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O FBI e Albert Einstein

Por Alan Whyte e Peter Daniels
25 Octubre 2002

The Einstein File: J. Edgar Hoover´s Secret War Against the World Most Famous Scientist, by Fred Jerome, St. Martin´s Press, 2002, 348 páginas, ISBN 0-312-28856-8

Uma campanha de 22 anos de espionagem e calúnias do FBI contra Albert Einstein é revelada neste livro recentemente publicado.

Que o FBI espionou proeminentes personalidades, inclusive artistas, músicos, cientistas e sábios, é consabido por décadas. O dossiê do FBI sobre Einstein, talvez o maior cientista do século XX, veio primeiramente à luz em 1983, quando Robert Alan Schwartz, professor na Universidade Internacional da Flórida, escreveu um artigo sobre o assunto para a revista The Nation.

Até 25 por cento do dossiê de Einstein foram originalmente eliminados ou retidos pelas autoridades. O autor Fred Jerome requereu a liberação baseado no Freedom of Information Act e conseguiu obter a maior parte do material remanescente. O resultado é o ricamente detalhado exame de um dossiê de 1800 páginas compilado numa campanha de décadas contra Einstein.

Este livro bem que vale uma leitura acurada e completa. Em sua própria pesquisa das atividades de Einstein, The Einstein File revela para uma mais ampla audiência o que tinha permanecido pouco conhecido nas décadas antes da morte de Einstein: o físico detentor do Prêmio Nobel, cuja Teoria da Relatividade Especial e Geral transformou o mundo e cujo nome se tornou sinônimo de gênio científico, esteve profundamente comprometido na luta contra a guerra, pelos direitos democráticos e pelas liberdades civis. Ele era declarado opositor da desigualdade social e defensor de uma economia socialista planificada.

O dossiê Einstein serve como útil lembrete dos objetivos da espionagem do FBI. Zelosos e complacentes liberais muitas vezes comentam os “excessos” da era McCarthy. Como a campanha contra Einstein demonstra, estes métodos por longo tempo anteciparam-se à Guerra Fria e a McCarthy, muito embora alcançassem histérica intensidade no começo dos anos 1950s.

Muitos anos antes das perseguições aos dirigentes do Partido Comunista dos Estados Unidos no período da Guerra Fria e na vigência do Smith Act(*), a mera expressão de pontos de vista socialistas ou radicais por uma personalidade eminente era considerada como fundamento para uma investigação do FBI. As técnicas empregadas contra Einstein - abertura ilegal de sua correspondência, monitoração de suas chamadas telefônicas e compilação de pormenorizado relatório de seus pontos de vista políticos e de suas atividades com o objetivo de criminaliza-los, constituíam norma operacional.

A historia subseqüente tem mostrado também que os ataques do FBI aos direitos democráticos não pararam com a derrocada de McCarthy, nem com o desaparecimento do notório J.Edgar Hoover, que imperou na agência por quase 50 anos até sua morte em 1972.

A campanha oficial contra Einstein começou antes mesmo que ele se estabelecesse nos Estados Unidos como refugiado do regime de Hitler, em 1933. Quando solicitou um visto de entrada em 1932, para ensinar na Universidade da Califórnia como tinha feito em várias ocasiões precedentes, um agrupamento de extrema direita denominado Woman Patriot Corporation enviou uma carta de 16 páginas para o Departamento de Estado argumentando que sua entrada nos Estados Unidos não devia ser permitida. De acordo com esse grupo, o conhecido posicionamento de Einstein contra a guerra e sua visão internacionalista equivaliam a uma “aberta identificação com o Comunismo e com organizações e grupos anarco-comunistas...”

O Departamento de Estado ao receber a missiva procedeu a um interrogatório de Einstein no consulado dos Estados Unidos em Berlim, acerca de suas opiniões. Consoante um registro da Associated Press na época: “A paciência do Professor Einstein esgotou-se. Seu semblante habitual era cordial e firme, mas sua normalmente melodiosa voz tornou-se estridente e ele gritou: “Que é isto, uma inquisição? Uma tentativa de chicana? Eu não me disponho a responder a tão idiotas indagações. Não pedi para ir para a América. Seus compatriotas me convidaram; sim, eles me pediram. Se for para entrar em seu país como um suspeito, não quero ir de forma alguma. Se vocês não querem conceder-me um visto, digam por favor. Então eu saberei onde ficar.”

