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EUA: Dell, Motorola e IBM anunciam novas demissões

Por Kate Randall
9 de junio de 2007

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Novas demissões foram anunciadas no setor tecnológico dos EUA no final da última semana de maio, conseqüência da competição feroz que levanta sombrias perspectivas para as companhias cujo preço das ações está caindo. A Dell Inc. liderou as demissões, anunciando que eliminará 8.000 empregos ao longo do próximo ano. Estes novos cortes na fabricante de computadores representam uma redução de 10% dos seus 81.000 trabalhadores e fazem parte de um plano mais amplo para cortar custos.

O fundador da companhia, Michael Dell, realizou uma grande mudança em seus postos executivos desde que retomou a liderança da Dell, em janeiro. A companhia sediada no Texas continua a luta para reconquistar o mercado de ações perdido para a Hewlett-Packard (HP), que assumiu o topo dos negócios mundiais no ano passado. A HP manteve a liderança em relação à Dell no primeiro trimestre, com 4% a mais de negócios realizados.

O lucro da Dell no primeiro trimestre foi de US$ 759 milhões, ou 34% por ação, na venda de US$ 13,95 bilhões, o que superou a previsão dos analistas, que era de 26% por ação, mas representou apenas um pequeno acréscimo em relação aos 33% por ação do mesmo período do ano passado. Em seu informe, a Dell disse que estava revendo os custos de toda a companhia e que demissões poderão ser realizadas em diferentes regiões e segmentos para "refletir as oscilações dos negócios, assim como as questões legais de cada local".

Em maio, a Dell abandonou o seu antigo modelo de negócios baseado em vendas diretas ao consumidor, anunciando que deve começar a vender os computadores por meio da gigante Wal-Mart a partir de 10 de junho.

A Motorola, a segunda maior produtora de aparelhos de telefonia móvel do mundo, anunciou na quinta-feira (31/05) que cortará 4.000 empregos esse ano, somando um total de cortes em 2007 de mais que 11% de seus trabalhadores. Os novos cortes se somam às 3.500 demissões que a companhia já havia planejado realizar até 30 de junho.

A Motorola tem perdido mercado para a sua rival Nokia, a líder do mercado, por causa da competição de preços e a inexistência de modelos de telefones mais avançados. A Schaumburg, companhia sediada em Illinois, que empregava 66.000 trabalhadores no final de 2006, anunciou prováveis medidas relacionadas a cortes de custo em junho.

Executivos da Motorola, que produz também equipamentos de redes de computador e receptores de televisão, afirmaram nos últimos meses que poderiam transferir a prioridade dos negócios em telefonia para aumentar a lucratividade a qualquer custo. A companhia espera conseguir economizar US$ 600 milhões em gastos anuais no ano de 2008 demitindo os 4.000 trabalhadores e US$ 400 milhões em conseqüência das 3.500 demissões já anunciadas em janeiro.

A International Business Machines Corp. (IBM), a maior companhia do setor da informática, anunciou 1.570 demissões na quarta-feira (30/05). A maioria dos cortes será feita nas unidades de serviços de tecnologia, onde os lucros caíram 19% no último trimestre. A maioria dos cortes de emprego ocorrerá na América do Norte e equivalem a cerca de 1,2% dos 128.000 trabalhadores da IBM nos EUA.

A IBM, sediada em Armonk (Nova York), emprega cerca de 355.800 trabalhadores em todo o mundo, alcançando US$ 22 milhões em vendas no último trimestre. O diretor executivo, Sam Palmisano, afirmou que a companhia estava transferindo a prioridade que até agora era direcionada aos serviços de informática para a área de softwares, na tentativa de impulsionar os lucros, estimando que cerca de metade de seus lucros até 2010 se origine da venda de softwares.

No início de maio, a companhia cortou cerca de 1.300 empregos em sua unidade mundial de serviços. Um porta-voz da companhia negou-se a afirmar se há possibilidade de futuras demissões.

Estes cortes no setor de tecnologia ocorrem num cenário de baixíssimo crescimento econômico no primeiro semestre de 2007, período no qual a construção civil apresentou uma queda repentina e o espaço para o lançamento de um novo produto no mercado diminuiu profundamente. O produto interno bruto norte-americano cresceu somente 0,6% nos três primeiros meses desse ano, o menor crescimento desde 2002.

Na sexta-feira (01) o ministério do trabalho dos EUA anunciou um aumento líquido de 157.000 na folha de pagamentos da indústria não agropecuária, depois de ter crescido 80.000 em abril e 175.000 em março. A taxa de desemprego oficial — que não leva em conta aqueles que desistiram de procurar emprego — permaneceu em 4,5%.

Todavia, enquanto o setor de serviços apresentou um ganho total de 176.000, 19.000 empregos foram cortados no setor produtivo. Os cortes de emprego continuam a atacar duramente na região industrial do meio-oeste, onde a maioria das grandes indústrias automobilísticas e de autopeças está realizando profundos cortes, que estão tendo um impacto devastador nas famílias de trabalhadores. No ano passado, o estado de Michigan perdeu 53.000 empregos, devendo perder outros 43.000 este ano.

Outro indício da precária situação da economia do estado é a queda do rendimento dos trabalhadores americanos, que pela primeira vez nos últimos dois anos ocorre no mês de abril, a uma taxa de 0,1% em relação ao mês anterior. Pela 22ª semana seguida, a poupança pessoal disponível também ficou negativa em abril (-1,3%).

Índices relacionados à venda de casas continuam piorando. As vendas das casas usadas, que corresponde a cerca de 85% das vendas de residências, caiu 2,6%, o que representa o mais baixo nível dos últimos quatro anos, de acordo com o grupo Realtors. O valor das casas também caiu cerca de 1,4% em todo o país em relação ao primeiro trimestre de 2006 - a primeira queda desde 1991.

Um grande fator que aumenta a oferta de casas no mercado é o atraso no pagamento das prestações dos financiamentos, o que causou 437.500 despejos no primeiro trimestre de 2007 nos EUA, representando um aumento de 35% em comparação ao mesmo período do ano passado. Com o acréscimo da inadimplência, os bancos estão aumentando as exigências para a liberação de financiamentos, o que dificulta a compra de casas.

A construção de novas residências é ainda baixa. A Associação Nacional de Construtoras Residenciais estima que somente em 2011 o setor voltará a apresentar os mesmos níveis do ano passado. Com a queda nas vendas, as construtoras estão cortando empregos. A Pulte Homes Inc., sediada em Bloomfield Hills (Michigan), terceira maior construtora do país, planeja demitir mais 16% de seus trabalhadores, além dos 25% que já foram cortados desde o início da queda das vendas de residências.