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Declaração da Internacional Estudantil pela Igualdade Social aos estudantes da Universidade de São Paulo

15 de junio de 2007

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A Internacional Estudantil pela Igualdade Social (International Students for Social Equality - ISSE) envia sua fraterna saudação revolucionária e expressa toda a solidariedade e apoio aos estudantes, trabalhadores e professores, que entram agora no segundo mês de luta contra os reacionários e autoritários decretos do governador do Estado José Serra, apoiado pelo governo Lula e pelo capital internacional.

A greve e a ocupação na USP, que desencadeou movimentos similares em outras universidades do Estado de São Paulo e de todo o Brasil, fazem parte de uma luta internacional. Inúmeros governos têm introduzido contra-reformas no sentido de subordinar a educação de nível superior aos interesses das empresas transnacionais e dos bancos, que visam apenas o lucro, e transformar as faculdades e universidades em propriedade privada de uma pequena elite.

A educação, um direito democrático básico, está sendo atacada em todo o mundo. Ela pode ser defendida somente por meio de uma orientação e um programa políticos fundamentalmente novos, que enfrentem os fundamentos da atual ordem social, que subordina todos os aspectos da vida — incluindo a educação — aos ditames do mercado capitalista.

A presente crise com a qual se defrontam os trabalhadores, estudantes e toda a juventude do Brasil e de todo o mundo é o resultado direto de décadas de traições realizadas por lideranças reformistas-nacionalistas de movimentos dos trabalhadores de cada país. Essas lideranças incluem os partidos comunistas e socialistas, além dos burocratas dos sindicatos e todos os seus aliados políticos que dirigem diversos movimentos sociais — muitos dos quais apresentavam inicialmente a perspectiva de pressionar os governos existentes a mudar as suas políticas ou a girar à esquerda.

De movimentos que pressionavam seus respectivos governos por limitadas reformas, esses partidos e organizações têm se transformado em agentes que implementam contra-reformas exigidas pelo capital internacional ou em organizações totalmente insignificantes.

No Brasil, a trajetória política do Partido dos Trabalhadores (PT) está entre os maiores exemplos dessa tendência política que tem se generalizado mundialmente, onde o presidente Lula implementa sucessivos cortes nos gastos sociais, seguindo as exigências do Fundo Monetário Internacional e a aprofundando o grande abismo entre ricos e pobres a um nível sem precedentes históricos.

É uma ironia da história — embora seja algo que deve servir como lição — que José Serra, que lidera o ataque às universidades, tenha iniciado a sua carreira política como um militante do movimento estudantil, sendo o presidente da União Nacional dos Estudantes antes de ser forçado pela ditadura militar a se exilar.

O atual movimento de greve na USP é a prova da profunda oposição dos estudantes, assim como de amplos setores dos trabalhadores brasileiros, às políticas de direita tanto do governo estadual de José Serra, do PSDB, quanto do governo nacional de Lula, do PT. Mas os ataques generalizados aos direitos sociais e democráticos básicos, causados pela crise do sistema capitalista, não serão superados somente por meio de manifestações estudantis, independentemente do grau de militância e determinação dos estudantes. Apelos e ameaças à elite não serão capazes de reverter a histórica ofensiva do grande capital contra a educação, o emprego, os salários e os direitos democráticos básicos dos trabalhadores. No máximo, tais manifestações poderão forçar o governo a recuar temporariamente, como, por exemplo, forçar Serra a anular os decretos que atacam a autonomia universitária, enquanto ele prepara, ao mesmo tempo, outros ataques à classe trabalhadora.

É impossível manter as instituições fundamentais de uma sociedade democrática, incluindo a educação pública, diante do absurdo nível de desigualdade social existente no Brasil e em todo o mundo, e diante do fato de que todas as forças produtivas da sociedade estão subordinadas ao aumento do lucro e da obscena riqueza da minúscula parcela que corresponde a 1% das pessoas mais ricas da população.

A Internacional Estudantil pela Igualdade Social foi criada recentemente para conduzir uma luta política numa perspectiva socialista e internacionalista entre os estudantes de todo o mundo, uma luta contra a violência militar, contra a desigualdade social e aos ataques aos direitos democráticos.

Apesar da ISSE ser uma organização estudantil, o seu objetivo não é somente construir um movimento de estudantes. Ela luta para que os estudantes se dirijam à classe trabalhadora como um todo — a vasta maioria da população mundial e a única força social cujos interesses se opõem de maneira irreconciliável ao sistema de lucros e ao imperialismo — na luta pelo renascimento de um movimento socialista internacional.

Nós somos a Internacional Estudantil pela Igualdade Social porque, dadas as condições de organização mundial do capitalismo, nenhum dos problemas fundamentais enfrentados pelos estudantes e trabalhadores pode ser resolvido à escala nacional, seja no Brasil, na Europa, nos Estados Unidos, na Ásia ou em qualquer outro lugar. As lutas dos trabalhadores em cada país devem ser coordenadas e unificadas para além das fronteiras nacionais.

A construção de tal movimento requer a compreensão das lições históricas da luta da classe trabalhadora, incluindo as traições às lutas revolucionárias realizadas pelo stalinismo, pela social democracia, pelas burocracias sindicais corruptas e pelos nacionalistas burgueses demagogos.

A ISSE se inspira politicamente nas grandes tradições políticas e intelectuais libertárias associadas às figuras de Marx, Lênin, Rosa Luxemburgo e Trotsky, cuja continuidade e desenvolvimento são garantidos atualmente pelo Comitê Internacional da Quarta Internacional.

Nós conclamamos os estudantes brasileiros a participarem dessa luta internacional, a lerem o World Socialist Web Site (wsws.org) - a publicação socialista mais lida na internet - e construírem a Internacional Estudantil pela Igualdade Social.