Publicamos abaixo a segunda parte da palestra ministrada
por Nick Beams em um curso internacional realizado pelo International
Committe of the Fourth International (ICFI) e pela ISSE (International
Students for Social Equality) em Sidnei, Austrália, entre
21 e 25 de janeiro de 2008. Beams é membro do comitê
editorial internacional do World Socialist Web Site (WSWS) e secretário
nacional SEP Austrália. A primeira
parte foi publicada no dia 21 de março 2008 .
A crise financeira nos EUA e o crescimento expandido da economia
mundial, principalmente nos últimos sete anos nos países
menos desenvolvidos, não são fatos isolados, mas
faces ou aspectos diferentes do mesmo processo.
Em poucas palavras: O crescimento expandido da China, juntamente
com outros países, não teria sido possível
sem o enorme crescimento da dívida dos EUA. Mas este aumento
das dívidas que sustentou tanto a economia americana como
a demanda mundial, agora resultou em uma crise.
Ao mesmo tempo, a produção de baixo custo na
China e em outras regiões, assim como a integração
dessas regiões à economia mundial, fez baixar as
pressões inflacionárias. Esse processo criou as
condições para que as taxas de juros abaixassem,
impulsionando dessa forma a expansão do crédito,
que teve um papel crucial na sustentação da economia
americana e na economia mundial como um todo.
Examinemos este processo mais de perto: A última crise
financeira não caiu do céu, ela surgiu da resposta
a crises anteriores até a queda do mercado financeiro de
1987. Àquela época, o futuro presidente do Banco
Central americano, Alan Greenspan, abriu as linhas de crédito
para assegurar a estabilidade do mercado.
Os primeiros anos da década de 90 após a recessão
de 91-92 foram caracterizados por um crescimento lento, a assim
chamada recuperação do desemprego. Mas,
até metade da década ocorreu uma mudança.
Em 1996, Greenspan chamou atenção para a elevação
no valor das ações que cumpria um papel crucial
no processo de levantar a economia americana e, em um discurso
de fim do ano, alertou sobre a exuberância irracional
desse processo.
Mas, após uma breve tentativa de aumentar as taxas de
juros que se deparou com a reação hostil de Wall
Street, Greenspan decidiu cortá-las. Quando a crise asiática
irrompeu em 1997, o presidente dos EUA Bill Clinton referiu-se
a ela como uma falha técnica, enquanto que
Greenspan insistiu que ela era decorrente do capitalismo
de compadres da Ásia e da sua incapacidade de adotar
os métodos do livre mercado. De fato, a crise
foi caracterizada como mais uma confirmação, após
a queda da União Soviética e de outros regimes stalinistas,
da superioridade histórica do sistema de livre mercado
anglo-saxão.
Dentro de alguns meses, no entanto, ficou claro que a crise
asiática era um sintoma de problemas mais profundos. Em
agosto de 1998, a Rússia estava inadimplente em suas dívidas
internacionais e em setembro o LTCM (um hedge fund,
fundo de investimento de alto risco fortemente alavancado1) teve
que ser socorrido com uma ajuda de 3 bilhões de dólares
a fim de que sua queda não causasse uma crise financeira
sistêmica. A resposta do banco central americano foi cortar
as taxas de juros.
Como resultado disso, as tempestades econômicas pareciam
passar de forma relativamente rápida e a economia americana
passou por um boom no final da década, celebrada
como o alvorecer da era da nova economia. Na realidade,
enquanto o mercado de ações alcançava recordes,
a taxa de lucro havia começado a cair e os lucros crescentes
apresentados por companhias como a Enron e a WorldCom revelaram-se
fictícios. A bolha do mercado de ações estourou
em 2000 e a economia americana passou por uma recessão,
levando à perda de 3 milhões de empregos na manufatura.