Horas após de a imprensa ser notificada do incidente, o Departamento de Estado anunciou que os vistos para Einstein e sua esposa seriam expedidos no dia seguinte. Em 10 de dezembro de 1932, ele tomou o navio para os Estados Unidos, chegando a seu destino em 10 de janeiro de 1933. Em pouco mais de duas semanas, Adolf Hitler assumia o poder na Alemanha e a estada dos Einsteins na América tornou-se permanente.

O rápido recuo oficial não significou o fim da vigilância e da importunação, todavia, mas apenas o começo. O ataque da Woman Patriot Corporation transformou-se no início do dossiê de Einstein. Nos anos 1930s, o FBI juntou-lhe achegas de tempos em tempos, na maior parte recortes e relatos, anotando coisas tais como o apoio de Einstein ao governo legal da Espanha durante a Guerra Civil contra os fascistas de Franco. Durante esse período, Einstein tentou, com sucesso limitado, conseguir vistos de entrada nos Estados Unidos para colegas refugiados do regime nazista.

Projeto Manhattan

A maior parte seguinte do dossiê trata do empreendimento que seria chamado de Projeto Manhattan, a corrida para o desenvolvimento de uma arma nuclear antes dos nazistas. Einstein, posto que toda uma vida pacifista, escreveu ao então presidente Rossevelt sugerindo-lhe trabalhar para a consecução de tal arma antes que o regime hitlerista a obtivesse. Quando o nome de Einstein foi sugerido para assistir nos trabalhos, o serviço de inteligência militar solicitou parecer do FBI.

O dossiê de Einstein no FBI não era ainda muito substancial, mas J. Edgar Hoover forneceu uma carta de informação e um “Esboço Biográfico” completo com mentiras e meias-verdades, inclusive informes de que Einstein “tem patrocinado as principais causas comunistas nos Estados Unidos” e que, “em Berlim, mesmo em épocas de liberdade e períodos tranqüilos, de 1923 a 1929, o lar de Einstein era conhecido como um centro comunista e agência de de informações.

Concluiu o FBI: ‘Em vista de seus antecedentes, esta organização não recomendaria o emprego do Dr. Einstein em assuntos de natureza secreta, sem uma investigação muito cuidadosa, pois parece improvável que um homem de seu passado, em tão breve tempo, pudesse tornar-se leal cidadão americano.”

Após a II Guerra Mundial e com o início da Guerra Fria, a vigilância de Einstein intensificou-se. O FBI observou a fervorosa oposição de Einstein ao lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima e Nagasaki. Em maio de 1946, Einstein concordou em liderar o recém-formado Comitê de Cientistas Atômicos, que realizava campanha contra o desenvolvimento de armas nucleares.

De acordo com o dossiê do FBI: “Dirigente e principal porta-voz da ECAS, era o professor Albert Einstein, que no passado tinha sido usado por várias organizações de caráter comunista, na qualidade de ‘grande nome' e ‘inocente útil'.

Einstein esteve crescentemente em desacordo com as políticas oficiais durante a Guerra Fria. Defendeu os dirigentes comunistas quando foram indiciados por força do Smith Act, em 1948. Posicionou-se em defesa de Julius e Ethel Rosenberg, acusados de espionagem em prol dos soviéticos e executados em junho de 1953. Quando Einstein enviou carta pessoal apelando por clemência ao juiz federal Irving R. Kaufman, que tinha condenado os Rosenbergs a morrerem na cadeira elétrica, Kaufman prontamente mandou a missiva para J. Edgar Hoover, que a juntou ao dossiê de Einstein.

