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Parem de destruir a Chrysler! Pelo controle dos trabalhadores e a propriedade pública da indústria automobilística!

Pelo Comitê Editorial
20 Marzo 2007

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Este artigo foi publicado no WSWS, originalmente em inglês, no dia 15 de março de 2007.

A destruição de 13.000 empregos da Chrysler nos EUA e Canadá e as ameaças de venda da companhia automobilística de 82 anos de idade são os últimos acontecimentos numa série de ataques aos empregos e padrões de vida dos trabalhadores nos EUA e internacionalmente.

Os fechamentos de fábricas e cortes de empregos em massa significam que milhares de trabalhadores e suas famílias perderão seus rendimentos, seus planos de saúde e os benefícios de aposentadoria. Assim que a Chrysler fechar suas portas e escolas, o Estado deixará de arrecadar milhões em impostos, o que acasionará a degradação dos serviços públicos. Cidades como Detroit, St. Louis, Newark, o estado inteiro de Delaware, Windsor, na província canadense de Ontario - que durante anos têm sido atingidas pela decadência industrial - serão as próximas a serem devastadas devido a dependência econômica da companhia.

Esta catástrofe social decorrente da destruição de aproximadamente 10.000 empregos norte-americanos no último ano na GM, Ford e na fornecedora de componentes Delphi, é um indício do estado caótico no qual se encontra todo o sistema capitalista. Ele não consegue prover as necessidades mais básicas da classe trabalhadora, cujo trabalho gera a riqueza da sociedade.

Os trabalhadores da Chrysler não são responsáveis pelas decisões que conduziram a esse desastre. Mesmo assim eles pagarão o custo ao perder suas casas e terem suas famílias destruídas, enquanto os chefes executivos e grandes investidores que levaram a companhia a bancarrota sairão dessa situação com milhões, senão bilhões de dólares.

A JP Morgan Chase está distribuindo um prospecto para potenciais compradores interessados em se apoderar dos ativos mais valiosos da Chrysler. Além das companhias automobilísticas dos EUA e de todo o mundo, entre os possíveis compradores incluem-se firmas de investimentos privadas - algumas dirigidas por ex-chefes da Chrysler - que acabarão com a cobertura de saúde e as pensões estabelecidas por lei e diminuirão os salários, antes de vendê-la por um preço enorme.

Que tipo de democracia é esta que deixa o destino de milhões de pessoas ser decidido por um punhado de chefes executivos e banqueiros que estão apenas interessados em aumentar o valor de seu patrimônio? A ampla massa do povo não tem absolutamente nenhuma voz em decisões que destroem suas vidas.

Os trabalhadores da Chrysler devem dizer “não” às demissões em massa e ao fechamento de fábricas, e rejeitar o plano da administração-sindicato de suavizar o caminho por meio de demissões voluntárias ilusórias. Os trabalhadores devem organizar uma luta unificada nos EUA e no Canadá a fim de interromper o desmantelamento da companhia e defender o direito a salários decentes e a um emprego estável.

Por comitês de trabalhadores que coordenem a luta

Devem ser criados comitês de trabalhadores mensalistas e temporários - independentemente das organizações marionetes da companhia, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Automobilística (UAW) e os sindicatos dos trabalhadores da indústria automobilística canadenses - para organizar greves, ocupações de fábricas, assembléias e demonstrações de massa como parte de uma campanha maior, que ganhe o apoio de todos os trabalhadores e jovens nas comunidades que estão sendo atingidos pelos fechamentos de fábricas e demissões e reúna a classe trabalhadora da América do Norte e de todo o mundo.

A única resposta à destruição da Chrysler é transformá-la - e toda a indústria automobilística - numa empresa pública, democraticamente controlada pelos trabalhadores e pela população trabalhadora como um todo.

Os trabalhadores da Chrysler têm um profundo conhecimento das operações da companhia. Com o apoio de engenheiros treinados e de outros profissionais de sua confiança, os operários podem conduzir a Chrysler de maneira muito mais eficiente do que os seus chefes. Os trabalhadores devem rejeitar o argumento de que a classe capitalista tem um “direito” sagrado de controlar os recursos financeiros e industriais da moderna sociedade de massas.

