Este artigo foi publicado no WSWS, originalmente em inglês,
no dia 27 de abril de 2007.
Um artigo publicado na revista de investidores institucionais
Alpha noticiou essa semana que os 25 maiores investidores
em fundos nos EUA tiveram um rendimento médio de US$ 540
milhões em 2006, sendo que os três primeiros chegaram
a receber US$ 1 bilhão cada um.
As somas apropriadas pelos investidores superam até
mesmo os rendimentos dos diretores e dos banqueiros de Wall
Street. A média deles recebeu cerca de US$ 1,5 milhão
por dia, todos os dias, o ano inteiro ou cerca de US$ 1.000,00
por minuto.
Os rendimentos dos investidores nestas desreguladas e fechadas
companhias de investimento tornaram-se públicos há
pouco tempo. O rendimento médio dos 25 investidores cresceu
57% desde 2005, e 127% em relação a 2004. Para estar
entre os 25 maiores investidores, é necessário ter
um rendimento de pelo menos US$ 240 milhões, o dobro do
valor de 2005 e seis vezes aquele de 2002.
No total, os 25 investidores recebem US$ 14 bilhões
num ano. De acordo com o Fundo Monetário Internacional,
isso é mais do que todo o produto interno bruto de Bahrain,
da Etiópia, da Jordânia, da Jamaica e de muitos outros
países. Como noticiou um órgão da imprensa,
a soma deve ser suficiente para pagar todos os 80.000 professores
escolares da cidade de New York durante três anos.
Este é um tipo de aristocracia jamais vista em toda
a história norte-americana. Uma minúscula parcela
da sociedade um décimo, ou um centésimo,
ou mesmo um milésimo da população
acumularam uma riqueza inimaginável, enquanto os salários
da maior parte da população, nos EUA e em todo o
mundo, continuam estagnados ou entraram em queda livre.
O que dizem estes investidores a respeito da origem da sua
riqueza? Numa única palavra: nada. A maior parte da sua
riqueza vem da especulação financeira, investimentos
de curto prazo em ações e operações
similares, que não produzem nenhum valor real. Outros se
especializaram em pressionar as grandes empresas a cortar custos,
demitindo e reduzindo os salários, a fim de aumentar o
preço das ações. Os investidores constituem
uma elite norte- americana que cada vez mais se distancia de qualquer
relação com os processos produtivos, conseguindo
seu dinheiro por meio da fraude e do parasitismo.
Essas companhias de investimentos têm restrições
acerca de quem pode e quem não pode investir. Elas só
aceitam investimentos de grandes investidores institucionais ou
de pessoas extremamente ricas. Os rendimentos destes investidores
em fundos normalmente provêm de uma porcentagem de sua participação
no fundo (geralmente 2%), acrescida de uma porcentagem do ganho
dos fundos em cada ano (gerlamente 20%).
Por meio dessa fórmula, um fundo com grandes propriedades
e significativos ganhos pode acumular enormes somas de dinheiro.
Os investidores estão procurando investir cada vez mais
em ações, por causa do alto retorno alcançado.
Pelo fato desses fundos serem muito instáveis, é
impossível saber exatamente como se obtém esse retorno.
Um dos representantes do grupo de altos executivos é
James Simmons, gerente da Renaissance Technologies Corporation.
Em 2006, Simmons acumulou a surpreendente quantia de US$ 1,7 bilhão.
Foi o segundo ano consecutivo que ele esteve no topo da lista
dos investidores. A Renaissance possui um fundo chamado
Medallion, que acumulou US$ 6 bilhões e um retorno de 44%
no ano passado.
De acordo com a revista Alpha, o Medallion, que
é fechado para investidores externos, usa sofisticados
programas de computador para identificar anomalias nos preços,
comercializando todo o tipo de ações ordinárias
e mercadorias no mercado físico e no mercado futuro.
Em outras palavras, o fundo obtém seu dinheiro por meio
da compra e venda empregando complexos modelos matemáticos
para realizar apostas nos movimentos de diferentes ações.
Justificando os rendimentos de executivos como Simmons, Stephen
Broen, professor na Stern School of Business da Universidade
de New York, afirmou: você tinha estradas no século
XIX que levaram à abertura da indústria do aço
e, com isso, enormes fortunas eram produzidas. Agora nós
estamos vendo mudanças na tecnologia financeira, que provocam
o surgimento de novas fortunas e a criação de novas
dinastias.
Na realidade, além de seus salários, os novos
magnatas compartilham pouca coisa em comum com os barões
sanguessugas de antigamente. Enquanto aqueles criaram as indústrias,
os atuais fazem pouco mais que apostar em movimentos do mercado
ou lucrar com cortes nos custos de produção de algumas
empresas.
