A AFL-CIO de Sweeney expressa solidaridade às guerras
de Bush
Por Bill Vann
1 Octubre 2003
John Sweeney, presidente da AFL-CIO (American Federation of
Labour-Congress of Industrial Organizations, ou seja, Federação
Trabalhista Americana-Congresso de Organizações
Industriais), apareceu quarta-feira no Clube Econômico de
Detroit, um forum organizado pelo governo da cidade para divulgar
o que se chamou uma nova iniciativa de empregos. Entretanto,
o plano da federação sindical dos EEUU foi pouco
mais do que um gesto político com o objetivo de salvar
alguns empregos, salários e benefícios de seus próprios
funcionários às custas dos desempregados.
A indiferença geral ao que Sweeney iria dizer ficou
clara com a ausência dos executivos convidados das três
grandes fábricas de automóveis, dos políticos
locais proeminentes e até mesmo de importantes funcionários
sindicais.
Todavia, suas observações em Detroit merecem
consideração cuidadosa pelo que revelam sobre a
fisionomia social e política desta organização
que diz representar o movimento trabalhista americano.
Sweeney começou declarando que, dois dias após
o Dia do Trabalho, nós temos muito para comemorar.
Ele continuou: a produtividade do trabalhador em nosso país
é a mais elevada que já existiu, e os heróis
da classe trabalhadora que nos protegeram de 11 de setembro e
suas consequências estão outra vez fazendo o mesmo
no Afeganistão e no Iraque.
Por que essa produtividade histórica do trabalhador
é algo que uma organização que clama representar
os interesses dos trabalhadores deve comemorar, o chefe da AFL-CIO
não explicou. O aumento dramático na produtividade
das firmas dos EEUUa uma taxa anual de 6,8 por cento de
acordo com os dados mais recentes do Departamento do Trabalhotem-se
traduzido em dispensas por um lado e em acelerado desempenho por
outro. A observação de Sweeney, feita a uma audiência
constituída em sua maior parte de patrões, teve
por objetivo ressaltar o papel dos sindicatos da AFL-CIO em facilitar
este controle da força de trabalho americana.
Mas é na questão da guerra que o real caráter
reacionário da burocracia sindical americana aparece mais
claro.
Nas semanas que conduziram à invasão americana
do Iraque, a AFL-CIO emitiu uma nota tímida questionando
a oportunidade, a épocanão a criminalidadeda
guerra e indicando sua preferência tática por uma
coalisão internacional sancionada pelas Nações
Unidas para realizar o ataque. Esta declaração
foi aclamada por algumas das demonstrações de protesto
da esquerda como um poderoso passo adiante no movimento
contra a guerra.
Uma vez que as bombas e os cruise missiles (mísseis
de cruzeiro) começaram a cair em Bagdad, entretanto, os
burocratas trabalhistas deixaram cair todo a pretensão
de oposição e declararam-se indubitavelmente a
favor de nosso país e dos homens e mulheres da América
nas linhas de frente.
Mais recentemente, a AFL-CIO fêz um voto do silêncio
com relação à guerranem uma única
referência ao Iraque pode ser encontrada no Web site da
organizaçãocom os burocratas trabalhistas
insistindo em que o assunto é demasiado conflitivo.
Na reunião de seu conselho executivo no último mês,
a federação trabalhista anunciou que se dedicaria
unicamente a questões domésticas na corrida para
as eleição presidenciais de 2004.
Como as observações de Sweeney em Detroit clarificam,
entretanto, esta não é uma matéria de neutralidade
na guerra em andamento dos EEUU e da ocupação colonial
do Iraque. Ele iguala os heróis da classe trabalhadora
de 11 de setembro de 2001 e as forças militares que estão
realizando ocupações brutais no Iraque e no Afeganistão.
Os primeiros consistindo dos bombeiros e outros trabalhadores
que responderam a um ataque repentino e maciço, sacrificando
suas vidas no esforço de salvar outros.
As guerras ilegais e não-provocadas no Afeganistão
e no Iraque têm custado muitas milhares de vidas, a maioria
delas civis desarmados, num esforço da elite governante
dos Estados Unidos da América em apreender os poços
de petróleo e a vantagem estratégica do Oriente
Médio. Para os trabalhadores iraquianos, a invasão
provou ser uma catástrofe, com centenas de milhares perdendo
seus trabalhos e a sociedade inteira à beira da ruína.
A ocupação provou ser também um desastre
para a juventude da classe trabalhadora dos EEUU em geral, que
está sendo sacrificada em números crescentes em
conseqüência da crescente resistência popular
iraquiana. Muitos dos próprios soldados têm questionado
a finalidade da ocupação e exijido que sejam trazidos
de volta para casa.
Sua retórica sobre heróis à
parte, Sweeney não fala para esses soldados, que incluem
muitos guardas nacionais e reservistas que são membros
de sindicatos da AFL-CIO, mas para a administração
de Bush e suas mentiras sobre as planejadas guerras de agressão
dos EEUU representando uma retaliação justificável
para 11 de setembro.
O discurso do presidente da AFL-CIO foi usado ostensivamente
para anunciar uma iniciativa nova que a burocracia dos sindicatos
trabalhistas denominada América Trabalhando.
Ele se referiu a essa entidade como um sindicato nacional
novo que recrutaria os trabalhadores não-sindicalizados
e os desempregados que quisessem fazer parte dos esforços
da AFL-CIO pela justiça social.
Não há muito tempo atraz, a palavra-chave do
movimento do sindicato era organizar os não-organizados.
Hoje, parece, ela é enganar os não-organizados.