Os proprietários da Chrysler perderam qualquer direito de dirigir a companhia. Durante anos eles sacrificaram a saúde da companhia para maximizar os ganhos a curto-prazo dos altos executivos e grandes investidores. Eles minaram a viabilidade futura da companhia ao focarem a produção em veículos caros que geraram grandes lucros por unidade. Sem uma auditoria pública e completa, é impossível saber quanto dinheiro foi desperdiçado como resultado da incompetência, ganância e ignorância dos chefes. Isso não se aplica somente às indústrias automobilísticas, mas a todos os setores da economia, onde os executivos recompensam a si próprios com salários multi-milionários - uma forma de saque social defendido pela mídia como o preço necessário para atrair os “melhores e mais brilhantes!”

Pela democracia industrial e o controle dos trabalhadores

O primeiro passo para proteger os interesses da classe trabalhadora é instituir o controle democrático sobre todas as decisões que afetam o trabalho, a segurança, os salários, os contratos e a jornada. Essas decisões devem ser realizadas não por uma minoria rica, mas por comitês de trabalhadores do chão da fábrica, técnicos e outros especialistas comprometidos com os interesses da classe trabalhadora.

O estabelecimento de uma democracia industrial requer a abertura dos livros de todas as corporações para a inspeção realizada pelos trabalhadores, e a eleição dos representantes pelo voto democrático de todos os trabalhadores.

A indústria automobilística global demonstrou o caráter anárquico e irracional do sistema capitalista. Os vastos aumentos na produtividade do trabalho - alcançados por meio dos avanços na ciência e tecnologia como a robótica, a informática, a comunicação via satélite - e a integração global da produção automobilística deveriam garantir um bom padrão de vida aos milhões de trabalhadores que produzem automóveis.

Ao invés vez disso, esses avanços contribuíram para uma saturação nos mercados mundiais de automóveis, o que é agravado pelo fato de que a vasta maioria da população do mundo é muito pobre para adquirir um carro. Como forma de derrotar seus adversários e apropriar-se da maior fatia dos lucros, as gigantes automobilísticas globais buscaram baixar os custos do trabalho ao fechar fábricas, eliminar empregos, acelerar linhas de montagem e transferir a produção para regiões de baixos salários.

Um recente estudo feito por uma empresa de análises do ramo automobilístico, a Harbour-Felax, observou que benefícios de saúde e benefícios suplementares à desempregados, juntamente com “leis restritivas de salários, tempos de reparação em linhas de montagem, ausências não controladas e o pagamento de férias” estavam causando uma perda de US$ 2.400 nos lucros por cada veículo produzido, quando comparados às empresas japonesas que operam em fábricas que não estão ligadas aos sindicatos nos EUA.

A GM e a Ford deixaram claro que usarão a ameaça de fechar mais fábricas e de prosseguir com as demissões em massa para impor ataques sem precedentes nos próximos contratos, incluindo uma possível redução de 20% nos salários, cortes nos benefícios de saúde e de aposentadoria, e a eliminação de qualquer forma de assegurar os rendimentos dos trabalhadores desempregados.

Dezenas de milhares de antigos trabalhadores demitidos serão substituídas por jovens trabalhadores que serão pagos com salários mais baixos, totalmente desamparados de qualquer proteção no trabalho e ameaçados constantemente de demissão. Isso não se aplica somente aos trabalhadores da linha de montagem, mas também aos engenheiros, projetistas, administradores e outros trabalhadores de colarinho branco.

Há muito tempo as baixas margens de lucro têm feito com que a indústria automobilística norte-americana deixe de ser uma opção atrativa para os grandes investidores. É por isso que Wall Street está exigindo uma ampla reestruturação da indústria para colocá-la numa “grade de investimentos” com um nível de lucro de 10 a 15%, ou seja, algo em torno de quatro a seis vezes a lucratividade atual!

Romper com os democratas

A luta para defender empregos não é apenas uma batalha contra um empregador, mas é uma batalha política contra toda a elite econômica e política nos EUA.

O Partido Democrata, que pretende ser o partido do trabalhador, não emitiu sequer um protesto verbal contra o ataque aos trabalhadores da Chrysler. Nenhum dos pré-candidatos democratas às eleições de 2008 - Hillary Clinton, Barack Obama, John Edwards - propôs qualquer coisa para defender os empregos e o meio de vida dos trabalhadores e de suas famílias.