Porém, a queda foi relativamente passageira e a economia
americana entrou num ascenso, que no entanto possuía algumas
características peculiares. Enquanto este ascenso era largamente
baseado no aumento do consumo, ele não era resultado de
salários mais altos e nem de um aumento no emprego (na
realidade os salários permaneciam praticamente estáticos),
mas no aumento nas dívidas de consumidores, tornado possível
pelos cortes de juros feito pela diretoria do banco central americano.
Tais cortes alimentaram um boom imobiliário, que, por sua
vez, possibilitou o aumento nos gastos de consumo.
Um dos fatores chave que fez com que o regime de juros baixos
fosse tão central para o crescimento econômico foi
o investimento pelas autoridades chinesas de quantias imensas
de capital financeiro em ativos americanos.
Esta reciclagem de excedentes de comércio chineses no
sistema financeiro americano parecia completar um ciclo virtuoso.
A entrada de capital através da compra de títulos
e outras dívidas americanas fez com que o banco central
mantivesse as taxas de juro em baixa, o que ajudou a fomentar
o mercado imobiliário, que, por sua vez, financiou os gastos
de consumo em ascensão, providenciando um mercado para
o produto expandido2 da China e aumentando o excedente comercial
chinês com os EUA, que era então investido nos mercados
financeiros americanos. Este processo era o centro do crescimento
da economia mundial após a recessão americana de
2000-2001.
A injeção de quantias imensas de crédito
no sistema financeiro desempenhou um papel fundamental no sustento
da economia americana e mundial. Mas os créditos não
desaparecem assim que sua tarefa de revitalizar a economia é
cumprida. Ao invés disso, eles contribuem para o crescimento
do capital financeiro na economia mundial, trazendo maiores implicações
à estabilidade do sistema como um todo.
De acordo com Greenspan, fazendo uma retrospectiva dos últimos
25 anos, encontramos como resultado de taxas de juro efetivas
e nominais mais baixas um aumento mais rápido nos preços
dos ativos do que nos PIBs de cada ano desde 1981, com exceção
de 1987 e 2001-2002.
Quais são as conseqüências deste processo?
A primeira a se notar é que ações, imóveis
e outras formas de títulos de propriedade, financiadas
por crédito, são todas, de uma forma ou de outra,
declarações de rendimento. Isto é, no fim
das contas, são declarações de mais-valia
extraída da classe trabalhadora.
O valor de tais ativos pode aumentar mais rapidamente que o
PIB, contanto que a proporção da renda nacional
em lucros esteja crescendo. Isto é, contanto que haja um
poço mais fundo de onde se extraia mais-valia. Mas o processo
no qual o valor de ativos, declarações de rendimento,
cresce mais rapidamente do que o PIB não pode continuar
interminavelmente.
Um sinal de quão longe chegou este processo foi mostrado
num artigo do Financial Times de 25 de junho de 2007. Mostrou-se
que, antes de 1995, a proporção da riqueza pessoal
em relação ao PIB tendia a flutuar numa média
aproximada de 3,4 para 1. O artigo registrava: Agora, apesar
da pobreza de poupança na economia americana, a proporção
é de 4,1 para 1. Um retorno à media anterior significaria
uma queda no patrimônio pessoal americano de aproximadamente
10.000 bilhões de dólares. Com tendências
parecidas refletidas em grande parte do mundo, o total das perdas
globais com a queda financeira poderia chegar facilmente a 25.000
e até a 30.000 bilhões de dólares.
De acordo com o McKinsey Global Institute, até 2005
o estoque de ativos financeiros globais havia atingido 140 trilhões
de dólares, isto é, mais do que o triplo do PIB
mundial. Isso se compara à situação de 1980
na qual o estoque de ativos financeiros e o PIB mundial eram aproximadamente
igualados.