A resolução passada no último mês
pelo conselho executivo da AFL-CIO criando a organização
era um tanto mais sóbria do que a que Sweeney apresentou:
a América Trabalhando não será de maneira
alguma baseada no emprego nem no local de trabalho; nem lidará
com os empregadores com a finalidade de tratar de negociações
coletivas, queixas, ou de qualquer outro tipo de respresentação
relacionada ao emprego; nem seus membros receberão benefícios
ou privilégios associados com a respresentação
baseada no emprego.
A definição especificou, entretanto, que a federação
sindical estabeleceria uma estrutura de responsabilidades
para seu novo sindicato nacional.
Assim, a AFL-CIO oferecerá sociedade em uma organização
que não forneçerá nenhum dos serviços
usuais associados com um sindicato, mas manejará coletar
obrigações. Sweeney informou que a federação
sindical mandaria gente para bater às portas
para angariar suporte para a América Trabalhando.
Quando eles chegarem às ruas de centros industriais quebrados
como Detroitonde dezenas de milhares de trabalhadores perderam
seus trabalhos sem que o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria
Automobilística (United Auto WorkersUAW) e outros
sindicatos levantassem um dedo em sua defesareceberão
rudes boas vindas.
Há uma conexão decididamente material entre este
conto-do-vigário de algo-por-nada e a política estridente
pró-guerra apresentada pela burocracia trabalhista. Ambos
são planejados para sustentar uma organização
em declínio ao requisitar recursos novos para a Tesouraria
da AFL-CIO, a qual tem sido esvaziada com o declínio constante
das filiações aos sindicatos. Os últimos
20 anos têm visto a parcela sindicalizada da força
de trabalho americana cair de mais de 20 por cento a pouco mais
de 13 por cento.
A guerra e a ocupação no Iraque forneceram à
burocracia da AFL-CIO uma oportunidade de provar sua subserviência
aos interesses empresariais dos EEUU, promovendo o patriotismo
sob o disfarce do slogan forjado suporte nossas tropas.
Este suporte consiste em justificar uma guerra em
que soldados estão morrendo a cada dia para sustentar uma
causa que é totalmente inimiga daquelas dos trabalhadores
americanos.
Durante o período da guerra fria de Washington contra
a União Soviética, tal apoio trabalhista para a
política externa dos EEUU trouxe à burocracia da
AFL-CIO substanciais sustentação e dinheiro do governo.
Ela se viu ligada a várias frentes trabalhistas
para a CIA, tal como o Instituto Americano para o Desenvolvimento
Livre do Trabalho (AIFLD) na América Latina e em grupos
similares na África e na Ásia. Seus conselheiros
participaram diretamente na organização de golpes
militares e na sustentação de ditaduras da direita.
A burocracia trabalhista dos EEUU tem continuado sua participação
nestas operações, como demonstrado pelo seu papel
ao ajudar as forças apoiadas pela CIA que realizaram o
golpe abortado contra o presidente venezuelano Hugo Chavez em
abril do ano passado. Ela sem nenhuma dúvida vê na
erupção do militarismo dos EEUU grandes oportunidades.
Quem, por exemplo, será atribuído da tarefa de organizar
um movimento trabalhista responsável no Iraque?
Que tal colaboração com a agressão imperialista
dos EEUU no exterior impossibilita qualquer luta em nome dos trabalhadores
nos EEUU é auto-evidente. Na última semana, a administração
de Bush justificou o corte dos aumentos de pagamento aprovados
para 1.8 milhão de empregados do governo federal citando
as demandas da guerra global ao terrorismo.
Sob circunstâncias em que não defenderá
nem mesmo seus próprios membros, a pretensão da
AFL-CIO de que está construindo um movimento para representar
os desempregados e não-organizados é absurda. As
centenas de bilhões de dólares que serão
gastos na guerra e na ocupação serão pagos
atravez de cortes uniformes ainda mais profundos na saúde,
na educação e nos orçamentos sociais e forçando
mesmo mais trabalhadores nas linhas do desemprego.
Qualquer que seja o dinheiro limitado que maneje coletar daqueles
inocentes o bastante para afiliar-se à sua frente América
Trabalhando será empacotado juntamente com o dinheiro coletado
dos trabalhadores sindicalizados e entregue aos políticos
dos grandes negócios com o alvo de ganhar novos benefícios
e privilégios para a própria burocracia.
A viagem de Sweeney a Detroit ocorreu apenas dois dias após
o Dia do Trabalho, marcado na Cidade do Motor pelo cancelamento
pelo Estado de Michigan da parada anual da AFL-CIO. No período
glorioso da AFL-CIO entre os anos de 1950 e 1960, este evento
era simbólico da influência do movimento trabalhista
oficial, usado por cada candidato presidencial democrático
para dar o movimento de partida de sua campanha.
Revivido nos anos de 1980, ele se transformou em uma caminhada
sem motivação atravez de uma paisagem urbana devastada
em todos os cantos devido às traições da
própria burocracia sindical, com sua aceitação
de rodadas infinitas de dispensas e de concessões à
indústria automobilística. Ele serviu primeiramente
para ilustrar o isolamento e a irrelevância dos sindicatos
com relação às vidas da maioria das pessoas
que vivem na cidade. Sensivelmente, os burocratas locais decidiram
livrar a parada de sua miséria.
O discurso de Sweeney é consistente com aquela ação.
Ambos expressam uma organização que polìticamente
transformou-se um corpo andante. A defesa dos direitos dos trabalhadores
e dos desempregados pode ser levada à frente somente descartando-se
o peso morto da AFL-CIO e construindo-se novas organizações
de luta trabalhista e política em oposição
a esse instrumento burocrático.
Além disso, a luta por empregos e a defesa das condições
sociais não podem ser levadas à frente separadas
do repúdio do nacionalismo reacionário da burocracia
trabalhista e da luta para por um fim à ocupação
dos EEUU do Iraque e a toda agressão militar dos EEUU no
exterior.