A campanha contra Einstein alcançou seu clímax entre 1950 e 1954. Jerome registra que os esforços de Hoover para difamar o cientista e subverter sua popularidade, foram aparentemente desencadeados pelo aparecimento de Einstein na premiére de um espetáculo semanal de televisão patrocinado pela senhora Eleanor Roosevelt. A data era 12 de fevereiro de 1950. Duas semanas antes, o presidente Truman anunciara um programa de impacto para construção da bomba de hidrogênio. Einstein declarou sua oposição na televisão nacional. O Washington Post relatou em manchete na manhã seguinte: “Einstein Receia que a Bomba de Hidrogênio Poderá Aniquilar Qualquer Forma de Vida.”

No mesmíssimo dia, Hoover ordenou a seu chefe de inteligência interna que preparasse um relatório completo sobre Einstein, documento este que fosse pressurosamente montado e entregue dois dias mais tarde.

A histérica política de caça às bruxas contra espiões soviéticos devia caminhar a todo vapor. Apenas uma semana antes, Joseph McCarthy, num de seus mais famosos discursos, tinha afirmado numa audiência em Wheeling, West Virgínia, “Eu tenho aqui em minha mão uma lista de 205 que eram conhecidos do secretario de estado como membros do Partido Comunista e que, não obstante, estão ainda trabalhando e elaborando a política do Departamento de Estado”. Na mesma semana, Klaus Fuchs foi preso em Londres e confessou espionar para a URSS. Nos meses seguintes, ocorreram prisões de outros, dentre os quais os mais proeminentes eram os Rosenbergs.

Até onde o FBI esteva interessado, a oposição de Einstein à campanha contra a União Soviética era uma expressão de deslealdade, na mesma proporção em que se prestava ajuda e satisfação ao inimigo. Alguma evidência tinha de ser encontrada, ligando-o à espionagem.

Nenhuma insinuação era demasiado bizarra na vingança dos quatro anos. O FBI entrevistou indivíduos que logo se descobriu terem sido pacientes mentais fazia pouco tempo, os quais fizeram estranhas alegações. Uma fonte confidenciou que Einstein inventara um robô elétrico que podia controlar a mente humana. Tempo e esforços apreciáveis foram gastos em busca de evidências na sustentação da fantasiosa estória de que um dos filhos de Einstein era mantido como refém na URSS, supostamente motivo adicional para que ele estivesse ajudando Moscou. Informações provenientes de fontes pró-nazistas eram convenientemente incorporadas ao dossiê de Einstein.

Enquanto o FBI prosseguia em suas avaliações, o Serviço de Imigração e Naturalização (INS**) realizava investigação paralela visando a retirar seu status de naturalização de cidadão americano para deportá-lo. Um memorando do INS para J. Edgar Hoover, de 08 de março de 1950, poucas semanas após Hoover empreender seus próprios esforços, pediu ao FBI para fornecer “qualquer informação depreciativa contida em qualquer arquivo” sobre Einstein. Em aditamento, o INS afirmou “....este naturalizado, não obstante sua reputação mundial como cientista, deve ser adequadamente investigado para possível cancelamento de sua naturalização.” Seguiu-se um processo investigatório de cinco anos de duração.

Einstein não foi simplesmente uma vítima passiva da campanha difamatória. Mesmo que tivesse sido conduzida no mais rigoroso sigilo, exatamente porque as autoridades temiam o efeito desastroso se viesse a público, Einstein estava bem consciente e bem alerta de que estava sob constante vigilância. Por ocasião de um jantar em 1948, ele afirmou ao embaixador polonês nos Estados Unidos, “Eu suponho que você deva compreender neste momento que os Estados Unidos já não constituem uma nação livre, que indubitavelmente nossa conversação está sendo gravada. O salão está sob escuta, e minha residência, cerradamente vigiada.” A presença desta conversação de Einstein em seu dossiê confirma a procedência do aviso.

Princípios democráticos

A despeito de uma doença séria e de sua avançada idade, Einstein declarava-se em defesa dos princípios democráticos até o dia em que faleceu. Não é exagero dizer que em muitas oportunidades ele preencheu o vácuo criado pelo silêncio de tantos outros eminentes intelectuais. Um dos melhores exemplos foi a carta que escreveu a William Frauenglass, professor da Brooklin em maio de 1953. Frauenglass fora intimado para depor pelo Sub-Comitê do Senado para Segurança Interna, um dos comitês do congresso de importunação política então ativo.

