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Trabalhadores ocupam fábrica em Chicago, EUA

Por Tom Eley
19 de dezembro de 2008

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Ao final da quarta-feira, dia 10, cerca de 250 trabalhadores da Republic Windows and Doors terminaram uma ocupação de 5 dias de uma fábrica em Chicago, EUA, após muita luta e ter sua principal reivindicação atendida.

A ação dos trabalhadores da Republic foi um grande passo a frente para os trabalhadores e a primeira ação independente da classe trabalhadora em resposta a crise econômica mundial. Os trabalhadores lutaram com determinação e coragem, insistindo que não deixariam a fábrica enquanto não recebessem os benefícios pelos quais tinham direito legalmente.

Sua luta em pouco tempo se tornou referência para trabalhadores de todo o país ? e de todo o mundo ? como revolta e resistência diante dos cortes massivos de empregos e da política do governo de despejar trilhões de dólares para salvar os bancos e as instituições financeiras. Sua luta suscitou apoio por todo os EUA.

Eles saíram da fábrica na quarta-feira à noite, declarando vitória em relação a sua luta. Cada trabalhador receberá US$ 6.000, incluindo oito semanas de indenização, pagamento das férias e dois meses de seguro de saúde cobertos.

Enquanto que do ponto de vista dos trabalhadores o atendimento de suas reivindicações seja uma vitória, é bastante limitada. Os trabalhadores da Republic perderão seus empregos num momento em que nenhum outro decente será encontrado. Em dois meses, não terão nenhum seguro de saúde. A economia dos EUA e mundial entrou na sua pior crise econômica e os trabalhadores da Republic engrossarão as fileiras dos milhões de desempregados que enfrentarão a crise.

O caráter limitado de sua luta ? por não ter se contraposto abertamente ao fechamento da fábrica ? se deve somente à United Electric Workers (UE), o sindicato da categoria, e não aos trabalhadores.

A fábrica Republic Windows and Doors, em Chicago, foi ocupada por 250 trabalhadores. Em 2 de dezembro, trabalhadores foram informados que a fábrica seria fechada permanentemente dentro de três dias e que eles seriam despedidos. Eles, então, ocuparam a fábrica e exigiram aindenização e o pagamento das férias como restituição pela violação de uma lei federal, que estipula que os trabalhadores devem ser avisados com 69 dias de antecedência sobre o fechamento das fábricas. Os patrões alegam que não podem pagar os trabalhadores porque o Bank of America, um de seus maiores credores, havia cortado sua linha de crédito.

A greve dos trabalhadores da Republic atraíu apoio difuso. Desde que a ocupação começou, trabalhadores e estudantes de Chicago e muitos outros lugares visitaram a fábrica, expressando sua solidariedade através de mensagens de apoio e doações.

O Bank of America emitiu um pronunciamento na segunda-feira (07), no meio das negociações, indicando que desejava fazer um empréstimo para que a Republic ajustasse sua folha de pagamento. Além disso, disse estar "preparado para fornecer um limite adicional de empréstimo" e lamentou "a incapacidade da Republic em pagar seus funcionários".

Contudo, em seguida, como noticiou o sindicato dos trabalhadores (United Electrical Workers, UE), o próprio banco voltou atrás e relatou que seu pronunciamento do dia anterior tinha sido um erro.

A administração da fábrica tinha intenção de fechá-la desde outubro. No mês, começou a retirar equipamentos da fábrica, transferindo-os para outra em Iowa. Os trabalhadores perceberam que ferramentas não eram mais encontradas na fábrica. Segundo eles, os equipamentos eram transportados na calada da noite.

A fábrica alegou que seus pedidos caíram acentuadamente nos mês passado. Entretanto, os trabalhadores desconfiavam que a fábrica estivesse realmente falida.

A Republic pertence a Richard Gillman. Anteriormente, Gillman era um investidor da companhia, mas a comprou por completo em 2006. Ele se orgulha de que, sob sua liderança, a Republic reduziu suas despesas em 47% e aumentou a produtividade em 30%. No entanto, lamenta que a companhia tenha sido punida com o colapso do mercado imobiliário.

Uma equipe do World Socialist Web Site (wsws.org) visitou a fábrica ocupada para falar com trabalhadores e aqueles que lá prestavam apoio. A fábrica fica numa zona industrial na margem noroeste do centro de Chicago, perto do Chicago Tribune, que acabou de pedir proteção por falência.

Na entrada da fábrica havia diversas dúzias de trabalhadores, um ratazana gigante inflável ? simbolizando os donos da Republic ? assim como diversas vans que pertenciam a jornais.

Muitos trabalhadores contaram ao WSWS que não podiam falar com a mídia. O sindicato deles, a União dos Eletricistas (UE), havia limitado o contato com a mídia, selecionando um punhado de trabalhadores para a comunicação e permitindo o acesso da mídia somente a períodos limitados. Leah Fried, uma dirigente da UE, assumiu a maior parte da comunicação com os jornais, especialmente com aqueles de dimensão nacional.

Os trabalhadores são, em grande parte, latinos. Há também um grande número de afro-americanos empregados na fábrica. Estão bastante revoltados com a contradição gritante entre os bilhões dados pelo governo para salvar Wall Street e o crescente corte de empregos. Eles vêem a luta que protagonizaram como algo histórico e sabem que utrapassa os muras da fábrica.

Como dissemos acima, a ocupação da fábrica Republic representa a primeira reação independente da classe trabalhadora americana diante do aprofundamento da crise econômica. Ao ocupar a Republi,c os trabalhadores transgrediram a mais sagrada das leis oficiais dos EUA ? a santidade da propriedade privada e a ditadura capitalista sobre a produção.

O exemplo dos trabalhadores da Republic mantém um acentuado contraste com a posição da burocracia sindical da UAW (United Auto Workers) diante da ameaça de falência das Três Grandes montadoras dos EUA (Ford, GM e Chrysler). A UAW já indicou que tudo está certo na sua luta por ressuscitar as margens de lucro das grandes produtoras de carros. Isto inclui o fechamento de fábricas, demissões em massa, cortes nos salários e benefícios dos operários.

Com o desdobramento da ocupação em Chicago, trabalhadores do setor automotivo e outros têm agora um exemplo de luta a ser seguido, que evoca as greves com ocupação dos anos 30, que levaram à sindicalização da indústria automobilística em 1937.

É preciso dizer novamente: se, em algum sentido, a luta dos trabalhadores da Republic foi limitada, é por conta das limitações do seu sindicato. Essa limitação não vem da luta dos trabalhadores em si ? que é corajosa a sem precedentes na história recente dos EUA.

Para lutar contra a destruição dos empregos e dos fechamentos das fábricas, trabalhadores precisam se armar com novas perspectivas políticas independentes dos dois maiores partidos políticos e derrubar a burocracia sindical. Juntos, os dois partidos e a burocracia sindical, defendem apenas o sistema de lucro que tem produzido a crise econômica atual.

Implicitamente, a ocupação da fábrica Republic propõe uma luta pelo socialismo. A indústria e o sistema finaceiro devem ser tomadas das mãos dos capitalistas e reorganizadas, em todo mundo, buscando defender os empregos e os níveis de vida dos trabalhadores, atendendo suas necessidades sociais.

[traduzido por movimentonn.org]