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Lista dos 200 mais ricos da Austrália registrou o maior crescimento de fortunas

Por Tania Kent
6 Setembro 2006

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Este artigo foi publicado no WSWS, originalmente em inglês, no dia 1 September 2006

O levantamento anual realizado pela Business Review Weekly's registrou este ano um incrível crescimento na fortuna das pessoas mais ricas da Austrália. Cinco novos bilionários surgiram em 2005-2006, somando-se a um total de 22—o maior salto na acumulação da riqueza desde o início da pesquisa.

As 200 pessoas mais ricas da Austrália têm, conjuntamente, bens avaliados em 101,5 bilhões de dólares australianos, o que representa um acréscimo de 22% em relação ao registrado no ano anterior. Para fazer parte da lista é necessário possuir uma fortuna de no mínimo 130 milhões de dólares australianos, o que significa 13 vezes mais que os 10 milhões de dólares da época da primeira publicação da lista, em 1983.

Os últimos resultados confirmam que o enriquecimento dos mais ricos, que começou em 1983, sob os governos de Hawke e Keating, do PT australiano, ganhou um novo impulso no governo Howard, da coalizão Liberal-Nacional, a partir de 1996. A tendência é que este processo se intensifique, estimulado pelas gigantescas contribuições dadas pelo governo Howard aos mais ricos durante seus dois últimos orçamentos.

Muitos dos super-ricos foram beneficiados pela atual “explosão de commodities”—se apropriando de vantagens corporativas geradas pelos altos preços dos minerais destinados à exportação, sobretudo para a China, e a conseqüente especulação no mercado global de ações.

Os preços extremamente elevados impedem que as pessoas mais pobres adquiram suas propriedades e impõem dívidas sempre crescentes àqueles que buscam financiamentos, o que garante um lucro espetacular aos grandes proprietários e investidores. Não menos que 58 dos 200 membros da lista dos ricos alcançaram sua fortuna por meio do mercado imobiliário.

O parasitismo prevalece em todos os níveis. Alguns dos mais ricos magnatas simplesmente herdaram suas fortunas, como James Parker, filho de Kerry Parker, magnata da mídia e dos jogos de azar, e Gina Rinehart, filha do barão do minério de ferro Lang Hancock.

Uma das mais repugnantes empresas, a indústria de jogos de azar, responsável por problemas sociais crônicos, como o vício de jogar, assume uma importante posição na lista da Business Review Weekly. James Packer assumiu o posto de seu pai na lista com uma fortuna de mais de 7,1 bilhões de dólares. Baseada em cassinos e outros negócios envolvidos com apostas, a fortuna da família cresceu 200 milhões de dólares em 12 meses.

Frank Lowy, o fundador do Grupo Westfield e dono do maior número de shopping centers no mundo, ficou na segunda colocação depois de aumentar sua fortuna de 600 milhões para 5,4 bilhões de dólares. Em outras palavras, a propriedade de Lowy cresceu aproximadamente 2 milhões de dólares por dia, cerca de 12.000 vezes o que um trabalhador médio recebe de salário, que é aproximadamente 60.000 dólares por ano.

O bilionário da indústria de embalagens Richard Pratt, que controla o grupo Visy, alcançou a terceira colocação depois de adicionar 500 milhões de dólares ao seu patrimônio, elevando assim sua riqueza total a 5,2 bilhões de dólares. Em seguida está o chinês da indústria de painéis solares, Zhengrong Shi, com 3 bilhões de dólares.

Outros bilionários são Harry Triguboff, cujos 2,5 bilhões de dólares foram acumulados por meio da especulação imobiliária. Ele concorre com David Hains (2,3 bilhões de dólares), com o fornecedor de máquinas de pôker Ainsworth e seus filhos (1,9 bilhão de dólares), com o magnata do ramo de serviços e mercado imobiliário John Gandel (1,8 bilhão de dólares) e com o dono do Canal Sete de televisão Kerry Stokes (1,8 bilhão de dólares).

Rinehart tornou-se a primeira mulher bilionária da Austrália, com uma fortuna avaliada em 1,8 bilhões de dólares, duplicando os 900 milhões de dólares que possuía no ano passado. Ela agora é a oitava pessoa mais rica da Austrália.

Enquanto milhões de pessoas comuns lutam para tentar superar as crescentes dificuldades econômicas à que são submetidas, ocasionadas pelo aumento dos preços dos combustíveis, aumento da taxa de juros, débitos nos cartões de crédito, cortes dos benefícios aos desempregados, falta de qualificação para o trabalho e necessidade de criar sozinhos os filhos, a única dificuldade que os ricos encontram é descobrir como gastar suas extraordinárias fortunas.

Uma pesquisa entre os consumidores demonstrou que a despesa com o consumo de luxo bateu novos recordes. No tradicional leilão de páscoa de animais jovens realizado em Sydney, o terceiro maior leilão de potros do mundo, o preço de um cavalo de raça subiu 39%, chegando a 288.497 dólares. Treze cavalos puro sangue foram vendidos por mais de 1 milhão de dólares. No ano passado tinham sido vendidos oito.

Durante o ano de 2005, a empresa de leilões Sotheby's vendeu pelo menos oito quadros por mais de 1 milhão de dólares. Em 2004 não havia vendido nenhum. Mark Fraser, diretor administrativo da Sotheby's Austrália afirmou: “Muitas pessoas acumularam uma enorme fortuna. Mas, por alguma razão elas estão sempre aborrecidas; depois de terem comprado suas mansões e seus iates, não sabem mais o que fazer. É daí que surge a paixão pela arte”.

Segundo informações da Câmara Federal da Indústria Automotiva, foram vendidos quinze Lamborghinis nos quatro primeiros meses de 2006, enquanto que, no mesmo período de 2005 haviam sido vendidas apenas seis.

Os milhões de australianos não podem sequer imaginar, nem mesmo vagamente, este mundo de desperdício. Enquanto garante cortes nas taxas para os ricos, o governo de Howard aboliu os direitos de seguros sociais para dezenas de milhares de pessoas, por meio de seus pacotes para o “bem estar no trabalho”. A nova legislação de relações industriais, que já produziu drásticas reduções dos salários e das condições de vida de muitos trabalhadores, somente impulsionará a polarização da sociedade e aprofundará as contradições da luta de classes.

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