Brasil deve desenvolver a capacidade tecnológica para
fabricar armas nucleares, um dos principais generais do país
declarou em uma entrevista televisiva na semana passada.
A observação foi proferida no contexto da direção
pelo Partido dos Trabalhadores governo do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva a um aumento das despesas militares, em um esforço
para reconstruir as forças armadas do país, que
têm sido seriamente desacreditada desde a fim da ditadura
militar mais de duas décadas atrás.
Nós temos de ter no Brasil a possibilidade futura
de, se o Estado assim entender, desenvolver um artefato nuclear.
Não podemos ficar alheios à realidade do mundo,
disse Gen. José Benedito de Barros Moreira, um dos poucos
generais de quatro estrelas do Brasil e um ex-chefe da Escola
Superior de Guerra (faculdade que forma os oficiais do Exército).
Barros Moreira, que é, actualmente, um alto funcionário
do Ministério da Defesa do Brasil, responsável pela
formulação da estratégia militar do país,
compara a arma como cadeado necessário à
salvaguarda dos recursos do Brasil.
O surpreendente comentário veio em um mesa redonda num
debate do programa Expressao Nacional na noite terça-feira
transmitido pela TV Câmara, a rede gerenciada pelo Congresso
do Brasil. O general apareceu junto com dois deputados, José
Genoino do Partido dos Trabalhadores e Raul Jungmann do Partido
Popular Socialista, bem como Antonio Jorge Ramalho da Rocha, do
Instituto de Relações Internacionais da Universidade
Nacional do Brasil.
Tecnologicamente devemos estar preparados para produzir
artefato nuclear, disse o geral . Ele acrescentou: Nenhuma
nação pode se sentir segura se não desenvolver
tecnologia que o capacite a se defender quando necessário.
Barros Moreira disse que os recursos do Brasil tornaram-no
um alvo para a agressão estrangeira. O
mundo carece de água, energia, alimentos e minerais,
disse ele. O Brasil é rico em tudo isso. Por isso
tudo nós temos que colocar um cadeado forte na nossa trance.
Significativamente, os dois legisladores estiveram em grande
parte de acordo com o general . Genoino, um guerrilheiro anti-governo
sob a ditadura militar, foi guindado à presidência
do Partido dos Trabalhadores (PT), e tornou-se uma das figuras
centrais de um escândalo político que envolveu suborno
e corrupção a qual levou o procurador-geral do país
e declarar-lo um líder de uma organização
criminosa.
Ele falou em termos das necessidades do brasil ter forças
s armadas para sustentar a projeção de poder
no mundo e na região
Jungmann, um ex - membro do Partido Comunista Brasileiro, estalinista,
que tem enfrentado suas próprias acusações
de desvio de fundos públicos, da época que ele serviu
como ministro reforma agrária sob o governo do presidente
Fernando Cardoso, falou sobre o Brasil se tornar um global
player e da necessidade de atender à viabilidade
das nossas forças armadas.
Ambos os legisladores lamentavam a negligência financeira
das forças armadas , com Genoino raivosamente indignado
contra os salários de miseria pagos aos generais
e almirantes.
Nem eles, nem mais ninguém no programa, preocupou-se
em mencionar que a redução das dotações
para os militares brasileiros foi ligado ao esmagador repúdio
popular a uma instituição responsável pelo
assassínio, a tortura e a detenção de dezenas
de milhares de brasileiros trabalhadores, camponeses, estudantes
e políticos oposicionistas, incluindo alguns dos quais
presumivelmente os dois deputados consideraram uma vez os seus
camaradas.
O tema da mesa redonda da televisão está relacionado
com a intenção do governo Lula de cumprir com o
Ministério da Defesa, um pedido de 50 por cento de aumento
em gastos em armas para o próximo ano, um aumento das suas
dotações militares de nível atual de US $3,5
bilhões para mais de $5 Bilhões. Foi amplamente
antecipado que o governo reviverá planos, que foram arquivado
em 2002, para comprar novos caças injetores e para desenvolver
um submarino nuclear.
Embora o Ministério da Defesa e do governo Lula ter
negado oficialmente qualquer conexão, sobre a discussão
da proposta de investimento militar no Brasil , a mídia
direitista apontou sobre um suposto desafio colocado pelos vários
milhões de dólares de armas compras feitas pelo
governo venezuelano do presidente Hugo Chavez da Rússia,
incluindo 100,000 fuzis Kalashnikov e aviões de guerra
Dois dias após as notáveis observações
televisivas do general, o Ministro da Defesa Nelson Jobim falou
em uma conferência militar no Rio de Janeiro, em apoio da
construção de um submarino nuclear, alegando que
um tal sistema de armas era necessária para defender recentemente
descobertas petrolíferas no campo de Tupi, na bacia de
Santos.
No momento em que você tem uma grande riqueza nacional
que se encontra na área do Atlântico, é evidente
que temos que ter condições de protegê-la,
disse Jobim.
Os militares brasileiros haviam procurado o desenvolvimento
de um submarino nuclear durante o período da ditadura,
que dominou o país de 1964 a 1985. Durante o período
em que ele surgiu como uma figura nacional por seu papel principal
numa série de greves massivas dos metalúrgicos em
desafio ao governo militar, Lula tinha denunciado o proposto programa
submarino como um desvio de recursos que eram necessários
para satisfazer as vastas necessidades sociais do país.