Em resposta ao pedido de informação e apoio de Frauenglass, Einstein, então com 74 anos de idade, enviou-lhe uma carta sobre cujo envio também ao New York Times ambos concordaram, onde foi publicada em 12 de junho. Apareceu como parte de uma matéria de primeira página, com a manchete “´Recusa para Depor´, é o conselho de Einstein aos Intelectuais Convocados pelo Congresso.” Os editores do Times intitularam este chamado de desafio “ilegal”, “anormal” e “insensato”.

A imagem popular de Einstein, cultivada pela mídia e de um modo geral aceita por seus vários biógrafos, é a de um cientista de certa forma brilhante e distraído, homem muito versado nos domínios da física teórica mas não atento ao mundo cotidiano. Tornou-se um ícone e colocou-se num pedestal que permite fiquem seus pontos de vista políticos preservados e bem escondidos. Quando a revista Time o elegeu como “Personalidade do Século” há vários anos, omitiu qualquer referência a todas menções de sua visão socialista.

Sua imagem popular é falsa. Einstein embebeu-se na cultura alemã e européia. Nascido em 1879, cresceu num país que foi o berço do movimento de massas dos trabalhadores socialistas fundado por Marx e Engels e, posto que não abraçasse integralmente o marxismo, foi profundamente influenciado por este. A partir de sua adolescência, Einstein manifestou-se pelo internacionalismo e pelo humanismo que caracterizariam toda sua vida.

Em 1895 ele deixou a Alemanha para estudar e trabalhar na Suíça, onde executou seu primeiro celebre trabalho sobre a Relatividade. Retornou para a Alemanha em 1914, apenas alguns meses antes do começo da I Guerra Mundial. Numa época em que a Social Democracia alemã e a esmagadora maioria da inteligentsia sucumbia ao chauvinismo, Einstein foi um dentre poucos intelectuais que se opuseram à guerra, embora assumindo um posicionamento pacifista e não marxista.

Einstein foi toda uma vida oponente da ignorância e do obscurantismo, e especialmente de todas as formas de chauvinismo e de racismo. Durante os anos 1930s, na qualidade de imigrante recém-chegado para os Estados Unidos, declarou-se em defesa dos Scottsboro Boys, as nove vítimas da maquinação racista no Alabama. Em 1946, quando o fim da guerra foi seguido de uma orgia de atrocidades racistas, inclusive linchamentos, ele se uniu a Paul Robeson para formarem a Cruzada Americana Contra o Linchamento, patrocinadora de um protesto em Washington.

Posto que por muito tempo sionista, Einstein também afirmou, em 1938, que ele “gostaria muito mais ver um acordo razoável com os árabes, fundamentado num convívio pacífico, que a criação de um estado judaico.”

A defesa do Partido Comunista por Einstein não implicava em apoio de sua parte ao stalinismo. Foi crítico dos ataques stalinistas aos direitos democráticos, mas se opôs à calúnia de que o Partido Comunista Americano era simplesmente instrumento de Moscou e que seus membros não tinham direito de livre expressão e associação. A posição de Einstein é digna de nota hoje em dia após o colapso do stalinismo, enquanto toda uma escola de apologistas do capital procura utilizar os crimes de Moscou em prol da negação do significado histórico da luta pelo socialismo nos Estados Unidos como também internacionalmente.

Porquanto não haja indicação de que Einstein se preocupou com assuntos históricos surgidos com a degenerescência da Revolução Russa e a luta de Trotsky contra o stalinismo, ele próprio se considerava um socialista. Isto é evidenciado num artigo que escreveu em 1949 para a recém-criada revista Monthly Review. Vale a pena citar o artigo intitulado “Por que o Socialismo?”, com alguns pormenores:

“A anarquia econômica da sociedade capitalista tal qual existe hoje é, em minha opinião, a real fonte do mal....

