Recente artigo publicado no jornal britânico o Guardian,
fornece perverso exemplo de um esforço concentrado e orquestrado
pelo poder político sionista no sentido de degradar qualquer
crítica à sua política assassina em relação
ao povo palestino.
Em artigo de segunda página intitulado Anti-sionismo
é anti-semitismo: por trás da maior parte da critica
a Israel há um tênue véu de ódio aos
judeus, Emanuele Ottolenghi tenta equiparar qualquer oposição
ao sionismo e às políticas colonialistas de Israel,
igualando-a ao ódio aos israelenses em geral e ao infame
e reacionário anti-semitismo dos nazistas em particular.
Ottolenghi exerce função não remunerada
no Oxford Centre for Hebrew and Jewish Studies e no Middle East
Centre do St. Anthony´s College, Oxford, mantidos por particulares.
Mas nenhum esforço de imaginação em seu artigo
pode ser descrito como um trabalho inteligente. É uma tentativa
em favor dos apoiadores internacionais de Israel de silenciar
a oposição ao regime de Ariel Sharon e de legitimar
a política do Grande Israel e de brutalidade para com um
povo que absolutamente nenhuma responsabilidade tem pelo Holocausto,
evocado por Ottolenghi à guisa de um porrete contra os
que se opõem ao sionismo.
Seu artigo propõe total absolvição dos
crimes de Israel contra os palestinos, e carta branca para Sharon
fazer o que bem entender. Recorrendo a uma amálgama de
presunções, Ottolenghi relaciona quem quer que critique
o Estado de Israel ao anti-semitismo, sem consideração
por seus pontos de vista. No tocante a Ottolenghi, não
se permite observar que as políticas de Israel relativas
aos palestinos são reminiscências daquelas empregadas
pelos nazistas. A equação entre vítimas e
assassinos, afirma ele, nega o Holocausto. Pior ainda, fornece
justificação retroativa para o Holocausto, pois
se os judeus se revelassem bastante maus, talvez merecessem o
que recebem, continua ele.
Este argumento equivaleu a criar uma história sem base
em fatos. Alguém não tem de negar o extermínio
dos judeus europeus nas câmaras de gás nazistas para
dizer que a expropriação, a subjugação
e a segregação do povo palestino por Israel encerram
uma chocante semelhança com as políticas nazistas
em relação aos judeus. Reconhecer este fato não
é equiparar as ações criminosas dos sionistas
contra palestinos ao Holocausto, que representava um barbarismo
em escala muito maior. Mas, legitimamente, identifica o que constitui
trágica ironia históricaque o povo judeu,
por tão longo tempo associado com a luta pelo progresso
social e contra todas as formas de discriminação,
racismo e opressão, poderia, por sua vez, estar perpetrando
grosseiras violações dos direitos humanos contra
um povo oprimido. Na verdade, tais comentários são
freqüentemente articulados como um apelo ao sentido judeu
de história e de consciência socialalgo que
será desperdiçado em políticos criminosos
do jaez de Sharon e seus apologistas.
O governo Sharon e o sistema sionista de poder rotineiramente
recorrem a mentiras, asseverando que seus oponentes são
anti-semitas. Ottolenghi acompanha-os ao inventar um contra-argumento
de uma imaginária acusação tresandando a
racismo.
Os judeus defensores de Israel são representados
por seus críticos como se procurassem uma desculpa para
justificar este país, projetando a paranóia judia
e mostrando um traço `típico´ de judeu ´apegando-se
um ao outro´, até mesmo defendendo o moralmente indefensável.
Mais tarde ele arrola o que alega serem temas anti-semitas
usados repetidamente por anti-sionistasa conspiração
judia para dominar o mundo, relacionando judeus ao dinheiro e
à mídia, o judeu avarento de nariz adunco, o libelo
de sangue, o aviltante uso de símbolos judeus, ou o imaginário
cristão anti-judeuempregados para descrédito
das ações de Israel.
