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Austrália: a alternativa socialista nas eleições do Nova Gales do Sul

Apoiar a campanha do SEP

27 Fevereiro 2007

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Este artigo foi publicado no WSWS, originalmente em inglês, no dia 10 de fevereiro de 2007.

O Socialist Equality Party (SEP) convoca todos os trabalhadores, estudantes e jovens a apoiar e participar de nossa campanha para as eleições do Novo Gales do Sul (NSW - distrito australiano), que serão realizadas no dia 24 de março de 2007. O SEP está lançando candidatos que representem uma voz de independência política da classe trabalhadora e o avanço de um programa socialista internacionalista, necessário à luta contra a violência militarista, a desigualdade social e o aprofundamento dos ataques aos direitos democráticos.

O SEP está lançando um grupo de candidatos liderados pelo secretário nacional e membro do comitê editorial do World Socialist Web Site, Nick Beams, um líder do movimento socialista australiano e mundial há mais de três décadas. Juntamente com Terry Cook, Beams encabeçará a chapa do SEP para o conselho legislativo. Na assembléia legislativa, os candidatos do partido são: James Cogan para Heffron, ao leste; Patrick O’Connor para Marrickville, a oeste; e Noel Holt para NewCastle.

Esta eleição está sendo realizada em meio a um aprofundamento do banho de sangue no Iraque, com o governo Bush despachando cerca de 20.000 homens adicionais ao país que já está em ruínas. Ao mesmo tempo, a quadrilha da Casa Branca está avançando com uma campanha de propaganda de confusões e mentiras, da mesma forma como foi feito em 2003, na época da invasão do Iraque, para preparar uma guerra ainda mais mortífera contra o Irã, com a possibilidade do uso de armas nucleares pela primeira vez desde a destruição de Hiroshima e Nagasaki em 1945.

O SEP insiste que o desenvolvimento do militarismo americano no Iraque e numa região mais ampla é a questão política de maior destaque a ser enfrentada pela população trabalhadora da Austrália e do mundo. A humanidade está testemunhando um rompimento na ordem mundial comparável ao da década de 1930, e enfrentando a ameaça de uma catástrofe mundial numa escala que ultrapassa aquela que abateu a população de todo o globo com a II Guerra Mundial.

Esse é o motivo pelo qual estamos colocando como eixo de nossa campanha eleitoral para NSW a luta contra o militarismo e a guerra. O SEP se opõe às guerras ilegítimas no Afeganistão e no Iraque e aos planos de Bush em ampliar os conflitos, arrastando o Irã, a Síria e ainda outros possíveis alvos. Da mesma forma, nos opomos à participação do governo Howard na guerra dirigida pelos EUA, assim como suas agressivas intervenções neo-coloniais no Pacífico Sul, que são caracterizadas pela imprudência e pelo desdém à legislação internacional. Nós rejeitamos completamente a afirmação amplamente divulgada pela mídia e pelas instituições políticas oficiais—incluindo os partidos Trabalhista (Labor), Verde (Greens) e Democrata (Democrats)—de que os soldados e a polícia estejam comprometidos num trabalho “humanitário”. Eles foram enviados para assegurar a dominação australiana sobre a elite local, criando a sua própria “esfera de influência” especial.

O programa do SEP é o único que caminha na direção dos interesses da classe trabalhadora. Onde quer que o SEP procure esclarecer e encorajar as discussões mais amplas sobre as mais vitais questões enfrentadas pelas pessoas comuns, as instituições políticas oficiais trabalham no sentido de sufocar o debate, restringindo-o aos mais limitados e estreitos parâmetros. No decurso da campanha eleitoral, eles irão, em colaboração com os órgãos de imprensa completamente coniventes, tentar impedir qualquer menção à guerra do Iraque, aos preparativos contra o Irã e ao crescimento do militarismo australiano, num mar de discursos vazios, campanhas reivindicando a “lei e a ordem”, mergulhando na lama e apelando ao grande capital.

