The Einstein File: J. Edgar Hoover´s Secret War Against
the World Most Famous Scientist, by Fred Jerome, St. Martin´s
Press, 2002, 348 páginas, ISBN 0-312-28856-8
Uma campanha de 22 anos de espionagem e calúnias do
FBI contra Albert Einstein é revelada neste livro recentemente
publicado.
Que o FBI espionou proeminentes personalidades, inclusive artistas,
músicos, cientistas e sábios, é consabido
por décadas. O dossiê do FBI sobre Einstein, talvez
o maior cientista do século XX, veio primeiramente à
luz em 1983, quando Robert Alan Schwartz, professor na Universidade
Internacional da Flórida, escreveu um artigo sobre o assunto
para a revista The Nation.
Até 25 por cento do dossiê de Einstein foram originalmente
eliminados ou retidos pelas autoridades. O autor Fred Jerome requereu
a liberação baseado no Freedom of Information Act
e conseguiu obter a maior parte do material remanescente. O resultado
é o ricamente detalhado exame de um dossiê de 1800
páginas compilado numa campanha de décadas contra
Einstein.
Este livro bem que vale uma leitura acurada e completa. Em
sua própria pesquisa das atividades de Einstein, The
Einstein File revela para uma mais ampla audiência o
que tinha permanecido pouco conhecido nas décadas antes
da morte de Einstein: o físico detentor do Prêmio
Nobel, cuja Teoria da Relatividade Especial e Geral transformou
o mundo e cujo nome se tornou sinônimo de gênio científico,
esteve profundamente comprometido na luta contra a guerra, pelos
direitos democráticos e pelas liberdades civis. Ele era
declarado opositor da desigualdade social e defensor de uma economia
socialista planificada.
O dossiê Einstein serve como útil lembrete dos
objetivos da espionagem do FBI. Zelosos e complacentes liberais
muitas vezes comentam os excessos da era McCarthy.
Como a campanha contra Einstein demonstra, estes métodos
por longo tempo anteciparam-se à Guerra Fria e a McCarthy,
muito embora alcançassem histérica intensidade no
começo dos anos 1950s.
Muitos anos antes das perseguições aos dirigentes
do Partido Comunista dos Estados Unidos no período da Guerra
Fria e na vigência do Smith Act(*), a mera expressão
de pontos de vista socialistas ou radicais por uma personalidade
eminente era considerada como fundamento para uma investigação
do FBI. As técnicas empregadas contra Einstein - abertura
ilegal de sua correspondência, monitoração
de suas chamadas telefônicas e compilação
de pormenorizado relatório de seus pontos de vista políticos
e de suas atividades com o objetivo de criminaliza-los, constituíam
norma operacional.
A historia subseqüente tem mostrado também que
os ataques do FBI aos direitos democráticos não
pararam com a derrocada de McCarthy, nem com o desaparecimento
do notório J.Edgar Hoover, que imperou na agência
por quase 50 anos até sua morte em 1972.
A campanha oficial contra Einstein começou antes mesmo
que ele se estabelecesse nos Estados Unidos como refugiado do
regime de Hitler, em 1933. Quando solicitou um visto de entrada
em 1932, para ensinar na Universidade da Califórnia como
tinha feito em várias ocasiões precedentes, um agrupamento
de extrema direita denominado Woman Patriot Corporation enviou
uma carta de 16 páginas para o Departamento de Estado argumentando
que sua entrada nos Estados Unidos não devia ser permitida.
De acordo com esse grupo, o conhecido posicionamento de Einstein
contra a guerra e sua visão internacionalista equivaliam
a uma aberta identificação com o Comunismo
e com organizações e grupos anarco-comunistas...
O Departamento de Estado ao receber a missiva procedeu a um
interrogatório de Einstein no consulado dos Estados Unidos
em Berlim, acerca de suas opiniões. Consoante um registro
da Associated Press na época: A paciência do
Professor Einstein esgotou-se. Seu semblante habitual era cordial
e firme, mas sua normalmente melodiosa voz tornou-se estridente
e ele gritou: Que é isto, uma inquisição?
