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Taxa de desemprego nos EUA aumenta

Queda do emprego e salários estagnados aumentam o lucro das empresas nos EUA

Por Jerry White
9 de maio de 2007

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Este artigo foi publicado no WSWS, originalmente em inglês, no dia 5 de maio de 2007.

Os empregos urbanos nos EUA cresceram somente em 88.000 no mês de abril, muito aquém dos 110.000 empregos esperados pelos economistas, representando a menor taxa em mais de dois anos, de acordo com um relatório publicado na sexta-feira pelo Departamento do Trabalho. A taxa oficial de desemprego cresceu em 0,1%, chegando a 4,5% no mês passado, e poderia ter sido maior, caso mais de 339.000 trabalhadores tivessem disputado o mercado de trabalho em abril, devido à falta de oportunidades de emprego decentes.

O Departamento do Trabalho fez ainda uma correção para baixo na sua estimativa de empregos de março — a segunda redução. O enfraquecido mercado de trabalho, juntamente com o colapso do mercado imobiliário e o mais fraco crescimento do PIB do primeiro trimestre em quatro anos, levou alguns analistas a sugerirem que a expansão de seis anos da economia americana tenha chegado ao fim, e que uma recessão deve estar muito próxima.

O reduzido crescimento dos empregos, aquém do esperado, foi bem recebido em Wall Street, porque a insegurança econômica dos trabalhadores tende a suprimir as suas exigências por maiores salários, o que possibilitará que as companhias continuem acumulando lucros cada vez maiores. Os ganhos médios semanais caíram 0,1% em abril e no último ano, os ganhos médios por hora e por semana cresceram somente 3,7 e 3,4%, respectivamente.

Um analista da Insight Economics disse que os membros do FED (Federal Reserve - o Banco Central americano) gostariam de ver um “crescimento gradual da taxa de desemprego para cerca de 5%”, a fim de reduzir “as pressões sobre a inflação”, usando o eufemismo comum a respeito do aumento dos salários.

Com o crescimento dos salários em xeque, o FED, que deverá se reunir na próxima quarta-feira, deverá manter as taxas de juro, pois a elevação dos juros poderia elevar o nível de desemprego no futuro.

As demissões cresceram 44% em abril. De acordo com a empresa de consultoria Challenger Gray & Christmas Inc., o crescimento das demissões foi estimulado por um enorme corte de empregos no setor financeiro, depois que o Citigroup anunciou que eliminaria 17.000 postos de trabalho.

As demissões anunciadas totalizaram 70.672 em abril, bem maior que os 48.997 do mês de março, e cerca de 18% acima daquele anunciado no mesmo mês do ano passado. O setor financeiro lidera as demissões neste ano, com 50.221. O setor automobilístico fica em segundo lugar, com 27.570 empregos cortados até agora, afirmou Challenger.

Somente em abril, o setor financeiro demitiu mais de 6.000 trabalhadores, em conseqüência do esfriamento do mercado imobiliário e seu impacto sobre as financiadoras, disse Challenger.

Segundo a Associated Press, a financiadora New Century Financial Corp., que entrou em falência em março, anunciou nesta semana que demitirá cerca de 2.000 trabalhadores, depois de encontrar um comprador do seu setor de empréstimos hipotecários.

Empresas de construção, duramente afetadas pela desaceleração, eliminaram 11.000 empregos em abril. Segundo analistas, a queda nos empregos da construção é somente o início, pois a diminuição das construções, que apenas se intensificaram no segundo semestre de 2006, gera como conseqüência a demissão de carpinteiros, eletricistas, encanadores e outros. “Apesar da queda na construção, há ainda muito mais para acontecer neste setor”, disse um analista da Goldman Sachs. “O declínio de 11.000 empregos parece pouco em relação com as centenas de milhares de demissões que seriam necessárias para equilibrar a folha de pagamentos diante do reduzido nível da produção neste setor”.

Empregos industriais continuaram a ser cortados em abril. O Departamento do Trabalho informou que o corte nas fábricas foi de 19.000 empregos, representando a décima queda consecutiva de empregos. Companhias de maquinaria cortaram 5.000 empregos, as de motocicletas mais 5.000 e as fábricas têxteis 3.000.

No início de maio já foram anunciadas novas demissões. A Intel demitirá cerca de 1.000 trabalhadores quando parar de produzir chips de memória do tipo flash numa unidade de fabricação no Novo México, em agosto. A IBM demitiu 1.315 trabalhadores de sua divisão de serviços globais nos EUA.

O corte nos empregos coincidiu com uma atuação dos patrões para intensificar o trabalho daqueles que permaneceram no emprego. A produtividade dos EUA cresceu muito mais acentuadamente que o esperado no primeiro trimestre, apesar da desaceleração da atividade econômica. A produtividade da indústria cresceu 2,7%.

O crescimento da produtividade, juntamente com a estagnação dos salários, possibilitou que os patrões mantivessem o aumento nos custos trabalhistas de apenas 0,6%, seguindo um crescimento de 6,2% no trimestre anterior.

As horas trabalhadas caíram 0,3% no período entre janeiro e março, a mais acentuada queda desde o segundo trimestre de 2003. A compensação por hora aumentou 2,3%, bem abaixo da taxa de inflação. Em termos reais, os salários caíram cerca de 1,5%.

Enquanto as condições de vida dos trabalhadores americanos continuam piorando, a bolsa de Wall Street continua comemorando imensos lucros das empresas. A média industrial do índice Dow Jones cresceu 23,24 pontos, alcançando 13.264,62 pontos, realizando seu quarto recorde e o 23º ganho do índice nas últimas 26 sessões — o mais longo período de crescimento desde 1994. O índice do mercado de ações central cresceu 6,4% desde o início deste ano.

O descompasso entre o crescimento do lucro das empresas e do preço das ações, de um lado, e o mal-estar econômico geral, do outro, têm sido o objeto de comentários dos economistas mais atentos. O colunista do New York Times, Paul Krugman, por exemplo, citou um recente discurso de um dos altos economistas do governo Bush, que repetiu a afirmação feita constantemente de que os altos lucros levam a um maior investimento, altas taxas de produtividade e padrão de vida crescente.

Na verdade, escreveu Krugman, altos lucros não levaram à altos investimentos ou ao crescimento da produtividade, e esta, por sua vez, não leva ao crescimento dos salários. “Desde que o presidente assumiu, a combinação do aumento da produtividade e da estagnação dos salários — os trabalhadores estão produzindo mais, mas não estão recebendo um salário maior — levou a uma verdadeira explosão dos lucros, dobrando o índice em relação a 2000”. Krugman apontou também que os lucros, assim como a balança nacional de pagamentos de 2006 foram os mais altos já registrados.

Todavia, ao invés de investirem em capital físico — maquinário, fábricas, pesquisas, etc. — Krugman afirmou que a maior parte das companhias está utilizando os lucros para recomprar suas próprias ações de forma a facilitar uma nova temporada de alta no preço das ações, aumentando as ações opcionais dos executivos, mesmo em detrimento da saúde da empresa a longo prazo.