A distorção das informações e a inexistência de debates genuínos acabam descaracterizando a próprio processo eleitoral. Em 1999, o parlamento de NSW aprovou leis eleitorais profundamente anti-democráticas, com o apoio de todos os partidos no parlamento —Trabalhista, Liberal, Democrata e Verde. Essas leis foram elaboradas com a nítida intenção de bloquear qualquer mudança real no sistema bipartidário e de impedir que opiniões políticas divergentes fossem veiculadas publicamente durante as campanhas eleitorais. Agora, para conseguir o “privilégio” de ter a filiação partidária impressa nas cédulas, os partidos sem representação parlamentar são obrigados a enviar formulários de adesão assinados por 750 pessoas de NSW, com doze meses de antecedência. Esse é o motivo pelo qual os candidatos do SEP aparecerão nas cédulas sem ter ao lado do seu nome a identificação do partido pelo qual concorrem.

Um novo movimento político da classe trabalhadora—baseado numa perspectiva independente, internacionalista, e contrário à guerra—precisa ser desenvolvido urgentemente. A população se opõe abertamente à guerra. De acordo com uma recente pesquisa da BBC, 78% dos australianos desaprovam a condução americana na guerra do Iraque, da mesma forma como se pôde ver em outras pesquisas do mundo inteiro. Em fevereiro de 2003, centenas de milhares de australianos se juntaram a milhões de pessoas em todo o mundo para protestar contra a eminente invasão. Com a violência no Iraque, aumentou também a hostilidade aos EUA.

Entretanto, a retomada do movimento anti-guerra em escala mundial só pode se desenvolver a partir de numa avaliação crítica das experiências de 2003. A perspectiva que dominou o movimento foi a de que a invasão poderia ser barrada por meio da pressão aos governos capitalistas, dos partidos de oposição aliados, ou apelando à ONU, à França e à Alemanha. Mas isso foi um equívoco completo. Somente por meio da mobilização organizada de forma independente, e em oposição a todos os partidos e instituições que defendem a ordem capitalista, e pela construção de um novo movimento socialista internacional, a classe trabalhadora australiana e de todo o mundo pode impedir o aprofundamento de numa nova era de terror e barbárie imperialista.

O papel do governo do Nova Gales do Sul

A participação de Canberra na guerra do Iraque e seus devastadores ataques aos direitos democráticos em NSW não poderiam ter sido efetivados sem a total cooperação do governo do Partido Trabalhista. Ele adotou completamente a falsificação da “guerra ao terror”—o pretexto oficial para a sangrenta ocupação do Iraque—e se aliou ao governo Howard na implementação de mais de 40 leis “anti-terror”.

Desde que foi eleito em 1995 em NSW, o governo do PT (Labor Party) abriu o caminho da histeria anti-imigrante com campanhas racistas contra árabes, muçulmanos e outros jovens imigrantes. Formou esquadrões “étnicos” especiais da polícia que estabeleceram como alvos comunidades específicas e, ao mesmo tempo, aproveitaram toda e qualquer oportunidade para difamar os jovens trabalhadores. Todas as campanhas eleitorais—1995, 1999, 2003 e agora em 2007 - foram dominadas por propostas reacionárias de “lei e ordem”. Os números de policiais aumentaram constantemente, e houve um crescimento exponencial da população carcerária.

Com a demissão de Bob Carr em agosto de 2005, o premier Morris Iemma manteve sua orientação de direita. Iemma deu todo o apoio à campanha dos “valores australianos” de Howard, que pretende criar a atmosfera para o militarismo cultivando o nacional chauvinismo e o sentimento anti-muçulmano. A lógica política de tais campanhas foi demonstrada pelas terríveis revoltas que ocorreram na praia de Cronulla, em dezembro de 2005.