Uma tentativa de chicana? Eu não me disponho a responder
a tão idiotas indagações. Não pedi
para ir para a América. Seus compatriotas me convidaram;
sim, eles me pediram. Se for para entrar em seu país como
um suspeito, não quero ir de forma alguma. Se vocês
não querem conceder-me um visto, digam por favor. Então
eu saberei onde ficar.
Horas após de a imprensa ser notificada do incidente,
o Departamento de Estado anunciou que os vistos para Einstein
e sua esposa seriam expedidos no dia seguinte. Em 10 de dezembro
de 1932, ele tomou o navio para os Estados Unidos, chegando a
seu destino em 10 de janeiro de 1933. Em pouco mais de duas semanas,
Adolf Hitler assumia o poder na Alemanha e a estada dos Einsteins
na América tornou-se permanente.
O rápido recuo oficial não significou o fim da
vigilância e da importunação, todavia, mas
apenas o começo. O ataque da Woman Patriot Corporation
transformou-se no início do dossiê de Einstein. Nos
anos 1930s, o FBI juntou-lhe achegas de tempos em tempos, na maior
parte recortes e relatos, anotando coisas tais como o apoio de
Einstein ao governo legal da Espanha durante a Guerra Civil contra
os fascistas de Franco. Durante esse período, Einstein
tentou, com sucesso limitado, conseguir vistos de entrada nos
Estados Unidos para colegas refugiados do regime nazista.
Projeto Manhattan
A maior parte seguinte do dossiê trata do empreendimento
que seria chamado de Projeto Manhattan, a corrida para o desenvolvimento
de uma arma nuclear antes dos nazistas. Einstein, posto que toda
uma vida pacifista, escreveu ao então presidente Rossevelt
sugerindo-lhe trabalhar para a consecução de tal
arma antes que o regime hitlerista a obtivesse. Quando o nome
de Einstein foi sugerido para assistir nos trabalhos, o serviço
de inteligência militar solicitou parecer do FBI.
O dossiê de Einstein no FBI não era ainda muito
substancial, mas J. Edgar Hoover forneceu uma carta de informação
e um Esboço Biográfico completo com
mentiras e meias-verdades, inclusive informes de que Einstein
tem patrocinado as principais causas comunistas nos Estados
Unidos e que, em Berlim, mesmo em épocas de
liberdade e períodos tranqüilos, de 1923 a 1929, o
lar de Einstein era conhecido como um centro comunista e agência
de de informações.
Concluiu o FBI: Em vista de seus antecedentes, esta organização
não recomendaria o emprego do Dr. Einstein em assuntos
de natureza secreta, sem uma investigação muito
cuidadosa, pois parece improvável que um homem de seu passado,
em tão breve tempo, pudesse tornar-se leal cidadão
americano.
Após a II Guerra Mundial e com o início da Guerra
Fria, a vigilância de Einstein intensificou-se. O FBI observou
a fervorosa oposição de Einstein ao lançamento
da bomba atômica sobre Hiroshima e Nagasaki. Em maio de
1946, Einstein concordou em liderar o recém-formado Comitê
de Cientistas Atômicos, que realizava campanha contra o
desenvolvimento de armas nucleares.
De acordo com o dossiê do FBI: Dirigente e principal
porta-voz da ECAS, era o professor Albert Einstein, que no passado
tinha sido usado por várias organizações
de caráter comunista, na qualidade de grande nome'
e inocente útil'.
Einstein esteve crescentemente em desacordo com as políticas
oficiais durante a Guerra Fria. Defendeu os dirigentes comunistas
quando foram indiciados por força do Smith Act, em 1948.
Posicionou-se em defesa de Julius e Ethel Rosenberg, acusados
de espionagem em prol dos soviéticos e executados em junho
de 1953. Quando Einstein enviou carta pessoal apelando por clemência
ao juiz federal Irving R. Kaufman, que tinha condenado os Rosenbergs
a morrerem na cadeira elétrica, Kaufman prontamente mandou
a missiva para J. Edgar Hoover, que a juntou ao dossiê de
Einstein.
