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GM fecha mais duas plantas nos EUA

Por Jerry White
30 de dezembro de 2008

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Publicado originalmente em inglês no WSWS em 24 de dezembro de 2008

Este é um natal amargo para milhares de operários da General Motors (GM) e seus familiares em Wisconsin e Ohio, onde fábricas da montadora foram fechadas completamente. Outras dezenas de milhares também temem compartilhar o mesmo destino, pois a montadora de Detroit estendeu o período de férias e começou a implementar o corte de custo encomendado pelo governo federal dos EUA (como parte do resgate financeiro às montadoras).

Terça-feira foi o último dia de trabalho para 2.200 operários em Janesville (Wisconsin - EUA), e para 1.000 trabalhadores de Moraine (Ohio - EUA). Ambas as fábricas montavam uma espécie de caminhonete e caminhões estilo pick-up, cuja produção foi drasticamente reduzida devido a queda das vendas e a falência próxima da montadora de Detroit.

Tais fábricas eram vitais para a economia das duas cidades e seu fechamento terá enormes conseqüências sociais. Os fabricantes que fornecem peças para as fábricas também estão fechando. No total, as demissões prejudicarão as receitas federais locais, atingindo restaurantes, varejistas e outros dependentes dos negócios gerados pelos trabalhadores automobilísticos.

Em junho passado, a montadora anunciou que fecharia suas plantas, junto com outras fábricas de caminhões leves em Oshawa (Canadá) e Toluca (México) aproximadamente em 2010. Em seguida, adiantou as datas de fechamento das plantas de Janesville e Moraine para dia 23 de dezembro e anunciou que Oshawa, com 2.600 trabalhadores, fecharia em maio de 2009.

Outras duas plantas, incluindo uma de estamparia de metais em Wyoming (Michigan - EUA), com 1.500 trabalhadores, e uma planta de transmissão ao longo do rio Detroit em Windsor (Ontário - EUA), com 1.400 operários, serão fechadas em dezembro de 2009 e 2010, respectivamente.

A planta de Moraine já empregou 5.000 trabalhadores. Cerca de 500 operários compareceram ao último turno de trabalho na terça-feira. O segundo turno da planta - com mais de 1.000 trabalhadores - foi eliminado no último verão.

O fechamento dessa planta é o último golpe na área de Dayton, outrora o maior centro automobilístico e produtor de peças para a GM, com uma longa história de luta dos trabalhadores automobilísticos. Nos últimos anos, a desaceleração da GM resultou na eliminação de 3.000 empregos na Delphi. O fechamento da planta de Moraine levará a perda de milhares de empregos nas plantas fornecedoras que têm apenas a GM como consumidora.

"Eu consegui uma casa, mas ainda tenho que pagá-la. Tenho que pagar o carro. Preciso de roupas. Preciso alimentar as crianças - sem falar em meu cachorro. É ruim pra todo mundo" disse à CNN Tony Murphy, um operador de empilhadeira da fábrica.

"Será uma grande onda que atingirá a todos... Porque quando eles primeiramente acabaram com os dois turnos foi devastador, mas, isso, aqui, é de fechar o caixão".

"Não afetará apenas onde eu trabalho, vai afetar todo o varejo. Vai afetar todas as lojas. Até mesmo aquelas fábricas perto de Michigan, porque elas trazem as peças que são enviadas para GM", disse Tony.

A planta de Moraine é a única da GM nos EUA representada por um sindicato que não é o United Auto Workers (UAW - sindicato pelego). Seus trabalhadores, junto com os trabalhadores das fornecedoras, pertencem ao IUE-CWA.

A gigantesca planta de Janesville também produziu seu último veículo na terça-feira. A fábrica enorme começou como uma pequena montadora de trator em 1919 e localizava-se em Wisconsin, 100 milhas a noroeste de Chicago, um dos muitos centros manufatureiros da área.

Como um todo, os cortes dos dois turnos e o fim da produção da GM acabaram aproximadamente com 2.200 empregos diretos e, no mínimo, 1.150 empregos nas empresas fornecedoras de Janesville.

Tom Purnell, um pai solteiro de 48 anos, foi demitido em junho da Lear Corp - uma empresa fornecedora - depois de aproximadamente 14 anos de trabalho. "Eu não consigo encontrar um emprego", disse a um jornal local. "Os lugares agora não contratam mais ninguém".

Purnell, que receberá um seguro-desemprego estatal de apenas 26 semanas - com um máximo de US$ 355 por semana -, perdeu seu plano de saúde em outubro e preocupa-se com o pagamento de suas contas, a manutenção de sua casa e seu filho de 10 anos.

Depois que a GM anunciou o fechamento da planta de Janesville, em junho, o UAW forçou os trabalhadores a aceitarem concessões de contrato, argumentando que isso poderia salvar a planta.

O fechamento dessas fábricas - e a catástrofe social produzida para a classe trabalhadora - evidencia o fracasso da política do UAW, com sua gestão de "parceria" e concessões com a empresa, que começou com o resgate financeiro da Chrysler em 1980 e continua até hoje. Longe de defender os empregos, o UAW promoveu uma guerra entre os trabalhadores de fábricas diferentes, com uma disputa sem fim para ver quem trabalha nas piores condições e com os salários mais baixos.

Mais uma vez, o UAW colabora com o governo e com os patrões da indústria automobilística, chantagiando os trabalhadores e os forçando a aceitar um corte histórico em seus empregos, salários, condições de trabalho e condições de vida - como parte de um resgate econômico da indústria automobilística. As concessões arrancadas dos trabalhadores não serão usadas para garantir os empregos dos operários, mas para promover retornos lucrativos aos executivos corporativos e aos burgueses investidores.

Os trabalhadores da indústria automobilística devem rejeitar a demanda de concessões e organizar sua luta de forma independente do UAW, baseada numa nova estratégia. Isso significa a ruptura com os partidos burgueses norte-americanos e o avanço numa perspectiva socialista, a única capaz de superar a crise econômica, incluindo a nacionalização da indústria automobilística sob o controle democrático da classe trabalhadora.