A campanha de Iemma, que promete proteger os trabalhadores de NSW da legislação industrial federal (WorkChoices), é uma mentira descarada que tem o objetivo de encobrir as intenções reais do governo do PT. Nos últimos doze anos, o Partido Trabalhista de NSW enfatizou seu compromisso em reduzir os impostos e aumentar os lucros das grandes empresas e dos ultra-ricos, enquanto a educação, a saúde, e outros setores sociais que precisam desesperadamente de financiamento ficam na miséria.

O Novo Gales do Sul é o estado australiano mais polarizado socialmente. Sydney Central é a sede de muitos dos multimilionários do país, e a imagem internacional da cidade—incansavelmente promovida pela imprensa e pelo turismo oficiais—reflete o modo de vida deste pequeno estrato social. A maioria das 3,5 milhões de pessoas vive sob enorme pressão econômica, enfrentando um custo de vida cada vez mais alto, a estagnação do crescimento econômico e o desmoronamento da infra-estrutura social. As pessoas na área rural de NSW estão sofrendo uma crise econômica prolongada, em decorrência de uma severa seca.

A única resposta do governo à crescente pobreza e desigualdade social é a repressão estatal e a violência policial. Em fevereiro de 2004, a polícia entrou em confronto com a juventude aborígine no subúrbio de Redfern, que se manifestavam contra a morte de T.J. Hickey, de 17 anos, assassinado durante uma busca policial na área. Em fevereiro de 2005, a morte de outros dois jovens numa perseguição policial desencadeou quatro dias de violência no empobrecido subúrbio de Macquarie Fields, a oeste. Todas as manifestações sociais são recebidas com a mesma resposta—violentas operações policiais, acompanhadas da negação por parte do governo de que os conflitos tenham algum fundamento social e que a nova legislação garante à polícia ainda mais poderes.

Todos os aspectos da vida foram subordinados à acumulação privada das riquezas e ao lucro de uma minúscula minoria. A infra-estrutura de Sydney está em crise: não há manutenção dos sistemas de água e luz, as rodovias estão deterioradas, o transporte público está sempre superlotado, os hospitais e as escolas estão sem equipamento adequado, os recursos para a moradia têm sofrido uma diminuição crônica.

Nem o governo do Partido Trabalhista nem a oposição dos liberais oferecem qualquer solução para a crise. Ambos os partidos do grande capital pretendem realizar futuramente privatizações e medidas reguladoras, incluindo as tão conhecidas Parcerias Público-Privadas, que permitem às companhias colher generosos lucros pela gestão de grandes rodovias, escolas, hospitais e infra-estruturas hidráulicas. A fraterna relação entre as grandes empresas e o governo foi demonstrada quando o premier Carr saiu do parlamento e aceitou imediatamente uma oferta de $500.000 anuais para se tornar “conselheiro” do Banco Macquarie, um dos principais beneficiários dos esquemas de Parceria Público-Privados.

Um programa internacional contra o imperialismo e a guerra

Nenhum dos problemas enfrentados pelas pessoas comuns de NSW—o avanço do militarismo, a degeneração das condições de trabalho e vida, o crescimento da insegurança, a deterioração dos serviços públicos e a retirada dos direitos democráticos—pode ser resolvido no âmbito do estado ou sobre a base nacional. Os trabalhadores ao redor do mundo necessitam de uma estratégia comum com o objetivo fundamental da reorganização da sociedade, de forma que as necessidades da maioria sejam prioridades sobre o direito de propriedade de alguns poucos.

O SEP e seus partidos irmãos nos EUA, na Europa e na Ásia defendem a unidade internacional da classe trabalhadora contra todas as formas de nacionalismo, racismo e chauvinismo étnico ou religioso. Contra os controversos e reacionários “valores australianos” promovidos por Howard e Iemma, nos posicionamos na defesa dos valores universais que preservam os direitos e interesses da humanidade como um todo.

A base objetiva para uma economia socialista planejada democraticamente tem sido amplamente fortalecida nas décadas recentes, por meio do desenvolvimento de técnicas de produção globalizadas. Avanços na ciência e na tecnologia possibilitam o desenvolvimento econômico capaz de abolir a pobreza e a desigualdade social ao redor do mundo.