Se pensarmos no mercado hipotecário, fica claro como
ele tem sido por grande parte desta década um esquema fraudulento
do tipo de uma pirâmide. Isto é, ativos
na forma de dívidas hipotecárias derivavam seus
valores não do fluxo esperado de pagamentos (era claro
que nos casos de empréstimos subprime não
havia possibilidade de manter os pagamentos), mas da expectativa
de que o valor do ativo básico continuaria crescente enquanto
mais crédito se tornasse disponível para alavancar
o mercado. E um mercado em ascenso significava que riscos maiores
poderiam ser assumidos, porque os ativos de garantia por trás
das dívidas (imóveis residenciais) haviam aumentado
de valor.
Em 2001, os empréstimos subprime somaram 8.6% (190 bilhões
de dólares) da procedência de hipotecas. Até
2005, eles haviam crescido até 20% (US$ 625 bilhões).
Estas hipotecas foram então vendidas na forma de ativos
financeiros. Em 2001, os chamados subprimes securitizados
somaram apenas US$ 95 bilhões, até 2005 esse número
chegou a US$ 507 bilhões.
Em tempos passados, os bancos que geravam as hipotecas tinham
que avaliar o risco. Essa era a época do assim chamado
3-6-3: contrair empréstimo de dinheiro a 3%, emprestar
a compradores de imóvel a 6% e ir jogar golfe às
3 da tarde.
No novo mundo financeiro a avaliação de risco
foi em grande parte extinta. Não havia necessidade para
que credores de hipoteca cumprissem essa tarefa porque a hipoteca
seria passada adiante a outra instituição. O gerador
da hipoteca não correria este risco. Como se esperava que
o risco fosse avaliado? Por agências de avaliação
de risco como a Standard and Poors, Moodys e a Fitch.
Elas desempenhavam um papel fundamental assegurando que os pacotes
de dívidas baseados em subprimes e outras hipotecas arriscadas
recebiam uma avaliação, e era de seu interesse que
o fizessem.
De acordo com um recente estudo sobre a crise do subprime,
as taxas pagas às agências para ajudar a comercializar
os títulos de hipotecas eram aproximadamente o dobro
do que eram para avaliar títulos corporativos (o negócio
tradicional de avaliar firmas). Moodys recebeu 44% de sua
receita de 2006 das avaliações a financiamentos
estruturados (empréstimos estudantis, dívidas
de cartão de crédito e hipotecas).¹
Agora todo o mercado de subprime desabou. É estimado
que muito mais do que um trilhão de dólares
de hipotecas subprime americanas perderão metade de seu
valor. (idem, p. 22)
A expansão do crédito não só levantou
o preço dos imóveis, mas levou a um aumento ainda
maior no endividamento. Enquanto os valores de propriedade
imobiliária dobraram facilmente na última década
de US$ 10 trilhões em 1997 a muito mais do que US$ 20 trilhões
em 2005, as obrigações hipotecárias residenciais
cresceram ainda mais rápido, de menos que US$ 2 trilhões
em 1997 a US$ 10 trilhões em 2005. (Realmente, entre 2002-2006
o crédito total cresceu em US$ 8 trilhões enquanto
que o PIB cresceu somente em US$ 2,8 trilhões). (ibidem,
p. 27)
Um dos mecanismos principais na criação desta
bolha financeira é a securitização de hipotecas
(a junção de um grande número de hipotecas
em pacotes de dívidas que são então vendidos
a terceiros). Isto supostamente moveria o risco dos balanços
patrimoniais de bancos e outras instituições financeiras.
Mas o que ocorreu é que o risco que foi então chutado
pela porta da frente retornou pela porta de trás porque
as dívidas de risco foram compradas por organizações
criadas pelos bancos e não registráveis no balanço
(as chamadas veículos de investimento estruturado
- SIVs). O papel crescente das hipotecas subprime na criação
destes títulos é tornado claro no seguinte gráfico
publicado pelo FMI.
Crescendo rapidamente
Emissões de títulos hipotecários com grau
inferior a de investimento incharam entre 2003 e 2006.
