Conferência da Internacional Estudantil pela Igualdade
Social/Socialist Equality Party aprova perspectiva socialista
internacionalista de oposição à guerra
Este artigo foi publicado no WSWS, originalmente em inglês,
no dia 2 de Abril de 2007.
A conferência emergencial contra a guerra da Internacional
Estudantil pela Igualdade Social (ISSE) / Socialist Equality Party
(SEP) aprovou por unanimidade, em 1 de Abril, resolução
lançando um programa socialista internacionalista para
opor-se ao militarismo e à guerra. A conferência
de dois dias foi convocada para desenvolver um programa para a
mobilização da juventude estudantil e da classe
trabalhadora como um todo, no interior dos Estados Unidos e internacionalmente,
para pôr fim à guerra no Iraque e impedir a deflagração
de uma guerra contra o Irã.
Na conferência, realizada no campus da Universidade de
Michigan em Ann Arbor, estiveram presente mais de cem estudantes
e trabalhadores dos EUA e de outros países. Participaram
delegados de Michigan, Ohio, Kentucky, Massachusetts, New Jersey,
New York, Illinois, Minnesota, Pennsylvania, Washington, Florida,
Texas, Colorado, Connecticut, California, Oregon e Virginia. Dezessete
delegados do Canadá assistiram à conferência;
outros vieram da Alemanha e da Austrália.
A conferência recebeu saudações da Austrália,
Inglaterra, Turquia e Romênia. Apoiadores do Paquistão,
Romênia, Filipinas, África do Sul, Zâmbia,
UAE, Bangladesh, Haiti, Paquistão, Nigéria, Turquia,
Palestina, Gana, e Venezuela expressaram interesse em estar presentes,
mas não puderam vir devido o alto custo da viagem e a dificuldade
de obter entrada nos EUA.
Joe Kay, membro do comitê dirigente do ISSE e escritor
do World Socialist Web Site, deu o tom à conferência
em sua fala inicial. "Estamos aqui para dar voz ao ultraje
e à oposição sentida por milhões,
certamente bilhões de pessoas pelo mundo, que vêem
com horror a devastação realizada pelo imperialismo,
ou que são, eles próprios, vítimas diretas
da guerra e do militarismo", disse Kay.
"No interior das estruturas políticas existentes
e instituições internacionais", continuou,
"os interesses e perspectivas da vasta maioria da população
mundial não encontram expressão. Estamos aqui para
dar expressão consciente a esses interesses e perspectivas,
a para elaborar um programa político que possa pôr
fim à guerra".
Kay trouxe para discussão uma resolução
traçando a perspectiva política fundamental e o
programa do ISSE. "Nossa resposta à guerra deve se
basear no nosso entendimento das tendências gerais por trás
dela," ele disse. "Se a guerra é um produto do
sistema capitalista, então ela não pode ser interrompida
senão através da abolição do capitalismo".
A resolução apontou a raiz da guerra imperialista
como diretamente relacionada ao sistema capitalista e à
divisão do mundo em Estados nacionais competidores. "A
guerra contra o Iraque é uma guerra imperialista,"
a resolução afirmou. "É um ato de agressão
empreendida em nome dos interesses da oligarquia corporativa e
financeira dos EUA e de seus aliados na Inglaterra e em outros
países. Assim como nas guerras mundiais no século
vinte, o que está se instituindo é uma re-divisão
dos recursos mundiais enquanto a classe dirigente norte-americana
tenta afirmar controle militar sobre regiões estratégicas".
A recente explosão do militarismo dos EUA teve sua origem
no declínio histórico, ao longo da última
metade do século, da posição econômica
norte-americana no capitalismo global, a resolução
explicou. "O capitalismo americano apóia-se sobre
uma fundação frágil e instável do
influxo massivo de capital, sobre níveis de dívida
sem precedentes e sobre diversas formas de especulação
e manipulação financeira. Crescentemente, a corrupta
elite dirigente nos EUA procura usar seus principais recursos
- força armada sustentada por um orçamento militar
que excede todo o gasto militar somado do resto do mundo - para
compensar seu poder econômico em declínio."
A resolução enfatizou que a única força
capaz de acabar com a guerra é a classe trabalhadora internacional
- a única força social cujo interesse é irreconciliavelmente
oposto aos interesses econômicos e sociais que impulsionam
o imperialismo. O caráter internacional dessa classe e
as grandes questões sociais que ela enfrenta tornam necessário
um programa internacionalista, a resolução argumentou.
"A estratégia global do imperialismo precisa ser respondida
por uma estratégia global da classe trabalhadora e por
uma oposição ao nacionalismo em todas as suas formas",
ela declarou.
"Em fevereiro de 2003, milhões de pessoas em todo
o mundo tomaram as ruas para protestar contra os planos bélicos
norte-americanos", a resolução observou. Contudo,
apesar de todo os crescentes protestos , "quatro anos depois,
a guerra se arrasta, mesmo com a intensificação
da oposição popular".
A resolução enfatizou a necessidade de independência
política da classe trabalhadora em relação
a qualquer partido ou grupo que esteja vinculado de alguma forma
ao sistema político governante. Nos EUA, isso implica em
"rompimento completo com o Partido Democrata e com todos
aqueles que tentam pressionar os Democratas".