Sob o capitalismo, todavia, o caráter social da produção internacional é frustrado e negado pelo anárquico sistema de “livre mercado” baseado na propriedade privada. Existe uma contradição destrutiva entre a divisão do mundo em nações rivais, de um lado, e a vida econômica contemporânea de natureza globalmente integrada, de outro. Enquanto as corporações varrem o globo procurando extrair o máximo lucro possível de seus investimentos, trabalhadores em todas as nações são colocados uns contra os outros e forçados a sacrificar seus salários e suas condições de emprego conquistadas em períodos anteriores por meio de duras lutas econômicas e políticas.

A rivalidade entre as elites dominantes das grandes potências capitalistas em busca de recursos, mercados e posições estratégicas está se expressando cada vez mais em conflitos inter-imperialistas. A erupção do militarismo americano no Oriente Médio e a aparentemente inexorável direção à guerra no Irã é determinada pela desesperada tentativa da elite americana em usar a força militar como um meio de consolidar sua hegemonia global, que está sendo cada vez mais disputada entre seus rivais europeus e asiáticos. O plano do governo Bush é controlar as vastas reservas petrolíferas do Iraque, construir bases militares permanentes no país e utilizá-lo como base para futuras intervenções no Oriente Médio e na Ásia central.

Bush, juntamente com seus comparsas internacionais, incluindo os primeiros ministros Blair e Howard, já é responsável pela devastação da sociedade iraquiana. A guerra custou a vida de aproximadamente 650.000 iraquianos, e fez com que 3,7 milhões de pessoas se tornassem refugiadas. O sofrimento aumenta em conseqüência da intensificação das operações militares dos EUA em Bagdá e uma feroz guerra civil, que foi provocada pelo incentivo deliberado de Washington às divisões sectárias, como parte de sua estratégia de “dividir e comandar”. Um ataque ao Irã poderia levar os conflitos à todo o Oriente Médio, o que representaria uma inimaginável catástrofe da humanidade.

O SEP exige a retirada imediata e incondicional de todas as tropas dos EUA, da Austrália e de outras tropas estrangeiras do Iraque e do Afeganistão. Bilhões de dólares devem ser pagos às populações para a reconstrução de ambos os paises. Os arquitetos da guerra—em Washington, Londres e Canberra—devem ser colocados sob julgamento por crimes de guerra.

Da mesma forma, o SEP exige a retirada imediata de todos os soldados e policiais australianos no Timor Leste, nas Ilhas Salomão e no Pacífico Sul. As operações de Canberra no Pacifico Sul não são menos predatórias que as de Washington no Oriente Médio. O governo Howard participou nas intervenções lideradas pelos EUA no Oriente Médio para que conseguisse o apoio de Washington às suas próprias ambições imperialistas na região do Pacífico asiático. Howard descreve abertamente o Pacífico Sul como uma “extensão especial” da Austrália e esclareceu que sua preocupação inicial é de afastar potencias rivais, como a China. Numa entrevista recente, ele previu que operações militares da Austrália na região podem durar ainda 10 ou 20 anos mais.

Toda a mídia e as instituições políticas apoiaram a estratégia de Howard no Pacífico, incluindo os partidos Trabalhista, Verde e Democrata. O novo líder do PT australiano, Kevin Rudd, declarou enfaticamente seu apoio “sólido como uma rocha” à aliança com os EUA. Assim como Bob Brown do PV, ele defende a permanência das tropas australianas no solo iraquiano com o objetivo de reforçar as operações no Pacífico Sul. Por enquanto, o PT apóia completamente a ocupação do Iraque pelo EUA.

Para alcançar esses fins, a sociedade australiana está sendo rapidamente militarizada, com o crescimento permanente do exército por meio de ações para encorajar o alistamento—como a medida instituída recentemente denominada de “ano livre” para os jovens que deixarem o colégio para se alistar—e a constante promoção do nacionalismo. Essa tendência é o indício de graves perigos, particularmente sobre a população jovem, que considera a possibilidade de ingressar nas fileiras do exército, pois as exigências para o recrutamento se tornarão cada vez maiores.

