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França: estudantes secundaristas protestam contra reforma educacional

Por Alex Lantier e Senthooran Ravee
23 de dezembro de 2008

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Este artigo apareceu no wsws.org originalmente em inglês no dia 19 de dezembro de 2008.

Estudantes secundaristas protestaram por toda a França na quinta-feira contra uma reforma das escolas planejada pelo ministro nacional da Educação, Xavier Darcos. O dia escolhido para a mifestação, 18, era também em solidariedade aos estudantes gregos, que fizeram um chamado por manisfestações em toda a Europa para o mesmo dia.

As estimativas da imprensa sobre o número de manifestantes vão de 80.000 a 160.000, números extraordinariamente altos para uma manifestação de secundaristas. Isto reflete o crescente inconformismo social, impulsionado pelas grandes perdas financeiras e industriais decorrentes da atual crise econômica e pela erupção dos protestos de massa anti-governo na Grécia.

A reforma de Darcos criou uma grande oposição geral porque resultará em 13.500 demissões na área educacional e diminuirá o número de horas de diversas matérias, como história e geografia.

Darcos anunciou no dia 15 de dezembro que adiará a aprovação da lei na Assembléia Nacional, onde o partido conservador UMP tem maioria suficiente para assegurar a aprovação.

Os estudantes estão amplamente cientes de que, apesar do adiamento, o governo ainda planeja implementar a reforma Darcos. Eles também se opuseram à convocação de uma greve geral e um dia nacional de mobilização somente em 29 de janeiro. Tal proposta foi amplamente negada, pois em seu entendimento ela visou quebrar o movimento nas ruas, atrasando em mais de um mês a próxima grande manifestação.

Discursando na quarta-feira ao Conselho dos Ministros, o presidente Nicolas Sarkozy disse: "O trabalho das reformas irá continuar. [...] Xavier decidiu, como vocês sabem, conceder a si mesmo o tempo para explicar o motivo pelo qual as escolas precisam ser reformadas e como isso deve ser feito. Eu aprovei essa proposição porque acredito firmemente que a reforma é essencial para a nossa juventude e precisa ser implementada".

As manifestações aconteceram em todas as regiões do país: 5.000 estudantes marcharam em Rennes e Nancy, 2.500 em Caen e Montpellier e 4.000 em Marseille. Em Lyon, onde 10.000 estudantes tomaram as ruas (5.000 de acordo com os relatórios policiais), a polícia disparou cápsulas de gás lacrimogêneo e, ao final da passeata, os estudantes reagiram atirando pedras. Relatos indicam que dois carros foram virados e que as janelas de um ônibus foram quebradas.

Em Paris, estudantes montaram barricadas em 40 escolas (de um total de 105 na região). Estudantes do Maurice Ravel e do Hélène Boucher bloquearam o tráfego na Cours de Vincennes e um número estimado de 13.000 estudantes marchou na principal manifestação ao longo da Boulevard St. Michel, passando pelo Ministério Nacional da Educação. Uma equipe de repórteres do WSWS compareceu à manifestação na Boulevard St. Michel.

Uma delegação de professores da FSU (Federação Sindical Única) encabeçava a coluna, junto com estudantes secundaristas da UNL (União Nacional de Estudantes Secundaristas) e da FIDL (Federação Democrática Independente de Estudantes Secundaristas), que formavam o corpo principal.

Era notável a ausência da CGT (Confederação Geral do Trabalho) e da CFDT (Confederação Francesa Democrática do Trabalho), que normalmente enviam delegações para apoiar manifestações como essa. Isso reflete a desilusão e a hostilidade geral contra a colaboração dessas centrais sindicais com Sarkozy, bem como o ânimo popular, que se esquenta cada vez mais. Também não estava presente a Liga Comunista Revolucionária (LCR), cujo candidato presidencial, Olivier Besancenot, recebe atualmente uma proeminente cobertura da mídia, que o caracteriza como um oponente das políticas do livre-mercado.

O WSWS conversou com os manifestantes Quentin, Guillaume e Yohan. Yohan explicou: "Somos contra a eliminação de empregos de magistrados e as reformas curriculares, especialmente porque já estamos esmagados em salas de aula com 50 alunos". Ele disse que as manifestações na Grécia são testemunho de "um sentimento geral de que já basta: primeiro eram apenas os anarquistas nas ruas, agora é toda a população. Então provavelmente [a movimentação] se espalhará por toda a Europa".

Ele também disse que as manifestações devem se alastrar para incluir "todas as profissões" ameaçadas pela crise econômica e pelas reformas liberais de Sarkozy.

Um repórter do WSWS observou que Sarkozy planeja segurar a aprovação da lei para o momento em que as manifestações estiveram diluídas, o que significa que uma luta vitoriosa contra a lei requer uma perspectiva política de longo prazo para levar abaixo o governo. Yohan respondeu: "É verdade que o governo está completamente surdo ao que dizemos; nos vê com nada além de desprezo".

Valoy e Darmaëlle, do Lycée Maurice Ravel, disseram ser "contra Darcos, porque a lei pode ter sido postergada, mas ainda está lá". Darmaëlle disse: "Os diferentes cursos escolares acabam sendo muito diferentes entre si. Por isso é difícil [o que é proposto pelo governo]. Reduzir o número de horas durante as quais recebemos instrução — que tipo de idéia é essa? Todas as matérias, como história e geografia, são importantes".

Valoy disse: "Precisamos ter mais e mais manifestações, precisamos esvaziar as escolas. Precisamos ter um movimento nacional para ocupar as escolas".

Virginie disse: "Adiar a reforma não é o suficiente — ela precisa ser imediatamente retirada. Eles poderiam retirá-la. [Esses cortes educacionais] não são assunto de Darcos. Mas para eles [do governo] é só uma questão de dinheiro".

E complementou: "Algo de real precisa ser feito em relação a essa crise. Você não pode esperar 6 anos depois de receber seu diploma escolar para conseguir um emprego. Existe uma necessidade real pela mudança, pela ação. Se as coisas mudarem, aí será uma coisa boa. Não estamos aqui para quebrar as coisas, mas queremos mostrar que não concordamos com o que está acontecendo. As pessoas precisam perguntar nossa opinião".

[traduzido por movimentonn.org]