Quem diz isto? Ottolenghi jamais cita um exemplo concreto sequer,
exceto ao reportar-se a uma caricatura italiana e à referência
de Tam Dalyell, membro trabalhista britânico do parlamento,
à cabala judia que influiria na política
externa da Grã-Bretanha. Este autor não pode comprovar
a legitimidade da caricatura por ele citada, mas o World Socialista
Web Site tem escrito sobre o ataque a Dalyell (Ver Britain:
Labour extends antiwar witch-hunt to Dan Dalyell). Entretanto,
mensagem essencial é que todos anti-sionistas repetidamente
recorrem a rudes ataques anti-semitas. Entrementes, ele não
pôde encontrar nenhuma prova de todas essas afirmações.
As alegações de Ottolenghi são fundamentalmente
desonestas e contraditadas pelo fato de que muitos críticos
do brutal tratamento dos palestinos por Sharon são por
sua vez israelenses e judeus. Para citar apenas um exemplo, mais
de 100.000 judeus israelenses, aterrorizados pelas ações
de Sharon, compareceram a um comício em novembro comemorativo
do oitavo aniversário do assassinato do primeiro-ministro
Yitzakh Rabin por um direitista fanático. Os participantes
da demonstração carregavam bandeiras condenando
a ocupação e pediam paz.
Ele responde aos críticos judeus do sionismo de forma
típica, reclamando que são eles essencialmente traidores
elogiados pelo lobby anti-sionista e anti-semita, precisamente
porque se venderam. Judeus condenando Israel e rejeitando
o sionismo recebem seus louvores. Denunciar Israel transforma-se
em passaporte para completa integração. Noam Chomsky
e seus imitadores são novos heróis, seu orgulho
e identidade de judeus se expressam unicamente através
de sua vergonha pela existência de Israel.
O Holocausto e o Estado Sionista
Aqui se encontra o âmago da argumentação
de Ottolenghi. Ser judeu é conseqüentemente ser sionista.
Sua asserção de que anti-sionismo é anti-semitismo
fundamenta-se na identificação entre as ações
do Estado de Israel e os interesses do povo judeu como um todo.
Tal equação é histórica e factualmente
incorreta.
O Holocausto foi uma experiência seminal histórica
não apenas para os judeus, mas para todo o povo trabalhador
do mundo. Constitui o exemplo isolado mais grotesco do barbarismo
fascista durante a II Guerra Mundial.
Em oposição à experiência da ruína
econômica germânica em seqüência à
I Guerra Mundial, Hitler começou construir uma base política
de massa para seu partido entre as camadas pequeno-burguesas e
os trabalhadores lumpen, apontando como bodes expiatórios
os judeus que seriam, segundo ele, os responsáveis pelo
declínio de seu padrão de vida. Hitler certamente
recorreu a ataques populistas aos usurários
judeus e homens de negócio, mas seu ódio dos judeus
ligava-se a seu temor do marxismo e do poderoso movimento socialista
germânico, no qual os trabalhadores e intelectuais judeus
desempenhavam um papel proeminente real.
A derrota do fascismo e a luta contra o anti-semitismo estavam,
portanto, ligadas a uma ofensiva política da classe operária
não apenas contra o fascismo mas contra toda ordem burguesa.
Mas evitou-se que tal acontecesse pela traição combinada
do stalinismo e da social-democracia a desorientarem milhões
de trabalhadores que se opunham ao nazismo, permitindo a Hitler,
destarte, empolgar o poder.
Os sionistas tinham uma perspectiva muito diferente. Insistiam
que o anti-semitismo que impulsionou o Holocausto só poderia
encontrar resposta na remoção do povo judeu para
sua pátria bíblica e na criação de
seu próprio estado. Para os sionistas, a solução
proposta ao proletariado e à intelligentsia israelitas
consistia em estabelecer um novo estado capitalista, não
congregando seus próprios irmãos e irmãs
de classe na luta para pôr fim ao capitalismo.
A instituição do Estado de Israel em 1948 firmava-se
em decisões e maquinações das potências
principais no seio das Nações Unidas. Era vista
com simpatia por milhões de pessoas mundo afora, horrorizadas
com a catástrofe que atingira os judeus, e igualmente acompanhada
pela retórica que tentava identificar o sionismo com o
movimento trabalhista, com a igualdade, como forma de legitimação
aos olhos dos judeus conscientes de suas afinidades de classe.