Agora, como presidente, surgiu como um campeão de realizações
do velho sonho militar. No último mês de Julho, Lula
anunciou a dotação de US $ 540 milhões para
financiar o enriquecimento do programa nuclear da marinha, a primeira
parcela do que se espera que seja mais de US $ 1,2 bilhão
para a construção de um submarino nuclear.
O Brasil pode dar-se ao luxo de ser um dos poucos países
do mundos a dominar toda a tecnologia do ciclo de enriquecimento
de urânio e, a partir daí, seremos muito mais valorizados
enquanto nação, enquanto a potência que queremos
ser, declarou Lula durante uma visita ao Centro Tecnológico
da Marinha (CTM) em julio.
No seu discurso da última quinta - feira, Jobim insistiu
que o programa de enriquecimento do urânio do Brasil seria
utilizado exclusivamente para o programa submarino e negou a idéia
de que seria utilizada para a produção de uma arma
nuclear. Essas coisas são bobagem, disse ele,
sem qualquer referência à proposta feita pelo General
Barros Moreira em expressar exatamente o ponto de vista oposto.
As vozes mais perspicazes na mídia brasileira, no entanto,
tratam a opinião do general como algo mais do que um bobagem.
O colunista político da Folha de São Paulo
Jânio de Freitas, por exemplo, escreveu que, na sua intervenção,
Barros Moreira avançou, em objetividade e clareza,
bem mais do que Jobim. Foi, a rigor, até o ponto final:
falou na necessidade de que o Brasil domine todo o ciclo da energia
nuclear, o que inclui, mais do que o submarino, artefatos de explosões
nucleares.
Até onde o atendimento a esta alegada necessidade
já progrediu, é quase um ministério, como
é próprio de projetos militares, continuou
Freitas, que constatou que a marinha brasileira tinha há
muito tempo montado pessoal qualificado e equipamentos nucleares
para iniciar enriquecimento nuclear.
O colunista nota que o governo Lula tem se beneficiado da cumplicidade
do governo de Bush em dissimular a amplitude e a natureza do seu
programa nuclear. Washington, relata ele, conseguiu que
a Agência Internacional da Energia Atómica se fingisse
satisfeita com explicações verbais, ao ser barrada
quando tentou inspecionar as características e, consequentemente,
possível deduzir os objetivosdos brasileiros instalações
para enriquecimento de urânio.
Ele observou que a atitude dos E.U. para com desenvolvimentos
nucleares no Brasil é justamente o contrário do
que a tomada em direção a evolução
semelhante no Irã, onde o Governo tem se submetido a extensas
inspeções.
Não há dúvida de que Washington tem se
inclinado fortemente para Brasília, promovendo o governo
Lula como um contrapeso à influência exercida pelo
nacionalismo de esquerda da Venezuela de Chavez no continente.
Lula tem incentivado este alinhamento, tanto com o envio dos militares
brasileiros para missão de paz no Haiti - dessa
forma, liberando os fuzileiros dos EUA para a ocupação
do Iraque - quanto no recente tratado do etanol com Bush.
Em conclusão, Freitas escreveu: A motivacão
da mudança que se introduz no Brasil é obscura,
mas a dimensão de seus efeitos, internos e externos, já
se sabe que só pode ser grande e grave.
Brasil não está refroçando seu potencial
militar - e potencialmente as armas nucleares - por causa de uma
ameaça de Venezuela. A política de demonização
de Chavez e suas compras de armas recentes apenas têm sido
empregadas pelos militares brasileiros e seus aliados politicos
como um pretexto útil para promover rearmamento.
A única personalidade política mais identificada
com apoiar uma bomba brasileira - o recentemente falecido diputado
da direita nacionalista e ex-candidato a presidente do Brasil
pelo Partido Para a Reconstrução da Ordem Nacional
(PRONA) Enéas Carneiro - foi transformado em um objeto
de ridículo público com essa proposta.
O cenário internacional é caracterizada cada
vez mais pelos conflitos abertos e acentuados entre os Estados-nações
capitalistas rivais sobre o controle dos recursos e dos mercados..
Este processo tem encontrado a sua expressão mais aguda
na erupção do militarismo americano, como Washington
pretende explorar a sua superioridade militar para compensar o
seu relativo declínio econômico, lançando
duas guerras de agressão para o controle de- regiões
ricas em energia, no decurso dos últimos sete anos .
As advertências do General Moreira Barros sobre o Brasil
se tornar um alvo para os potenciais guerras por causa
da cada vez mais escassas fontes de energia, água e alimentos
refletem a realidade emergente de um novo período de conflagração
mundial. Ao mesmo tempo, os círculos de decisão
das elites brasileiras tem o seu próprio interesses regionais
e globais de aumento lucro, e estao dispostos a utilizar a força
militar para mais deles.
Embora, sem dúvida, o Governo do Partido dos Trabalhadores
irá promover o militarismo e reavivar um programa nuclear
com a política do nacionalismo, estes acontecimentos representam
uma ameaça grave para a classe trabalhadora brasileira.
Como resultado, ela vai enfrentar crescentes ataques às
suas condições de vida, aumentando o poder dos militares
que deixaram seu governo ditatorial no país há país
pouco mais de duas décadas atrás, e a perspectiva
de serem arrastados para uma catastrófica guerra mundial.