“Chamarei de ´trabalhadores` todos aqueles que não compartilhem da posse dos meios de produção... Na medida em que o contrato de trabalho é ´livre`, o que o trabalhador recebe é determinado não pelo real valor dos bens que produz, mas pelo mínimo de que necessita e pela busca dos capitalistas da força de trabalho em relação ao número de operários competindo por empregos.

“.. sob as condições existentes, capitalistas privados inevitavelmente controlam, direta ou indiretamente, as principais fontes de informação (imprensa, rádio, educação). É assim extremamente difícil e, na verdade na maior parte dos casos, realmente impossível para o cidadão chegar a conclusões objetivas e fazer uso inteligente de seus direitos políticos.

“A produção obedece à lei do lucro, e não se destina ao uso. Não tem a preocupação de que todos aqueles capazes e dispostos a trabalhar sempre tenham condições de encontrar emprego; um exército de desempregados quase sempre existe...

“A invalidação do individuo, eu a considero o pior dos males do capitalismo... Inculca-se no estudante uma atitude competitiva exagerada, instruindo-o a adorar o êxito aquisitivo...

“Estou convencido de que há apenas um (itálico no original) meio de eliminar estes graves males, ou seja, através do estabelecimento de uma economia socialista, acompanhada de um sistema educacional voltado para metas sociais. Em tal economia, os meios de produção são possuídos pela própria sociedade e utilizados de forma planificada. Uma economia planificada, que ajusta a produção às necessidades comunitárias, distribuiria o trabalho a realizar entre todos aqueles capazes de trabalhar e garantiria a subsistência a todo ser humano. A educação do indivíduo, além de promover suas próprias habilidades inatas, empenhar-se-ia em nele desenvolver senso de responsabilidade por seus semelhantes em lugar da glorificação do poder e do sucesso de nossa presente sociedade.”

Por volta de 1954, a campanha do FBI contra Einstein tinha perdido sua força. Ventos indicativos de mudança política, inclusive a censura senatorial a McCarthy, contribuíram para um clima em que as inquirições começaram a perder fôlego. Não foram encerradas, contudo, até vários dias após a morte de Einstein em 18 de abril de 1955, aos 76 anos de idade.

O ataque a Einstein foi somente uma de muitas investigações similares. Não constitui exagero afirmar que o FBI reuniu informações sobre a maioria dos mais importantes intelectuais americanos, num aspecto ou noutro, no decorrer desse período.

Isto é um reflexo do atraso da elite dirigente americana, seu apoio a preconceitos antiintelectuais, seu temor do impacto de idéias políticas e de políticas educacionais que influam nas vastas massas populacionais americanas. A proeminência, a popularidade e a percepção política de Einstein fizeram-no parecer ainda mais uma ameaça às autoridades na medida em que estas procuravam sufocar a oposição a suas políticas da Guerra Fria.

Os eventos do ano passado demonstram a oportunidade desta exposição das operações do FBI e de outros órgãos de inteligência. A história tem demonstrado os limites restritos da democracia burguesa, a estrutura política através da qual o capitalismo americano tem dominado tradicionalmente. Não é a mesma coisa que os direitos democráticos que têm sido conquistados através da luta e que devem ser continuamente defendidos.

É precisamente quando a elite dirigente se sente ameaçada por crises econômicas e políticas que ela demonstra os limites de sua “democracia.” Das incursões de Palmer Raids contra trabalhadores imigrantes e militantes de esquerda em 1920, à prisão e indiciamento de líderes do Partido Trotskista Socialista dos Trabalhadores em 1941, à caça às bruxas de McCarthy, ao presente arrastão contra os imigrantes do Oriente Médio e à criação do Departamento de Segurança Interna, o governo tem recorrido a seu espectro de ameaças externas para aplicar restrições à oposição interna.

N. do trad.
(*) Aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos em 28 de junho de 1940. É notável a semelhança de seu conteúdo com o de legislações repressivas brasileiras adotadas no século passado;
(**) abreviação americana de Immigration and Naturalization Service.

Tradução de Odon Porto de Almeida - Caruaru