Publicado originalmente em inglês em 5 de novembro
de 2008
As vendas de novos veículos nos EUA despencaram em outubro
na medida em que os consumidores atingidos pelo crescimento
do desemprego, decréscimo dos salários e diminuição
do crédito diminuíram a compra de carros
e caminhões. As vendas caíram 31,9% em um ano, como
sinal evidente de que a economia entrou num profundo e longo período
de recessão, ameaçando o emprego de milhões
de trabalhadores.
As vendas caíram mais de um milhão pelo segundo
mês consecutivo, atingindo o patamar mais baixo desde janeiro
de 1991, segundo a Autodata Corp. De acordo com a atual estimativa,
montadoras de automóveis venderão somente 10.56
milhões de carros e caminhões em 2008 grande
queda se comparada aos 16 milhões em 2007 o número
mais baixo desde 1983, quando a economia americana lutou para
sair da crise do começo dos anos 1980.
Segundo disse o analista de vendas da GM, Michael DiGiovanni,
o mês passado foi o pior, tendo em vista o ajuste das estatísticas
diante do aumento populacional nos EUA, desde a Segunda Guerra
Mundial. "Essa é, claramente, uma severa recessão",
disse ele.
A General Motors que está a procura de um resgate
financeiro do governo para evitar a falência e acelerar
uma fusão com a terceira montadora americana, a Chrysler
sofreu uma queda de 45% em suas vendas. As vendas da Chrysler
caíram em torno de 35% e as da Ford cerca de 30%. A queda
brusca atingiu também as produtoras de carro japonesas,
que são top de vendas. A Toyota sofreu queda de 23% em
suas vendas. Já as vendas da Honda despencaram 28%.
Além disso, a redução na produção
e o desemprego de outros 10.000 trabalhadores da indústria
automobilística nas duas últimas semanas também
contribuíram para a queda na produção das
fábricas americanas. O Institute for Supply Management
(ISM) relatou que o índice de suas atividades manufatureiras
teve a maior queda dos últimos 26 anos em outubro. Por
sua vez, o Departamento do Comércio relatou que os pedidos
industriais caíram 2.5% entre agosto e setembro, muito
mais que os 0.7% previstos pelos analistas.
Como resultado da queda na demanda dos produtores de aço
fornecedor chave para todos os produtores a produção
em 17 das 29 maiores siderúrgicas nacionais está
parada. Lidamos com uma situação que pode
desenvolver outra Grande Depressão se não procedermos
adequadamente, disse Daniel DiMicco, chefe executivo da
Charlotte, produtora de aço da Carolina do Norte, ao Wall
Street Journal.
O Detroit News publicou que executivos do setor automobilístico
esperam que o mercado fique ainda mais fraco e caminhe lentamente
para a paralisação. A economista da Ford, Emily
Morris, disse: Ao mesmo tempo em que dizemos que o terceiro
trimestre não foi base para a economia, não podemos
ignorar que foi o pior para as vendas industriais.
Com os trabalhadores enfrentando o crescimento da insegurança
econômica, a confiança do consumidor caiu, em outubro,
para o nível mais baixo desde 1967, quando a Conference
Board grupo de estatísticas de NY iniciou
suas pesquisas. Após anos de empréstimos acessíveis,
o desaparecimento do crédito acertou em cheio os trabalhadores.
O braço financeiro da GM, o GMAC, oferecerá empréstimo
somente aos clientes confiáveis. Em muitos lugares dos
EUA, apenas um terço ou menos dos clientes receberá
empréstimos, segundo o porta-voz da empresa.
Certamente, uma ou mais das Três Grandes
montadoras de Detroit não sobreviverá a esta crise.
Na última semana, a agência de rating
Moody's rebaixou os pontos da GM e da Chysler pela segunda vez
em apenas três meses, assim como os do braço financeiro
da GM, citando o avanço e a gravidade da erosão
no setor automotivo dos EUA e sugerindo que as empresas
terão dificuldade financeira em todo o ano de 2009.
O longo colapso de décadas da indústria automotiva
dos EUA é um dos maiores exemplos do declínio do
capitalismo norte-americano. Nos anos 70, produtores de carros
americanos controlavam mais de 80% do mercado dos EUA, com a GM
vendendo pouco mais que a metade dos carros. Em 2008, produtores
de carros asiáticos e europeus controlam 51% das vendas
americanas.
Diante da queda no mercado de ações, os executivos
dessas empresas realizaram um ataque implacável aos empregos
e conduções de vida dos trabalhadores, que continua
até hoje. A GM, que empregava 350.000 trabalhadores sindicalizados
em 1970, agora tem menos de 70.000 trabalhadores (colarinho-azul).
Cidades inteiras como Detroit, Flint e a Dayton, em Ohio, têm
sido devastadas pelo fechamento das fábricas e demissões
massivas.
A fusão entre a GM e a Chrysler resultaria no fechamento
de dúzias de fábricas e na eliminação
de 50.000 trabalhadores nas duas empresas. Mais dezenas de milhares
perderiam seus empregos em fornecedoras e empresas relacionadas.
Diante desses ataques, o sindicato da categoria, o United Auto
Workes (UAW), tem colaborado com os patrões abertamente
contra os trabalhadores.
A desaceleração se espalhou por toda a economia.
Na terça-feira, fornecedores de madeira e material para
construção da Louisiana-Pacific relataram as maiores
perdas jamais vistas nesse terceiro trimestre. A Nashville, empresa
com base no estado de Tennessee, tem fechado suas serrarias, reduzido
a produção e cortado centenas de empregos.
Em relação ao quarto trimestre, a companhia antecipa
que a maior parte de suas fábricas ficarão mais
tempo fechadas do que abertas. Seu chefe executivo, Richard Frost,
disse: O declínio da atividade no mercado imobiliário,
tanto em novas construções, reparações
e remodelo, causou uma queda na demanda por nossos produtos, com
níveis de preços muito desafiadores. Os negócios
caíram ainda mais em setembro e permanecem basicamente
paralisados como resultado da crise do mercado bancário
e financeiro.
A produtora de computadores Dell que agora realiza seu
plano de cortar 8.900 trabalhadores (10% de sua força de
trabalho) anunciado no último ano relatou nessa
terça-feira que irá buscar uma nova série
de medidas de contenção de despesas. Estas incluirão
o congelamento dos pagamentos e ofertas de muitos pacotes de demissão
voluntária (PDV), assim como férias compulsórias
em um a cada cinco dias, segundo noticiou o Wall Street Journal.