Em defesa dos direitos democráticos e da igualdade social

O ressurgimento do colonialismo sob a bandeira da “guerra ao terror” levou a um assalto sem precedentes aos direitos democráticos e institucionais estabelecidos há muito tempo. O SEP exige a revogação de todas as leis anti-terror aprovadas desde 2001 e a liberação de David Hicks e de todos os presos na Baía de Guantánamo e outros campos de prisão secretos mantidos pelo governo americano.

O SEP defende de maneira intransigente as liberdades e os direitos democráticos. Toda a forma de discriminação deve ser denunciada e todas as restrições de imigração devem ser suspensas. Trabalhadores por todo o mundo devem ter o direito de viver, estudar ou trabalhar onde eles desejarem, com totais direitos políticos e sociais. Todas as prisões por imigração devem ser suspensas imediatamente.

O SEP defende o direito dos trabalhadores em se sindicalizarem e controlar o sindicato democraticamente. Defendemos os direitos de todas as mulheres ao acesso ao aborto e a completa igualdade legal para a população homossexual, incluindo o direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.

O ataque às liberdades democráticas, na Austrália e em todo o mundo, deriva, no final das contas, do aprofundamento da desigualdade social entre a rica elite e a classe trabalhadora. A democracia é fundamentalmente incompatível com um sistema social no qual uma pequena minoria riquíssima persegue interesses diametralmente opostos aos interesses e sentimentos da vasta maioria da população.

Atualmente, uma aristocracia financeira domina a vida política e econômica da Austrália. De acordo com uma análise do Business Review Weekly de 2006, os 200 indivíduos mais ricos do país possuem uma riqueza de $101 bilhões, o que significa um extraordinário aumento de 22% em relação a 2005. A fortuna desse estrato social tornou-se incrivelmente descolada de qualquer desenvolvimento útil da produção. Ao invés disso, há o estímulo à especulação, às benesses do governo e outras formas de parasitismo. Mais de um quarto desses que compõe a lista dos 200 mais ricos acumularam sua riqueza por meio da especulação imobiliária.

No outro extremo, mais de 2,5 milhões de australianos sobrevivem com um salário de menos de $400 por semana. A pobreza agora atinge amplas camadas da classe trabalhadora. Nas últimas três décadas foi produzida uma nova e vasta categoria de “trabalhadores pobres”, por meio do ataque às condições de trabalho e aos salários.

A alternativa socialista

O SEP avança com um programa cujo objetivo é a reorganização de toda a economia australiana e mundial com base no interesse da classe trabalhadora.

* Propriedade pública: todas as grandes corporações industriais, de serviços, farmacêuticas, de mineração e agricultura, juntamente com os bancos e as instituições financeiras, devem ser convertidas em empresas estatais, com total compensação aos pequenos acionistas. Isso não implica necessariamente na nacionalização de tudo, ou a abolição dos pequenos e médios negócios. Sob uma economia planificada, tais empresas receberão apoio do governo, incluindo pronto acesso a créditos e condições de mercado mais estáveis para que possam prover salários e condições de trabalho descentes.

*Empregos: um grande programa público de empreso deve ser instituído para possibilitar bons salários e empregos integrais àqueles que necessitarem. Criar empregos adicionais e dar condições aos trabalhadores de participação total na vida política e cultural, a semana de trabalho deve ser reduzida para 30 horas, sem redução nos salários. Todos os trabalhadores devem receber cinco semanas de férias pagas anualmente.