Bilhões de dólares (porcentagens do total)
Tipo - números...
Prime
Subprime
Alt-A
O processo de securitização significa que, fazendo
uma volta, agora os bancos detêm pacotes de hipotecas geradas
por organizações que não possuíam
interesse em avaliar se eles poderiam ser administrados. Isso
quer dizer que agora bancos detêm as dívidas de devedores
cujos riscos nunca foram avaliados. Este processo, que gerou lucros
imensos, estava baseado em uma hipótese crucial: que o
oferecimento contínuo de crédito asseguraria que
os preços de imóveis continuariam subindo para que
não houvesse necessidade de avaliar o risco dos devedores,
uma vez que em caso de inadimplência a casa poderia simplesmente
ser vendida e concretizar um preço maior do que o da compra.
Essa hipótese havia funcionado bem por cerca de dez
anos após 1994 e só começou a decepcionar
em 2005-2006 quando [os preços] começaram a decair.
Em 2004, o índice de preços de imóveis residenciais
subiu 20% sobre o ano anterior. Em 2006, decaiu 5%.
Havia um erro inicial na bolha imobiliária: a renda
da maioria avassaladora das famílias da classe trabalhadora,
que tem que ser usada para amortizar sua dívida hipotecária,
vem caindo ou estagnando-se desde o fim da última recessão
em 2001. Nos últimos oito anos, o nível do PIB americano
subiu em mais de 25%, enquanto os salários médios
caíram em 4%.
Os problemas financeiros vão além do Mercado
hipotecário subprime. No mercado de papéis comerciais,
onde as firmas levantam dinheiro através da emissão
de dívidas de curto prazo, há cerca de US$ 2,2 trilhões
pendentes, dos quais US$ 1,2 trilhões são baseados
em hipotecas residenciais, cartão de crédito a receber,
financiamento de automóveis e outros títulos. Poderia
haver até meio trilhão de dólares de papéis
potencialmente sem valor detidos pelos maiores bancos. (Ibidem,
p. 30)
Agora há alertas (ver, por exemplo, Financial Times,
14 de janeiro, 2008) de que os credit default swaps
(um sistema de seguros contra o não cumprimento de obrigações
de dívidas3) poderá ser a próxima área
a entrar em crise.
Ninguém sabe ao certo a dimensão total das perdas.
Quando a crise subprime começou a irromper, Bernanke fez
uma estimativa de perdas ao redor de US$ 50 bilhões a US$
100 bilhões. Agora, perdas esperadas variam de US$ 300
a 400 bilhões. Mas poderão ser muito mais. De acordo
com uma estimativa, se os preços de imóveis residenciais
caíssem 30%, as perdas de crédito poderiam alcançar
US$ 900 bilhões.
Além da situação que os bancos enfrentam,
há também a questão do impacto da depressão
imobiliária nos gastos de consumo nos EUA, que desempenham
papel tão decisivo no fornecimento de um mercado para os
bens manufaturados da China e do resto da Ásia.
Com a renda real estagnada ou em queda para todos com exceção
dos 20% mais ricos da população americana, o aumento
no preço da casa própria cumpriu um papel decisivo
no financiamento das dívidas cada vez maiores nas quais
se afundava grande parte da população. Desde 2002,
o total de refinanciamentos do tipo cash out (no qual
o devedor refinancia a casa própria para retirar o dinheiro
da possível valorização do imóvel)
foi de US$ 1,2 trilhões, equivalentes a 46% do aumento
nos gastos de consumo durante este período. As conseqüências
sociais são devastadoras, como David North deixou claro
em seu relatório à reunião nacional de membros
do SEP (Partido Socialista da Igualdade) no início deste
mês.²
Assim, a queda do Mercado imobiliário privou a
grande massa de trabalhadores americanos de um dos meios principais
pelo qual ela buscava atenuar o fardo financeiro criado ao longo
de três décadas e meia de estagnação
salarial. A renda de um homem trabalhador ao redor de 30 anos
de idade está agora 30% abaixo da de um trabalhador da
mesma idade em 1978. Como notou o ex-secretário de Estado
do Trabalho, Robert Reich, os mecanismos de enfrentamento
empregados para lidar com a deflação salarial são:
o forte movimento da entrada de mulheres na força de trabalho
(de 38% em 1970 aos 70% atuais) e a adição de duas
semanas à carga de trabalho. Americanos trabalham 350 horas
a mais que a média européia.