Jennifer Granholm, a governadora democrata do Michigan - onde residem 26.000 trabalhadores da Chrysler - lamentou a eliminação dos empregos, mas considerou-os como uma “necessidade do mercado”. Enquanto não fazem nada, os democratas repetem o chauvinismo reacionário da burocracia da UAW ao afirmarem que os trabalhadores das companhias asiáticas e européias estão “roubando empregos norte-americanos”.

Os trabalhadores devem rejeitar esse veneno nacionalista que pretende dividir e enfraquecer a classe trabalhadora e colocar os trabalhadores uns contra os outros. Em cada país, trabalhadores enfrentam um ataque realizado por corporações organizadas globalmente. Os trabalhadores devem responder organizando sua resistência em escala internacional numa base principista, que defenda os empregos e salários de todos os trabalhadores independentemente de sua nacionalidade.

Isto significa adotar uma política socialista que coloca os empregos e o padrão de vida dos trabalhadores em todo o mundo acima dos lucros e fortunas pessoais das elites financeiras, atacar a massiva concentração de riqueza ao substituir a propriedade privada dos meios de produção pela propriedade social, e acabar com a anarquia do mercado ao instituir a economia racionalmente planejada.

Uma batalha como essa requer um rompimento completo e irrevogável com o Partido Democrata e a construção de um partido socialista de massas.

A corrupção dos sindicatos

O presidente da UAW, Ron Gettelfinger - que participa do comitê supervisor da DaimlerChrysler - deixou claro que a UAW não fará nada para defender os empregos dos trabalhadores da indústria automobilística. O serviço do sindicato é o de facilitar a destruição de milhares de empregos. Isso é o que ele tem feito nas últimas três décadas em todas as Três Grande Irmãs automobilísticas norte-americanas.

A política de colaboração e co-administração da UAW surgiu quando a Chrysler enfrentou a bancarrota em 1979-80. O sindicato bloqueou qualquer luta contra as exigências de corte de salários da companhia e disse aos trabalhadores que essas medidas eram a única forma de restaurar a lucratividade da companhia e assegurar o seu futuro.

O chefe da Chrysler, Lee Iacocca, colocou o presidente da UAW, Douglas Fraser, no comitê dos diretores da companhia. Durante vários anos, Fraser ajudou a impor um total de US$ 1,1 bilhões em concessões - aproximadamente US$ 10.000 por trabalhador - e eliminar 65.000 empregos.

A alegação de que os trabalhadores podem salvar seus empregos através de concessões provou ser uma grande mentira. Os únicos que foram beneficiados com essa política são os executivos das corporações, os grandes investidores e os próprios burocratas da UAW.

No final desse ano restarão apenas 46.000 trabalhadores associados a UAW na Chrysler, menos da metade dos 110.000 existentes em 1979. No total, o número de trabalhadores sindicalizados empregados pelas fábricas das Três Grandes nos EUA diminuiu 76% desde 1979 - de 750.000 para 177.000.

A UAW está dizendo a seus membros para “esperarem sacrifícios” nas negociações dos contratos e sinalizou a realização de “acordos de operação moderna” locais, que cortam proteções aos empregos antigos, permitem que a administração substitua os associados da UAW por trabalhadores de fora com metade do salário, e recrutam “líderes de equipes” da UAW para impor a aceleração do trabalho e medidas disciplinares contra os trabalhadores.

Como retorno, a burocracia da UAW espera ser recompensada com futuras bonificações. O The Wall Street Journal noticiou recentemente que as companhias automobilísticas estão pensando em dar o controle de seus multi-bilionários fundos de pensão ao sindicato. Isto causará uma transferência massiva de riqueza à burocracia da UAW, que, em troca, se responsabilizaria pelo corte de benefícios de um milhão de aposentados e de seus dependentes.

Uma luta pela defesa dos empregos somente pode ser conduzida apenas se for independente financeiramente do sindicato pró-companhia UAW. Novas organizações de luta - genuinamente democráticas e voltadas aos interesses dos trabalhadores - devem ser construídas. Acima de tudo, os trabalhadores da indústria automobilística devem, conscientemente, organizar uma luta política pela construção de um partido independente e de massas da classe trabalhadora. Essa é á perspectiva do Partido da Igualdade Socialista.

Nós chamamos todos os trabalhadores da Chrysler e aqueles que apóiam sua luta para discutir essa perspectiva e contatar o comitê editorial do World Socialist Web Site.