No avanço dos EEUU em direção a Bagdá,
tropas Iraquianas são massacradas pelo ar
Por James Conachy
10 Abril 2003
Após uma semana de massivos ataques, a rápida
ofensiva dupla do dia 1 de abril de unidades do exército
e da marinha dos EEUU está abrindo caminho entre as divisões
da Guarda Republicana Iraquiana e unidades regulares do exército
que estão defendendo as entradas a sudeste de Bagdá.
De acordo com as emissões dos canais de televisão
CNN, MSNBC, e Fox, do dia 3 de abril, as colunas blindadas dos
EEUU têm avançado na periferia da capital do Iraque
e estão enfrentando defensores Iraquianos ao redor do Aeroporto
Internacional Saddam Hussein. O suprimento de eletricidade foi
cortado, e a cidade está sob sustentado bombardeamento
por artilharia e aeronaves dos EEUU.
Entre as celebrações descaradas do assalto americano
pelos meios de comunicação de massa dos EEUU, é
preciso que se aponte para o que verdadeiramente está acontecendo.
O que está-se desenrolando no Iraque é um massacre
- um dos mais desiguais conflitos militares da história.
As forças invasoras dos EEUU e da Grã-Bretanha estão
utilizando seu controle incontestável do ar e sua devastadora
supremacia técnica para espalhar morte sobre as tropas
Iraquianas.
Harlan Ullman, um dos autores da política de choque
e medo' para física e psicologicamente destruir qualquer
inimigo do imperialismo dos EEUU, exclamou no dia 3 de abril ao
jornal New York Post: Para apreciar porque nós estamos
tendo tanto progresso, voce precisa entender as vantagens extraordinárias
que nossas forças têm sobre as Iraquianas. É
uma questão de poder devastador. Nosso poder no ar é
inexorável. E o nosso poder na terra tem capacidade massiva
de destruir o inimigo com um mínimo de perda para nós'.
Aviões de bombardeio dos EEUU e da Grã-Bretanha
estão realizando mais de 1000 ataques por dia no Iraque.
A maioria dos ataques da semana passada atingiram posições
defensivas da mal-equipada Guarda Republicana Iraquiana ao sul
de Bagdá. Os EEUU têm mantido continuamente no ar
150 aviões de bombardeio, para possibilitar ataques oportunos'
em qualquer tentativa pelos soldados Iraquianos de se reorganizar,
suprir, ou até mesmo se entregar.
Mais de 12000 bombas guiadas de precisão', ou
bombas inteligentes', já foram atiradas sobre o Iraque
desde que esta guerra começou, bem como milhares de bombas
comuns, ou bombas estúpidas'. As unidades Iraquianas
que têm sobrevivido aos ataques aéreos têm
sido submetidas a massivos bombardeamentos de artilharia e assaltos
de aviões-caça, aviões de bombardeio A-10,
e helicópteros atiradores Apache.
Os militares dos EEUU e da Grã-Bretanha não estão
nem mesmo dando estimativas oficiais do número de Iraquianos
mortos ou feridos. O jornal New York Times do dia 1 de abril disse
que o número de mortes não é uma estatística
que os interessa'. Um oficial da Força Aérea Britânica
disse ao Times: Nós não contamos cabeças
e certamente não publicamos isso'.
Todas as indicações, entretanto, são de
que as mortes entre as tropas do Iraque têm sido enormes
(Nota da tradutora: vale lembrar que tal empreendimento está
sendo custeado com enormes somas de dinheiro recolhidas dos pagadores
de impostos nos EEUU e na Grã-Bretanha. Esse dinheiro tem
sido diligentemente desviado das obras sociais pela elite governante).
O jornal Washington Post de 2 de abril documentou que 12000
soldados da Divisão Medina da Guarda Republicana Iraquiana,
posicionados aos redores da cidade de Karbala, situada a sudeste
de Bagdá, haviam sofrido um incessante bombardeamento
nos dias recentes pelos aviões da Força Aérea,
incluindo bombardeiros B-52'. O mesmo jornal comentou: Muitos
veículos destruídos e dezenas de corpos se alinhavam
nas estradas enquanto as tropas dos EEUU passavam'.
O jornal Los Angeles Times informou que carcaças
queimadas e distorcidas de veículos militares Iraquianos
cobriam as margens da Rota 9 a Este de Karbala'. O jornal The
Associated Press informou no dia 3 de abril que a estrada de Karbala
a Bagdá estava coberta de centenas de veículos
queimando, ambos civís e militares' e adicionou que
centenas de Iraquianos mortos, a maioria usando uniforme, repousa
ao lado dos veículos'.
