Lutas dos trabalhadores no chile27 Janeiro 2007Utilice esta versión para imprimir | Enviar por e-mail | Comunicar-se com o autor Desde o dia 02 de janeiro, 465 trabalhadores da empresa Cerámicas Cordillera estão em greve. De acordo com as informações concedidas pelo sindicato dos trabalhadores no dia 11 de janeiro, a paralisação era de 100%. A greve começou devido à demissão de 148 trabalhadores ocorrida 45 dias antes da apresentação da proposta para a assinatura do Contrato Coletivo. Depois de algumas manifestações, foi aberta uma mesa de negociações onde a empresa propôs a demissão dos trabalhadores e sua recontratação por um salário 50% mais baixo. O sindicato aceitou a proposta, mas se recusa a aceitar a condição imposta pela empresa de que o custo das readmissões deverá ser pago por todos os trabalhadores da empresa, retirando-se a meia hora de lanche a que eles têm direito. Não aceitam também mudanças no contrato coletivo. Os trabalhadores denunciaram abusos dos patrões, como os baixos salários, a extensão da jornada de trabalho e o não reconhecimento de doenças decorrentes do trabalho. A direção da fábrica afirmou que acabaria com o sindicato. Diante do impasse, os trabalhadores têm realizado manifestações e barricadas na frente da fábrica, mas foram brutalmente reprimidos pela polícia chilena, os carabineros, que prenderam 17 trabalhadores. O sindicato denuncia ainda a proteção prestada pela polícia à empresa, que permanece no local protegendo a empresa com seu aparato repressivo contra os grevistas: 2 ônibus com policiais das forças especiais, 2 carros lança água e 6 rádio patrulhas. Trabalhadores da Universidad Mayor de Temuco e Santiago, no Chile, estão em greve desde o dia 16 de janeiro. Os trabalhadores exigem 10% de reajuste salarial, pagamentos de bônus extras, considerando o lucro devido às taxas cobradas pela universidade e ao aumento do número de matrículas. A direção da Universidad Mayor é composta por ex- ministros e representantes da ditadura Pinochet. Hernán Felipe Errázuriz, além de ministro das Minas de Pinochet foi Presidente do Banco Central do Chile entre 1983-1984. Durante o seu ministério promulgou-se as leis que entregaram grande parte do cobre chileno às empresas privadas. O atual vice-reitor da universidade, René Salame Martin, foi Ministro da Educação entre 1989-1990 e um dos grandes responsáveis no processo de privatização da educação chilena. Outro integrante da direção da universidade, Ricardo Garça Rodriguez, trabalhou no Ministério do Interior em fevereiro de 1985, sendo responsável pela decretação de estado de sítio em resposta ao atentado contra o ditador Augusto Pinochet. Alfonso Marques Plata, ex diretor da Universidade, foi Ministro da Agricultura e Ministro do Trabalho durante o governo militar. A direção da Universidad Mayor se nega a conceder qualquer melhoria nas condições salariais e econômicas de seus trabalhadores e ameaçou demitir aqueles que entrassem em greve. Apesar disso, desde o dia 16 de janeiro de 2007, 98 trabalhadores da universidade em Santiago e Temuco aderiram à greve convocada pelo sindicato e recebem apoio de outros trabalhadores, que denunciam suas precárias condições de trabalho e a inexistência de direitos trabalhistas e sindicais. O sindicato que representa os trabalhadores somente foi organizado em setembro de 2006, 8 anos após a abertura da universidade. No último dia 10 de janeiro, um grupo de aproximadamente 20 pessoas, dentre as quais se encontravam membros de organizações populares, do Conselho de vizinhos da favela Villa Sur e responsáveis de alunos, realizaram uma manifestação na frente da prefeitura de Pedro de Aguirre Cerda (situada na periferia de Santiago, capital chilena), exigindo uma reunião com o Ministério da Educação e o prefeito a fim de discutir o fechamento da Escola Municipal Poeta Gonzalo Rojas. Os manifestantes conseguiram marcar uma reunião com o Ministério da Educação para o dia 16 de janeiro. Segundo os manifestantes, o Departamento de Educação aprovou, ainda em 2006, o fechamento de 4 escolas. O governo justifica o fechamento das escolas alegando a falta de recursos. Em outros lugares do Chile, como Talagan, Población Bélgica de la Granja e Concepción, várias escolas já foram fechadas. Os responsáveis pelas crianças - chamados de apoderados - afirmam não aceitar o fechamento de nenhuma escola. Até agora, metade das crianças ainda não foi matriculada em outras escolas, pois não querem ou não podem mudar de escola, porque as outras escolas ficam distantes de suas casas, e as famílias não têm condições de pagar as peruas escolares. Além disso, essas escolas localizam-se depois de uma linha de trem, cuja travessia é perigosa. Na segunda-feira, segundo depoimento dos manifestantes, um menino morreu atropelado por um trem. Como trabalham o dia inteiro, os familiares alegam que não podem acompanhar seus filhos. De acordo com os manifestantes, o sindicato dos professores de Santiago tem atuado na luta contra o fechamento de escolas. O sindicato abriu um processo na Justiça alegando que o fechamento da escola é ilegal. |