Assim, os horrores dos campos de concentração desempenharam
papel crucial no nascimento de Israel.
A prática histórica e política
de Israel
Mas o que se discute agora são as ações
históricas e políticas do sionismo, cujo exame Ottolenghi
tenta descartar. Para ele qualquer avaliação objetiva
do que o Estado de Israel tem realizado constitui desmedido anti-semitismo.
Tal atitude serve a um propósito definido. A inabilidade
em examinar a historia de Israel sem suscitar o espectro de anti-semitismo
e do Holocausto não é somente uma mácula
no arrazoado de suas críticas. Daí torná-lo
incapaz de entender qualquer coisa politicamente.
Ottolenghi reclama que a crítica a Israel é anti-semítica
porque destaca Israel para um impossível julgamento
de alto nível não aplicado alhures. Esta alegação
tem a finalidade de desviar a atenção do assunto.
As pessoas têm todo direito de discriminar um
país que ilegalmente ocupa territórios palestinos
e brutalmente oprime seu povo, particularmente quando ele conta
com o apoio político e militar dos Estados Unidoso
qual, por sua vez, representa um dos muitos crimes da maior potência
imperialista do mundo.
Para o articulista, Israel comete erros semelhantes ao
das demais nações, e isto é normal.
Afirma, Israel merece julgamento nos mesmos padrões
aplicados a outros paises, não sob padrões utópicos.
O World Socialist Web Site concorda com o último ponto.
Examinemos as evidências.
A fundação de Israel foi executada através
da expulsão forçada dos palestinos nativos. Não
foi o resultado de uma guerra que levasse o povo a fugir de seus
lares, mas a explícita política de progenitores
políticos do atual governo Likudcom a aquiescência
dos fundadores e do primeiro-ministro David ben Gurion, segundo
reconhecem historiadores israelenses.
Desde então, Israel envolveu-se em numerosas guerras,
inclusive em algumas não provocadas contra outros paises:
Egito em 1956, Líbano, em 1978 e 1982. Israel tem abertamente
desafiado numerosas resoluções das Nações
Unidas. E repetidamente desrespeita o Direito Internacional em
relação à Cisjordânia e à faixa
de Gaza, que vem ocupando ilegalmente desde 1967. Apropriou-se
de territórios, inclusive no leste de Jerusalém,
terras e aldeias para mais de 200 assentamentos.
As forças armadas de Israel têm empreendido repetidas
incursões em cidades da Palestina. Elas e os colonizadores
sionistas mataram mais de 2.500 palestinos, a grande maioria dos
quais civis desarmados e muitas crianças, desde o início
da intifada em setembro de 2000.
Como um dos mais violentos governos do mundo, Israel tem demolido
residências populares, destruído explorações
agrícolas e erradicado olivais, impondo toques de recolher,
mutilando a economia palestina e levando o povo à beira
da inanição. Israel regularmente detém indivíduos
sem julgamento. A tortura e o tratamento desumanos são
rotina. Israel tem exilado populares. Declarou uma política
de assassínios de opositores.
A política de Israel de fechar estradas não apenas
saindo da Cisjordânia mas também dentro da mesma
zona e da faixa de Gaza, juntamente com sua infame muralha de
segurança que separa a Cisjordânia de Israel, criou
um gueto para os palestinos. As condições para a
vasta maioria daqueles que vivem na faixa de Gaza, separando-a
de Israel por meio de cerca eletrificada, negando-lhes meios de
subsistência, lembram um gigantesco campo de concentração.
Israel é um estado dotado de armas nucleares que se
recusa a assinar o tratado de não proliferação
nuclear ou a permitir inspetores internacionais com o objetivo
de examinar suas instalações. Contudo, todos sabem
que Israel desenvolveu mais de 200 de tais armas e tem um extenso
programa de artefatos bélicos químicos e biológicos.
Se as armas nucleares de Israel foram subtraídas do conhecimento
público até agora é porque Israel serve de
guarda avançada dos interesses dos Estados Unidos no Oriente
Médio. Até já se afirmou que a aviação
israelense assestaria golpe preventivo contra o Irã, a
exemplo do que fez em relação ao Iraque em 1981.