O jornal inglês Guardian publicou no dia 3 de abril que
a divisão de Bagdá da Guarda Republicana Iraquiana
que está defendendo a cidade de Kut e as entradas a sudeste
de Bagdá havia sofrido intenso bombardeio nas últimas
semanas. Isto inclui o uso de duas bombas que usam o ar como combustível,
denominadas daisy cutters', de mais de 7 000 kilos cada
uma, sobre suas posições.
As daisy cutters' detonam acima do solo, engolfando quase
2 km em uma bola-de-fogo que suga todo o oxigênio, incinerando
ou asfixiando quem estiver nessa área. Uma descrição
de seu impácto seria a seguinte: Aqueles não
incinerados são feridos pela massiva explosão ou
pelo vácuo. Ferimentos típicos incluem concussão,
cegueira, ruptura do tímpano, ressecamento/queimadura dos
canais de respiração e colapso dos pulmões,
hemorragias internas múltiplas, deslocamento e ruptura
de órgãos internos'.
Comandantes da Marinha dos EEUU disseram ao jornal Washington
Post que antes mesmo de suas forças armadas atingirem as
divisões Iraquianas ao redor de Bagdá 5000 ou mais
dos 11000 soldados Iraquianos ali situados já haviam sido
mortos ou feridos pelo ar, e 75% de seu equipamento já
havia sido destruído. Um oficial do Pentágono disse
ao jornal Guardian: Eles estão sendo dizimados e
nós os estamos eliminando tanque por tanque. Eles parecem
patos na lagoa'.
Os reforços também foram cortados pela força
aérea dos EEUU. O jornal New York Post documentou dia 3
de abril que Bs-52 detonaram seis novas bombas agrupadas CBU-105
dia 2 de abril sobre uma coluna da Guarda Republicana - que acredita-se
provenha agora da Divisão Al Nida - que tentava reforçar
posições Iraquianas. Derrubadas de mais de 13000
m de altitude, as bombas CBUs-105 liberam 10 bombas cada uma sobre
o campo de batalha, cada uma das quais libera 4 ogivas penetradoras
de fuzelagem. Usando raios infra-vermelho para definir alvos,
essas ogivas atingem qualquer veículo em um raio de 1 km.
De acordo com as declarações do Comando Central
dos EEUU, esse novo arsenal destruiu uma força Iraquiana
consistindo de dezenas de tanques e veículos.
A despeito de sua perdas, os militares e civís iraqianos
têm continuado a resistir à invasão americana.
Ínumeras reportagens testemunham que soldados Iraquianos
têm lançado ataques heróicos para desacelerar
o avanço dos tanques e veículos blindados invasores
com nada mais do que caminhonetas, granadas de mão, e armas
pequenas. Os sobreviventes da Guarda Iraquiana que têm sido
deixados pra tráz ou colocados de lado têm pelas
colunas americanas estão tentando voltar a Bagdá
para se juntarem aos soldados lá sitiados para a defesa
da cidade.
Resumindo a situação militar, um militar americano
de alto escalão disse ao jornal New York Times dia 3 de
abril: O inimigo está juntando todas as forças
que pode e ordenando que retornem a Bagdá. Ele está
reunindo a Guarda Republicana para uma última batalha.
Nós estamos tentando matar qualquer coisa que se mova em
direção à cidade'.
A carnificina acompanhando o avanço das tropas dos EEUU
sobre Bagdá demonstra o caráter da guerra da administração
de Bush no sentido de liberar' o Iraque. A resistência
do povo Iraquiano está inevitavelmente fazendo essa invasão
degenerar-se em uma campanha cruel para eliminar suas forças
armadas mal-equipadas e traumatizar e intimidar a população
para que aceite o comando de Washington. Uma legacia de ódio
está sendo criada, a qual vai durar muitas décadas.
Com as forças dos EEUU cercando Bagdá a partir
do Sul, Oeste e Este, o potencial para um banho-de-sangue é
assustador. Significantes seções das forças
armadas do Iraque estão tomando posições
na capital para uma última batalha de trincheira a fim
de prevenir a entrada dos EEUU na cidade. A irresponsabilidade
e o desespêro pela vitória da administração
de Bush é tal que este bem que pode ordenar um assalto
rua-por-rua - com imensos custos de vida, de militares e civís.