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Citigroup, o gigante dos bancos, deve cortar 17.000 empregos

Por Naomi Spencer
20 Abril 2007

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Este artigo foi publicado no WSWS, originalmente em inglês, no dia 13 de abril de 2007.

Numa brusca movimentação na tentativa de aumentar os lucros, a companhia mundial de serviços financeiros Citigroup anunciou na quarta-feira que deve cortar 17.000 empregos, inclusive de supervisores médios. Os executivos da companhia disseram que os cortes fazem parte de um plano de reestruturação que objetiva diminuir os custos operacionais em 10 bilhões de dólares dentro dos próximos três anos.

Ao todo, a reestruturação afetará mais de 26.500 trabalhadores, cerca de 8% do total, incluindo mais de 9.500 trabalhadores dos EUA que devem ser substituídos por trabalhadores em “regiões de menor custo”, tanto fora como dentro dos próprios EUA.

Este movimento representa o maior anúncio de cortes de emprego fora da indústria automobilística nos últimos dois anos, e a duplicação do número de demissões no setor financeiro anunciado no primeiro trimestre de 2007. Todavia, diferentemente dos outros cortes de emprego no setor financeiro, este do Citigroup não é atribuído aos problemas enfrentados pelo mercado imobiliário.

O Citigroup, que possui por volta de 1,9 trilhão de dólares em propriedades, é a maior companhia do mundo, segundo a revista Forbes. Os representantes da companhia ainda não informaram quais as regiões que serão mais afetadas pelos cortes, mas, de acordo com o New York Times, alguns trabalhadores já começaram a receber notificações de demissão.

De acordo com executivos da companhia, serão demitidos supervisores médios e aqueles que cumprem funções de apoio à administração. Instrumentos de recursos humanos, centrais telefônicas e departamentos legais serão centralizados em regiões de baixos salários.

“Nós estamos iniciando uma transformação na forma como fazemos negócios”, anunciou, no dia 11 de abril, numa conferência à imprensa, Charles O. Prince III, presidente e diretor geral do Citigroup. “Vocês verão um Citigroup mais eficiente, administrado de forma mais firme e rígida do que estavam acostumados a ver no passado”.

Justificando a estimativa inicial de reestruturação e cortes de custo em 1,4 bilhões de dólares, Prince disse: “no final, essas mudanças aperfeiçoarão o Citigroup e nos deixarão mais enxutos, mais eficientes e aptos a conquistar vantagens em oportunidades de alto investimento”.

Como era de se esperar, nenhum executivo “rígido” sofrerá a mínima diminuição em suas monstruosas compensações anuais. Pelo contrário, em nome da eficiência, essa camada pretende continuar sugando os recursos da empresa à custa dos trabalhadores, clientes e acionistas.

No ano passado, o diretor geral Prince recebeu 26 milhões de dólares, incluindo um bônus surpresa em dinheiro de 13,2 milhões de dólares, aprovados em janeiro deste ano. Este pacote total foi 13% maior que seu pagamento de 2005. Além disso, ele recebeu 747.000 dólares em ações opcionais e um aumento de 137.000 dólares em sua pensão. De acordo com os registros da Comissão de Seguros e Trocas do mês passado, Prince ainda gastou 258.000 dólares dos fundos da companhia por meio do uso pessoal das aeronaves da companhia.

Os pagamentos feitos a outros altos executivos do Citigroup são igualmente escandalosos. Robert Rubin, integrante do comitê executivo da companhia, recebeu 17,34 milhões de dólares. Recentemente, o Citigroup pagou o equivalente a 25 milhões de dólares ao ex-chefe financeiro, Todd Thomson, que foi demitido em janeiro por baixa performance e gastos excessivos. Durante a sua ausência, a diretora financeira, Sallie Krawcheck, recebeu 9,9 milhões de dólares em compensações no último inverno. Seu novo substituto, Gary Crittenden, está recebendo 10 milhões de dólares neste ano.

No centro de operações na cidade de New York, o Citigroup — o maior empregador do setor privado da cidade — está eliminando 1.600 empregos. Outros 200 postos devem ser cortados no estado, e 75 em Connecticut.

Muitos dos 9.500 empregos cortados serão transferidos para a Polônia, Índia e às cidades em crise econômica dos EUA, como Buffalo, em New York. De acordo com o New York Times, os empregos de Londres devem ser transferidos para a Polônia. Alguns serviços de apoio administrativo em Tókio serão transferidos para Okinawa. Muitos desses postos devem ser transferidos para a Índia, onde o Citigroup está crescendo rapidamente.

O Times indicou que “ainda deverá ocorrer outro período de corte de custos”. De fato, as ações do Citigroup foram exaustivamente noticiadas porque os grandes investidores querem cortes ainda mais drásticos.

O Baltimore Sun noticiou que 240 trabalhadores de Maryland perderão os seus empregos, mas que no ano que vem talvez mais de 300 empregos poderão ser transferidos, a maior parte para New York.

Apesar dos cortes de emprego na região, o jornal de Albuquerque, no Novo México, tentou lançar uma nota otimista na quinta-feira, dizendo que, por causa dos baixos salários de seus trabalhadores, o Citigroup provavelmente se transferirá para a cidade. Além disso, “alguns dos trabalhadores dispensados poderão conseguir os novos empregos em Albuquerque, desde que tenham a qualificação necessária para os novos postos”, disse o porta-voz da companhia ao jornal.

Os cortes do Citigroup fazem parte de um cruel ataque ao emprego e ao padrão de vida dos trabalhadores. Em particular, assim como os contratos do mercado imobiliário, as indústrias associadas estão acabando com centenas de empregos.

Uma pesquisa da firma de consultoria econômica Challenger, Gray & Christmas, publicada no dia 4 de abril, demonstra que os cortes de emprego do primeiro trimestre de 2007 no mercado imobiliário se aproximaram do número de cortes em todo o ano de 2006, representando um acréscimo de 346% em relação aos cortes no mesmo período do ano passado.

Por volta de 14.000 empregos foram cortados na construção civil. Financiadoras anunciaram 6.138 cortes de emprego no primeiro trimestre.

Os cortes foram enormes também em outros setores. A indústria automobilística anunciou 23.481 cortes de emprego somente em março, o maior número registrado até agora.

Firmas de comunicação também anunciaram demissões e cortes de empregos. A companhia americana de internet Vonage divulgou um plano de redução de custos de 140 milhões de dólares, que significa o corte de cerca de 180 trabalhadores, 10% de seu quadro, além do congelamento dos contratos. A empresa de comunicação sem fio Boston Communications Group e a companhia de mídia a cabo Discovery Communications também anunciaram o corte de centenas de trabalhadores.