"Desde as preparações para a invasão,
através da mais recente escalada da guerra, o partido democrata
nos EUA desempenhou papel de cúmplice da administração
de Bush", a resolução observou. "O Partido
Democrata é um partido burguês do imperialismo, e
todos os grupos da liderança do partido - desde os abertamente
reacionários até os ditos "fora do grupo do
Iraque"- são responsáveis pela perpetuação
da guerra. O principal interesse do Partido Democrata é
ajustar/regular sua posição pública para
sufocar/abafar um protesto social e evitar o desenvolvimento de
um movimento que rompa com o sistema bipartidário".
A resolução destacou o fato de que os trabalhadores
de todo o mundo enfrentam desafios políticos semelhantes.
"O Partido Liberal e o Novo Partido Democrata no Canadá,
o Partido Trabalhista na Inglaterra, o Partido Trabalhista australiano,
os Partidos Socialistas na França e na Espanha, e o Partido
Social Democrata na Alemanha - todas essas organizações
supostamente de "esquerda" igualmente facilitaram políticas
militaristas da direita ou as conduziram diretamente".
A resolução insistiu: "A luta pela independência
política da classe trabalhadora requer uma assimilação
consciente da história do socialismo revolucionário
internacional, desde Marx e Engels, à revolução
russa, à luta do movimento trotskista, representado hoje
pelo Comitê Internacional da Quarta Internacional, contra
o stalinismo e o revisionismo".
Conclui: "A conferência chama os trabalhadores e
jovens de todo o mundo a construir o Socialist Equality Party
e o CIQI, ao lado de sua organização estudantil,
a Internacional Estudantil pela Igualdade Social, para conduzir
a luta contra a guerra e contra o sistema capitalista."
No domingo, o segundo dia da conferência, a perspectiva
política traçada na resolução foi
aprovada com apoio unânime de todos os presentes. O World
Socialist Web Site publicará a resolução
na íntegra após esta semana.
No decorrer da discussão sobre a resolução
apresentada por Joe Kay, foram proferidos informes sobre a situação
política nos EUA, Sri Lanka, Itália, Canadá,
Alemanha, Rússia, Irã e Venezuela. Estudantes atuantes
na construção da ISSE em universidades e escolas
pelos EUA e internacionalmente descreveram as condições
políticas, econômicas e sociais que os estudantes
e a juventude enfrentam, e salientaram a necessidade da perspectiva
socialista e internacionalista desenvolvida na resolução.
David North, secretário nacional do SEP nos EUA e presidente
do Conselho Editorial Internacional do World Socialist Web Site,
pronunciou considerações que destacaram a inevitabilidade
da vinda de convulsões políticas, nas quais a organizações
econômicas e sociais existentes irão cada vez mais
ser questionadas.
O período histórico caracterizado pela incontestada
superioridade do capitalismo americano e a primazia do exército
americano está chegando ao fim, North afirmou. O capitalismo
norte-americano está em declínio, enquanto a influência
da Europa e a forças econômica emergentes como a
Índia e a China estão crescendo rapidamente.
North disse que a intervenção americana no Iraque
foi uma tentativa de compensar tal declínio através
do uso de força militar. O fracasso deste empreendimento,
por essa razão, teve conseqüências catastróficas
para o capitalismo dos EUA. Uma transição estaria
em curso para um novo período histórico, no qual
os diferentes poderes imperialistas buscariam assegurar seus próprios
interesses através do uso de violência militar.
Neste contexto, North destacou que "É apenas uma
questão de tempo até que a classe trabalhadora intervenha
na política". A questão decisiva, argumentou,
é quais programa, princípios, e perspectivas irão
guiar essa intervenção.
Outros temas de discussão incluíram as origens
da crise econômica e política nos Estados Unidos,
a história e as lições do movimento anti-guerra,
o trabalho educacional do ISSE, questões relacionadas a
arte e cultura, e o desenvolvimento do World Socialist Web Site.
Uma arrecadação para levar adiante o trabalho do
ISSE levantou $11.000 em doações.
A conferência também aprovou por unanimidade a
resolução exigindo que o governo do Sri Lanka conduza
uma investigação completa sobre o desaparecimento
de Nadarajah Wimaleswaran, um membro do Socialist Equality Party
do Sri Lanka, e seu amigo Sivanathan Mathivathanan nas ilhas Jaffna
do Norte em 22 de março.
"Existem todos os indícios de que o exército
é diretamente responsável ou cúmplice nesse
desaparecimento", diz a resolução, que foi
introduzida por Parwini Zora, representando o SEP do Sri Lanka.
"Nós consideramos o governo do Sri Lanka responsável
pelo destino de Wimaleswaran e Mathivathanan e exigimos que o
governo assegure a libertação imediata e segura
deles", ele afirmou.
A resolução também exigiu que o governo
do Sri Lanka conduza uma verdadeira investigação
e sobre o assassinato do partidário Sivapragasam Mariyadas
em sua casa, em Mullipothana, em agosto, e processe os responsáveis
pelo homicídio.
A declaração afirma: "Essa conferência
condena estes desaparecimentos e esses assassinatos como crimes
políticos realizados contra o Socialist Equality Party
do Sri Lanka e contra estes indivíduos devido à
sua oposição à guerra e devido à sua
luta pela união da classe trabalhadora baseada num programa
socialista internacionalista".