* Estudantes e juventude: o SEP defende um programa que atenda as necessidades da juventude. Jovens trabalhadores devem ter a garantia de emprego, com salários decentes e integrais. Programas de treinamento para o trabalho e aprendizagem devem ser disponibilizados a todos aqueles que necessitarem. A educação de nível superior será oferecida gratuitamente a todos os interessados, incluindo estudantes estrangeiros. As dívidas pelo HECS (Esquema de Contribuição do Ensino Superior) devem ser abolidas, assim como as reservas para estudantes que pagam as taxas. Os estudantes deverão receber imediatamente um salário que lhes possibilite estudar em tempo integral sem que precisem trabalhar.

* Moradia: a crise de moradia de Sydney deve ser enfrentada imediatamente por meio de um programa de medidas emergenciais, que inclua o fim da reintegração de posse. Os aluguéis e hipotecas não devem exceder 20% da renda do morador. Um grande programa de moradia deve ser iniciado, garantindo acomodações confortáveis, seguras e estruturadas a estudantes, trabalhadores, desempregados e pensionistas em todo o país.

* Segurança social: todo trabalhador deve ter a garantia de receber um salário mínimo suficiente para uma vida decente e segura. Igualmente, aqueles inaptos ao trabalho—deficientes, idosos, pais e pessoas que cuidam de crianças em tempo integral—devem receber o equivalente a um salário digno. Todas as avaliações e pesquisas punitivas e degradantes devem ser abolidas, assim como todas as exigências de “obrigação mútua”, inclusive os esquemas de “trabalho voluntário”, que não representam, em hipótese alguma, treinamento e educação dos desempregados.

* Educação, saúde, infra-estrutura: bilhões de dólares devem ser investidos no sistema público de escolas e universidades, a fim de assegurar que cada estudante tenha plenas possibilidades de desenvolver completamente seus talentos e capacidades. Fundos públicos destinados às escolas privadas e religiosas devem ser abolidos. Da mesma forma , o sistema de saúde pública precisa ser renovado por meio de injeções imediatas de recursos, contratando mais profissionais, investindo em novas tecnologias e equipamentos adequados a fim de acabar com as listas de espera por procedimentos médicos. A infra-estrutura social—incluindo estradas e transporte, água e esgoto, energia e eletricidade—devem ser geridas publicamente e financiadas apropriadamente.

* Cultura: todos os trabalhadores devem ter acesso garantido à vida cultural e artística. Para conseguir isso, deve-se destinar recursos a livrarias, museus, teatros, orquestras, televisão e rádio públicos. A subordinação da expressão artística à acumulação e ao lucro—que é acompanhada por todo tipo de nacionalismo, militarismo, conservadorismo e brutalidade—deve ser substituída por um ambiente que conduza ao desenvolvimento de uma nova cultura, humana e internacional.

* Meio-ambiente: o impacto da devastadora seca que atingiu mais de 90% de NSW demonstra a urgente necessidade de uma solução socialista para a crise do meio-ambiente. O desenvolvimento de um plano em longo prazo de conservação da água e da infra-estrutura é impossível com a estrutura anárquica do sistema de mercado capitalista. Da mesma forma, a crise do aquecimento global só pode ser resolvida sobre a base de um plano coordenado internacionalmente, colocando os interesses da população mundial acima dos lucros das grandes empresas das potências capitalistas dominantes.

Nenhuma dessas exigências pode ser realizada sem que se recorra às vastas reservas de riqueza privada acumuladas nas mãos de poucos. As instituições da democracia parlamentar ocultam o fato de que as alavancas do poder econômico são controladas por uma pequena elite que toma as decisões pelas costas da maioria. Uma democracia genuína só pode ser conquistada por meio da mobilização política de uma população informada e articulada na luta pelo socialismo. O SEP defende o estabelecimento do governo dos trabalhadores, que representará os interesses econômicos e sociais da ampla maioria da população e criará as condições nas quais os trabalhadores terão o controle total e democrático sobre todas as decisões que afetam suas vidas.