A campanha contra Einstein alcançou seu clímax
entre 1950 e 1954. Jerome registra que os esforços de Hoover
para difamar o cientista e subverter sua popularidade, foram aparentemente
desencadeados pelo aparecimento de Einstein na premiére
de um espetáculo semanal de televisão patrocinado
pela senhora Eleanor Roosevelt. A data era 12 de fevereiro de
1950. Duas semanas antes, o presidente Truman anunciara um programa
de impacto para construção da bomba de hidrogênio.
Einstein declarou sua oposição na televisão
nacional. O Washington Post relatou em manchete na manhã
seguinte: Einstein Receia que a Bomba de Hidrogênio
Poderá Aniquilar Qualquer Forma de Vida.
No mesmíssimo dia, Hoover ordenou a seu chefe de inteligência
interna que preparasse um relatório completo sobre Einstein,
documento este que fosse pressurosamente montado e entregue dois
dias mais tarde.
A histérica política de caça às
bruxas contra espiões soviéticos devia caminhar
a todo vapor. Apenas uma semana antes, Joseph McCarthy, num de
seus mais famosos discursos, tinha afirmado numa audiência
em Wheeling, West Virgínia, Eu tenho aqui em minha
mão uma lista de 205 que eram conhecidos do secretario
de estado como membros do Partido Comunista e que, não
obstante, estão ainda trabalhando e elaborando a política
do Departamento de Estado. Na mesma semana, Klaus Fuchs
foi preso em Londres e confessou espionar para a URSS. Nos meses
seguintes, ocorreram prisões de outros, dentre os quais
os mais proeminentes eram os Rosenbergs.
Até onde o FBI esteva interessado, a oposição
de Einstein à campanha contra a União Soviética
era uma expressão de deslealdade, na mesma proporção
em que se prestava ajuda e satisfação ao inimigo.
Alguma evidência tinha de ser encontrada, ligando-o à
espionagem.
Nenhuma insinuação era demasiado bizarra na vingança
dos quatro anos. O FBI entrevistou indivíduos que logo
se descobriu terem sido pacientes mentais fazia pouco tempo, os
quais fizeram estranhas alegações. Uma fonte confidenciou
que Einstein inventara um robô elétrico que podia
controlar a mente humana. Tempo e esforços apreciáveis
foram gastos em busca de evidências na sustentação
da fantasiosa estória de que um dos filhos de Einstein
era mantido como refém na URSS, supostamente motivo adicional
para que ele estivesse ajudando Moscou. Informações
provenientes de fontes pró-nazistas eram convenientemente
incorporadas ao dossiê de Einstein.
Enquanto o FBI prosseguia em suas avaliações,
o Serviço de Imigração e Naturalização
(INS**) realizava investigação paralela visando
a retirar seu status de naturalização de cidadão
americano para deportá-lo. Um memorando do INS para J.
Edgar Hoover, de 08 de março de 1950, poucas semanas após
Hoover empreender seus próprios esforços, pediu
ao FBI para fornecer qualquer informação depreciativa
contida em qualquer arquivo sobre Einstein. Em aditamento,
o INS afirmou ....este naturalizado, não obstante
sua reputação mundial como cientista, deve ser adequadamente
investigado para possível cancelamento de sua naturalização.
Seguiu-se um processo investigatório de cinco anos de duração.
Einstein não foi simplesmente uma vítima passiva
da campanha difamatória. Mesmo que tivesse sido conduzida
no mais rigoroso sigilo, exatamente porque as autoridades temiam
o efeito desastroso se viesse a público, Einstein estava
bem consciente e bem alerta de que estava sob constante vigilância.
Por ocasião de um jantar em 1948, ele afirmou ao embaixador
polonês nos Estados Unidos, Eu suponho que você
deva compreender neste momento que os Estados Unidos já
não constituem uma nação livre, que indubitavelmente
nossa conversação está sendo gravada. O salão
está sob escuta, e minha residência, cerradamente
vigiada. A presença desta conversação
de Einstein em seu dossiê confirma a procedência do
aviso.
Princípios democráticos
A despeito de uma doença séria e de sua avançada
idade, Einstein declarava-se em defesa dos princípios democráticos
até o dia em que faleceu. Não é exagero dizer
que em muitas oportunidades ele preencheu o vácuo criado
pelo silêncio de tantos outros eminentes intelectuais. Um
dos melhores exemplos foi a carta que escreveu a William Frauenglass,
professor da Brooklin em maio de 1953. Frauenglass fora intimado
para depor pelo Sub-Comitê do Senado para Segurança
Interna, um dos comitês do congresso de importunação
política então ativo.