Na virada do século XXI, quando os trabalhadores
alcançaram o limite físico de sua habilidade de
produzir dinheiro através do trabalho, eles começaram
a depender cada vez mais de empréstimos, usando suas casas
próprias como caução. Quando este meio de
cruzar o precipício entre o rendimento e a necessidade
desaparece, milhões deparam-se com o espectro de cair no
abismo financeiro. Já durante a primeira metade de 2007,
o número de falências pessoais aumentou 48%. O nível
a que os trabalhadores são apertados até o limite
em suas economias é confirmado pelo fato de que 27 milhões
de trabalhadores terão que contrair empréstimos
neste inverno para pagar despesas tão básicas como
aquecimento. Mas o uso de cartão de crédito está
se tornando tão problemático quanto os empréstimos
imobiliários. Quando todos os meios individuais e tradicionais
de enfrentar os problemas econômicos se esgotam, a classe
trabalhadora é obrigada a recorrer ao único meio
através do qual ela pode se defender: o da luta social
e política consciente e coletiva contra o sistema capitalista.
Em sua análise da parte desempenhada pelas dívidas
na manutenção deste processo, L. Randall Wray do
instituto Levy prova que não é preciso um crash
financeiro para transformar o que poderia ser um desaceleramento
em uma profunda recessão.
Mantidas inalteradas todas as outras coisas, se o setor
privado reduzisse seus gastos a somente 97 centavos por cada dólar
de sua renda, isso reduziria o PIB em meia dúzia de pontos
percentuais. E se o setor privado ficasse realmente assustado,
ele poderia reduzí-los a 90 centavos por dólar,
como acontece em uma recessão, retirando um trilhão
e meio do PIB, deixando um buraco enorme que raramente seria coberto
pela explosão dos déficits orçamentários
ou pelas exportações. (idem p. 44)
Fica claro, mesmo sob o alcance limitado das estatísticas,
que a ordem capitalista mundial está sofrendo uma série
de problemas que atingiram o cerne do sistema financeiro global.
Martin Wolf do Financial Times advertiu que isto é o fim
do modelo anglo-saxão. Malcolm Knight, o diretor geral
do Banco de Compensações Internacionais (BIS, espécie
de BC dos bancos internacionais), chamou atenção
para o colapso do modelo originar e distribuir que
está no centro das inovações financeiras
da última década.
É amplamente reconhecido que os métodos e práticas
financeiras desenvolvidos no último período geraram
sérios problemas. Porém, esses métodos não
foram planejados por nenhum comerciante picareta que por acaso
acabou tomando controle da situação. Essas práticas
foram endossadas nos mais altos níveis bancários
e financeiros e foram entrelaçadas com desenvolvimentos
da própria economia global. Não se trata, portanto,
simplesmente de fazer outra tentativa, ou reverter o processo
com métodos menos arriscados, como se isso fosse apenas
uma questão de experimentar um outro par de sapatos.
Há agora amplo reconhecimento que a crise dos créditos
traz implicações mais sérias para a estabilidade
da economia capitalista mundial.
O texto continua em mais três partes
Notas: 1. (L Randall Wray, Lessons
from the Subprime Meltdown, Levy Economics Institute, December
2007, p. 21).
2. (Ver Notes on the political and economic crisis of the
world capitalist system and the perspective and tasks of the Socialist
Equality Party).