Pela independência política da classe trabalhadora

Para conquistar os seus interesses, a classe trabalhadora deve estabelecer a sua independência política em relação aos partidos que representam as atuais instituições políticas. Todas essas organizações, quaisquer que sejam as suas diferenças sobre táticas e questões secundárias, servem para defender a ordem política e social existente. O SEP rejeita as afirmações feitas pelas várias organizações da classe média, como a da Aliança Socialista, de que o Partido Trabalhista representa um “mal menor” em relação aos liberais.

Apesar do PT ter prometido melhorar alguns das mazelas do capitalismo que atingem a classe trabalhadora, está atualmente à frente dos liberais no que diz respeito à defesa dos interesses dos milionários. Essa guinada à direita é um fenômeno internacional, que atinge os partidos dos trabalhadores e social-democratas de todo o mundo. A globalização da produção destruiu qualquer perspectiva de reforma e regulação nacionais. O papel dos sindicatos também se transformou: atualmente, essas organizações moribundas não representam nem mesmo os mais imediatos interesses da classe trabalhadora.

O Partido Verde não oferece nenhuma alternativa genuína para a classe trabalhadora. Ele mantém a ordem existente e procura impedir que os trabalhadores rompam com a política capitalista, defendendo a ilusão de que a crise sócio-ambiental pode ser resolvida pela reforma de alguns aspectos do sistema capitalista. A oposição do PV à guerra do Iraque é uma fraude—ele defende o imperialismo australiano e apóia de maneira entusiasmada a intervenção do governo de Howard no Pacífico.

O SEP defende uma alternativa socialista e internacionalista para todo o sistema político oficial. Nosso movimento incorpora as lições críticas de décadas de luta pelo socialismo contra o oportunismo político, levada a cabo pelos mais corajosos e reconhecidos representantes da classe trabalhadora. Essas lutas foram conduzidas por Leon Trotski, um dos líderes da Revolução Russa e fundador da Quarta Internacional, em 1938. Trotsky empreendeu uma luta política contra a burocracia stalinista na ex-União Soviética, que abusou e traiu os grandes ideais do socialismo revolucionário. O SEP australiano e seus partidos irmãos na América do Norte, Europa e Ásia constituem o Comitê Internacional da Quarta Internacional (ICFI)—herdeiro do Partido Mundial da Revolução Socialista.

As campanhas eleitorais do SEP em NSW fazem parte de uma campanha internacional lançada pelo ICFI para dedicar o ano de 2007 ao desenvolvimento de um movimento mundial contra a guerra do Iraque e à agressão americana ao Irã. Assim, o ICFI e o World Socialist Web Site defenderam o seguinte na declaração intitulada Por uma mobilização internacional dos trabalhadores e da juventude contra a guerra no Iraque: “a luta contra a guerra é hoje—assim como era na I Guerra Mundial e na II Guerra Mundial—vinculada à luta de classes internacional. Reivindicações pela paz não chegarão a lugar algum a não ser que se direcionem para uma mobilização política da classe trabalhadora independente, que não tem interesses nas pilhagens imperialistas. A luta contra a guerra deve ser conduzida com base numa estratégia internacional socialista”.

Nós conclamamos aos trabalhadores e à juventude a apoiarem a campanha eleitoral do SEP. Nós convidamos aqueles que apóiam a luta por uma alternativa socialista a votarem nos candidatos do SEP em nossa chapa para o Conselho Legislativo, liderada por Nick Beams e Terry Cook, a entrar em contato com o SEP e o WSWS, e tomar a decisão de se incorporar e construir o nosso partido.

Nós chamamos especialmente todos os estudantes universitários e secundaristas a assumirem a luta por um futuro decente, livre do militarismo e da guerra. O SEP chama todos os estudantes e jovens a construir ramos da Internacional Estudantil pela Igualdade Social nas universidades e nas escolas, se envolver nos comitês eleitorais do partido, participar na campanha dos candidatos e ajudar a distribuir cópias de nossa declaração sobre as eleições em suas escolas, universidades e nos subúrbios.

Authorised by Nick Beams, 500A King Street, Newtown, NSW 2042