Os Estados Unidos financiam Israel no montante de bilhões
de dólares anuais desde décadas na forma de ajuda
militar, cuja maior parte é despendida no país financiador.
Israel é o único país no mundo sob a direção
de um homem que sua própria comissão judiciária
declarou pessoalmente responsável por deixar de proteger
os campos de refugiados palestinos de Shabra e Shatilla contra
os bandos assassinos falangistas libaneses em 1982, portanto julgando-o
incapaz de exercer o cargo de ministro de estado. Sharon lidera
um governo que se apóia em partidos de extrema-direita
abertamente clamando por limpeza étnica sob o eufemismo
de transferência populacional.
Dentro do próprio Israel, o governo pratica uma política
de apartheid para com os palestinos, reminiscência do infame
regime homônimo da África do Sul. Discrimina os cidadãos
árabes, reduz seus direitos políticos e nega-lhes
parte justa dos recursos econômicos e a assistência
social. Recentemente aprovou legislação recusando
aos israelenses que casam com palestinos, na Cisjordânia
e na faixa de Gaza, o direito de viverem com seus cônjuges
em Israel.
O governo de Sharon não representa os interesses da
maioria do povo judeu vivendo em Israel, muito menos dos judeus
de todo o mundo. Representa politicamente um setor da elite financeira
israelense e, por procuração, a administração
Bush dos Estados Unidos.
Mais de 10% da força de trabalho israelense estão
desempregados e parcela muito maior empobrecida. O governo de
Sharon persegue uma política incansável de ataque
ao trabalho, ao padrão de vida e à segurança
social, numa tentativa clara de transferir os ônus do temerário
declínio econômico de Israel, conseqüência
da recessão mundial e do impacto da intifada palestina
nas costas dos trabalhadores e de suas famílias. Benyamin
Netanyahu, ministro da economia, recentemente anunciou a introdução
de leis restritivas do direito de greve no setor público
e o esfacelamento da previdência social.
Os fatos demonstram que Israel merece a condenação
mundial por suas notórias violações das leis
internacionais e sua política brutal e repressiva.
O Estado Sionista e o Ressurgimento do Anti-semitismo
na Europa
Ottolenghi acerta uma vez quando admite corretamente, Não
há dúvida que o anti-semitismo recente está
ligado ao conflito palestino-israelense.
Não obstante, ele prontamente se nega a admitir a realidade
quando insiste que alguém, de uma de outra forma, que chegue
à conclusões políticas a respeito do caráter
e a da viabilidade do projeto sionista, ou que, ainda, não
preste incondicional apoio a Israel, é um anti-semita:
O argumento de que esse é o comportamento de Israel
e o apoio judeu que atraem preconceito no mínimo soa falso
e é sinistro. Essa premissa significa que a simpatia pelos
judeus está condicionada à percepção
que eles esposam. Dificilmente é uma expressão de
tolerância. Discrimina os judeus. É anti-semitismo.
Inquestionavelmente, um dos mais potentes fatores que reaviva
o anti-semitismo hoje é os métodos brutais adotados
pelo governo israelense sob a direção de Sharon.
Relatório da União Européia que vazou revela
aumento no número de ataques a judeus da parte de jovens
muçulmanos europeus. O documento, compilado pelo Centro
Europeu de Monitoramento do Racismo e da Xenofobia, associa o
aumento dos ataques a judeus aos eventos no Oriente Médio,
particularmente desde o início da intifada palestina em
setembro de 2000 e do ataque de Jenin, na Cisjordânia, em
abril do ano passado.
Reconhecer este fato não significa endossar pontos de
vista anti-semitas ou defender aqueles que os perfilham. Mas não
se deve desconhecer o ingrediente político principal da
ameaçadora emergência do anti-semitismo, amiúde
no seio de uma segunda geração politicamente deseducada
de imigrantes árabes e africanos. Só se pode combater
tão nocivo desenvolvimento oferecendo oposição
de princípios, tanto ao estado sionista quanto àqueles
líderes burgueses fundamentalistas islâmicos e árabes,
que recorrem ao anti-semitismo populista na manipulação
do descontentamento público. Silenciar diante dos crimes
de Sharon ou, pior ainda, desculpá-los como o faz Ottolenghi,
apenas fomenta o anti-semitismo.
