Este artigo foi publicado no WSWS, originalmente em inglês,
no dia 11 de junho de 2007.
O Partido Socialista da Igualdade (SEP Socialist
Equality Party) e a Internacional dos Estudantes pela Igualdade
Social (ISSE International Students for Social Equality)
no Sri Lanka, distribuíram no dia 11/06 cópias da
seguinte declaração em inglês, tâmil
e sinhala nos campus das universidades em Colombo.
Dezenas de milhares de trabalhadores de Universidades do Sri
Lanka estão em greve contra as ações repressoras
tomadas pelo governo da Aliança dos Povos Unidos pela Liberdade
(UFPA United People Freedom Alliance) e pelas direções
das universidades. Eles reivindicam a revogação
do corte de pagamento dos salários dos grevistas e a reintegração
de trabalhadores suspensos da Universidade de Colombo.
Os trabalhadores das 15 universidades do país realizaram
uma paralisação no dia 4 de junho para lutar por
estas reivindicações. Milhares fizeram um piquete
na sede da Comissão Universitária (UGC University
Grant Commission) a autoridade administrativa encarregada
das universidades. Os trabalhadores da Universidade de Colombo
continuaram paralisados. As direções dos sindicatos
prometeram convocar uma greve por tempo indeterminado no dia 11
de junho, com o objetivo de conter o estado de ânimo dos
trabalhadores. No entanto, na última sexta-feira, os sindicatos
cancelaram todas as manifestações, inclusive na
Universidade de Colombo, prometendo conduzir a campanha em futuras
manifestações.
O Partido Socialista da Igualdade (SEP) chama a classe trabalhadora
para apoiar os trabalhadores das universidades, que estão
sendo vendidos pelos seus sindicatos. O que está em jogo
é a defesa dos direitos democráticos básicos,
incluindo o direito à greve, bem como o direito de manutenção
dos empregos, à educação pública e
à manutenção das condições
de vida. O ataque aos trabalhadores das universidades é
parte da tentativa do governo em fazer com que a classe trabalhadora
sustente o peso de sua guerra pública contra os Tigres
da Libertação do Tâmil Eelam (LTTE
Liberation Tigers of Tamil Eelam).
Os trabalhadores de todas as universidades da ilha iniciaram
uma greve por tempo indeterminado no dia 24 de abril para exigir
a reposição salarial prevista no orçamento
de 2006 e o pagamento das pensões em atraso. O Comitê
dos Sindicatos das Universidades (IUTUJC Inter University
Trade Union Joint Committee) acabou com a greve em 7 de maio,
ao aceitar uma oferta do governo de pagar apenas uma parte dos
salários atrasados.
Com o fim da greve, a UGC partiu imediatamente para a ofensiva,
insistindo para que os trabalhadores abrissem mão dos pagamentos
em lugar dos dias não trabalhados durante a greve. Quando
os trabalhadores da Universidade de Colombo organizaram uma passeata,
no dia 28 de maio, em protesto contra a falta de pagamento dos
dias parados e o atraso no pagamento dos seus salários,
nove ativistas sindicalizados foram suspensos. As autoridades
da universidade transferiram 8 trabalhadores do campus de Horama
Shri Pali e advertiram que o desconto dos salários seria
aplicado sempre que houvesse greve.
Os líderes dos sindicatos tentaram culpar os perversos
administradores das universidades por estas medidas punitivas,
mas é o governo da UPFA que é o principal responsável.
Tendo vencido as eleições por uma margem bastante
estreita em novembro de 2005, o presidente Mahinda Rajapakse tem
respondido às mobilizações contra a degradação
das condições de vida por meio do estímulo
do nacionalismo anti-Tâmil, com o objetivo de dividir a
classe trabalhadora, o que está conduzindo o país
a guerra civil. Em nome da segurança nacional,
seu governo está atacando os direitos democráticos
básicos e perseguindo todos aqueles que se opõem
a sua política traidora.
