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Conferência da Internacional Estudantil pela Igualdade Social/Socialist Equality Party aprova perspectiva socialista internacionalista de oposição à guerra

Por Tom Carter
9 Abril 2007

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Este artigo foi publicado no WSWS, originalmente em inglês, no dia 2 de Abril de 2007.

A conferência emergencial contra a guerra da Internacional Estudantil pela Igualdade Social (ISSE) / Socialist Equality Party (SEP) aprovou por unanimidade, em 1 de Abril, resolução lançando um programa socialista internacionalista para opor-se ao militarismo e à guerra. A conferência de dois dias foi convocada para desenvolver um programa para a mobilização da juventude estudantil e da classe trabalhadora como um todo, no interior dos Estados Unidos e internacionalmente, para pôr fim à guerra no Iraque e impedir a deflagração de uma guerra contra o Irã.

Na conferência, realizada no campus da Universidade de Michigan em Ann Arbor, estiveram presente mais de cem estudantes e trabalhadores dos EUA e de outros países. Participaram delegados de Michigan, Ohio, Kentucky, Massachusetts, New Jersey, New York, Illinois, Minnesota, Pennsylvania, Washington, Florida, Texas, Colorado, Connecticut, California, Oregon e Virginia. Dezessete delegados do Canadá assistiram à conferência; outros vieram da Alemanha e da Austrália.

A conferência recebeu saudações da Austrália, Inglaterra, Turquia e Romênia. Apoiadores do Paquistão, Romênia, Filipinas, África do Sul, Zâmbia, UAE, Bangladesh, Haiti, Paquistão, Nigéria, Turquia, Palestina, Gana, e Venezuela expressaram interesse em estar presentes, mas não puderam vir devido o alto custo da viagem e a dificuldade de obter entrada nos EUA.

Joe Kay, membro do comitê dirigente do ISSE e escritor do World Socialist Web Site, deu o tom à conferência em sua fala inicial. "Estamos aqui para dar voz ao ultraje e à oposição sentida por milhões, certamente bilhões de pessoas pelo mundo, que vêem com horror a devastação realizada pelo imperialismo, ou que são, eles próprios, vítimas diretas da guerra e do militarismo", disse Kay.

"No interior das estruturas políticas existentes e instituições internacionais", continuou, "os interesses e perspectivas da vasta maioria da população mundial não encontram expressão. Estamos aqui para dar expressão consciente a esses interesses e perspectivas, a para elaborar um programa político que possa pôr fim à guerra".

Kay trouxe para discussão uma resolução traçando a perspectiva política fundamental e o programa do ISSE. "Nossa resposta à guerra deve se basear no nosso entendimento das tendências gerais por trás dela," ele disse. "Se a guerra é um produto do sistema capitalista, então ela não pode ser interrompida senão através da abolição do capitalismo".

A resolução apontou a raiz da guerra imperialista como diretamente relacionada ao sistema capitalista e à divisão do mundo em Estados nacionais competidores. "A guerra contra o Iraque é uma guerra imperialista," a resolução afirmou. "É um ato de agressão empreendida em nome dos interesses da oligarquia corporativa e financeira dos EUA e de seus aliados na Inglaterra e em outros países. Assim como nas guerras mundiais no século vinte, o que está se instituindo é uma re-divisão dos recursos mundiais enquanto a classe dirigente norte-americana tenta afirmar controle militar sobre regiões estratégicas".

A recente explosão do militarismo dos EUA teve sua origem no declínio histórico, ao longo da última metade do século, da posição econômica norte-americana no capitalismo global, a resolução explicou. "O capitalismo americano apóia-se sobre uma fundação frágil e instável do influxo massivo de capital, sobre níveis de dívida sem precedentes e sobre diversas formas de especulação e manipulação financeira. Crescentemente, a corrupta elite dirigente nos EUA procura usar seus principais recursos - força armada sustentada por um orçamento militar que excede todo o gasto militar somado do resto do mundo - para compensar seu poder econômico em declínio."

A resolução enfatizou que a única força capaz de acabar com a guerra é a classe trabalhadora internacional - a única força social cujo interesse é irreconciliavelmente oposto aos interesses econômicos e sociais que impulsionam o imperialismo. O caráter internacional dessa classe e as grandes questões sociais que ela enfrenta tornam necessário um programa internacionalista, a resolução argumentou. "A estratégia global do imperialismo precisa ser respondida por uma estratégia global da classe trabalhadora e por uma oposição ao nacionalismo em todas as suas formas", ela declarou.

"Em fevereiro de 2003, milhões de pessoas em todo o mundo tomaram as ruas para protestar contra os planos bélicos norte-americanos", a resolução observou. Contudo, apesar de todo os crescentes protestos , "quatro anos depois, a guerra se arrasta, mesmo com a intensificação da oposição popular".

A resolução enfatizou a necessidade de independência política da classe trabalhadora em relação a qualquer partido ou grupo que esteja vinculado de alguma forma ao sistema político governante. Nos EUA, isso implica em "rompimento completo com o Partido Democrata e com todos aqueles que tentam pressionar os Democratas".