Em resposta ao pedido de informação e apoio de
Frauenglass, Einstein, então com 74 anos de idade, enviou-lhe
uma carta sobre cujo envio também ao New York Times
ambos concordaram, onde foi publicada em 12 de junho. Apareceu
como parte de uma matéria de primeira página, com
a manchete ´Recusa para Depor´, é o conselho
de Einstein aos Intelectuais Convocados pelo Congresso.
Os editores do Times intitularam este chamado de desafio
ilegal, anormal e insensato.
A imagem popular de Einstein, cultivada pela mídia e
de um modo geral aceita por seus vários biógrafos,
é a de um cientista de certa forma brilhante e distraído,
homem muito versado nos domínios da física teórica
mas não atento ao mundo cotidiano. Tornou-se um ícone
e colocou-se num pedestal que permite fiquem seus pontos de vista
políticos preservados e bem escondidos. Quando a revista
Time o elegeu como Personalidade do Século
há vários anos, omitiu qualquer referência
a todas menções de sua visão socialista.
Sua imagem popular é falsa. Einstein embebeu-se na cultura
alemã e européia. Nascido em 1879, cresceu num país
que foi o berço do movimento de massas dos trabalhadores
socialistas fundado por Marx e Engels e, posto que não
abraçasse integralmente o marxismo, foi profundamente influenciado
por este. A partir de sua adolescência, Einstein manifestou-se
pelo internacionalismo e pelo humanismo que caracterizariam toda
sua vida.
Em 1895 ele deixou a Alemanha para estudar e trabalhar na Suíça,
onde executou seu primeiro celebre trabalho sobre a Relatividade.
Retornou para a Alemanha em 1914, apenas alguns meses antes do
começo da I Guerra Mundial. Numa época em que a
Social Democracia alemã e a esmagadora maioria da inteligentsia
sucumbia ao chauvinismo, Einstein foi um dentre poucos intelectuais
que se opuseram à guerra, embora assumindo um posicionamento
pacifista e não marxista.
Einstein foi toda uma vida oponente da ignorância e do
obscurantismo, e especialmente de todas as formas de chauvinismo
e de racismo. Durante os anos 1930s, na qualidade de imigrante
recém-chegado para os Estados Unidos, declarou-se em defesa
dos Scottsboro Boys, as nove vítimas da maquinação
racista no Alabama. Em 1946, quando o fim da guerra foi seguido
de uma orgia de atrocidades racistas, inclusive linchamentos,
ele se uniu a Paul Robeson para formarem a Cruzada Americana Contra
o Linchamento, patrocinadora de um protesto em Washington.
Posto que por muito tempo sionista, Einstein também
afirmou, em 1938, que ele gostaria muito mais ver um acordo
razoável com os árabes, fundamentado num convívio
pacífico, que a criação de um estado judaico.
A defesa do Partido Comunista por Einstein não implicava
em apoio de sua parte ao stalinismo. Foi crítico dos ataques
stalinistas aos direitos democráticos, mas se opôs
à calúnia de que o Partido Comunista Americano era
simplesmente instrumento de Moscou e que seus membros não
tinham direito de livre expressão e associação.
A posição de Einstein é digna de nota hoje
em dia após o colapso do stalinismo, enquanto toda uma
escola de apologistas do capital procura utilizar os crimes de
Moscou em prol da negação do significado histórico
da luta pelo socialismo nos Estados Unidos como também
internacionalmente.
Porquanto não haja indicação de que Einstein
se preocupou com assuntos históricos surgidos com a degenerescência
da Revolução Russa e a luta de Trotsky contra o
stalinismo, ele próprio se considerava um socialista. Isto
é evidenciado num artigo que escreveu em 1949 para a recém-criada
revista Monthly Review. Vale a pena citar o artigo intitulado
Por que o Socialismo?, com alguns pormenores:
A anarquia econômica da sociedade capitalista tal
qual existe hoje é, em minha opinião, a real fonte
do mal....