E também fortalece as forças de direita em escala
mundial.
O governo de Sharon apóia-se em dois partidos fascistóides,
um alicerçado nos vândalos da direita e assassinos
que habitam os assentamentos nos territórios ocupados e
outro que abertamente promete a transferência
dos palestinos da Cisjordânia e da faixa de Gaza. Sua sobrevivência
está inteiramente na dependência da administração
Bush e de empréstimos e ajuda militares de bilhões
de dólares.
Há uma aliança crescente entre a ala de direita
sionista e a extrema-direita cristã fundamentalista nos
Estados Unidos. A direita sionista alinhou-sefirmada no
chauvinismo árabe e na agressão contra o Iraquecom
grupos nos Estados Unidos e também na Europa que têm
uma longa história de anti-semitismo. Faz apenas algumas
semanas, Sharon recebeu a visita de seus mais ardentes suportes
na Europa, Sílvio Berlusconi, o primeiro-ministro da Itália
que provocou manchetes e desencadeou afrontas recentemente ao
erguer-se em defesa de Mussolini, o ditador fascista, proclamando
que Mussolini jamais matou alguém. Mussolini costumava
mandar indivíduos de férias em exílio interno.
Em 25 de novembro, Sharon não deixou por menos: hospedou
Gianfranco Fini, o líder da Aliança Nacional, herdeiro
político do partido fascista de Mussolini.
Nos meados dos anos 1990s, Fini ainda descrevia Mussolini como
o maior estadista do século 20. Agora, ele
condena o que chama de o vergonhoso capítulo na história
de nosso povo. Mas o que realmente o valoriza perante Sharon
é o apoio a Israel para a repressão dos palestinos
e a construção do muro. No que toca a Sharon, hoje
o apoio a Israel oblitera qualquer bafejo de anti-semitismo, mesmo
para apoiadores de fascistas que procuraram exterminar os judeus
europeus.
Que o estado sionista buscasse tais aliados e se tornasse um
dos maiores fomentadores da proliferação do anti-semitismo
é realmente outra das trágicas ironias da história.
Tão reacionários resultados é um gritante
contraste partindo de um abrigo seguro, livre da opressão
e discriminação, que a criação de
Israel parecia oferecer aos judeus após a II Guerra Mundial
e o Holocausto. Mas eles são o produto inevitável
do projeto sionista de estabelecer um estado capitalista criado
através da expropriação de outro povo e mantido
pela guerra e a repressão externa, pela exploração
social e as desigualdades domésticas. É impossível
para um estado assim constituído prover os fundamentos
necessários ao estabelecimento da justiça social
e da igualdade, até mesmo em benefício de seus próprios
cidadãos.
A falência do projeto sionista não resulta de
quaisquer imperfeições da parte do povo judeu, mas
de uma expressão da ruína de todos os movimentos
no Médio Oriente, na África e na Ásia, que
se têm baseado na perspectiva de um nacionalismo para solução
problemas sociais, econômicos e políticos fundamentais
em confronto com o povo trabalhador.
É tempo de reconhecer que o sionismo tem sido um experimento
terrível e falho. Sua continuação augura
unicamente maior opressão, tanto para os palestinos quanto
para os israelenses, prenunciando também a mais dolorosa
guerra.
A única saída do atual impasse é o desenvolvimento
de um movimento político em prol da união dos trabalhadores
e intelectuais árabes e judeus numa luta comum contra o
capitalismo e pela construção de uma sociedade socialista.
Esta vertente proporcionará o único caminho para
reparar as injustiças históricas sofridas pelos
trabalhadores e camponeses palestinos, e porá termo aos
males gêmeos da opressão e da guerra, alimentados
pela busca do lucro, ao mesmo tempo do capital internacional e
das camarilhas dirigentes nacionais israelenses e árabes.
A criação dos Estados Socialistas Unidos do Oriente
Médio removeria as fronteiras artificiais impostas através
das intrigas imperialistas que no presente dividem os povos e
as economias regionais, de forma que seus recursos satisfaçam
as aspirações sociais, econômicas e políticas
de todos.