Numa reunião dos líderes sindicais realizada
em sua residência oficial no dia 25 de maio, Rajapakse falou
de maneira áspera que o governo não poderia sustentar
o reajuste dos salários do setor público por causa
da guerra contra a LTTE. Ele condenou os críticos do governo
que, segundo ele, estão fazendo um trabalho sujo
para Prabhakaran (líder da LTTE). Nenhum dos burocratas
dos sindicatos presentes desafiou o presidente, pois, de uma forma
ou de outra, eles apóiam a guerra pública do governo.
Os Trabalhadores Sinhala, Tâmil e Muçulmanos
estão sendo forçados a pagar o preço
deste conflito criminal e sem sentido. Centenas de pessoas foram
mortas, muitas desapareceram e dezenas de milhares
foram arrancadas de suas casas nos últimos 18 meses. O
governo aumentou os gastos com a guerra em aproximadamente 25%
em relação ao ano passado e propôs um aumento
de mais 45% neste ano. O orçamento militar previsto é
de 139 bilhões de rúpias (13 bilhões de dólares)
para 2007, o que representa 30,3% do total dos gastos do governo.
Para pagar sua guerra, Rajapakse fez cortes nos serviços
públicos, enquanto continuava a implementar a política
do FMI e do Banco Mundial por meio das privatizações
e reformas de mercado. A educação pública
em todos os níveis, incluindo a universidade, assim como
a saúde e os benefícios sociais, são os setores
mais penalizados. Os gastos com a guerra elevaram os índices
de inflação. Os preços cada vez maiores dos
itens básicos têm abocanhado uma parcela cada vez
maior dos salários.
Em resposta às greves e protestos, o governo tem constantemente
usado a força repressora, baseado no estado de emergência.
Em dezembro do ano passado, diante de uma greve de meio milhão
de trabalhadores agrícolas, Rajapakse impôs novamente
o cruel Ato de Prevenção contra o Terrorismo (PTA
Prevention Terrorism Act) passando a considerar
qualquer interrupção dos serviços
essenciais como atos terroristas. Trabalhadores portuários,
trabalhadores agrícolas e, mais recentemente, trabalhadores
das universidades, foram tratados como traidores.
Nenhum setor da classe trabalhadora pode conduzir uma greve
por salários, por melhores condições de trabalho
e por direitos democráticos se não lançar
um programa político contra a guerra, o governo que a conduz
e o sistema de lucro, que é o responsável por ela.
Uma perspectiva socialista independente de todos os setores da
elite dominante é condição essencial para
mobilizar os trabalhadores na defesa dos seus interesses mais
essenciais. Os líderes sindicais são totalmente
incapazes de dirigir tal luta.
A aliança dos sindicatos das universidades é
o mesmo caso. O IUTUJC (o comitê dos sindicatos) pertence
ao Fórum de União dos Empregados do Sri Lanka pela
Liberdade (SLFEJF Sri Lanka Freedom Employees Joint
Forum), filiado ao partido de Rajapakse, o Partido da Liberdade
do Sri Lanka (SLFP Sri Lanka Freedom Party); o Sindicato
de Servidores Universitários (IUSTU- Inter University
Services Trade Union), controlado pelo organismo pró-guerra
Janatha Vimukthi Peramuna (JVP), e inúmeros sindicatos
ditos independentes, são completamente contra
qualquer instância organizativa independente.
Desde o início, o IUTUJC se limitou a fazer um apelo
vil às autoridades das universidades, à UGC e ao
governo de Rajapakse. Ao acabar com a greve em 7 de maio, o co-secretário
do IUTUJC, H.P. Ariyapala, declarou que os sindicatos não
tinham outra alternativa, levando em consideração
as dificuldades financeiras do governo. Na última
sexta-feira, os líderes do IUTUJC deram a mesma desculpa
quando defenderam o fim da greve, devido à situação
existente no país. A situação
existente não significa nada diante da guerra racial
estabelecida por Rajapakse.