Chamarei de ´trabalhadores` todos aqueles que não
compartilhem da posse dos meios de produção... Na
medida em que o contrato de trabalho é ´livre`, o
que o trabalhador recebe é determinado não pelo
real valor dos bens que produz, mas pelo mínimo de que
necessita e pela busca dos capitalistas da força de trabalho
em relação ao número de operários
competindo por empregos.
.. sob as condições existentes, capitalistas
privados inevitavelmente controlam, direta ou indiretamente, as
principais fontes de informação (imprensa, rádio,
educação). É assim extremamente difícil
e, na verdade na maior parte dos casos, realmente impossível
para o cidadão chegar a conclusões objetivas e fazer
uso inteligente de seus direitos políticos.
A produção obedece à lei do lucro,
e não se destina ao uso. Não tem a preocupação
de que todos aqueles capazes e dispostos a trabalhar sempre tenham
condições de encontrar emprego; um exército
de desempregados quase sempre existe...
A invalidação do individuo, eu a considero
o pior dos males do capitalismo... Inculca-se no estudante uma
atitude competitiva exagerada, instruindo-o a adorar o êxito
aquisitivo...
Estou convencido de que há apenas um (itálico
no original) meio de eliminar estes graves males, ou seja, através
do estabelecimento de uma economia socialista, acompanhada de
um sistema educacional voltado para metas sociais. Em tal economia,
os meios de produção são possuídos
pela própria sociedade e utilizados de forma planificada.
Uma economia planificada, que ajusta a produção
às necessidades comunitárias, distribuiria o trabalho
a realizar entre todos aqueles capazes de trabalhar e garantiria
a subsistência a todo ser humano. A educação
do indivíduo, além de promover suas próprias
habilidades inatas, empenhar-se-ia em nele desenvolver senso de
responsabilidade por seus semelhantes em lugar da glorificação
do poder e do sucesso de nossa presente sociedade.
Por volta de 1954, a campanha do FBI contra Einstein tinha
perdido sua força. Ventos indicativos de mudança
política, inclusive a censura senatorial a McCarthy, contribuíram
para um clima em que as inquirições começaram
a perder fôlego. Não foram encerradas, contudo, até
vários dias após a morte de Einstein em 18 de abril
de 1955, aos 76 anos de idade.
O ataque a Einstein foi somente uma de muitas investigações
similares. Não constitui exagero afirmar que o FBI reuniu
informações sobre a maioria dos mais importantes
intelectuais americanos, num aspecto ou noutro, no decorrer desse
período.
Isto é um reflexo do atraso da elite dirigente americana,
seu apoio a preconceitos antiintelectuais, seu temor do impacto
de idéias políticas e de políticas educacionais
que influam nas vastas massas populacionais americanas. A proeminência,
a popularidade e a percepção política de
Einstein fizeram-no parecer ainda mais uma ameaça às
autoridades na medida em que estas procuravam sufocar a oposição
a suas políticas da Guerra Fria.
Os eventos do ano passado demonstram a oportunidade desta exposição
das operações do FBI e de outros órgãos
de inteligência. A história tem demonstrado os limites
restritos da democracia burguesa, a estrutura política
através da qual o capitalismo americano tem dominado tradicionalmente.
Não é a mesma coisa que os direitos democráticos
que têm sido conquistados através da luta e que devem
ser continuamente defendidos.
É precisamente quando a elite dirigente se sente ameaçada
por crises econômicas e políticas que ela demonstra
os limites de sua democracia. Das incursões
de Palmer Raids contra trabalhadores imigrantes
e militantes de esquerda em 1920, à prisão e indiciamento
de líderes do Partido Trotskista Socialista dos Trabalhadores
em 1941, à caça às bruxas de McCarthy, ao
presente arrastão contra os imigrantes do Oriente Médio
e à criação do Departamento de Segurança
Interna, o governo tem recorrido a seu espectro de ameaças
externas para aplicar restrições à oposição
interna.
N. do trad. (*) Aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos em 28
de junho de 1940. É notável a semelhança
de seu conteúdo com o de legislações repressivas
brasileiras adotadas no século passado;
(**) abreviação americana de Immigration and Naturalization
Service.