por cento, a incapacidade em conseguir o empréstimo ocorreu pela ausência de um avalista confiável.

Ainda mais alarmante é a maneira como os estudantes forçosamente se adaptam à falta de empréstimos. A mesma pesquisa indica que 46 por cento dos estudantes planejam reduzir a carga horária de seus cursos ou largar temporariamente os estudos; 38 por cento pretendem trabalhar para cobrir a lacuna e 34 por cento recorrerão aos cartões de crédito.

A pesquisa da Associação foi conduzida em setembro. Desde lá, as condições econômicas se deterioraram consideravelmente. O financiamento estudantil para o segundo semestre havia sido obtido antes da recente queda econômica. Diante disso, administradores do suporte financeiro prevêem que o impacto da crise do crédito virá com muito mais força na primavera.

Os administradores das universidades continuam a se aproveitar de suas instituições, recebendo pacotes de compensação que rivalizam com aqueles dos executivos corporativos. A presidente da Universidade de Michigan, Mary Sue Coleman, recebeu um aumento de 21.280 dólares no mês de setembro, e sua compensação total alcançou 743.151 dólares, fazendo dela a quarta mais bem paga reitora universitária do país.

E. Gordon Gee, presidente da Universidade Estadual de Ohio, embolsou quase 2 milhões de dólares somente este ano. Já o presidente da John Hopkins, William R. Brody, receberá mais de 2 milhões de dólares.

Menor perspectiva de emprego

De acordo com o site FinAid.org, 65,7% dos estudantes do último ano nos Estados Unidos carregam algum tipo de dívida educacional. O montante médio é de 17.120 dólares, mas um quarto emprestou mais de 24.396 dólares e um décimo 35.213 ou mais. Sobrecarregados por esse fardo, como podem os estudantes ter a expectativa de prosperar enquanto começam suas vidas profissionais?

Tudo indica que são mínimas as garantias (em termos de “ganhar a vida decentemente”) apresentadas aos estudantes. Num artigo sintomaticamente intitulado “Para os graduados em 2009, as perspectivas de emprego mergulham” (22 de outubro, por Cari Tuna), o Wall Street Journal relatou que os empregadores dos EUA pretendem contratar apenas 1,3% mais graduados que no ano passado. O número é o mais baixo em seis anos. Essa estatística era, para os graduados de 2008, 16% maior em relação a 2007. Para os jovens sem educação de nível secundário, as condições no mercado de trabalho são assustadoras. Outro artigo, dessa vez do New York Times, com o título “Trabalhadores pobres e jovens são atingidos em cheio pela crise econômica” (8 de novembro, por Erik Eckholm) aponta que a taxa de jovens trabalhando entre 16 a 19 anos caiu 8 por cento desde outubro de 2007, sendo o declínio mais severo entre todas as faixas etárias. O Times descreve uma espiral de desemprego que força os jovens graduados pela universidade — encontrando cada vez menos possibilidades de emprego nas campos para os quais foram treinados — a correrem em direção às posições tipicamente ocupadas por trabalhadores mais jovens e com menor formação, incluindo lojas de departamento e serviços alimentícios. Assim, os jovens trabalhadores com menor experiência de trabalho e educação se defrontam, ainda mais, com o desemprego.

O declínio do poder aquisitivo

Junto à falta de oportunidades de emprego está a queda de 10% nos salários reais dos trabalhadores mais jovens durante os últimos 30 anos (de acordo com um relatório recente do Centro de Pesquisa de Políticas e Economia).

Outra pesquisa financiada em parte pelo Washington Post descobriu que oito em dez trabalhadores assalariados encontram dificuldades em comprar gasolina ou economizar para a aposentadoria; cerca de metade desses disse que tinha dificuldades em pagar por alimentos. O Post observa que isso se dá apesar da produtividade estar no ápice.

Margaret C. Simms, diretora do Projeto Famílias Trabalhadoras de Baixa Renda, do Urban Institute, disse ao Post: “Trabalhadores de baixa renda têm tido dificuldade em adequar as despesas aos ganhos limitados. Eles dificilmente conseguirão lidar com uma possível emergência”.

A mesma pesquisa descobriu que 3 em 10 assalariados não possuíam assistência médica e 4 em 10 não possuíam plano de aposentadoria. Seis em 10 disseram que pensam nas finanças todos os dias.

O artigo do Washington Post acompanhou o empenho de um homem e sua família enquanto lutavam para sobreviver com o salário de 13 dólares-hora que ele recebia como empregado de um hotel. Ele disse ao jornal que precisava chegar ao ponto de deixar de usar seu fogão, preparando sanduíches e refeições frias para seus filhos, já que não podia pagar a conta do gás. Havia feito uso da caridade local depois de ter descoberto que sua renda de 27.000 dólares anuais era muito grande para qualificá-lo para os cupons alimentícios do governo federal.

O fato de uma família trabalhadora não receber assistência no que diz respeito às necessidades mais básicas se torna ainda mais repugnante diante dos auxílios saídos do tesouro federal num fluxo de centenas de bilhões de dólares, oferecidos pelos Democratas e Republicanos à elite financeira dos EUA. À classe trabalhadora se diz que é preciso apertar os cintos, enquanto aqueles que causaram a crise econômica se apropriam de uma parcela ainda maior da riqueza social.

[traduzido por movimentonn.org]

 



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