"Desde as preparações para a invasão, através da mais recente escalada da guerra, o partido democrata nos EUA desempenhou papel de cúmplice da administração de Bush", a resolução observou. "O Partido Democrata é um partido burguês do imperialismo, e todos os grupos da liderança do partido - desde os abertamente reacionários até os ditos "fora do grupo do Iraque"- são responsáveis pela perpetuação da guerra. O principal interesse do Partido Democrata é ajustar/regular sua posição pública para sufocar/abafar um protesto social e evitar o desenvolvimento de um movimento que rompa com o sistema bipartidário".

A resolução destacou o fato de que os trabalhadores de todo o mundo enfrentam desafios políticos semelhantes. "O Partido Liberal e o Novo Partido Democrata no Canadá, o Partido Trabalhista na Inglaterra, o Partido Trabalhista australiano, os Partidos Socialistas na França e na Espanha, e o Partido Social Democrata na Alemanha - todas essas organizações supostamente de "esquerda" igualmente facilitaram políticas militaristas da direita ou as conduziram diretamente".

A resolução insistiu: "A luta pela independência política da classe trabalhadora requer uma assimilação consciente da história do socialismo revolucionário internacional, desde Marx e Engels, à revolução russa, à luta do movimento trotskista, representado hoje pelo Comitê Internacional da Quarta Internacional, contra o stalinismo e o revisionismo".

Conclui: "A conferência chama os trabalhadores e jovens de todo o mundo a construir o Socialist Equality Party e o CIQI, ao lado de sua organização estudantil, a Internacional Estudantil pela Igualdade Social, para conduzir a luta contra a guerra e contra o sistema capitalista."

No domingo, o segundo dia da conferência, a perspectiva política traçada na resolução foi aprovada com apoio unânime de todos os presentes. O World Socialist Web Site publicará a resolução na íntegra após esta semana.

No decorrer da discussão sobre a resolução apresentada por Joe Kay, foram proferidos informes sobre a situação política nos EUA, Sri Lanka, Itália, Canadá, Alemanha, Rússia, Irã e Venezuela. Estudantes atuantes na construção da ISSE em universidades e escolas pelos EUA e internacionalmente descreveram as condições políticas, econômicas e sociais que os estudantes e a juventude enfrentam, e salientaram a necessidade da perspectiva socialista e internacionalista desenvolvida na resolução.

David North, secretário nacional do SEP nos EUA e presidente do Conselho Editorial Internacional do World Socialist Web Site, pronunciou considerações que destacaram a inevitabilidade da vinda de convulsões políticas, nas quais a organizações econômicas e sociais existentes irão cada vez mais ser questionadas.

O período histórico caracterizado pela incontestada superioridade do capitalismo americano e a primazia do exército americano está chegando ao fim, North afirmou. O capitalismo norte-americano está em declínio, enquanto a influência da Europa e a forças econômica emergentes como a Índia e a China estão crescendo rapidamente.

North disse que a intervenção americana no Iraque foi uma tentativa de compensar tal declínio através do uso de força militar. O fracasso deste empreendimento, por essa razão, teve conseqüências catastróficas para o capitalismo dos EUA. Uma transição estaria em curso para um novo período histórico, no qual os diferentes poderes imperialistas buscariam assegurar seus próprios interesses através do uso de violência militar.

Neste contexto, North destacou que "É apenas uma questão de tempo até que a classe trabalhadora intervenha na política". A questão decisiva, argumentou, é quais programa, princípios, e perspectivas irão guiar essa intervenção.

Outros temas de discussão incluíram as origens da crise econômica e política nos Estados Unidos, a história e as lições do movimento anti-guerra, o trabalho educacional do ISSE, questões relacionadas a arte e cultura, e o desenvolvimento do World Socialist Web Site. Uma arrecadação para levar adiante o trabalho do ISSE levantou $11.000 em doações.

A conferência também aprovou por unanimidade a resolução exigindo que o governo do Sri Lanka conduza uma investigação completa sobre o desaparecimento de Nadarajah Wimaleswaran, um membro do Socialist Equality Party do Sri Lanka, e seu amigo Sivanathan Mathivathanan nas ilhas Jaffna do Norte em 22 de março.

"Existem todos os indícios de que o exército é diretamente responsável ou cúmplice nesse desaparecimento", diz a resolução, que foi introduzida por Parwini Zora, representando o SEP do Sri Lanka. "Nós consideramos o governo do Sri Lanka responsável pelo destino de Wimaleswaran e Mathivathanan e exigimos que o governo assegure a libertação imediata e segura deles", ele afirmou.

A resolução também exigiu que o governo do Sri Lanka conduza uma verdadeira investigação e sobre o assassinato do partidário Sivapragasam Mariyadas em sua casa, em Mullipothana, em agosto, e processe os responsáveis pelo homicídio.

A declaração afirma: "Essa conferência condena estes desaparecimentos e esses assassinatos como crimes políticos realizados contra o Socialist Equality Party do Sri Lanka e contra estes indivíduos devido à sua oposição à guerra e devido à sua luta pela união da classe trabalhadora baseada num programa socialista internacionalista".