David Tepper é outro representante típico desse
pequeno grupo de investidores. Ele está em 9º lugar,
com somente US$ 670 milhões, como diretor da
Appaloosa. Se Simmons é uma espécie de árbitro,
Tepper é a encarnação moderna do atacante
limpando o mercado para as companhias comprarem empresas
que estão em processo de falência, liquidando-as
para realizar lucro. Tepper é a personificação
da crescente colaboração entre investidores e firmas
de ações, essas comumente atuando mais diretamente
na administração das corporações.
A revista Alpha escreve: a Appaloosa, uma firma
de ações nova-iorquina, e a compradora de ações
Cerberus Capital Management, estão liderando o grupo que
ofereceu US$ 3,4 milhões para salvar a gigante de autopeças
Delphi Corp. da bancarrota. Eles estão fazendo um jogo:
em fevereiro, os investidores prolongaram a data em que a Appaloosa,
a Cerberus ou a Delphi poderiam fechar o acordo, que exige que
a Delphi feche um acordo com sindicatos chave e consiga fechar
um contrato com sua ex-parceira General Motors.
Em outras palavars, a Appaloosa e a Cerberus estão pressionando
a Delphi e o sindicato UAW a assinarem um acordo que prevê
uma drástica redução nos custos trabalhistas.
A Cerberus é administrada por Stephen Feinberg e tem o
ex-ministro da economia de Bush, John Snow, como presidente. O
próprio Feinberg trabalhou para a Burnham Lambert durante
o período de estímulo das compras e financiamento
de títulos desvalorizados.
Na 10ª posição está Carl Icahn, cuja
renda foi de US$ 600 milhões no ano passado. Icahn é
um outro atacante de corporações, que compra ações
e pressiona as administrações a cortar custos, implementando
outras políticas que aumentam o valor das ações
(como programas de recompra de ações). Recentemente,
Icahn investiu em diversas grandes empresas, inclusive a TimeWarner
e a Lear Corporation, e é considerado um possível
investidor da Chrysler. Ele construiu seu nome como atacante de
empresas na década de 1980, quando comprou a Trans World
Airlines, iniciando uma campanha de cortes de custos na indústria
aeroviária, campanha essa que continua ainda hoje.
Entre os dez estão ainda Kenneth Griffen, do Citadel
Investment Group (US$ 1,4 bilhão); Edward Lampert, da ESL
Investments (US$ 1,3 bilhão); George Soros, do Soros Management
Fund (US$ 950 milhões); Steven Cohen, da SAC Capital Advisors
(US$ 900 milhões); Bruce Kovner, da Caxton Associates (US$
715 milhões); Paul Tudor Jones II ou Tudor Investments
(US$ 690 milhões); e Timothy Barakett da Atticus Capital
(US$ 675 milhão).
Soros e Kovner representam os dois pólos das instituições
políticas norte-americanas. Há muito tempo, Soros
é partidário dos democratas. Ele gastou milhões
em 2004 tentando impedir a eleição de Bush. Kovner,
do outro lado, é o presidente do grupo de credores do American
Enterprise Institute, o grupo de que está por trás
de várias estratégias políticas do governo
Bush.
Referindo-se a Soros, a revista Alpha observa que ele
é uma prova de que o dinheiro vence a política.
Ao invés de seu apoio aos democratas em 2004, no
ano passado ele comprou 1,9 milhão de ações
da companhia petrolífera Halliburton Co., sendo a KBR a
maior empreendedora militar no Iraque. O vice-presidente,
Dick Cheney, foi diretor da Halliburton. A revista observa também
que assim o senhor de 76 anos (Soros) manteve a sua opção
para a campanha presidencial de 2006 em suspenso, ainda que ele
tenha enviado uma contribuição pessoal de US$ 2.100,00
para o senador Barak Obama, de Illinois. Mas ele contou recentemente
ao Houston Chronicle que ele desempenhará um papel
menos ativo na próxima eleição.
O poder político dos investidores foi ressaltado num
artigo de Duff McDonald, publicado na revista New York
do mês de abril, intitulado A corrida dos investidores.
McDonald observa que os investidores iniciaram uma campanha para
impedir qualquer regulamentação que pudesse vir
a limitar a sua influência no governo.
Em janeiro passado, McDonald observou o seguinte: num
sinal do crescimento da atuação dos investidores
em outras esferas, o senador Chuck Schumer (presidente democrata
do comitê de finanças do senado) convidou cerca de
vinte investidores para o restaurante Bottega del Vino. Deveria
ter sido uma amigável conversa o recado de Schumer
era: vocês nos falam o que está acontecendo e ninguém
precisa se preocupar com interferências de reguladores.
Em meio aos convidados estavam vários grandes investidores,
incluindo Jones e Tepper.
Nos últimos anos, os investidores se beneficiaram de
um grande fluxo de dinheiro à procura de investimentos
lucrativos. Com as dificuldades relacionadas à produção,
os investidores se voltaram para a especulação financeira.
Apesar de isso oferecer altos retornos, oferece também
grandes riscos para os investidores, o que expressa a instabilidade
oculta nos mercados financeiros internacionais.