A retórica pseudo-militante do IUTUJC, assim como de
outros sindicatos filiados ao JVP, é baseada em mentiras.
Por um lado, os líderes do IUTUJC adotam uma postura demagógica
de defensores dos trabalhadores, reivindicando que Rajapakse reajuste
os salários. Por outro lado o JVP, o grupo mais engajado
na destruição da LTTE, reivindica que Rajapakse
corrija a direção e intensifique o conflito,
e que os trabalhadores se sacrifiquem e considerem a pátria
mãe acima de tudo. Por trás dos bastidores,
os líderes da Federação estudantil das Universidades
(IUSF Inter University Student Federation) controlada
pelo JVP, têm pressionado o IUTUJC para chamar o fim das
manifestações, também baseados no argumento
de que a situação existente não
era boa. O grito de guerra dos trabalhadores em todas as greves
e protestos deve ser: nenhum homem, nenhum centavo para a guerra
fratricida! Os trabalhadores, sejam eles Tâmis, Sinhala
ou Muçulmanos, compartilham dos mesmos interesses, necessidades
e aspirações de classe, como se têm verificado
nas recentes greves, quando os trabalhadores das universidades
de toda a ilha se uniram. O ponto de partida para uma greve unificada
da classe trabalhadora é a rejeição de qualquer
forma de nacionalismo e de fidelidade às pequenas comunidades
tanto o chauvinismo Sinhala da política de Colombo
quanto o sectarismo Tâmil da LTTE.
As necessidades da classe trabalhadora que é
a ampla maioria da população devem prevalecer
sobre as demandas da elite corporativa, que almeja grandes lucros.
O Partido Socialista da Igualdade (SEP) exige o reajuste dos salários
para garantir um padrão de vida decente, que acompanhe
o aumento do custo de vida. Os setores da educação
pública, da saúde, do transporte e da habitação,
devem receber investimentos a fim de garantir serviços
de alta qualidade e acessíveis a todos. O SEP repudia as
leis anti-democráticas, como a proibição
de greve nos serviços essenciais, que significa uma arbitrariedade
do PTA sobre o direito à greve.
A única forma para acabar com a guerra que já
dura 24 anos é através de uma greve política
feita pelos trabalhadores contra o governo e os partidos responsáveis
pela sua continuidade o líder SLFP, a oposição
UNP e todos os seus apoiadores. A classe trabalhadora não
pode depositar qualquer esperança no chamado processo de
paz internacional. Todos os seus principais responsáveis,
incluindo os EUA, a União Européia e o Japão,
participam das ocupações neo-coloniais do Iraque
e do Afeganistão. Enquanto se dizem defensores da paz no
Sri Lanka, estes governos têm sustentado as operações
militares agressivas de Rajapakse.
Os trabalhadores devem avançar em sua própria
estratégia para acabar com a guerra. A primeira reivindicação
deve ser o imediato e incondicional fim da ocupação
militar do norte e do Leste e pela retirada de todas as forças
de segurança dessas áreas. Contra o governo de Rajapakse,
que representa os interesses da elite rica do país, o SEP
defende a formação de um governo operário
e camponês que implemente um programa de políticas
socialistas. A greve por uma República Socialista do Sri
Lanka e Eelam deve fazer parte de uma greve mais ampla da classe
trabalhadora por uma União das Repúblicas Socialistas
do Sul da Ásia e internacionalmente.
Para lutar por essa perspectiva internacionalista e socialista
é necessário construir um novo partido de massas
da classe trabalhadora. Nós chamamos todos aqueles que
concordam com essa proposta para fazer um sério estudo
do nosso programa político, para ler regularmente o WSWS
(World Socialist Web Site) e para juntarem-se a nós
e construir o SEP, a seção do Sri Lanka do Comitê
Internacional da IV Internacional.